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APOCALIPSE E ESCATOLOGIA - AULA 2


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APOCALIPSE E ESCATOLOGIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Antônio Carlos da Silva 
 
 
 
 
2 
DISPENSAÇÕES 
CONVERSA INICIAL 
Uma das maneiras de estudar Escatologia incluindo o livro do Apocalipse 
é procurar conhecer a doutrina do dispensacionalismo. Trata-se de uma doutrina 
teológica e escatológica cristã que afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo 
será um acontecimento no mundo físico, envolvendo o arrebatamento e um 
período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do 
Armagedom e o estabelecimento do reino de Deus na Terra. 
Essa doutrina permite, a partir da Bíblia, considerar que a humanidade 
tem vivido épocas diferentes sendo definidas por eventos específicos. O termo 
dispensação é interpretado pelo autor da Bíblia Scofield como "um período de 
tempo em que um indivíduo é experimentado quanto à sua obediência a alguma 
revelação especial da vontade de Deus" (Scofield, 2009, p. 3). 
Lembrando que essa é uma maneira de pensar sobre a história da 
humanidade que prevê um desfecho que colocará tudo em ordem novamente, já 
que o "pecado original" — desobediência de Adão e Eva, que causou a expulsão 
dos dois do jardim do Éden e a perda da vida eterna que lhes estava proposta 
(Bíblia. Gênesis, 3: 6-7) — deu início a uma grande “desordem”, tanto interior, 
do ser humano consigo mesmo, como exterior, na sua relação com o seu 
semelhante. 
Nesta primeira parte, veremos as dispensações da inocência, da 
consciência, do governo humano, patriarcal e da Lei (Torah). Em cada um 
desses períodos, ocorrem eventos que marcam o início e o fim de uma 
dispensação. Há estudiosos que concordam e há aqueles que discordam. Por 
isso, vale lembrar que, entre os defensores dessa doutrina, não há consenso 
quanto ao número e à extensão das dispensações e que o ideal é averiguar e 
procurar conhecer um pouco mais dessa doutrina, a começar pela dispensação 
da inocência. 
TEMA 1 – DISPENSAÇÃO DA INOCÊNCIA 
A palavra equivalente a dispensação, a partir da língua grega, é 
oikonomia, que deu origem à palavra “economia” na língua portuguesa. Na 
linguagem teológica, uma dispensação seria a maneira como Deus trata o ser 
 
 
3 
humano durante determinado período, no qual ele é submetido a provas até que 
se complete o tempo previsto para se passar por elas. 
A dispensação da inocência inicia-se na criação do homem e estende-se 
até a expulsão do Éden. Em relação a esse período, podemos destacar cinco 
aspectos que consideramos fundamentais. 
1.1 Comunhão plena 
Conforme o relato bíblico, Deus “[...] andava no jardim na viração do dia 
[...]” (Bíblia. Gênesis, 3: 8) com o intuito de se comunicar com o homem e a 
mulher. Quando Deus cria os animais, leva-os até o homem para que este desse 
nome a eles (2: 19). Tanto homem como mulher estavam nus e não se 
envergonhavam (2: 25), havia pureza na intimidade para com Deus e entre eles. 
Essa comunhão plena foi planejada e sempre foi desejada por Deus em relação 
à humanidade. 
1.2 Pecado 
Quando Deus cria o homem, ele está envolto pela ação graciosa de Deus 
que lhe prepara um jardim e lhe ordena que não coma da árvore do 
conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que comesse dela certamente 
morreria (Bíblia. Gênesis, 2: 17). Depois dessa ordem, Deus faz o homem cair 
em sono profundo (2: 21) e, de sua costela, forma a mulher (2: 22). Mas a 
serpente, com sua astúcia, leva a mulher a cometer o erro de comer do fruto da 
árvore, dando do fruto ao homem (3: 8). Esse é o relato do pecado que atraiu 
consequências sobre o homem, a mulher e a serpente. Nesse episódio, o ser 
humano perde a sua inocência. 
1.3 Sentenças 
Como sempre acontecia, quando Deus procura pelo homem no jardim, 
este o responde que está escondido, pois está sentindo medo e não tem 
coragem para ir ao encontro de Deus. Como não havia mais inocência, o homem, 
a mulher e a serpente ouvirão sentenças que os acompanharia por toda a sua 
existência a partir dali. Eles seriam punidos. 
1.4 Promessa escatológica 
 
