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2 Organização Semeando Ideias Reformadas Alber Pacavira | C. R. Bernardo Giovanni Casimiro | Luís Mendonça | Kennedy Bunga IMITADORES DE CRISTO Servos dignos de serem seguidos 3 IMITADORES DE CRISTO Servos dignos de serem seguidos Semeando Ideias Reformadas (Org.). Imitadores de Cristo: servos dignos de serem seguidos /Semeando Ideias Reformadas (Org.). SP: Editora JUZ, 2022. Imitadores De Cristo Servos dignos de serem seguidos Publicado pelo Semeando Ideias Reformadas, 2022. Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir total ou parcialmente este eBook em qualquer formato, desde que não altere o seu conteúdo e nem o utilize para quaisquer fins comerciais. Em caso de breves citações, indicar a fonte. Seja tu mesmo fiel: “Não furtarás.” Êxodo 20:15 1 Sumário PREFÁCIO ............................................................................................... 2 CONTRIBUIDORES ................................................................................. 4 AGRADECIMENTO ................................................................................. 6 CAPÍTULO 1 ............................................................................................. 7 WILLIAM TYNDALE: UM CORAÇÃO DESEJOSO POR TORNAR DEUS CONHECIDO ................................................................................ 7 CAPÍTULO 2 ........................................................................................... 20 O ZELO EVANGELÍSTICO DE JOÃO CALVINO ............................. 20 CAPÍTULO 3 ........................................................................................... 34 JOHN KNOX: O PURITANO DESTEMIDO ....................................... 34 CAPÍTULO 4 ........................................................................................... 48 GEORGE WHITEFIELD: UMA PAIXÃO PELO EVANGELISMO .. 48 CAPÍTULO 5 ........................................................................................... 63 DR. MARTIN LLOYD-JONES: UM HOMEM COMPROMETIDO COM A EXPOSIÇÃO DE TODO O CONSELHO DE DEUS ............ 63 SUGESTÕES DE LEITURA: ................................................................ 75 2 PREFÁCIO Ao lermos sobre a história da igreja, podemos ver o retrato de homens piedosos, desde os apóstolos, os pais da igreja, os valdenses, os pré-reformadores, os reformadores, os puritanos, até homens dos dias actuais. Deus tem intervindo graciosamente por meio destes homens piedosos, que ele usou poderosamente em momentos críticos no decurso da história da igreja. “Cada um destes homens possuía uma fé inabalável no Senhor Jesus Cristo. E mais pode ser dito a respeito destes homens extraordinários. Cada um deles tinha profundas convicções sobre as verdades que exaltam a Deus, conhecidas como doutrinas da graça. Embora tivessem diferenças secundárias em questões de teologia, andavam ombro a ombro na defesa dos ensinamentos bíblicos que engrandecem a soberana graça de Deus na salvação”.1 Estes homens tinham os pés bem assente no 1 BOND, Douglas. A poderosa fraqueza de John Knox. Trad.: Elizabeth Gomes. SP: Fiel, 2011, p. 11. 3 evangelho, possuíam uma fé inabalável, eram comprometidos com a sã doutrina. Este Ebook é um conjunto de artigos biográficos de alguns destes homens imitadores de Cristo, que pensamos serem pessoas dignas de serem seguidas. Cada capítulo deste pequeno livro foi dedicado a retratar uma pequena faceta da vida de William Tyndele, João Calvino, John Knox, Geoge Whitefield, e Martin Lloyd- Jones. Este Ebook o conduzirá a uma jornada biográfica, onde poderás conhecer mais sobre cada um deles e aprender com seus legados. C. R. Bernardo Presbítero na comunidade cristã do Golfe 1 Luanda, 7 de setembro de 2022 4 CONTRIBUIDORES Alber Pacavira - Membro e aspirante ao ministério da Igreja Presbiteriana de Angola (IP Nova Aliança); técnico médio em ciências Econômicas e Jurídicas; bachalerando em Teologia pelo Seminário e Faculdade Teológica da Fé Reformada (FATEFÉ). C. R. Bernardo - Presbítero na Comunidade Cristã do Golf 1. Técnico médio em Educação, na especialidade de Língua Inglesa, na Escola de Formação de Professores – Garcia Neto (Luanda); Licenciatura em ensino de Língua Inglesa pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED de Luanda); bachalerando em Teologia na International Reformed Theological college (FITREF); Casado com Suzete Bernardo. Giovanni Casimiro - Bacharel em teologia pelo Seminário Emanuel do Dondi e em Direito, ramo jurídico- público pela Universidade Metodista de Angola. Pastor na Igreja Evangélica Congregacional em Angola – IECA. Casado com Áurea da Costa. 5 Kennedy Bunga - Membro e aspirante ao ministério da Igreja Presbiteriana de Angola (IP da Betânia); técnico médio em Educação, na especialidade de Matemática e Física, na Escola de Formação de Professores – Kimamuenho (Bengo); técnico médio em Teologia pelo Seminário Teológico Rev. Neves Mussaqui (2017); bacharelando em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (Brasil, São Paulo). Luís Mendonça – Bacharel em teologia pela Faculdade Teológica Sul Brasileira São Paulo; Pós-graduando em Revitalização e multiplicação de Igreja, no centro de pós- graduação Andrew Jumper; Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); é aspirante ao ministério pastoral, auxiliando a liderança Jovem da IPB- Mairinque (Igreja Presbiteriana do Brasil). Casado com Prisca Lessa Mendonça, e pai do Asaph. 6 AGRADECIMENTO No momento em que este e-book segue para a publicação, desejamos externar nossa gratidão a todos os colaboradores que em meios as suas correrias dedicaram tempo para a produção da série Imitadores de Cristo. Todos são membros do Semeando Ideias Reformadas, um projeto que visa trabalhar conteúdos reformados para uma Fé Reformada. Especial gratidão ao Rev. Giovanni Casimiro pelo engenhoso trabalho de revisão deste e- book. Também queremos externar nossa gratidão a editora JUZ, na pessoa do querido irmão e amigo Baptista José, que tão gentilmente aceitou o nosso pedido de publicarmos este e-book por meio da editora JUZ. Acima de tudo, queremos agradecer a Deus pelo zelo que tem semeado no coração de cada membro do Semeando Ideias Reformadas no desejo de ver as ideias reformadas germinarem na igreja angolana. 7 CAPÍTULO 1 WILLIAM TYNDALE: UM CORAÇÃO DESEJOSO POR TORNAR DEUS CONHECIDO Luís Mendonça “Se Deus me poupar a vida, farei com que, antes de se passarem muitos anos, o rapaz que maneja o arado saiba mais sobre as Escrituras do que tu.”2 – William Tyndale William Tyndale é uma figura proeminente na história da igreja e, um daqueles que seguiu o caminho da cruz com o Mestre Jesus.3 Uma história linda para uma morte sofrida. Mas, cá entre nós, todos sabemos: é assim 2 Apud LAWSON, Steven. A difícil Missão de William Tyndale. Trad.: Francisco Wellington Ferreira. SP: Fiel 2015, p.25. 3 “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?” (Lc 9: 23-25) 8 que termina nossa jornada nesse mundo antagônico a Deus e sua Palavra. Não pode esperar um belo nessa terra para os que amam a verdade de Deus e procuram torná-la conhecida. Pois, numa época em que só oseruditos e instruídos poderiam ter acesso às Escrituras, Tyndale entendia que Deus não seria glorificado da melhor maneira enquanto o povo que nada sabia de latim, lhe fosse apresentado uma missa em latim. Na mente de Tyndale, os ingleses deveriam ler a Bíblia no seu próprio idioma, caso quisessem conhecer o Deus que se revelou na pessoa de Cristo. Todavia, isso não seria uma tarefa fácil para Tyndale. NASCIMENTO E ACADEMIA É de quase todos os posteriores a William Tyndale desconhecida a data de nascimento desse piedoso homem, mas biógrafos que o estudam datam entre 1484 e 1496, provavelmente numa das aldeias vizinhas de Dursley, na Inglaterra. Aos 12 anos, em 1506, Tyndale foi matriculado na Magdalen College School, ligado à Universidade de Oxford, onde passou dez anos estudando, isto é, 1506 a 9 1516, no qual gastou os dois primeiros anos na escola de gramática, aritmética, geometria, astronomia, teoria musical, retórica, lógica e filosofia. Sobre o ensino dos eruditos clássicos, Tyndale demonstrou grande aptidão e crescimento em idiomas. E ainda em Oxford, foi ordenando ao sacerdócio. Foi somente em sua última etapa de formação que lhe foi permitido estudar teologia, todavia, “era uma teologia especulativa, cuja prioridade não estava na Bíblia, mas em Aristóteles e outros filósofos gregos”4; facto esse que entristeceu o jovem por ter sido privado de conhecer mais a Bíblia, conforme se lê: “Nas universidades, eles têm ordenado que nenhum homem olhe para Escritura enquanto não for nutrido de aprendizado pagão por oito ou nove anos e armado de princípios falsos com os quais ele fica totalmente excluído do entendimento da Escritura. A Escritura é lacrada com....falsas exposições e com princípios falsos da filosofia natural”.5 4 LAWSON, Steven. A difícil Missão de William Tyndale, p. 22 5 LAWSON, Steve, Ibid. p. 23 10 Crescer, sobretudo no conhecimento das Escrituras, era a principal paixão de Tyndale e, disso ele se dedicava com muito afinco. Sua ortodoxia6 encontrava um casamento com ortopraxia7, tornando-se conhecido por “homem virtuoso e ilibado”. A DIFÍCIL MISSÃO 6 Palavra grega "orthodoxia" (de orthos “certo”, “correto”, e doxa "opinião"), o que significa crença correta, em contraste com a heresia ou a heterodoxia. O termo não é bíblico. No entanto, a ideia da ortodoxia veio a ser importante na igreja a partir do século II por causa de conflitos, primeiramente com o gnosticismo e depois com outros erros a respeito da trindade e da pessoa de Cristo. A aceitação rigorosa da "regra de fé”. Disponível em: https://www.estudosgospel.com.br/artigo-evangelico-reflexao-poesia- gospel-curiosidade/o-que-e-ortodoxia.html. Visto dia /09/09/2022. 