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APOCALIPSE E ESCATOLOGIA AULA 5 Prof. Antonio Carlos da Silva 2 CONVERSA INICIAL Este tema da escatologia é o penúltimo a ser estudado sobre a humanidade, antes de ela voltar a desfrutar da presença de Deus como se fazia no Éden. Quando se estuda sobre o milênio, percebe-se que existem alguns sinônimos para fazer menção a ele. Alguns estudiosos o identificam como “reino dos céus” (Mateus 6.10), outros como “reino de Deus” (Lucas 19.11), outros como o reino de Cristo (Apocalipse 11.15), e ainda se pensa sobre ele como “o mundo porvir” (Hebreus 2.5). Há também opiniões sobre o que acontecerá nele. É mencionado e profetizado no Antigo Testamento como um tempo futuro de verdadeira paz e prosperidade para o povo de Deus. Será um período de regeneração (Mateus 19.28), nele haverá refrigério (Atos 3.19). O texto bíblico que mais tem sido usado para descrever o que acontecerá no Milênio literal é o do profeta Zacarias: “O Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um só será o Senhor, e um só será o seu nome. ” (Zacarias 14.9). A partir dessa profecia, pode-se pensar sobre a descrição do reino. Que tipo de convívio haverá? As definições geográficas serão mantidas? Haverá um grupo que ajudará Jesus em seu governo? Que tipo de serviço/trabalho será feito? Pensando nessas perguntas, surgiram algumas teorias. Veremos cinco delas a seguir. TEMA 1 – MILENISMO LITERAL Quando estudamos o milênio, encontramos alguns argumentos interessantes. Alguns estudiosos acreditam que os justos irão para o céu e os ímpios serão destruídos pela aparição de Jesus. Nesse caso, a terra ficará sem habitantes por um bom período. A base para essa convicção está no capítulo 4.23-25 do profeta Jeremias: “Observei e eis que não havia homem algum, e todas as aves do céu tinham fugido”. Talvez seja possível pensar que será pior do que os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, quando as cidades de Nagasaki e Hiroshima foram bombardeadas. Toda a criação será destruída, assim como todos os governos, que serão substituídos pelo reino de Cristo. Em seu reino, Cristo contará com a ajuda de servos: “Muito bem, servo bom! E por teres sido fiel no pouco, governarás sobe dez cidades [...] sê tu sobre cinco cidades. ” (Lucas 19.17, 19). 3 1.1 Profecias do Antigo Testamento Conforme Isaías 11.6-7, haverá harmonia e até os animais terão bom convívio entre si. “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se juntará ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. ” Conforme Zacarias 14.16-21, “todas as nações restantes subirão anualmente para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos e a celebrarem a Festa dos Tabernáculos”. Essa festa é tradicional em Israel, sendo celebrada regularmente pelos judeus. No contexto do milênio, se a família não subir para adorar, ela ficará sem chuva. Se uma família egípcia não subir, também ficará sem chuva. As nações que não celebrarem a Festa dos Tabernáculos serão punidas. No milênio, a santidade será plena. O Senhor gravará sobre a campainha dos cavalos “Santo ao Senhor”. Todas as panelas serão consagradas ao Senhor. Não haverá mais nenhum tipo de adoração a nenhum deus estranho na casa do Senhor. Cristo será o cabeça (vide Ap.19.16). O reino de Cristo será um reino espiritual que produzirá paz, equidade, justiça, prosperidade e glória (vide Isaías 11.2-5). 1.1 Profecias do Novo Testamento A partir de textos como o de 1 Tessalonicenses 4.16-17, sabe-se que os que participarão desse reino terão corpos glorificados, sobre os quais a matéria não terá domínio. Tais cristãos transformados transitarão tanto na terra como no céu. O convívio será igual ao do Cristo ressurreto com seus discípulos durante os quarenta antes de ser elevado aos céus. Talvez um pensamento sobre o Milênio que não seja muito abordado seja o fato de considerar-se que haverá um governo perfeito; ainda assim, o mundo ainda será imperfeito, pois durante ele o pecado ainda existirá, mas sob controle. Embora, durante o milênio, as pessoas ainda tenham a natureza