 
4 
Quando o autor do Gênesis apresenta as sentenças, ele também 
menciona a promessa que é conhecida como o anúncio de um protoevangelho, 
na linguagem que se usa na prática missionária. Essa promessa também é 
conhecida como escatológica e profere que “[...] o descendente da mulher ferirá 
a cabeça da serpente [...]” (Bíblia. Gênesis, 3: 15). Esse texto aponta para o 
momento da crucificação e da ressurreição de Cristo e, posteriormente, em uma 
ocasião apocalíptica, para a destruição final de Satanás (Bíblia. Apocalipse, 20: 
10). 
1.5 Juízo (morte espiritual e expulsão) 
Como o homem e a mulher falharam e perderam a inocência, eles são 
sentenciados e punidos: cada um com uma punição física peculiar e uma 
punição espiritual comum, eles perdem o direito de manter comunicação plena 
e contínua com Deus por terem se tornado impuros. São expulsos do jardim e, 
para não ficarem nus, ganham uma vestimenta especial para darem início a sua 
vida pós-pecado, tendo agora que agir conforme sua consciência lhes orientar. 
TEMA 2 – DISPENSAÇÃO DA CONSCIÊNCIA 
Da expulsão do Éden até o dilúvio se passam 1.656 anos. Depois de 
pecarem, homem e mulher perdem a condição de inocentes e se tornam 
conscientes, tendo agora que decidir entre fazer o bem ou o mal. 
2.1 Consciência do bem e do mal 
Fora do Éden, conscientemente, o ser humano passa a tomar decisões e 
a sofrer as consequências delas. A comunhão íntima e contínua do ser humano 
com Deus se rompeu, ainda haverá algum tipo de contato e diálogo, mas não 
conforme era no Éden. 
O relato do capítulo 4 de Gênesis narra o nascimento e as ações na idade 
adulta dos dois primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e Abel. Ambos 
apresentaram ofertas a Deus: Abel ofertou o que era agradável, mas a oferta de 
Caim não agradou a Deus. Caim se enraivece e Deus lhe indaga: se fizeres bem, 
não é certo que serás aceito? O relato segue e Caim decide matar Abel. Esse é 
um texto que remete à ação do ser humano de escolher entre fazer o bem ou o 
mal. 
 
 
5 
 
 
 
6 
2.2 Corrupção generalizada 
Séculos se passaram até que surgisse a geração de Noé. A repetição em 
escolher fazer o que era mau ganhou proporções alarmantes e o autor do 
Gênesis registrou da seguinte forma: “Viu o Senhor que a maldade do homem 
se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo o desígnio do 
coração humano” (Bíblia. Gênesis, 6: 5). Em virtude dessa constatação, Noé, 
que procurava fazer o bem, foi desafiado por Deus a construir uma arca (6: 14). 
2.3 A arca de Noé 
Embora existam divergências quanto às dimensões da arca, Ryrie (1994) 
nos fornece as seguintes medidas: 137 metros de comprimento, 23 metros de 
largura e 14 metros de altura com um deslocamento de 20 mil toneladas e uma 
tonelagem bruta de 14 toneladas. O elemento arca se transformou em um 
símbolo escatológico. Jesus, em conversa com os discípulos, alertou quanto ao 
que ocorrerá nos dias que antecederão a sua segunda vinda: “E, como foi nos 
dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem” (Bíblia. Mateus, 
24: 37). 
2.4 Dilúvio (juízo) 
Uma vez terminada a arca, “por causa das águas do dilúvio, entrou Noé 
na arca, ele com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos” (Bíblia. 
Gênesis, 7: 7). E, dessa forma, o dilúvio pôs fim à dispensação da consciência. 
Raul Esperante, professor do Geoscience Research Institute, liderou em 
2018 uma expedição de arqueólogos para verificar a posição da arca nas 
chamadas montanhas de Ararate (8: 4), em Agri, na Turquia. Da mesma fonte 
(Ciberia, 2018), temos: “Oktay Belli, professor e arqueólogo da Universidade de 
Istambul e membro do Instituto Turco de História Antiga, concorda com 
Esperante e está convencido de que ‘a Arca de Noé e o Dilúvio não são um mito, 
mas sim um evento real, mencionado em diferentes livros sagrados’”. 
 