7 Ortopraxia (do grego, ὀρθοπραξία: orthopraxia, "ação correta") é a ênfase na conduta, tanto ética quanto litúrgica, em oposição à fé ou a graça. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ortopraxia#:~:text=Ortopraxia%20(do% 20grego%2C%20%E1%BD%80%CF%81%CE%B8%CE%BF%CF%8 0%CF%81%CE%B1%CE%BE%CE%AF%CE%B1%3A,%C3%A0%2 0f%C3%A9%20ou%20a%20gra%C3%A7a. Visto dia /09/09/2022. https://www.estudosgospel.com.br/artigo-evangelico-reflexao-poesia-gospel-curiosidade/o-que-e-ortodoxia.html https://www.estudosgospel.com.br/artigo-evangelico-reflexao-poesia-gospel-curiosidade/o-que-e-ortodoxia.html https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ortopraxia#:~:text=Ortopraxia%20(do%20grego%2C%20%E1%BD%80%CF%81%CE%B8%CE%BF%CF%80%CF%81%CE%B1%CE%BE%CE%AF%CE%B1%3A,%C3%A0%20f%C3%A9%20ou%20a%20gra%C3%A7a https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ortopraxia#:~:text=Ortopraxia%20(do%20grego%2C%20%E1%BD%80%CF%81%CE%B8%CE%BF%CF%80%CF%81%CE%B1%CE%BE%CE%AF%CE%B1%3A,%C3%A0%20f%C3%A9%20ou%20a%20gra%C3%A7a https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ortopraxia#:~:text=Ortopraxia%20(do%20grego%2C%20%E1%BD%80%CF%81%CE%B8%CE%BF%CF%80%CF%81%CE%B1%CE%BE%CE%AF%CE%B1%3A,%C3%A0%20f%C3%A9%20ou%20a%20gra%C3%A7a https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ortopraxia#:~:text=Ortopraxia%20(do%20grego%2C%20%E1%BD%80%CF%81%CE%B8%CE%BF%CF%80%CF%81%CE%B1%CE%BE%CE%AF%CE%B1%3A,%C3%A0%20f%C3%A9%20ou%20a%20gra%C3%A7a 11 Depois do longo período de formação, em 1521, o jovem querendo estudar e digerir melhor o Novo Testamento grego decidiu aplicar-se mais ainda nas questões da Reforma, afastou-se da academia e a partir desse período assumiu um trabalho no Condado de Gloucester, aproximadamente 20 km da cidade de nascimento, tornando-se o principal tutor de crianças. Serviu à família rica de Sir John Walsh, sendo seu secretário pessoal e ao mesmo tempo o capelão da família. Nesses dias, Tyndale começou a pregar regularmente para uma pequena congregação da cidade vizinha de St. Adeline. Período esse que teve a solene compreensão que a morte espiritual que apoquentava a Inglaterra não permitiria uma evangelização eficaz por meio da Bíblia em latim. William Tyndale concluiu que não seria possível estabelecer o povo leigo em qualquer verdade, excepto se a Escritura fosse colocada diante dos olhos em sua língua 12 materna.8 Conforme Steve Lawson, “as convicções de Tyndale foram se tornando tão fortes que ele se viu em disputas com oficiais da igreja Católica Romana quanto à natureza da verdade evangélica”. Numa das conversas com um “sacerdote” católico, afirmou o sacerdote: é melhor ficarmos sem a lei de Deus do que ficarmos sem a lei do papa9, “ao que Tyndale o responde corajosamente: “Eu desprezo o Papa e todas as suas leis”. Acrescentou “se Deus lhe poupasse a vida, em alguns anos ele faria um rapaz que toca o arado saber mais da Escritura do que ele sabia”.10 Desse período em diante, começa a árdua e espinhosa missão de William Tyndale: traduzir a Bíblia para o Inglês. Ele viaja para Londres em 1523 à procura de autorização oficial para tradução e publicação aprovada da Bíblia em Inglês, o que não se efetivou. Em 8 Banner of Truth, William Tyndale, The Preface of Master William Tyndale, That he made befeore, Baner of Truth, 2010, p 394), in LOWSON, Steve, A difícil missão de William Tyndale, p. 22. 9 FOXE, John, Foxe’s books of Martys Nashville, tenn: Thomas Nelson, 2000, p.77 10 LAWSON, Steve, A difícil Missão de William Tyndale, p.25. 13 1524, quando tinha 30 anos de idade, navegou a Europa, para iniciar seu projeto de tradução e publicação sem o consentimento do rei da Inglaterra. Deslocou-se para Witemberg, onde terá encontrado o Martinho Lutero, e mais tarde viajou à Colônia da Alemanha em Agosto de 1525, ao encontro de Peter Quentell, que concordou em imprimir a tradução do Novo Testamento. Contudo, “a impressão foi interrompida quando um dos empregados da gráfica, embriagado pelo vinho, falou abertamente o segredo da impressão”.11 Entretanto, embora o grande opositor da Reforma, John Cochlaeus, tenha ouvido e feito tudo para impedir, não teve êxitos, visto que na calada da noite Tyndale recolheu seus manuscritos com algumas impressões e sumiu antes que os inimigos aparecessem. O trabalho de tradução desempenhado por este piedoso servo, do grego para o inglês, produziu a primeira Bíblia no idioma inglês, despachando as primeiras impressões na Inglaterra em 1525, mas ainda continuava sendo um projeto que escondiam em fardos de algodão 11 LAWSON, Steve, Ibid. 28 14 para o despacho.12 Os luteranos que comercializavam tecidos alemães recebiam as Bíblias na Inglaterra e distribuíam nas mais diversas regiões. UM CORAÇÃO SUBMISSO AO DEUS DA PALAVRA Tyndale é apresentado como o reformador “em todo o sentido da palavra”, pois para ele a corrupção é radical, redenção é particular, a chamada é irresistível, a graça é perseverante. Para ele, não existeconstrangimentos externos para Deus. Para William Tyndale, o homem está morto em seus delitos e pecados, a ponto de não encontrar uma força em si mesmo que lhe redirecione a Deus. Para ele, o Senhor é todo poderoso e, é livre para fazer conforme lhe apraz soberanamente. UM DESEJO QUE ENFURECE OS PSEUDOCRISTÃOS Tyndale despertou a fúria dos inimigos da cruz e, no verão de 1526, os oficiais da igreja na Inglaterra descobrindo a circulação secreta dos textos, o arcebispo de Canterubury e o bispo de Londres, confiscaram todas 12 LAWSON, Steve, A difícil Missão de William Tyndale, p.29. 15 as Bíblias que puderam, declarando crime a compra e venda, com punição severa. Mas não puderam pará-lo mesmo por meio de outras tramas, pois havia um motivo maior: tornar Deus conhecido. E, portanto, ele não abriria a mão de sua ambiciosa tarefa até que Deus o chamasse. Pelo que publicou muitas outras obras, ao refutar e rebater os ritos e doutrinas católicas, por meio disso, foi achado traidor da Inglaterra e herege. Tyndale virou fugitivo por quase 12 anos, mas nesse tempo não deixou a tradução do Novo Testamento, e a produção de outros livros. Dentre outros crimes que leva Tyndale a julgamento, constava conforme o pastor Steve Lowson, “sua afirmativa de que a justificação é somente pela fé, que as tradições humanas não poderiam reger a consciência, que a vontade humana estava presa no pecado, que não existia purgatório e, que, nem Maria nem os santos ofereceriam orações por nós”.13 Eis o irmão que 13 LAWSON, Steve, Ibid. p. 38. 16 foi julgado simplesmente porque creu em tudo que Bíblia dizia! Depois de ser fugitivo por muito tempo, Tyndale foi capturado pela denúncia de alguém, e assim, foi preso. E enquanto esperava sua sentença numa masmorra frienta, ele escreveu o tratado A Fé Sozinha Justifica Diante de Deus.14 Pelo que, defendeu a verdade bíblica até o fim de seus dias. No dia 6 de Outubro de 1536, Tyndale saia do castelo-prisão, e desfilou até ao local onde estava sua estaca de execução. Uma grande multidão estava no local, duas grandes traves foram erguidas na forma de cruz, palha, galhos e troncos foram empilhados em sua base. Lá estava ele sendo levado pelos guardas para mais próximo da execução. Tyndale caminhou até a sua cruz, os guardas prenderam seus pés a base da cruz, uma corrente prende seu pescoço, pelo que clamou: 14 Opcit., p. 37. 17 “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”.15 Após o sinal do procurador geral, o carrasco atrás da cruz puxa corrente, estrangulando Tyndale. Depois se acendeu a fogueira que tornou o corpo do piedoso homem em cinzas, morrendo assim aproximadamente aos 42 anos de idade. UM APRENDIZADO COM WILLIAM TYNDALE Mais do que qualquer aprendizado com Tyndale, ele nos ensina que todo ser humano, e para ser mais específico, todo cristão, deve viver com o alvo principal conhecer a Deus e torná-lo conhecido. O Cristo refletido na vida de Tyndale nos chama a rompermos com o politicamente correto se quisermos viver para o louvor da glória daquele que é Senhor sobre tudo e todos. O pai da Bíblia inglesa também nos ensina que conhecer a Deus implica doar-se a ele independentemente dos perigos de nossa peregrinação. 