pecaminosa de Adão, elas não sofrerão mais influências maléficas (vide 2. Coríntios 4.4). Para alguns estudiosos, o propósito do milênio literal será o de restaurar; ele será um período para colocar tudo no lugar, até que se chegue ao 4 Estado Eterno. Ao fim dos mil anos, aí sim tudo ficará perfeito para se viver no Estado Eterno. TEMA 2 – AMILENISMO: NÃO HÁ MILÊNIO Alguns intérpretes acreditam que o livro do Apocalipse é simbólico. (Inclusive o cap. 20). O reinado de Cristo é celestial (nos céus) sobre a alma dos salvos, pois seu reino não é deste mundo. Alguns amilenistas entendem que a soberania de Cristo sobre o coração dos cristãos é o Milênio. 2.1 Principais fatos escatológicos Nessa perspectiva teológica, as profecias do Antigo Testamento se cumpriram na Primeira Vinda de Jesus e as do Novo Testamento, que estão se cumprindo. Ao final do milênio, haverá a ressurreição dos ímpios, julgamentos dos ímpios e dos anjos caídos, e por fim, a entrada na eternidade. Uma das ideias presentes no Amilenismo é que sempre haverá dois reinos, o de Deus e o de Satanás, até o retorno de Jesus. Há também quem acredite que passaremos a fazer parte do milênio quando testemunharmos a fé pública em Cristo; assim, ele passa a ser o rei do coração humano que crê. Outro elemento de destaque nessa perspectiva é quanto aos textos bíblicos que fazem referência à nação de Israel. Para os amilenistas, após o primeiro advento de Cristo, não há nada mais de especial em relação aos judeus. 2.1.1 As duas ressurreições Sem maiores conflitos, os amilenistas entendem que a ressurreição dos justos ocorrerá na ocasião do arrebatamento, sendo que cada um dos redimidos terá seu corpo transformado e glorificado. A ressurreição dos ímpios acontecerá no final do milênio, para que se ratifique publicamente a sua sentença e execução, pelo fato de não terem crido em vida na obra redentora de Cristo. 2.1.2 O Reino de Deus Quando lemos o Evangelho de Lucas encontramos, no capítulo 17 versículo 20, a seguinte expressão "O Reino de Deus não vem de modo visível". A palavra reino, de origem grega, basileia, significa “reinado”, “domínio real” ou 5 ainda, “governo”. Quando lemos o relato da desobediência de Adão e Eva no Éden (Gênesis 3.6), podemos entender que esse foi um ato de rebeldia contra a soberania de Deus, contra esse governo; em razão disso, foram expulsos. Esse Reino, quando se pensa em soberania divina, continua existindo; em termos escatológicos, ele será estabelecido para sempre e sobre todos. 2.1.3 O Reino de Cristo Esta perspectiva tem como texto base o capítulo 15 do Apocalipse: “o Reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. ” Segundo Isaías 11.2, sobre esse rei (o Messias), “repousará o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”. Apenas o Cristo ressurreto, descendente de Davi, apresenta todas as virtudes que o texto descreve. Outro texto usado para legitimar que Cristo já é rei encontra-se na carta aos hebreus (Hebreus 1.3): “depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da majestade nas alturas. ” Alguns estudiosos entendem que, como Rei entronizado, Cristo aguarda que o mundo lhe seja sujeitado pelo Pai. Se assim for, Cristo já é o Rei dos reis (Ap. 17.14), mas ainda está aguardando cumprimentos de textos bíblicos para enfim ser o Rei de todos. Se a visão amilenista estiver correta, toda pessoa cristã, ao morrer, passa a estar instantaneamente com Cristo no seu reinadoeterno, ainda que esperando pela ressurreição de seu corpo para, enfim, entrar no Estado Eterno. TEMA 3 – PÓS-MILENISMO (PÓS-MILENARISMO) Para os defensores da doutrina pós-milenista, o milênio não é literal. Seus adeptos interpretam que o milênio é uma extensão do período atual da Igreja. Eles entendem que o Reino de Cristo está se estabelecendo sobre a Terra desde a ascensão de Jesus (Atos 1.11). Segundo essa visão, haverá uma cristianização da sociedade mundial. Essa perspectiva “vê a História se movendo para o triunfo do povo de Cristo, para a igreja triunfante de polo a polo, para o governo do mundo todo pela Lei de Deus e após um longo e glorioso reinado de paz, a segunda vinda e o fim do mundo” (Rushdoony, 2008, p.30). 