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APOCALIPSE E ESCATOLOGIA - AULA 5


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APOCALIPSE E ESCATOLOGIA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Antonio Carlos da Silva 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Este tema da escatologia é o penúltimo a ser estudado sobre a 
humanidade, antes de ela voltar a desfrutar da presença de Deus como se fazia 
no Éden. Quando se estuda sobre o milênio, percebe-se que existem alguns 
sinônimos para fazer menção a ele. Alguns estudiosos o identificam como “reino 
dos céus” (Mateus 6.10), outros como “reino de Deus” (Lucas 19.11), outros 
como o reino de Cristo (Apocalipse 11.15), e ainda se pensa sobre ele como “o 
mundo porvir” (Hebreus 2.5). Há também opiniões sobre o que acontecerá nele. 
É mencionado e profetizado no Antigo Testamento como um tempo futuro 
de verdadeira paz e prosperidade para o povo de Deus. Será um período de 
regeneração (Mateus 19.28), nele haverá refrigério (Atos 3.19). 
O texto bíblico que mais tem sido usado para descrever o que acontecerá 
no Milênio literal é o do profeta Zacarias: “O Senhor será rei sobre toda a terra; 
naquele dia um só será o Senhor, e um só será o seu nome. ” (Zacarias 14.9). 
A partir dessa profecia, pode-se pensar sobre a descrição do reino. Que 
tipo de convívio haverá? As definições geográficas serão mantidas? Haverá um 
grupo que ajudará Jesus em seu governo? Que tipo de serviço/trabalho será 
feito? Pensando nessas perguntas, surgiram algumas teorias. Veremos cinco 
delas a seguir. 
TEMA 1 – MILENISMO LITERAL 
Quando estudamos o milênio, encontramos alguns argumentos 
interessantes. Alguns estudiosos acreditam que os justos irão para o céu e os 
ímpios serão destruídos pela aparição de Jesus. Nesse caso, a terra ficará sem 
habitantes por um bom período. A base para essa convicção está no capítulo 
4.23-25 do profeta Jeremias: “Observei e eis que não havia homem algum, e 
todas as aves do céu tinham fugido”. Talvez seja possível pensar que será pior 
do que os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, quando as cidades de 
Nagasaki e Hiroshima foram bombardeadas. Toda a criação será destruída, 
assim como todos os governos, que serão substituídos pelo reino de Cristo. 
Em seu reino, Cristo contará com a ajuda de servos: “Muito bem, servo 
bom! E por teres sido fiel no pouco, governarás sobe dez cidades [...] sê tu sobre 
cinco cidades. ” (Lucas 19.17, 19). 
 
 
3 
1.1 Profecias do Antigo Testamento 
Conforme Isaías 11.6-7, haverá harmonia e até os animais terão bom 
convívio entre si. “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se juntará ao 
cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um menino 
pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as crias juntas se deitarão; 
o leão comerá palha como o boi. ” 
Conforme Zacarias 14.16-21, “todas as nações restantes subirão 
anualmente para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos e a celebrarem a Festa 
dos Tabernáculos”. Essa festa é tradicional em Israel, sendo celebrada 
regularmente pelos judeus. No contexto do milênio, se a família não subir para 
adorar, ela ficará sem chuva. Se uma família egípcia não subir, também ficará 
sem chuva. As nações que não celebrarem a Festa dos Tabernáculos serão 
punidas. 
No milênio, a santidade será plena. O Senhor gravará sobre a campainha 
dos cavalos “Santo ao Senhor”. Todas as panelas serão consagradas ao Senhor. 
Não haverá mais nenhum tipo de adoração a nenhum deus estranho na casa do 
Senhor. Cristo será o cabeça (vide Ap.19.16). O reino de Cristo será um reino 
espiritual que produzirá paz, equidade, justiça, prosperidade e glória (vide Isaías 
11.2-5). 
1.1 Profecias do Novo Testamento 
 A partir de textos como o de 1 Tessalonicenses 4.16-17, sabe-se que os 
que participarão desse reino terão corpos glorificados, sobre os quais a matéria 
não terá domínio. Tais cristãos transformados transitarão tanto na terra como no 
céu. O convívio será igual ao do Cristo ressurreto com seus discípulos durante 
os quarenta antes de ser elevado aos céus. 
Talvez um pensamento sobre o Milênio que não seja muito abordado seja 
o fato de considerar-se que haverá um governo perfeito; ainda assim, o mundo 
ainda será imperfeito, pois durante ele o pecado ainda existirá, mas sob controle. 
Embora, durante o milênio, as pessoas ainda tenham a natureza 
pecaminosa de Adão, elas não sofrerão mais influências maléficas (vide 2. 
Coríntios 4.4). Para alguns estudiosos, o propósito do milênio literal será o de 
restaurar; ele será um período para colocar tudo no lugar, até que se chegue ao 
 