15 FOXE, John, Foxe’s books of Martys Nashville, tenn: Thomas Nelson, 2000, p. 83. 18 Em Tyndale encontramos o eco das Palavras Paulina, “já não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Finalmente, William Tyndale nos chama a refletirmos sobre nossa submissão às autoridades tanto governamental quanto eclesiásticas, pois só por meio de uma reflexão à luz do espelho bíblico nos mostrará se a mesma não é oriunda dos medos de meros homens mortais. Que cada um de nós tema somente “aquele que pode destruir no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10:28). 19 Recomendação de Leitura: DAVID, Daniel. William Tyndale: A Biography. New Haven, Conn.: Yale University Press, 1994. FERRERA, Franklin. Servos de Deus: Espiritualidade e Teologia na história da Igreja. SP: Fiel 2015. FOXE, John. Foxe’s books of Martys. Nashville, tenn: Thomas Nelson, 2000. LAWSON, Steven. A difícil Missão de William Tyndale. Trad.: Francisco Wellington Ferreira. SP: Fiel 2015. TYNDALE, William The Practice of Prelates, Thw Works of william Tyndale (1849-1859); Repr. Edinburg, Escotland: Baner of Trhuf, 2010).|” BANER OF TRHUF. The Preface of Master William Tyndale, That he made befeore de Five Books of Moses, colled by Genesis. Edinburg, Escotland: Baner of Trhuf, 2010. 20 CAPÍTULO 2 O ZELO EVANGELÍSTICO DE JOÃO CALVINO Kennedy Bunga “Quando considero quão importante este canto [do mundo, i. é, Genebra] é para a propagação do reino de Cristo, tenho boas razões para ansiar que ele seja cuidadosamente supervisionado.”16 – João Calvino Ouvimos muito sobre o trabalho de João Calvino como pregador17, exegeta18 e reformador19. Seu trabalho 16 Apud BEEKE, Joel. Vivendo para Glória de Deus: uma introdução à fé reformada. Trad.: Francisco Wellington Ferreira. SP: Fiel, 2016, p. 300. 17 “Calvino não tinha a personalidade afetuosa de Lutero. Não encontramos nele a elegância da oratória de Gregório de Nazianzo, nem a vívida imaginação de Origines. Dificilmente ele seria um orador notório e comovente como João Crisóstomo, nem possuía a fascinante personalidade de Bernardo de Claraval. Gregório "o Grande" era um líder nato, assim como o era Ambrósio de Milão, mas este não era um dom que Calvino possuía. Contudo, poucos pregadores realizaram uma mudança tão tremenda na vida de sua 21 em todas estas áreas ficou marcado na história, e seus impactos continuam visíveis ainda hoje.20 No entanto, congregação quanto o reformador de Genebra” (Hughes Oliphant Old, Apud LAWSON, Steven. A Arte Expositiva de João Calvino. Trad.: Ana Paula Eusébio Pereira. SP: Fiel, 2008, p. 81). 18 “Ele foi o habilidoso exegeta entre os reformadores, e seus comentários estão entre os melhores do passado e do presente” (Philip Schaff, Apud MAIA, Hermisten. A Reforma e a Escritura: Calvino como leitor, intérprete e pregador. GO: Editora Cruz, 2017, p.7). 19 “Calvino, de fato, não é nem um moralista, nem um jurista, nem um sociólogo, nem um economista; é ele um teólogo e homem da Igreja, cônscio de todas as implicações humanas do Evangelho, persuadido de que o Conselho de Deus, de Quem ele é ministro, não pode deixar de lado nenhum problema humano" (BIÉLER, André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. Trad.: Valdyr Crvalho Luz. 2ª ed. SP: Cultura Cristã, 2012, p. 257). 20 “O impacto de Calvino e do Calvinismo sobre a moderna cultura ocidental está bem documentado. Reconhece-se que essa influência foi grande. Calvino e o Calvinismo ocuparam seu lugar entre as maiores forças que moldaram nossa moderna sociedade ocidental” (Robert D. Knudsen, Apud REID, W. Stanford (Org.). Calvino e sua influência no mundo ocidental. Trad.: Júlia Pereira Lalli et all. 2ª ed. SP: Cultura Cristã, 2014, p.11). 22 pouco se fala do zelo evangelístico de João Calvino. Razão pelo qual, quando os arminianos querem depreciar o calvinismo e o próprio João Calvino, apelam para a suposta ausência de paixão pelas almas perdidas. Os arminianos dizem que a nossa doutrina da soberania de Deus afrouxa o nosso zelo pela evangelização. Este pequeno artigo dasérie Imitadores de Cristo visa refutar tal pensamento dos arminianos, confrontar a ideia hipercalvinista, bem como encorajar os calvinistas/reformados de que a soberania de Deus e a evangelização não são duas coisas incompatíveis. Tudo isto com base no zelo evangelístico de João Calvino, o homem do qual o calvinismo leva o nome.21 A FALSA REPUTAÇÃO ANTIMISSIONAL DE CALVINO 21 Embora eu não tenha nenhum problema com o termo, boa é a observação feita por Hermisten Maia quando diz que o designativo “reformado” é preferível ao calvinista, uma vez que a teologia reformada não provém estritamente de João Calvino (Cf. MAIA, Hermisten. Fundamentos da Teologia Reformada. SP: Mundo Cristão, 2007, p.9. Na nota 13). 23 Não são poucos os que acusam o reformador João Calvino, e seus seguidores, de falta de interesse evangelístico. Rotulam Calvino como um teólogo sem amor pelos perdidos, cujo ensino e vida não fomentam paixão pela evangelização e missões. No seio evangélico é muito comum se ouvir: “o calvinismo é o inimigo da evangelização mundial”. Tais inimigos do calvinismo, têm apontado para a incompatibilidade entre o calvinismo e o evangelismo. Dentre os vários mitos que cercam Calvino e o calvinismo está a ideia de que ele é antimissional. Michael Haykin e Jeffrey Roinson colocam tais mitos nas seguintes palavras, geralmente ditas pelos inimigos de Calvino e do calvinismo: Calvino, seus companheiros reformadores e sua teologia não foram, não são e nem podem ser lógica ou teologicamente pró- missões ou pró-evangelização. [...] Os reformadores do século 16 não possuíam uma missiologia bem desenvolvida; missões internacionais era um assunto sobre o qual não pensava, e não se dava atenção; a 24 teologia calvinista, que prega um Deus absolutamente soberano e seletivo, tem muito pouco a dizer aos perdidos, e é antimissional e oposta à evangelização.22 Porém, uma pesquisa histórica, mostrará que essa acusação não passa de uma falácia. O zelo evangelístico de João Calvino é revelado em seus Comentários, Sermões e Cartas, bem como nas suas Institutas da Religião Cristã. Pelo que vemos que a apresentação do zelo evangelístico de Calvino, tanto teológica como historicamente, como figura essencial às missões mundiais há tempo se fazia necessária: João Calvino é uma figura histórica que necessita desesperadamente de profissionais para melhorar sua imagem. De todos os reformadores da igreja do século 16, nenhum tem sido tão sistematicamente difamado, nem tão impiedosamente castigado, tanto em sua doutrina quanto em sua personalidade, desde sua época até o presente. Para boa parte dos evangélicos de nossos dias, Calvino é um 22 HAYKIN, Michael; ROBINSON, Jeffrey. O Legado Missional de Calvino. SP: Cultura Cristã, 2017, p.17-18. 25 perfeito megalomaníaco; uma figura sombria, uma espécie de bedel da teologia, aficionado por um Deus irado, cuja vida e doutrina se opuseram firmemente às missões e à evangelização.23 Stephen Nichols, em tons de lamento diz: “por toda a atenção dispensada a João Calvino, é inquietante que algo tão essencial a ele tenha permanecido tão despercebido e pouco apreciado”24. Portanto, em um meio de difamação calvinista, bem como de um dos principais homens do movimento, é necessário apresentarmos os fatos históricos e teológicos do zelo missionário e evangelístico de João Calvino para, por um lado, nos defendermos da falsa acusação de não termos zelo evangelístico, bem como, por outro lado, combatermos o erro dos hipercalvinistas que superelevam 23 HAYKIN, Michael; ROBINSON, Jeffrey, O Legado Missional de Calvino, p.18. 24 HAYKIN, Michael; ROBINSON, Jeffrey, Ibid. Retirada do Endosso. 26 a soberania de Deus na salvação (eleição) em detrimento da responsabilidade humana na evangelização.25 GENEBRA: UMA BASE MISSIONÁRIA Embora Calvino manteve Genebra como sua base de trabalho para o reino, ele manifestava uma preocupação com os perdidos de outros lugares. Isso é visto nos esforços de envio de missionários, que ele mesmo treinara na Academia de Genebra, por toda Europa e no Brasil para a proclamação do evangelho e organização de igrejas reformadas. De acordo com o Registro de Companhia de Pastores de Genebra, estima-se que entre 1555 e 1562 Calvino enviara ao mundo mais de 142 missionários26. 