6 3.1 O poder da evangelização Nessa perspectiva, a volta de Cristo não se dá por modo cataclísmico, ou ainda mediante uma batalha espiritual; ela será resultado de uma crescente e frutífera evangelização. Há uma espera de que a grande maioria da população mundial se converta a Cristo, como consequência da proclamação do Evangelho pelo poder do Espírito. O bem derrotará o mal por meio da evangelização, culminando na inauguração do milênio. Nesse momento, se cumpriria a profecia feita por Habacuque: “Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hc. 2.14). Ryrie comenta que essa grandiosa profecia será cumprida no reino milenar (Ryrie, 1994, p. 1144). Cristo retornará apenas após o milênio, que é de tempo indeterminado, mas estará vinculado com o fim da era da Igreja e todos os eventos profetizados a respeito dela. Se atualmente estamos na era da Igreja, Cristo ainda não é o rei de todos; ele é apenas daqueles que professam a fé unicamente nele e procuram ser obedientes aos seus ensinamentos. 3.2 A doutrina numa perspectiva histórica Quando estudamos os conceitos escatológicos que surgiram no primeiro e segundo século pós Cristo, encontramos algumas posições importantes. Podemos dividir a história pós-milenista da seguinte forma: • Pós-milenismo antigo – Orígenes (185-254d.C.) teria expressado esse pensamento, mas ele se fortaleceu após Constantino (312d.C.). Outros expoentes importantes desse entendimento foram Eusébio (260-340), Atanásio (296-372) e Agostinho (354-430). • Na Reforma Protestante, e em meio aos Puritanos nos séculos XVI e XVII. A visão surge nas ideias de João Calvino (1509-1605), e é melhor esclarecida por Martin Bucer (1491-1551) e Teodoro Beza (1519-1605). Em meio aos puritanos, destaque para Thomas Brightman (1562-1607) considerado pai do presbiterianismo inglês. Além dele, também temos George Gillespie (1613-1649), John Owen (1616-1683) e Matthew Henry (1662-1714). Esses puritanos entendiam que todos os judeus se converteriam e que haveria um milênio literal. 7 • Na Modernidade, dos séculos XVIII a XX. Alguns missionários importantes figuram entre os que pensavam num milênio literal. Jonathan Edwards (1703-1758), William Carey (1761-1834), Charles Hodge (1797-1878), A. A. Hodge (1823-1886), Augustus Strong (1836-1921), B. B. Warfield (1851-1921), J. Gresham Machen (1881-1937). • Pós-milenismo contemporâneo, de 1960 até a atualidade. Em princípio, há duas vertentes teológicas. O doutor Kenneth L. Gentry explica que a vertente Teonomista espera por um retorno gradual. Na medida em que o Evangelho vai sendo proclamado, o milênio vai se estabelecendo e as leis do Antigo Testamento passam por adaptações para atender aos ensinamentos do Novo Testamento, e voltam a ser obedecidas. E, ainda, há um preterismo parcial que defende que as profecias da tribulação descrita no Apocalipse já se cumpriram no primeiro século d.C. TEMA 4 – PRÉ-MILENISMO Quando se pensa num milênio literal, é necessário pensar naquilo que acontecerá antes e depois do período. Quanto ao antes, os destaques são o arrebatamento e a tribulação, e em relação ao depois os juízos que devem ocorrer. Entre os que defendem o Pré-milenismo, há divergências quanto à forma com que se dará o milênio (literal, simbólico e gradativo). Há estudiosos que entendem que há, na Bíblia, muitas referências, diretas e indiretas, sobre a tribulação. No último livro da Torah, em Deuteronômio 4.27- 31, encontramos um texto que tem sido visto como uma profecia que se cumprirá em dias de angústia ou ainda nos últimos dias. Há outros textos também, mas o descrito no livro de Daniel no capítulo 9 mostra que haverá guerra até o fim. Pode-se pensar se há necessidade de a Igreja passar por tribulação ou não. Em termos históricos, espera-se que Jesus seja o Rei e os redimidos como súditos e governantes sirvam nesse reinado, conforme Lucas 19.17-19: “Governará sobre dez cidades [...] sobre cinco cidades ”. Há duas perspectivas teológicas no Pré-milenismo. Elas diferem na questão dos eventos. 