 
4 
Estado Eterno. Ao fim dos mil anos, aí sim tudo ficará perfeito para se viver no 
Estado Eterno. 
TEMA 2 – AMILENISMO: NÃO HÁ MILÊNIO 
Alguns intérpretes acreditam que o livro do Apocalipse é simbólico. 
(Inclusive o cap. 20). O reinado de Cristo é celestial (nos céus) sobre a alma dos 
salvos, pois seu reino não é deste mundo. Alguns amilenistas entendem que a 
soberania de Cristo sobre o coração dos cristãos é o Milênio. 
2.1 Principais fatos escatológicos 
 Nessa perspectiva teológica, as profecias do Antigo Testamento se 
cumpriram na Primeira Vinda de Jesus e as do Novo Testamento, que estão se 
cumprindo. Ao final do milênio, haverá a ressurreição dos ímpios, julgamentos 
dos ímpios e dos anjos caídos, e por fim, a entrada na eternidade. 
 Uma das ideias presentes no Amilenismo é que sempre haverá dois 
reinos, o de Deus e o de Satanás, até o retorno de Jesus. Há também quem 
acredite que passaremos a fazer parte do milênio quando testemunharmos a fé 
pública em Cristo; assim, ele passa a ser o rei do coração humano que crê. Outro 
elemento de destaque nessa perspectiva é quanto aos textos bíblicos que fazem 
referência à nação de Israel. Para os amilenistas, após o primeiro advento de 
Cristo, não há nada mais de especial em relação aos judeus. 
2.1.1 As duas ressurreições 
Sem maiores conflitos, os amilenistas entendem que a ressurreição dos 
justos ocorrerá na ocasião do arrebatamento, sendo que cada um dos redimidos 
terá seu corpo transformado e glorificado. 
A ressurreição dos ímpios acontecerá no final do milênio, para que se 
ratifique publicamente a sua sentença e execução, pelo fato de não terem crido 
em vida na obra redentora de Cristo. 
2.1.2 O Reino de Deus 
 Quando lemos o Evangelho de Lucas encontramos, no capítulo 17 
versículo 20, a seguinte expressão "O Reino de Deus não vem de modo visível". 
A palavra reino, de origem grega, basileia, significa “reinado”, “domínio real” ou 
 
 
5 
ainda, “governo”. Quando lemos o relato da desobediência de Adão e Eva no 
Éden (Gênesis 3.6), podemos entender que esse foi um ato de rebeldia contra a 
soberania de Deus, contra esse governo; em razão disso, foram expulsos. Esse 
Reino, quando se pensa em soberania divina, continua existindo; em termos 
escatológicos, ele será estabelecido para sempre e sobre todos. 
2.1.3 O Reino de Cristo 
Esta perspectiva tem como texto base o capítulo 15 do Apocalipse: “o 
Reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos 
séculos dos séculos. ” Segundo Isaías 11.2, sobre esse rei (o Messias), 
“repousará o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o 
Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do 
Senhor”. Apenas o Cristo ressurreto, descendente de Davi, apresenta todas as 
virtudes que o texto descreve. 
Outro texto usado para legitimar que Cristo já é rei encontra-se na carta 
aos hebreus (Hebreus 1.3): “depois de ter feito a purificação dos pecados, 
assentou-se à direita da majestade nas alturas. ” Alguns estudiosos entendem 
que, como Rei entronizado, Cristo aguarda que o mundo lhe seja sujeitado pelo 
Pai. Se assim for, Cristo já é o Rei dos reis (Ap. 17.14), mas ainda está 
aguardando cumprimentos de textos bíblicos para enfim ser o Rei de todos. 
Se a visão amilenista estiver correta, toda pessoa cristã, ao morrer, passa 
a estar instantaneamente com Cristo no seu reinadoeterno, ainda que 
esperando pela ressurreição de seu corpo para, enfim, entrar no Estado Eterno. 
TEMA 3 – PÓS-MILENISMO (PÓS-MILENARISMO) 
Para os defensores da doutrina pós-milenista, o milênio não é literal. Seus 
adeptos interpretam que o milênio é uma extensão do período atual da Igreja. 
Eles entendem que o Reino de Cristo está se estabelecendo sobre a Terra desde 
a ascensão de Jesus (Atos 1.11). Segundo essa visão, haverá uma 
cristianização da sociedade mundial. 
Essa perspectiva “vê a História se movendo para o triunfo do povo de 
Cristo, para a igreja triunfante de polo a polo, para o governo do mundo todo pela 
Lei de Deus e após um longo e glorioso reinado de paz, a segunda vinda e o fim 
do mundo” (Rushdoony, 2008, p.30). 
 