25 Cf. CRAMPTON, Gary; TALBOT, Kenneth. Calvinismo, hipercalvinismo e arminianismo: um guia teológico. DF: Monergismo, 2020, p. 78-79 26 Scott J. Simmons, João Calvino e as missões. Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_missoes_scott.ht m>. http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_missoes_scott.htm http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_missoes_scott.htm 27 Escrevendo sobre a importância da Academia de Genebra na capacitação e envio de missionários aos outros lugares, Philip Hughes escreve: A Genebra de Calvino era muito mais do que um paraíso e uma escola. Não era um lugar de isolamento teológico que vivia para si mesmo e por si mesmo, alheio à sua responsabilidade evangélica em relação às necessidades dos outros. Os vãos humanos foram preparados e equipados neste paraíso... para que se lançassem ao oceano das necessidades do mundo, encarando bravamente cada tempestade e perigo que os aguardava, a fim de levarem a luz do evangelho de Cristo àqueles que estavam na ignorância e nas trevas das quais eles mesmos tinham vindo. Eles foram ensinados nesta escola para que, em retorno, ensinassem aos outros a verdade que os liberta.27 A preocupação de Calvino com a salvação dos povos era tanta que chegou a escrever a Heinrich Bullinger, 27 Apud Joel Beeke, Vivendo para Glória de Deus, p. 301. 28 externando a importância de Genebra como centro missionário do mundo: “Quando considero quão importante este canto [do mundo, i. é, Genebra] é para a propagação do reino de Cristo, tenho boas razões para ansiar que ele seja cuidadosamente supervisionado”28. Ele também procurava nutrir tal zelo missionário aos membros de sua igreja. Em um sermão sobre 1 Timóteo 3.14, Calvino disse a sua igreja: “Que atentemos ao que Deus nos incumbiu, que nos agrademos em mostrar sua graça não somente a uma cidade ou um pequeno grupo de pessoas, mas que ele reine em todo mundo; que todos o sirvam e o adorem em verdade”.29 Esses dados históricos revelam o zelo evangelístico de João Calvino. Eles provam que a atitude antimissional aplicado a Calvino não passa de uma acusação falsa. Verdadeiramente, temos de admitir, aqueles que falam mal desse grande homem de Deus são os que nada sabem, ou pelo menos ignoram factos históricos sobre ele. E nisto eles pecam, quebrando o nono mandamento 28 Apud Joel Beeke, Vivendo para Glória de Deus, p. 300. 29 Apud Joel Beeke, Vivendo para Glória de Deus, p. 300. 29 (Êx 20.16). Quem de perto segue a Calvino, isto é, lendo sobre sua vida e obras, terá de concordar com a declaração do amigo e biógrafo dele, Theodoro Beza, que disse: Por ter sido um espetador de sua conduta durante dezesseis anos, tenho dado fieis informações sobre sua vida e morte, e posso declarar que nele todos os homens podem ver o mais belo exemplo de carácter cristão, um exemplo que é tão fácil de caluniar quanto difícil de imitar.30 O FUNDAMENTO MISSIONÁRIO DE CALVINO O Zelo evangelístico de Calvino achava-se fundamentada em sua boa teologia. Calvino não achava incompatível a soberania deDeus e a evangelização. Para Calvino, a questão a ser feita não era: “se Deus é soberano por que evangelizar?” A questão correta a se fazer é: “Se Deus é soberano por que não evangelizar?”. Para Calvino, a soberania de Deus não anula a evangelização. Seu zelo evangelístico era fomentado pela 30 Apud Steven Lawson, A Arte Expositiva de João Calvino, p. 29. 30 sua noção da soberania de Deus. Ele entendia que Deus “usa nossas obras e nos convoca a ser seus instrumentos em cultivar o seu campo”.31 Calvino afirmava ser a evangelização uma obra de Deus, e não nossa, mas que Deus nos usa como seus instrumentos. Comentando em Romanos 10.15 ele diz que “o evangelho não cai das nuvens como a chuva, acidentalmente, senão que é levado pelas mãos dos homens aonde quer que Deus os envie lá do alto”.32 Calvino entendia e ensinava que a evangelização é o método comum de “reunir uma igreja, pois, embora Deus possa trazer a si mesmo cada pessoa por meio de uma influência secreta, ele emprega a ação de homens, para que desperte neles uma ansiedade pela salvação uns dos outros”.33 As palavras de Calvino, “nada retarda tanto o progresso do reino de Cristo como a escassez de 31 João Calvino, Comentário em Mateus 13.24-30. 32 João Calvino, Romanos. Trad.: Valter Graciano Martins. SP: FIEL, 2013, p.429. 33 João Calvino Comentário de Isaias 2.3. https://ref.ly/logosres/jocalcommrom?ref=Bible.Ro10.15&off=541&ctx=at%C3%A9ria+neste+ponto.+~%C3%89+bastante+termos+em 31 ministros”34, revelam seu entendimento da necessidade de homens que preguem o evangelho. UM APRENDIZADO COM JOÃO CALVINO A partir da vida de Calvino, podemos perceber que é falsa a acusação arminiana de que a nossa doutrina da soberania de Deus anula o zelo missionário. A paixão de Calvino por evangelização era tanta que em seus escritos ele apelava pela salvação dos pecadores: “Deve-se almejar que aconteça cada dia que de todos os rincões do mundo Deus junte a si suas igrejas, as propague e as faça aumentar em número, as sature de suas dádivas, estabeleça nelas ordem legítima”.35 Por outro lado, é necessário dizer também que é falso o conceito de que Deus não precisa de nós para trazer o eleito a salvação, ensino esse sustentado pelos hipercalvinistas. É verdade que Deus tem os seus eleitos, mas ele mesmo colocou a evangelização como o meio 34 Apud Joel Beeke, Vivendo para Glória de Deus, p.295, 35 João Calvino, As Institutas. Trad:. Waldyr Carvalho Luz. Edição Clássica, vol. 3. SP: Cultura Cristã, 2006, p.369. https://ref.ly/logosres/nstttssdclssc?ref=InstitutesOfTheChristianReligion.Institutes+III%2c+xx%2c+42&off=1995&ctx=+indom%C3%A1vel+orgulho.+~Deve-se+almejar+que+ 32 ordinário para a salvação dos eleitos (2 Tm 2.10/ Rm 10.13-17). Para Calvino, todo ministro deve estar disposto a “sair para anunciar a doutrina da salvação em cada parte do mundo”36. Seu zelo evangelístico era tanto que alguns o chamam de pai teológico do movimento missionário reformado, pois ele foi, em grande escala, responsável por reacender a tocha da evangelização bíblica durante a reforma. 36 João Calvino Comentário de Mateus 24.19. 33 Recomendação de Leitura: BEEKE, Joel. Calvino e a evangelização, capítulo 20 de Vivendo para Glória de Deus. SP: Fiel, 2010. HAYKIN, Michael; ROBINSON, Jeffrey. O Legado Missional de Calvino. SP: Cultura Cristã, 2017. 34 CAPÍTULO 3 JOHN KNOX: O PURITANO DESTEMIDO C. R. Bernardo “Não posso, em boa consciência, deixar de pregar amanhã, a não ser que a violência me detenha.”37 – John Knox Uma época de densas trevas de avareza e corrupção marcavam a Escócia dos dias de Knox. Seu país estava mergulhado em uma profunda corrupção tanto a nível social como espiritual. A igreja estava dominada por um clero avarento e um poder civil corrupto. Sua terra naquela época era, na verdade, um mundo conturbado, o catolicismo romano havia corrompido a forma correta de cultuar a Deus, as pessoas se curvavam a objetos de esculturas, adoravam inúmeros objetos pagãos reprovados pela Palavra de Deus; os mártires, os apóstolos e a virgem Maria eram venerados. 37 BOND, Douglas, A poderosa fraqueza de John Knox, p. 37. 35 A igreja possuía um modelo de governo que não era bíblico. A igreja na Escócia estava imersa em um caos e precisava urgentemente de uma reforma que traria de volta a forma correta de culto a Deus, bem como o governo da igreja. Foi nesta época, que Deus interferiu graciosamente neste caos, levantando um destemido puritano conhecido até aos nossos dias como John Knox. Sendo assim, questionamos quem foi John Knox? Como se deu então o estabelecimento da Fé Reformada na Escócia? NASCIMENTO E EDUCAÇÃO Knox nasceu e foi criado em uma família pobre humilde. Pouco se sabe sobre a data precisa de seu nascimento, bem como a cidade exata de seu nascimento. Todavia, os historiadores são de comum acordo que nasceu em algum dia durante o ano 1505 e 1514 em Haddington, uma área próxima de Edimburgo, não mais de 27 km a leste de Edimburgo, Escócia. Seus pais eram pobres, mas Knox recebeu uma boa educação. Ele recebeu seu primeiro treinamento em Haddington, e 36 foi então enviado para a Universidade de Glasgow. Na universidade ele obteve o seu Mestrado em Artes. Segundo Douglas Bond: Os próximos anos foram silenciosos; depois desses, ele surge portando uma espada de folha larga, de dois gumes, como guarda-costas do intrépido pregador George Wishart. Quanto à sua conversão, só podemos especular. Alguns defendem que ele se converteu pela pregação do frade Thomas Guilliame em 1543.38 Um texto bíblico que influenciou sua conversão, que ainda no leito da morte pediu a sua amada esposa que lesse o mesmo é João 17.3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. INFLUÊNCIA DE GEORGE WISHART 38 BOND, Douglas. A poderosa fraqueza de John Knox, p. 22. 