4.1 Dispensacionalista Essa visão já vem sendo abordada até aqui, mas a cronologia dos eventos escatológicos dessa doutrina é complexa. Uma das ideias desta doutrina 8 argumenta que o período da tribulação serve para salvar Israel e prepará-lo para o Milênio; a Igreja passará pela Grande Tribulação. Talvez o elemento tribulação seja o evento mais marcante em termos cronológicos. Cristo já reina na vida dos que creem e também reinará literalmente no milênio. No final do milênio, será estabelecido o grande trono branco, que proferirá a sentença final de todos os habitantes da Terra, inaugurando o Reino Eterno no novo céu e na nova Terra. 4.2 Histórico Esta compreensão teológica tem suas raízes nos pais da igreja, entre os séculos II e IV d.C. Seus adeptos defendem que primeiro haverá um período de evangelização, depois apostasia (esfriamento) da fé, a seguir uma grande tribulação de sete anos, quando o anticristo se manifestará e perseguirá a igreja. Após a tribulação, Cristo retorna, arrebata a Igreja e acontece a batalha do Armagedom. A seguir, se instaura o milênio, e Satanás é preso (Ferreira; Myatt, 2007, p.1101-1102). Nesse cenário, a Igreja desfrutará do milênio em paz. Talvez essa percepção se deva ao fato de não haver mais a perturbação causada por Satanás, e pelo fato de o pecado estar sob controle. Desde o segundo século d.C., há expoentes em meio aos estudiosos do pré-milenismo que corroboraram para o fortalecimento da doutrina. Irineu (140- 203), Justino Mártir (100-165) e até mesmo Papias (80-155) foram importantes na sustentação da visão. Keith Mathison (2014) escreve que alguns intérpretes, dentro da tradição reformada, como James Montgomery Boice, adotaram essa visão. Mas foi no século XX que ela ganhou um forte seguidor: George Eldon Ladd, cujos comentários sobre o Apocalipse a defendem fortemente. TEMA 5 – TEOLOGIA BÍBLICA DO MILÊNIO Quando pensamos sobre a expressão “mil anos”, no capítulo 20 do Apocalipse, percebemos que ela tem gerado bastante debate na teologia e na escatologia. Entender a questão do Milênio pode ajudar a evitar doutrinas com interpretação particular. O indicado é ler a Bíblia, interpretá-la por ela mesma, e depois disso ler autores com argumentos diferentes, a fim de se ter um panorama sobre o tema. O Milênio tem sido visto como um período de recompensa para os fiéis a Deus, tanto os do Antigo como os do Novo Testamento. 9 Pensemos sobre o que acontecerá durante o Milênio. Temos quatro perguntas básicas: • Se o Milênio é literal e existirá um grupo de súditos/servos que participarão do governo de Cristo, quem serão estes súditos? • E os demais povos e nações que virão e se prostrarão diante dele, irão aonde? • O que acontecerá depois dos mil anos com todos os que estiverem vivos? • Quem poderá participar da eternidade com Deus? 5.1 O milênio literal em Jerusalém A vinda do Senhor Jesus desencadeará o fim da ordem mundial da maneira como se conhece agora. Há quem entende que se cumpriráa profecia de Jeremias 4.23-27: “Olhei ainda, e eis que a terra fértil era um deserto, e todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira”. Os santos (todos, incluindo os do Antigo e Novo Testamento) reinarão no céu (cf.Ap.20.4-6), e no fim do milênio descerão dos céus com Cristo, e aí participarão da eternidade na Nova Jerusalém (Ap.21.1-7). Argumenta-se que essa é mais uma prova de que os santos estarão nos céus durante os mil anos. Pois a terra será destruída, conforme II Pedro 3.7: “Ora os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra tem sido entesourado para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios”. Há algumas possibilidades aqui: isso acontecerá na vinda de Jesus para socorrer os judeus na batalha do Armagedom ou ao final do milênio, quando os ímpios serão devolvidos pelo mar, morte e o além, para serem julgados em definitivo e receberem a punição final (“lago de fogo”, ver Ap. 20.15). Segundo alguns estudiosos, a terra será recriada para ser o lar eterno dos santos. Mas há outra vertente que entende que o Messias reinará em