 
 
7 
TEMA 3 – DISPENSAÇÃODO GOVERNO HUMANO 
Essa dispensação apresenta um período de duração bem menor que o da 
consciência, e vai do dilúvio à aliança com Abrão (427 anos). Na narrativa bíblica, 
ela acontece do capítulo 8 ao 12 do Gênesis. 
3.1 Instituição de governos 
Após o dilúvio e do tempo de espera na arca, Noé sai com toda a sua 
família, e de seus três filhos surgem muitos descendentes. Assim, há um 
repovoamento da terra e a humanidade passa a se organizar em sociedade, 
dando início à formação das primeiras nações-estados, como Babel e Assur 
(atual Iraque), Mizraim (atual Egito) etc. Conforme o relato de Gênesis, 11: 9, 
houve uma dispersão da sociedade organizada que vivia em Babel, que se 
espalhou em todas as direções. 
3.2 Torre de Babel 
Essa torre muito alta pode ser entendida como os zigurates, que existiram 
na Babilônia e têm sido descobertos por arqueólogos, os quais tinham a forma 
de pirâmide com vários patamares e eram monumentos religiosos ou templos 
pagãos. 
Os antigos babilônicos concebiam o mundo como uma alta montanha e 
achavam que os deuses habitavam nos cumes dos montes; então, colocavam 
no último patamar das torres a morada dos deuses da cidade. Na Babilônia, a 
torre mais famosa era a do deus Marduque, chamada de “casa do fundamento 
do céu e da terra”. 
O zigurate (torre de Babel) era uma espécie de torre-templo usada para 
prestar culto ao deus Marduque Esagila. Esse conjunto arquitetônico era 
coroado por um templo onde se julgava que a divindade descia para ter contato 
com a humanidade (Davidson, 1995). Ali, Deus desce, espalha os moradores e 
se inicia uma divisão na ocupação das terras em todas as direções. 
O elemento teológico desse texto que pode ser vinculado aos eventos 
escatológicos é o fato de o Senhor descer e não permitir que a adoração fosse 
realizada a deuses que não eram verdadeiros (Bíblia. Gênesis, 11: 5-8). Tal ação 
pode apontar para o futuro das doutrinas que defendem a segunda vinda de 
Cristo, visível a toda a humanidade, quando haverá uma pluralidade religiosa 
 
 
8 
generalizada em busca de práticas ecumênicas ao mesmo tempo em que 
crescerá a intolerância religiosa. 
Quando Deus desce e dispersa os moradores daquela cidade, o autor do 
Gênesis introduz na narrativa uma genealogia dos descendentes de Sem, filho 
de Noé, até identificar Terá, o pai de Abrão. Algumas frases do texto são 
contundentes, mas a ordem “[...] Sai da tua terra e da casa de teu pai e vai para 
a terra que te mostrarei" (Bíblia. Gênesis, 12:1) aponta para uma insatisfação de 
Deus em relação àquele lugar. Segundo o capítulo 24, versículo 2, de Josué, 
Terá servia a outros deuses. Talvez essa seja uma das razões de Abrão precisar 
sair daquele lugar e ter um novo momento em sua vida, pois, no futuro, a partir 
dele se originaria o povo hebreu. 
3.3 Promessa a Abrão 
Após a morte de Harã e os “casamentos” de Abrão e Naor, Terá sai com 
seus filhos de Ur dos caldeus para ir a Canaã. No cenário de Ur, a vida é 
desenvolvida em comunidade sob normas, princípios e tradições. Ryrie (1994) 
comenta que, em Ur, se achava um grande zigurate, que Abraão teria conhecido. 
Em meio a esse contexto politeísta, Terá morre, e Abrão recebe a ordem de sair. 
O modo dispensacionalista de pensar identifica esse momento como o evento 
principal para pôr fim à dispensação do governo humano e dar início à 
dispensação patriarcal. 
TEMA 4 – DISPENSAÇÃO PATRIARCAL 
Essa dispensação começa aproximadamente em 1960 a.C. e perdura até 
cerca de 1530 a.C. Da aliança feita por Deus com Abrão até o momento em que 
Moisés recebe a Lei no Sinai são cerca de 430 anos. Há discussões em torno 
dessas datas, mas o fato principal dessa dispensação é que, por meio de Abrão, 
surgem duas nações que no futuro se tornaram inimigas. 
A inimizade entre Sara, a esposa, e Agar, a concubina, estendeu-se a 
Isaque, o filho da esposa, e a Ismael, o filho da concubina. Isaque gera Jacó, 
pelo qual surge o povo de Israel. Por meio de Ismael, surge o povo árabe. Esse 
é um elemento escatológico importante, pois essa inimizade se mantém até o 
presente momento, em pleno século XXI. 
 