37 George Wishart foi um ávido pregador protestante dos dias de Knox, a quem John Knox tinha como mentor antes de estar em Genebra com João Calvino. Wishart teve uma influência significativa no começo de ministério de Knox, sendo ainda Knox seu guarda-costas. Enquanto o inquisidor tirano Beaton, perseguia e matava aqueles que deixavam as práticas do catolicismo Romano, “Wishart viajava longe, pregando pelas terras baixas da Escócia. Jovens como Knox começaram a segui-lo, maravilhados pela mensagem do Evangelho”.39 Infelizmente, Wishart foi morto pelo inquisidor Beaton em 1546, queimado vivo até a morte. Depois da morte de Wishart, os nobres protestantes daquela cidade revoltaram-se e invadiram o castelo do Cardeal Beaton e o mataram. Os mesmos fixaram residência lá, não deixaram de convidar Knox, tanto é que Knox viveu naquele castelo até que em 1547 o castelo foi capturado pela marinha francesa, os moradores do mesmo, bem como Knox, foram feitos prisioneiros, condenados na França. Knox foi sentenciado pelos galés como escravo. 39 Douglas Bond, Ibid., p. 23. 38 Como escravo, Knox e seus companheiros foram tratados com toda indignidade e intensa crueldade. Knox ficou preso durante um ano e sete meses em uma deplorável condição. Essa prisão deixou marcas terríveis em sua saúde para o resto de toda sua vida. Bound disse que “como João Calvino, Knoxsofreria até o fim com cálculos renais, insônia e outros males diversos”40. O MINISTÉRIO NA INGLATERRA Depois da morte de Henriques VIII em 1547, subiu ao trono seu único filho Eduardo VI. Sobre a tutela de homens piedosos, mais tarde os conselheiros protestantes da corte de Eduardo conseguiram a libertação de Knox. De volta a Inglaterra, foi para o norte onde passou a dedicar-se à pregação do evangelho. Knox defendia com unhas e dentes o Sola Scripturas (Somente as Escrituras): Ó Deus Eterno! Não tens colocado nenhum outro fardo sobre nossas costas que o que Jesus Cristo 40 BOND, Douglas, Ibid., p. 29. 39 estabeleceu por sua Palavra? Então, quem nos sobrecarregou com todas essas cerimônias, prescrevendo jejuns, forçando a castidade, votos ilegítimos, invocação dos santos, com a idolatria da missa? O Diabo, o diabo meus irmãos, inventou todos esses fardos para deprimir homens imprudentes para a perdição.41 EXÍLIO EM GENEBRA Entretanto, após a morte de Eduardo VI, um rei piedoso que o povo ímpio de Inglaterra não era digno de tê-lo, as coisas não ficaram fáceis para Knox. A rainha que ascendera ao trono era para Knox a Jezabel idólatra, Maria, a malvada e cruel. Esta era perseguidora do povo de Deus. Knox teve que refugiar-se em Genebra. “Calvino, o Reformador francês, havia tido notícias do pregador escocês refugiado e o recebeu com afecto para a obra em 41 Douglas Bond, Ibid., p. 32. 40 Genebra, na Suíça”.42 Ao convite de Calvino, Knox assume em Genebra os deveres pastorais, de uma congregação de refugiados de língua inglesa naquela cidade. Knox servia ao lado de Calvino e teve também a grande oportunidade naqueles dias de aprender mais sobre Solus Christus (Somente Cristo), a verdade que a salvação é somente através de Cristo, e como pastorear e pregar com a humildade de Cristo. Muito provavelmente, além do ministério de pregação, Knox ainda naquela época contribuiu para a tradução e notas de estudo da Bíblia de Genebra. A INFLUÊNCIA DE CALVINO John Knox tinha Calvino como um pai espiritual, por quem tinha em grande estima durante a sua jornada e consultava-o com muita frequência. A influência de Wishart na vida de Knox não sobrepôs a influência de Calvino, ainda no leito de morte pediu a sua amada esposa que lesse para ele os sermões de Calvino. O tempo passado em Genebra foi para Knox de formação 42 Douglas Bond, Ibid., p. 33. 41 para sua vida. Escreveu ele: “É a escola mais perfeita de Cristo sobre a terra desde os dias dos apóstolos”43. O ESTABELECIMENTO DA FÉ REFORMADA NA ESCÓCIA Em 1559, Knox volta à Escócia, sua terra natal, onde a rainha o detestava. Knox deixou seu mentor e estava disposto a levar a mensagem do Evangelho ao seu povo. O amor de Knox pela Escócia, fez com que retornasse à sua terra natal: “Sinto um soluço e um gemido, desejoso que Cristo Jesus seja pregado abertamente em minha terra nativa, ainda que para isso seja necessário perder minha miserável vida”.44 Knox estava, ainda assim, decidido a pregar a Cristo. “Não posso, em boa consciência, deixar de pregar amanhã, a não ser que a violência me detenha”, escreveu. “E quanto ao temor por minha pessoa… minha vida está nas mãos daquele cuja glória eu busco, e sendo assim, não temo as suas ameaças. Não desejo mão ou 43 Douglas Bond, Ibid., p. 35 44 Douglas Bond, Ibid., p. 35 42 arma de homem algum para me defender”. Depois dos sermões de Knox, homens e mulheres se convertiam à viva fé em Cristo pelo poder do evangelho, e as estátuas dos santos e de Maria foram derrubadas”.45 Em julho de 1560, depois da morte da rainha Mary Guise, os nobres da congregação e membros do parlamento escocês abraçaram a fé reformada e comissionaram John Knox que formulasse uma confissão de fé “cujo resumo de doutrina eles manteriam, desejosos que o presente Parlamento estabeleça como saudável, verdadeiro, único e necessário para se crer e receber dentro do reino”.46 No entanto, formou um comité de cinco teólogos e juntos em quatro dias escreveram a confissão Escocesa. Esta foi lida primeiramente no grandioso salão nobre do castelo de Edimburgo perante o parlamento. Sendo assim, em 17 de agosto de 1560 o parlamento aprovou a confissão Protestante, deixando o Catolicismo Romano. 45 Douglas Bond, Ibid., p. 37. 46 Douglas Bond, Ibid., p. 38. 43 ALGUNS DOS EVENTOS MARCARAM O ESTABELECIMENTO DA FÉ REFORMADA NA ESCÓCIA “Os protestantes começaram a ser chamados de “congregação” e os líderes, “os senhores da congregação”.47 “Um sistema presbiteriano de governo de igreja foi instituído, um que Knox aprendeu em Genebra, e que era significativamente diferente do da Inglaterra”.48 “Como o protestantismo avançou, especialmente em algumas áreas ao Sul e ao leste da Escócia, particularmente em Perth, ocorreram tumultos, durante o qual imagens, adornos litúrgicos papistas, Monastério e altares foram destruídos e queimados por multidões que fugiam daqueles que tinham vindo ver a idolatria de Roma”49. 47 HANKO, Herman. Retrato de Santos Fies. p. 273. 48 HANKO, Herman. Retrato de Santos Fies. p. 273. Disponível gratuitamente em: <https://materiasdeteologia.com/wp- content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos-fieis.pdf>. 49 Ibidem Pág. 273. https://materiasdeteologia.com/wp-content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos-fieis.pdf https://materiasdeteologia.com/wp-content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos-fieis.pdf 44 “Em agosto de 1560, foi estabelecida oficial a fé reformada adotando uma confissão – A Confissão de Fé Escocesa, que serviu como a confissão da igreja, até que foi substituída pela Confissão de Westminster -, um livro de disciplina – A ordem da igreja -, e um livro de ordem comum – um guia para os ministros em seu trabalho e vocação”.50 UM APRENDIZADO COM JONH KNOX John Knox instiga-nos a sermos corajosos e destemidos pregadores do Evangelho. A intervenção graciosa de Deus, trouxe naqueles dias um fiel pregador da Palavra corajoso, que enfrentou o clero corrupto e uma rainha com elevada aversão contra ele. Knox, de forma intrépida pregava publicamente a fé reformada, declarando assim guerra contra a idolatria católica. Neste contexto, convida-nos de forma contiínua testemunharmos as verdades do evangelho. Não obstante as ameaças contra si, Knox continuava bradando como um piedoso e verdadeiro profeta de Deus, comprometido 50 Ibid., Pág. 273 45 com a sua Palavra e não com os Homens. No final de tudo como resultado, colheu então um grande avivamento na Escócia em 1559. Em seus confrontos com a rainha, Knox permaneceu firme, conservando a sã doutrina e expondo o verdadeiro Evangelho. Pregando o Cristo crucificado e salvação por meio da fé somente em Cristo. Um fiel pregador em Saint Giles, Edimburgo. Knox distribuía incansavelmente “o pão da vida conforme recebi de Jesus Cristo”51. Um homem fraco fisicamente, mas com vigor na alma para expor a verdade de Deus. Knox pregou seu último sermão em fraqueza, no dia 9 de novembro de 1572. Estava demasiadamente fraco, foi carregado até ao púlpito e depois levado para seu leito, e no dia 24 de novembro do mesmo ano, após ouvir sua esposa lendo o capítulo 17 de João e sermões de Calvino em Efésio, depois deste dia, Knox partiu para eternidade. Com Knox aprendemos que devemos ser guardiões da sã doutrina, corajosamente devemos nos51 Knox, citado em Murray, John Knox, 22. 46 manter fies à verdade, independentemente das circunstâncias. 