Jerusalém, conforme o Salmo 48.1-3? A cidade do grande Rei. E também, segundo Ezequiel 48.35: “e o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor está ali. ” No milênio, o Reino de Deus será revelado sobre toda a Terra (ver Zacarias 14.9). Todos vão ver o Rei dos séculos e o adorarão para todo o sempre (ver 1Timóteo 1.17). Será um reino espiritual e eterno (ver Daniel 2.44-45). Haverá harmonia entre os animais (ver Isaías 65.23). Haverá abundância de alimento 10 sobre a Terra (ver Joel 2.24). Jerusalém será a capital do mundo espiritual e político (ver Isaías 2.1-3 e 60.3). As nações reconhecerão a importância de Jerusalém, sob o risco de sofrerem sérias consequências se desobedecerem (ver Zacarias 14.16, 17). 5.2 Cumprimento das promessas a Abraão Francisco A. Barbosa (2016) é um estudioso sobre assuntos ligados ao Apocalipse e à Escatologia. Ele escreve que há uma corrente teológica convicta de que, com o estabelecimento do reino milenar, haverá o cumprimento de todas as promessas feitas a Abraão e de todas as alianças feitas por Deus com Israel. Quando pensamos sobre o texto relacionado a Abrão, em Gênesis 12.7 (“Darei à tua descendência esta terra”), somos levados a pensar literalmente sobre uma porção de terra física relacionada aos judeus. Mas há uma vertente teológica que entende esse texto como uma profecia referente aos descendentes espirituais de Abraão, judeus e gentios seguidores de Cristo, de todas as épocas, herdeiros de todo o mundo renovado e celestial, que inclui o milênio e se estende à eternidade. Ao menos quatro promessas se cumprirão no milênio para Israel. A aliança abraâmica se cumprirá, pois Israel se torna uma grande nação: “de ti farei uma grande nação” (Gênesis 12.1-3). A aliança palestiniana que garante a conversão e a restauração de Israel acontecerá literalmente (Deuteronômio 30.3-10). Quanto à aliança davídica, Jesus como descendente de Davi estará entronizado como rei (2Samuel 7.4-17; 1Crônicas 17.3-15): “Há de ser que, quando teus dias se cumprirem, e tiveres de ir para junto de teus pais, então farei levantar depois de ti o teu descendente, que será dos teus filhos e estabelecerei o seu reino” (1Crônicas 17.11). E, quanto à nova aliança, o povo de Israel terá um novo coração, uma nova forma de conduta (Jeremias 31.27-40; Hebreus 8.7-13): “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as inscreverei, e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Hebreus 8.10). Por fim, tendo Cristo como o Messias e Cabeça, Israel se tornará a nação líder do mundo (ver Deuteronômio 28.13-44; Isaías 60.10-15 e Zacarias 8.20- 11 23). Esse reino será universal, abrangendo o mundo todo (ver Ezequiel 43.1-7; Salmo 72; Zacarias 14.9 e Mateus 25.31). NA PRÁTICA Há diversas opiniões e compreensões a respeito do milênio: teorias e teologias desde o segundo século depois de Cristo. Na história cristã, há várias ramificações. Há a perspectiva dos judeus e sobre os judeus em relação ao cumprimento de promessas e alianças. E ainda há a indiferença dos que não creem na Bíblia. Basicamente, as diferenças surgem pelo fato de a interpretação dos textos ser feita de modo diferente. Cada intérprete, de acordo com o seu contexto teológico, doutrinário e intelectual, forma uma concepção e a defende em alguns a partir de experiências pessoais. O indicado é ler a Bíblia e a partir dela formar a sua convicção respeitando a opinião de outros estudiosos. FINALIZANDO Nesta aula, vimos que o milênio é um tema escatológico, e que existem ao menos quatro interpretações. O milenismo é literal, 1000 anos, em Jerusalém. Para o amilenismo, não há milênio. Para o pós-milenismo, o milênio se estabelece gradativamente. Para o pré-milenismo, é ume vento em parte literal e em parte simbólico. Por fim, desenvolvemos uma Teologia Bíblica do Milênio. 12 REFERÊNCIAS ABEERDEEN FREE CHURCH OF SCOTLAND. O Papa é o Anticristo. Seminário JMC, 17 jan. 2018.Disponível em: <http://www.seminariojmc.br/index.php/2018/01/17/o-papa-e-o-anticristo/>. Acesso em: 16 jul. 2019. ÁQUINO, F. 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