 
 
9 
4.1 Destaques 
Em relação à dispensação patriarcal, podemos dizer que os cinco 
personagens principais são Abraão, Isaque, Jacó, José e Moisés, embora 
existam outros importantes. Há que se destacar a promessa do surgimento de 
uma grande nação, as sentenças de benção e maldição, os períodos de 
escassez (incluindo fome) que Abrão, Isaque, Jacó e José experimentaram, e a 
formação das tribos do povo de Israel. Essa formação é objeto de estudo e 
discussão, pois a Arqueologia vem fornecendo elementos que têm alterado a 
concepção do modo como essas tribos se formaram. Também merece destaque 
o período de escravidão ocorrido no Egito (cerca de 430 anos), do qual Moisés 
participou, tendo se tornado o libertador do povo hebreu do Faraó. 
Em todos esses destaques, é possível encontrar ligação histórica entre o 
que acontece no período em que Cristo veio à Terra e alguns eventos ocorridos 
com o povo de Israel ao longo da história da humanidade. Há quem entenda que, 
quando o povo hebreu deixou o Egito, ele ainda teria Javé ou Jeová como Deus 
único. Seria somente após a ocorrência das dez pragas relatadas no texto bíblico 
(Bíblia. Êxodo, 7: 14-11: 10) e em meio à peregrinação no deserto, que o povo 
de Israel passa a adorar e obedecer a um Deus específico (12: 37-19: 24; 20: 1- 
40: 38). 
A libertação do Egito e a peregrinação pelo deserto por cerca de 40 anos 
teria o objetivo de promover uma concepção teológica desligada da realidade 
egípcia. A prestação de culto a apenas um Deus se torna o grande desafio do 
povo, que passará por um processo de estruturação do seu convívio para com a 
divindade e da sua vida em comunidade. Além disso, era importante saber como 
se daria seu relacionamento com os estrangeiros que viriam a encontrar. O 
estabelecimento de normas para o convívio social ganha forma impressa, não 
seria uma tradição mantida apenas por comunicação oral. As tábuas da Lei 
(Torah) recebidas por Moisés e apresentadas ao povo seriam a ratificação e 
confirmação disso. 
4.2 Vínculos escatológicos com Jesus 
Alguns elementos dessa história e da peregrinação são mencionados por 
Jesus na ocasião em que desenvolve sua missão junto ao povo de Israel. Em 
 
 
10 
termos escatológicos, em Jesus se cumprem algumas narrativas profetizadas 
pelo autor do Êxodo. 
Por exemplo, no Evangelho de João, duas menções têm sido usadas. 
Uma, no capítulo 5, versículo 46, quando Jesus comenta: “Porque, se vós 
crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque ele escreveu a meu respeito”. A 
referência mencionada aqui por Jesus seria o texto de Deuteronômio, capítulo 
18, versículo 18: “Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como 
tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe 
ordenar”. Outra seria a fala de Filipe em João, capítulo 1, versículo 45: “Filipe 
achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu 
na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José”. 
A dispensação patriarcal desenvolve a função de comunicar a fidelidade 
ao Deus Javé (Jeová) por meio de Abraão, Isaque, Jacó e seus descendentes. 
Em termos históricos, quem abençoa os descendentes de Abraão é abençoado, 
tanto os que se encontram no território do Israel atual como aqueles que estão 
espalhados por todo o mundo. E quem os amaldiçoa é amaldiçoado. Esse 
pensamento coloca o povo de Israel como centro e os demais povos em segundo 
plano, algo que atualmente é aceito por uma parcela da humanidade e é 
desprezado por outra. 
Esse é um elemento que pode ser visto como escatológico. Há, 
historicamente, nações aliadas e fiéis a Israel e há nações inimigas. Se no futuro 
houver algum tipo de embate contra os judeus, os que os defenderem serão 
protegidos pelo Messias, os que forem contráriossofrerão o juízo. O cenário para 
esse evento acontecer tem sido encontrado por muitos estudiosos no capítulo 
16, versículo 16, do Apocalipse, na ocasião do Armagedom. 
Assim, a dispensação da Lei surgiu para mostrar aos hebreus as 
diferenças que deveriam haver entre a forma de vida do povo de Israel em 
relação à dos demais povos. A Lei (Torah), também conhecida como Lei 
Mosaica, requer exclusividade de adoração a um Deus único e obediência aos 
ensinamentos e preceitos. A Lei deverá ser praticada com toda reverência, 
devoção e respeito para com o Deus que libertou um povo escolhido do regime 
egípcio de escravidão. 
 