47 Sugestões de leitura: BOND, Douglas. A poderosa fraqueza de John Knox. Trad.: Elizabeth Gomes. SP: Fiel, 2011. HANKO, Herman. Retrato de Santos Fies. Reformed Free Publishing Associatio, 1999. Disponível gratuitamente em: <https://materiasdeteologia.com/wp- content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos- fieis.pdf>. John Knox, The Reformation in Scotland (A Reforma na Escócia) , Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1982. BAIRD, Charles. The Presbyterian Liturgies (As Liturgias Presbiterianas), Grand Rapids: Baker Book House, 1957 BORGE, João. Reforma e reformadores. Editora Cristã Evangélica, 2018. https://materiasdeteologia.com/wp-content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos-fieis.pdf https://materiasdeteologia.com/wp-content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos-fieis.pdf https://materiasdeteologia.com/wp-content/uploads/2019/05/Ebook-retratos-de-santos-fieis.pdf 48 CAPÍTULO 4 GEORGE WHITEFIELD: UMA PAIXÃO PELO EVANGELISMO Alber Pacavira “Que eu morra pregando”52 - George Whitefield Se existisse uma prateleira onde estão colocados os nomes de servos de Deus que heroicamente deixaram o seu testemunho na terra por amor a Cristo, viveram visando somente a glória de Deus, certamente o nome de Whitefield seria encontrado dentre o nome dos gigantes. Nesse pequeno texto, convido-o a ler um pouco sobre a história deste servo de Deus, que mesmo tendo vivido muito tempo atrás, sua história continua sendo inspiradora e, claro, com muitas lições para servos dos tempos actuais. 52 Apud LAWSON, Steven J. O Zelo Evangelístico de George Whitefield. Tard.: Marcia Gomes. SP: Fiel , 2014, p. 88. 49 NASCIMENTO Nascido em 16 de dezembro de 1714, em Gloucester, Inglaterra, filho caçula, o sexto de Thomas e Elizabeth Whitefield, proprietários da hospedaria Bell Inn. Seu pai faleceu quando George tinha apenas dois anos de idade, ele foi criado por sua mãe que se casou novamente quando ele tinha oito anos. Sobre sua infância e vida antes da ida a Oxford, ele mesmo diz: Posso dizer sinceramente que eu era desobediente desde o ventre da minha mãe [...]. Eu estava habituado à mentira, à conversa torpe e a brincadeiras tolas [...]. Às vezes eu praguejava, quando não blasfemava [...]. Roubar de minha mãe eu achava que não era roubar [...]. Muitas vezes eu quebrei o santo repouso semanal, e geralmente me portava com muita irreverência no santuário de Deus. Gastei muito dinheiro em jogos [...]. Baralho e leitura de romances eram o deleite 50 do meu coração. Muitas vezes me juntei a outros em velhacarias.53 Sua paixão era a representação no teatro. Whitefield era um orador e ator nato, entretinha os hóspedes da hospedeira com sua habilidade de representar. Nisso desenvolveu a capacidade de orador e elocução que mais tarde seriam usados em seu futuro ministério. Aos dezesseis anos começou a ler o Novo Testamento grego e também obteve proficiência no latim. Aos dezoito anos, Whitefield entrou em Pembroke College, da Universidade de Oxford. Para subsidiar o custo de seus estudos, trabalhava como servidor, atendendo às necessidades dos estudantes mais ricos, limpando seus quartos, lavando suas roupas e preparando suas refeições. Em 14 de novembro de 1741, casou-se com Elizabeth James, tiveram um filho de nome John, que 53 Apud DALLIMORE, Arnold A. George Whitefield: Evangelista do Avivamento do Século 18. Trad.: Trad.: Odayr Olivetti. SP: PES, 2005, p. 13, 14. 51 viera a morrer aos quatro meses de vida. Elizabeth, sua esposa, faleceu em 1768. Ele mesmo pregou o sermão funerário, no texto de Romanos 8.28, permanecendo firme na sua crença na soberania de Deus. CONVERSÃO E CHAMADO Whitefield lutava por uma aceitação de Deus, orava três vezes ao dia e jejuava, mas não encontrava paz para sua alma. Perto do final do primeiro ano em Oxford, Charles Wesley (1707-1788) apresentou-o a um pequeno grupo de estudantes conhecidos como “Clube Santo de Oxford”, nesse grupo estava também o irmão de Charles, John Wesley (1703-1791), e mais outros integrantes que se reunião para uma vida religiosamente moral. Eram conhecidos por sua rígida disciplina na leitura e estudo bíblico, oração, jejuns e serviços cristãos. Apesar de todo o esforço, Whitefield não era convertido ainda e seguia sua luta por aceitação de Deus. Ainda em busca de ser aceite por Deus, na primavera de 1735, Whitefield recebeu um livro do seu amigo Charles Wesley. O livro era sobre novo 52 nascimento, cujo título era: A Vida de Deus na Alma Humana, escrito por Henry Scougal. Nele, aprendeu que a salvação não era por suas próprias obras, mas somente pela regeneração divina. Contristado, em agonia e convicção reconheceu que precisava nascer de novo. Então, aos vinte anos de idade foi regenerado pelo Espírito Santo, e depositou sua fé em Cristo. Convertido, Whitefield estava tomado pelo desejo de conhecer a Cristo mais intimamente. Passou a ler a bíblia de joelhos e devorava a exposição do Antigo e do Novo Testamento de Matthew Henry.54 Quando os irmãos Wesley foram para a colônia americana da Geórgia, deixaram Whitefield como o líder do Clube Santo. Ele evangelizava seus colegas e colocava novos crentes em pequenos grupos de estudos. COMISSIONADO A PREGAR Depois de formar-se pela universidade de Oxford em 1736, retornou a Gloucester, onde foi ordenado 54 Cf. LAWSON, Steven J. O Zelo Evangelístico de George Whitefield, p. 25. 53 diácono da Igreja da Inglaterra, na Catedral de Gloucester, em 20 de junho de 1736. Uma semana mais tarde apresentou o seu primeiro sermão na Igreja Saint Mary of the Crypt, Gloucester, igreja onde tinha sido batizado. Whitefield sentiu o chamado soberano de Deus para pregar, passou a preencher púlpitos em Londres. Seus dons homiléticos, de oratória e elocução foram imediatamente reconhecidos; Whitefield se tornou um fenômeno da pregação, as igrejas ficavam cheias de pessoas para ouvirem o jovem pregador. Enquanto pregava em Londres, chegou para Whitefield uma carta dos irmãos Wesley, da Geórgia, pedindo a Whitefield para ajudá-los em sua obra missionária. Disse ele: “ao ler isto, meu coração saltou em mim, como se exultasse ao chamado”.55 Essa viagem foi adiada, pois seu navio fora detido. Enquanto isso, o jovem pregador aceitava convites para pregar em Gloucester, Bristol, Bath e Londres. Onde quer que fosse, as notícias sobre ele se espalhavam, as igrejas ficavam superlotadas, corações eram comovidos, e as almas eram convertidas. 55 LAWSON, Steven J., Ibid., p. 26. 54 Em 28 de dezembro de 1737, finalmente, o Whittaker (navio) estava pronto para navegar, e Whitefield pode finalmente ir para a colônia americana. Em 07 de maio de 1738 chegou a Savannah, Geórgia, onde descobriu que John Wesley deixara a colônia sob acusação formal por um supremo tribunal. Com a missão comprometida, viu o grande número de órfãos, sentiu-se compungido a construir um orfanato. Em 28 de Agosto, Whitefield voltou para Inglaterra para levantar recursos para a construção do orfanato, chegando a Inglaterra em 30 de novembro. Na Inglaterra, tanto Whitefild quanto os irmãos Wesley, enfatizavam em suas pregações a necessidade do novo nascimento. Insistiam em dizer que muitos ministros da Igreja da Inglaterra não eram convertidos. Isso gerou grandes problemas. Essa afirmação levou muitos líderes a resistirem aoseu trabalho. Panfletos maldosos foram circulados em oposição, e rumores espalhados, manchando o nome de Whitefield. Portas das igrejas foram fechadas contra ele, forçando uma ousada 55 estratégia. Ele evitaria completamente os edifícios de igrejas e pregaria ao ar livre56: Em 17 de fevereiro de 1739, Whitefield pregou pela primeira vez ao ar livre em Kingswood, um campo nos arredores de Bristol. Ficou em pé sobre um pequeno outeiro no campo, pregando para um ajuntamento relativamente pequeno de mineiros de carvão e suas famílias, cerca de duzentas pessoas. Whitefield declarou a graça salvadora de Jesus Cristo, e os que assistiram ficaram comovidos pelo poder do evangelho...” 57 Depois disto, Whitefield não parou mais, e passou a pregar ao ar livre, pregava em todo lugar que pudesse reunir pessoas. “Estima-se que Whitefield tenha alcançado cerca de 650.000 pessoas por mês durante o 56 Cf. LAWSON, Steven J., Ibid., p. 28. 57 LAWSON, Steven J., Ibid. p. 28. 56 ano de 1739, que é igual a cerca de vinte e duas mil pessoas por dia”.58 Numa época em que as viagens marinhas eram difíceis, Whitefield visitou a América sete vezes, sendo uns dos grandes personagens do Grande Despertamento. Mas seu trabalho no velho continente (Europa) também era bem sucedido, pregando em várias cidades da Inglaterra e nos países vizinhos, Gales, Irlanda e Escócia. Em certa ocasião, na Escócia, pregou a 100.000 ouvintes, e 10.000 responderam a fé. De agosto de 1739 à janeiro de 1741, o jovem pregador fez uma turnê nas colônias americanas, tendo passado por Filadélfia cinco vezes, Geórgia mais de duas vezes, Nova York três vezes, Boston e Nova Inglaterra (Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont). Por todo lugar que fosse para pregar, multidões corriam para ouvi-lo pregar, desde eruditos à leigos, o comércio parava, lavradores deixavam os arados e até juízes adiavam suas audiências. 58 LAWSON, Steven J., Ibid. p. 28. https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Esc%C3%B3cia https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Connecticut https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Maine https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Massachusetts https://pt.m.wikipedia.org/wiki/New_Hampshire https://pt.m.wikipedia.org/wiki/New_Hampshire https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Rhode_Island https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Vermont 57 Em 1749, renunciou à sua liderança na Sociedade Metodista Calvinista, para se dedicar mais ao evangelismo. Whitefield continuou a pregar extensivamente nas colônias americanas e nas ilhas britânicas. Crê-se que pregou mais de 18.000 sermões: Whitefield pregou seu último sermão em Exeter, New Hampshire, em 29 de setembro de 1770. Foi uma exposição de duas horas, que examinava a alma, intitulada “Examine a si mesmo“, de 2Coríntios 13.5. Ao dar um passo para pregar, Whitefield fez uma oração silenciosa: “Se eu ainda não tiver acabado meu curso, permita que eu vá e fale por ti mais uma vez nos campos, sele a tua verdade, volte para casa e morra.59 Whitefield morreu na América, no dia 30 de setembro de 1770, da forma que desejara: no meio de uma série de pregações. John Wesley no culto memorial de Whitefield em Londres o homenageou como um grande homem de Deus. 59 LAWSON, Steven J., Ibid. p. 40 https://pt.m.wikipedia.org/wiki/John_Wesley 58 TEOLOGIA Whitefield cria na soberania de Deus na salvação do homem, era firme defensor das Doutrinas da Graça ou os Cinco Pontos do Calvinismo como são mais conhecidos. Isto causou um rompimento com John Wesley, que defendia o arminianismo, facto este que se deu em 1741 quando regressou à Inglaterra depois da sua turnê na América, mas continuaram amigos. Sua crença nas Doutrinas da Graça o impulsionou a pregar o evangelho a todos, ele sabia que todo ser humano por natureza era merecedor da ira de Deus, mas Deus graciosamente, através de seu Filho, chama e salva pecadores para si, para ser seu povo escolhido. CARACTERÍSTICAS DA PREGAÇÃO Diferente de muitos pregadores e pregações da sua época, que eram secos e muitas vezes apenas leituras de sermões já prontos. Whitefield irrompeu no cenário da época com uma pregação viva, sua capacidade oratória de representação e eloquência que desenvolvera na sua 59 adolescência foi usada agora não para entreter, mas para o serviço do reino dos céus. Nas suas pregações, Whitefield: Expunha o pecado: ele falava aos seus ouvintes da depravação total, das devastadoras consequências do pecado e da necessidade de salvação. Apontava a cruz: apresentava a morte de Cristo, e seu sangue expiatório como único meio para a salvação. Necessidade de regeneração: é necessário nascer de novo todo aquele que deseja a salvação. Esse era um ponto fundamental na pregação de Whitefield desde o início do seu ministério. Apontava para a eternidade: “Pregava como se o juízo final, céu e inferno estivessem assomando o horizonte imediato”.60 Tinha grande zelo: pregava com grande paixão, zelo e fervor. Era humilde: reconhecia que até mesmo como pregador era indigno, salvo pela graça. 60 LAWSON, Steven J., Ibid. p. 93. 60 Suas pregações não eram vazias, seu sucesso devia a sua vida piedosa, a sua profunda comunhão com Deus, era dedicado no estudo das Escrituras, na oração, lutava por santidade, desde sua conversão era focado em conhecer mais a Cristo. UM APRENDIZADO COM GEORGE WHITEFIELD Movido por seu amor a Deus e a Cristo, e por grande compaixão pelos pecadores perdidos, Whitefield, mesmo encontrado dificuldades, resistências e oposições, sentia a grande vontade de pregar o evangelho às pessoas, no navio em alto mar ou ancorado no porto, nos mercados abarrotados de gente, nos campos ou onde quer que encontrasse pessoas, pregava o evangelho, expunha a natureza pecadora do homem, falava da necessidade e urgência da salvação, apontava para Cristo como o único meio de salvação. A semelhança de vários servos de Deus que deixaram seus legados na história da igreja e da sociedade, George Whitefield é aquele imitador de Cristo que em vida buscou servir ao seu Senhor e fez com 61 grande zelo, fervor, humildade e paixão. Oremos a Deus por mais trabalhadores na ceara, por mais homens como George Whitefield, dedicados na obra do SENHOR. 62 Recomendação de Leitura: DALLIMORE, Arnold A. George Whitefield: Evangelista do Avivamento do Século 18. Trad.: Odayr Olivetti. SP: PES, 2005. LAWSON, Steven J. O Zelo Evangelístico de George Whitefield. Tard.: Marcia Gomes. SP: Fiel , 2014. 63 CAPÍTULO 5 DR. MARTIN LLOYD-JONES: UM HOMEM COMPROMETIDO COM A EXPOSIÇÃO DE TODO O CONSELHO DE DEUS Giovanni Casimiro “A obra da pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado. Se alguém quer conhecer outra razão, eu diria, sem hesitação, que a mais urgente necessidade da igreja cristã, na atualidade, é a pregação autêntica.”61 – Dr. Martin Lloyd- Jones 61 JONES, D. Martyn Lloyd. Pregação e Pregadores. Trad.: João Bentes Marques. 2ª ed. SP: Fiel, 2008, p. 15. https://ref.ly/logosres/prgprgdrs?ref=Page.p+15&off=575&ctx=a+minha+raz%C3%A3o+%C3%A9+que+~a+obra+da+prega%C3%A7%C3%A3o+%C3%A9 64 Se você já assistiu algum filme de acção, sabe que normalmente as histórias giram em torno de um personagem que tem que lidar com algum perigo, ou de lutar para salvar alguém. Às vezes, ele surgeno último minuto, quando não há mais esperança, então ele vem no horizonte, vencendo as forças do mal. Acho que em alguma medida, nosso Deus é o tipo de escritor que no seu enredo coloca sempre um personagem para mudar o estado das coisas, quando tudo parece estar indo de mal a pior. Não me refiro a Cristo, mas a pessoas comuns que por meio de suas vidas mudaram páginas completas da história. Quando olhamos para a história bíblica, da igreja ou do mundo, percebemos no irromper da aurora pessoas que tiveram um impacto espantoso. Foi assim com Paulo, Lutero, com os missionários que deram sua vida para a propagação do evangelho aqui no nosso país; e com este leque de imitadores de Cristo do qual este ebook tem procurado retratar. Nesta série, estarei focado em falar do valoroso homem conhecido por Martin Lloyd-Jones (doravante ML-J). 65 O CONTEXTO O século 20, foi um dos mais desafiantes da história. O mundo científico vivia dias gloriosos com suas descobertas. O contexto político viu o despontar de duas grandes guerras que desimaram milhões de pessoas e deu lugar há um dos maiores massacres da história: o holocausto dos Judeus. Na saúde, houve o grande desafio com o aparecimento de doenças como a gripe espanhola e a pólio. O mundo económico foi abalado com a grande depressão de 1929. A sociedade estava em constante mudança, a revolução sexual da década de 50 e 60 eclodiu de tal forma que os padrões da moralidade foram todos negados. No mundo religioso, a igreja estava a pagar o grande preço por ter abraçado o liberalismo teólogico dos finais do século 19. Uma luta que começou a ser travada anos antes, pelo príncipe dos pregadores Charles Spurgeon. A influência de Spurgeon no século 19 foi tão grande, que quase não se esperava que surgiria alguém que se aproximasse de sua dimensão. Contudo, anos mais tarde, quando as coisas pareciam ir de mal a pior, Deus soberanamente age na história e traz no meio dela 66 Martyn Lloyd-Jones, que providencialmente nasceu sete anos depois da morte de Spurgeon. ML-J não apenas viveu, mas pastoreou em uma época desafiante. Seu registo de vida serve como meio para inspirar todo cristão a viver de forma centrada em Deus. Neste breve artigo, quero levá-lo a imergir na vida deste guerreiro do Senhor, focaremos nossa atenção no seu compromisso árduo com a Palavra de Deus. A sua firmeza de carácter e compromisso com a Escritura, fez com que não cedesse diante dos ventos de mudança que assolaram a igreja de seu tempo. O CHAMADO Martin Lloyd-Jones vem de uma família com educação cristã. Nasceu em 20 de dezembro de 1899 em Caddiff, no país de Gales, Grá-Bretanha. Sua família frequentou uma igreja Metodista, que tinha uma inclinação mais reformada. ML-J reconheceu que crescer neste ambiente foi bom para ele, embora sua verdadeira conversão aconteceu muito tempo depois. 