 
 
11 
TEMA 5 – DISPENSAÇÃO DA LEI 
Quando a Lei Mosaica é instaurada, ela prevê um regime teocrático de 
governo. Ordenanças e estatutos são prescritos para serem obedecidos em 
relação a Deus e ao convívio comunitário. O período de peregrinação pelo 
deserto, cerca de 40 anos, tem sido visto como uma referência escatológica para 
a peregrinação do povo de Deus atual enquanto aguarda pela segunda vinda de 
Cristo/Messias. 
Sob a direção de Moisés e do exercício sacerdotal de Arão, o povo de 
Israel passou por uma estruturação que abrangia aspectos morais, religiosos, 
éticos, sociais e até higiênicos. A coluna de fogo e a nuvem que acompanhava 
a peregrinação simbolizavam a presença de Deus em meio ao povo (Bíblia. 
Êxodo, 13: 21). Talvez esse seja o elemento principal nesse período conhecido 
como dispensação da Lei, a presença de Deus. Foram cerca de 1.430 anos entre 
a instituição da Lei e o sacrifício no Calvário (a crucificação de Cristo). 
5.1 Os regimes teocrático e monárquico 
O regime teocrático teve alguns representantes que transmitiram ao povo 
as mensagens de Deus. Começando por Moisés, Arão e Josué e chegando aos 
juízes. Mas esse regime foi questionado pelo povo de Israel e veio a monarquia. 
Três reis governaram um país unificado, e diversos reis o fizeram após a divisão 
do reino. Em meio ao regime monárquico, os profetas atuaram, tanto sob o 
governo único como após sua divisão, com o objetivo de comunicar aos reis e 
ao povo a vontade de Deus em muitas ocasiões apontando para o primeiro 
advento do Messias. 
O fracasso do sistema monárquico levou o povo de Israel a passar por 
provações, entre elas a expulsão de sua própria terra para um exílio de 70 anos 
aproximadamente. Essa realidade fez crescer ainda mais a expectativa em 
relação ao surgimento de um salvador, alguém que governaria com sabedoria e 
ajudaria o povo de Israel a não ser constantemente vencido por povos inimigos. 
O profeta Isaías (9: 2) faz uma promessa dizendo que “O povo que andava em 
trevas viu grande luz [...]”. Para alguns estudiosos, esse texto aponta para o 
cumprimento na figura do rei Josias, outros, porém, identificam aqui uma profecia 
messiânica. 
 
 
12 
5.2 A reverência à Lei 
A reverência à Lei Mosaica é estabelecida, obedecida, depois esquecida 
e, por fim, resgatada. O lugar para se aprender sobre a Lei era o templo e este 
era um dos símbolos mais importantes do povo de Israel. Aliás, tanto o 
tabernáculo, templo móvel construído por Moisés, como o templo fixo, construído 
por Salomão, simbolizavam um lugar em que se buscava a presença de Deus, 
mas ambos se perderam na história. 
Em meio às profecias do exílio babilônico, surge uma profecia sobre a 
construção de um templo, que em princípio não seria o mesmo que Esdras 
ajudou a construir, ele seria o templo descrito por Ezequiel nos capítulos 40 a 
48. Esse templo ainda é esperado por parte de alguns judeus, ainda há 
expectativa de sua construção. Trata-se de um elemento escatológico que ao 
menos uma parte do povo judeu espera pelo cumprimento para que novamente 
a Lei possa ser estudada e reverenciada. 
5.3 A Lei e Jesus 
Quando o povo de Israel retorna do exílio babilônico, havia a expectativa 
de Israel ressurgir como nação, mas os frequentes embates com povos inimigos 
e as derrotas sofridas para os fortes impérios grego e romano fizeram os judeus 
manterem a esperança do surgimento do Messias. Após um período de silêncio 
(cerca de 400 anos), cumpre-se a profecia do nascimento do Messias “[...] Eis 
que a virgem conceberá, e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Bíblia. 
Isaías, 7: 14). O Emanuel também é confirmado pelo Evangelho de Mateus, 
capítulo 1, versículo 23. 
Jesus cumpriu a Lei, aprofundou e completou as prescrições éticas da Lei 
(Bíblia. Mateus, 5: 17-20). A proclamação dele não rompeu com os princípios do 
Antigo Testamento, mas o perfil do padrão requerido por Jesus aos poucos foi 
sendo estabelecido. Talvez o momento mais contundente tenha sido o momento 
em que ele repreende os judeus que transformaram a “casa do Pai” em um lugar 
de comércio (21: 13), em uma repreensão que talvez seja válida para um 
contexto pré-apocalíptico. Em vez de se cumprir o que a Lei ensina, o ensino 
dela é negligenciado. 
 