67 ML-J desde pequeno foi dotado com uma inteligência acurada. Em razão disso, formou-se com distinção em medicina aos 21 anos, sendo chamado para ser auxiliar de Sir Thomas horder, famoso médico da casa real em Londres. Em algum momento de sua vida, ML-J percebeu que o maior problema de seus doentes, não era a doença física, mas sim, a da profundidade da alma, na qual ele quis ajudar a curar pela proclamação do Evangelho. Foi assim, que ele decidiu largar a carreira brilhante que tinha pela frente na medicina, para prosseguir no pastorado. A atitude de ML-J, reflecte bem as palavras de John Jowett que certa vez disse, “vocação pastoral é quando todas as outras portas estão abertas, mas você só anseia entrar pela porta do ministério”.62 ML-J não era um fracassado, tão pouco um mercenário religioso. Pelo contrário, ele considerou tudo como perda, diante do grande ganho que seria o de servir ao seu Senhor. 62 John Jowett, Apud LOPES, Hernandes Dias. De Pastor a Pastor: Princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus. SP: Hagnos, 2008, p. 35 68 Conta-se que “houve muita crítica na imprensa sobre a loucura de um jovem médico que tinha abandonado um alto salário, e uma carreira promissora, de fama e glória profissional, para se tornar um pastor pobre”.63 Para ML-J, não havia honra maior do que a de servir ao Senhor dos senhores. Ele mesmo reconheceu que no final das contas não renunciou a coisa alguma; tinha recebido tudo. Para nossa surpresa, ML-J não fez a formação em nenhum seminário, uma vez que ele entendia que em seu contexto a maioria dos seminários estavam infestados das ervas daninhas do liberalismo teológico, isso não signfica que ele desencorajava a necessidade de estudo para um melhor serviço ministerial, simplesmente em seu contexto, as escolas de teologia estavam com fortes influências negativas, fazendo com que ele optasse pelo autodidatismo. O COMPROMISSO 63 FERREIRA, Franklin. D. Martyn Lloyd-Jones: Pregador da palavra. SP: PES, p. 3. 69 Das muitas características possíveis de serem abordadas sobre este arauto do século passado, uma sem sombra de dúvidas que em muito sobressai é o seu compromisso com a Escritura como pregador. ML-J foi um homem do púlpito. Acredita-se que durante os seus 30 anos de ministério tenha pregado pelo menos só na catedral de Westminster (a segunda igreja a pastorear) mais de 4000 sermões64: A obra da pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado. Se alguém quer conhecer outra razão, eu diria, sem hesitação, que a mais urgente necessidade da igreja cristã, na atualidade, é a pregação autêntica.65 Ao nutrir esta forte convicção sobre a pregação, ML-J solidificou o seu compromisso em pregar a Bíblia, pura e simplesmente. Em um contexto que as inovações para atrair as multidões iam surgindo, ele permaneceu firme e convicto de que o meio de atrair as pessoas deve ser pela 64 LAWSON, Steven. A pregação apaixonada de Martyn Lloyd- Jones. Trad.: Elizabeth Gomes. SP: Fiel, 2016, p. 54. 65 JONES, D. Martyn Lloyd, Pregação e Pregadores, p. 15. https://ref.ly/logosres/prgprgdrs?ref=Page.p+15&off=575&ctx=a+minha+raz%C3%A3o+%C3%A9+que+~a+obra+da+prega%C3%A7%C3%A3o+%C3%A9 70 Palavra e não por entretenimento, que segundo ML-J contribuiu bastante para a depreciação da pregação: Pior ainda tem sido o aumento do entretenimento no culto público — o uso de filmes e a introdução de mais e mais cânticos. A leitura da Palavra e a oração foram drasticamente abreviadas; mais e mais tempo, consagrado aos cânticos. Já existe um “líder de louvor” como se fora um novo tipo de oficial da igreja; conduz os cânticos, e supostamente compete-lhe produzir a atmosfera propícia. Porém, ele gasta tanto tempo para produzir a atmosfera propícia que não resta tempo para a pregação nesse ambiente! Tudo isso faz parte da depreciação da mensagem.66 ML-J não sucumbiu à pressão de seu tempo, de procurar novas formas de atrair multidões. Parece que estas palavras foram escritas em pleno ano de 2022, mas pasmem, ML-J proferiu-as em 1968. Essa é com certeza uma mensagem para a igreja de nosso tempo, que se perdeu no emarenhado mundo de possibilidades 66 JONES, D. Martyn Lloyd, Ibid., p. 21. 71 mundanas para atrair as pessoas à igreja, deixando de confiar na plena eficácia da Palavra de Deus. ML-J, foi um exímio pregador da lectio continua, ou seja, pregação sequencial. Pelo seu compromisso de pregar todo desígnio de Deus, ML-J desafiou-se a pregar livros completos da Escritura. Foi desta forma, que durante o seu ministério, entre 1950-1952, pregou o sermão do Monte em 60sermões. Entre 1954-1962 pregou a carta aos Efésios, e entre 1955 a 1968, durante 13 anos, pregou a carta aos Romanos. Engana-se quem pensa que tais pregações eram cansativas e enfadonhas. ML-J pregava três vezes na semana e sabia diversificar a dieta alimentar da igreja. Ele dizia que cada pregador: [...] deveria ser, por assim dizer, três tipos ou categorias de pregador. Há a pregação que é primariamente evangelística. Essa deveria ocorrer pelo menos uma vez por semana. Há a pregação didática, mas que se especializa no que é experimental. Geralmente faço isso aos domingos pela manhã. Há também aquele tipo de pregação mais puramente 72 doutrinária, que eu mesmo faço em uma noite durante a semana.67 UM APRENDIZADO COM DR. MARTYN LLOYD-JONES ML-J foi um homem para além de seu tempo. Em 1968 depois de uma doença repentina, teve que abandonar o pastorado, e em 1981, o doutor acabou por deixar este mundo. Mais de 40 anos se passaram, mas ele ainda continua a falar a novas gerações. Não conseguimos medir a dimensão de seu impacto, mas podemos elencar alguns aspectos de sua vida que podem inspirar-nos cada vez mais não apenas para sermos melhores pregadores, mas acima de tudo melhores cristãos: ML-J considerava-se um pregador expositivo. No começo de seu chamado, não estava tão preocupado sobre se saberia pregar, mas com o conteúdo de sua mensagem. Esse compromisso mental é necessário se queremos agradar à Deus. A pregação expositiva não é tanto um método, mas uma filosofia de ministério, tem mais a ver com 67 JONES, D. Martyn Lloyd, Ibid., p. 62 73 qual será a nossa atitude ao lidar com o texto bíblico; é o compromisso de se submeter unicamente à Escritura. ML-J resistiu às pressões de seu tempo, para encontrar coisas mais atrativas para dar à sua igreja. Hoje em muitas igrejas, existe a mentalidade de que se programas atrativos não forem implementados, então as pessoas não terão interesse pela igreja. Pelo contrário, ML-J acreditava que a coisa mais atraente que podemos dar à igreja é o evangelho puro, pregado de forma simples e clara. ML-J não teve receio de ser taxado como fundamentalista, e extremista por outros, ainda que isso custasse boas relações, se a verdade bílica estivesse em jogo. ML-J confirma que um dos maiores movimentos que surgiu no mundo foram os puritanos com seu zelo pela verdade e santidade. Ele disse certa vez que os puritanos serviram de grande influência em seu ministério, por isso se prontificou em estudá- los cada vez mais. 74 ML-J é uma voz que se calou, mas que ainda fala por meio de seus escritos. Sua vida foi o exemplo de alguém digno de ser estudado e admirado. Sua vida mostra que só precisamos de um compromisso sólido com Deus, que ele fará o resto. O valor de ler uma biografia é que podemos vislumbrar a forma como Deus usa seus barros para impactar o mundo. Eu penso que Deus ainda continua levantando em cada geração pessoas com compromisso e fidelidade a Ele. Por isso, cada cristão precisa submeter-se à vontade de Deus e vislumbrar a obra que o oleiro poderá fazer por meio daquele que obedece à sua voz, assim como ML-J. 75 SUGESTÕES DE LEITURA: FERREIRA, Franklin. D. Martyn Lloyd-Jones: Pregador da palavra. SP, PES, s/d. LAWSON, Steven. A pregação apaixonada de Martyn Lloyd- Jones. Trad.: Elizabeth Gomes. SP:Fiel, 2016. JONES, D. Martyn Lloyd. Pregação e Pregadores. Trad.: João Bentes Marques. 2a ed. SP: FIEL, 2008. https://ref.ly/logosres/prgprgdrs?ref=Page.p+15&off=575&ctx=a+minha+raz%C3%A3o+%C3%A9+que+~a+obra+da+prega%C3%A7%C3%A3o+%C3%A9 76 SOBRE O PROJETO Semeando Ideias Reformadas é um projeto angolano que visa apresentar conteúdos reformados para uma fé reformada. O projeto foi idealizada aos 12 de feverreiro de 2020. Temos trabalhado com a criação de conteúdo na internet (facebook, Instagram, Youtube e site do projeto). Atualmente o projeto é composto pelos seguintes membros68: 1. Kennedy Bunga (cordenador) 2. José Júnior (Brasileiro; vice coordenador) 3. Alber Pacvira (1º secretário) 4. C.R. Bernardo (2º secretário) 5. Edvaldo Neto (tesoreiro) 6. Mário Panda (marketing) 7. Rev. Mateus Pimpão (conselheiro) 8. Rev. Giovanni Casimiro 9. Luís Mendoça 10. Josemar Frederick 68 Os cargos listas aqui são temporários. Eles mudam ao final de cada mandato. 77 SIGA AS NOSSAS REDES SOCIAIS: E acesse nosso Bloger: https://semeandoideiasreformadas.blogspot.com/ https://semeandoideiasreformadas.blogspot.com/