 
 
13 
NA PRÁTICA 
A doutrina do dispensacionalismo nos possibilita observar a história da 
humanidade e vislumbrar o que está profetizado para acontecer no futuro. Ela 
pode ser vista como um recurso para compreender melhor o propósito divino 
para a humanidade. Vale ressaltar que, entre os próprios dispensacionalistas, 
não há consenso quanto ao número e à extensão das dispensações. Dessa 
forma, o que estudamos aqui é um roteiro que procura favorecer uma melhor 
compreensão da doutrina. 
FINALIZANDO 
Até agora conhecemos cinco dispensações. 
A dispensação da inocência, que tem início na criação do homem e segue 
até a expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden. Nesse momento, abordamos 
a comunhão plena do ser humano com Deus, o pecado original, as sentenças 
pronunciadas para o homem, a mulher e a serpente, a promessa escatológica 
também conhecida como protoevangelho e juízo vindo sobre Adão e Eva, isto é, 
a morte espiritual e a expulsão do jardim. 
A dispensação da consciência dura da queda do primeiro casal até o 
dilúvio. Estudamos a consciência do bem e do mal, a corrupção generalizada do 
ser humano, a construção da arca de Noé e o evento do dilúvio como juízo sobre 
toda a humanidade. 
A dispensação do governo humano perdurou do dilúvio até a chamada de 
Abrão, envolvendo cerca de 427 anos. Abordamos a instituição de governos, 
alguns aspectos sobre a Torre de Babel e a promessa feita a Abrão. 
A dispensação patriarcal, desde a aliança feita com Abrão, durando cerca 
de 430 anos, findou com o recebimento da Lei no monte Sinai (Bíblia. Êxodo, 19: 
8). Nesse estudo, vimos alguns destaques e vínculos escatológicos com Jesus. 
Por fim, a dispensação da Lei se prolonga dessa ocasião até a 
crucificação de Cristo no Calvário. Estudamos os períodos teocrático e 
monárquico, a reverência à Lei e a relação de Jesus com a Lei. 
Ainda há as duas últimas dispensações, a da graça e a do Reino milenar, 
além das alianças Edênica, Adâmica, Noélica, Abraâmica, Mosaica, 
Palestiniana, Davídica e a Nova Aliança. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
AQUINO, F. A Torre de Babel: qual é a sua mensagem? Cleofas. 2018. 
Disponível em: <https://cleofas.com.br/a-torre-de-babel-qual-e-a-sua-
mensagem/>. Acesso em: 14 abr. 2019. 
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Disponível em: 
<http://biblia.com.br/joaoferreiraalmeidarevistaatualizada/daniel/dn-capitulo-
12/>. Acesso em: 14 abr. 2019. 
BLUNT, D. O papado é o anticristo. Recife: Projeto Os Puritanos, 2013. 
Disponível em: <https://livros.gospelmais.com.br/files/livro-ebook-o-papado-e-o-
anticristo.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2019. 
BROWN, C.; COENEN, L. Dicionário internacional de Teologia do Novo 
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000. 
CALVINO, J. Romanos. Trad. Valter Graciano Martins. São Paulo: Paracletos, 
1997. 
CARSON, D. A.; MOO, D. J.; MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento. 
São Paulo: Vida Nova, 1997. 
CONYERS, A.J. O fim do mundo. São Paulo: Mundo Cristão, 1997. 
DAVIDSON, F. O novo comentário da Bíblia.São Paulo: Vida Nova, 1999. 
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1999. 
EDITORA INTERSABERES (Org.). História das religiões, Apocalipse e 
história de Israel. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
FIORENZA, E. S. Apocalipsis: visión de un mundo justo. Granada: Editorial 
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