 
6 
3.1 O poder da evangelização 
Nessa perspectiva, a volta de Cristo não se dá por modo cataclísmico, ou 
ainda mediante uma batalha espiritual; ela será resultado de uma crescente e 
frutífera evangelização. Há uma espera de que a grande maioria da população 
mundial se converta a Cristo, como consequência da proclamação do Evangelho 
pelo poder do Espírito. O bem derrotará o mal por meio da evangelização, 
culminando na inauguração do milênio. 
Nesse momento, se cumpriria a profecia feita por Habacuque: “Pois a 
terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem 
o mar” (Hc. 2.14). Ryrie comenta que essa grandiosa profecia será cumprida no 
reino milenar (Ryrie, 1994, p. 1144). 
Cristo retornará apenas após o milênio, que é de tempo indeterminado, 
mas estará vinculado com o fim da era da Igreja e todos os eventos profetizados 
a respeito dela. Se atualmente estamos na era da Igreja, Cristo ainda não é o rei 
de todos; ele é apenas daqueles que professam a fé unicamente nele e procuram 
ser obedientes aos seus ensinamentos. 
3.2 A doutrina numa perspectiva histórica 
Quando estudamos os conceitos escatológicos que surgiram no primeiro 
e segundo século pós Cristo, encontramos algumas posições importantes. 
Podemos dividir a história pós-milenista da seguinte forma: 
• Pós-milenismo antigo – Orígenes (185-254d.C.) teria expressado esse 
pensamento, mas ele se fortaleceu após Constantino (312d.C.). Outros 
expoentes importantes desse entendimento foram Eusébio (260-340), 
Atanásio (296-372) e Agostinho (354-430). 
• Na Reforma Protestante, e em meio aos Puritanos nos séculos XVI e XVII. 
A visão surge nas ideias de João Calvino (1509-1605), e é melhor 
esclarecida por Martin Bucer (1491-1551) e Teodoro Beza (1519-1605). 
Em meio aos puritanos, destaque para Thomas Brightman (1562-1607) 
considerado pai do presbiterianismo inglês. Além dele, também temos 
George Gillespie (1613-1649), John Owen (1616-1683) e Matthew Henry 
(1662-1714). Esses puritanos entendiam que todos os judeus se 
converteriam e que haveria um milênio literal. 
 
 
7 
• Na Modernidade, dos séculos XVIII a XX. Alguns missionários importantes 
figuram entre os que pensavam num milênio literal. Jonathan Edwards 
(1703-1758), William Carey (1761-1834), Charles Hodge (1797-1878), A. 
A. Hodge (1823-1886), Augustus Strong (1836-1921), B. B. Warfield 
(1851-1921), J. Gresham Machen (1881-1937). 
• Pós-milenismo contemporâneo, de 1960 até a atualidade. Em princípio, 
há duas vertentes teológicas. O doutor Kenneth L. Gentry explica que a 
vertente Teonomista espera por um retorno gradual. Na medida em que o 
Evangelho vai sendo proclamado, o milênio vai se estabelecendo e as leis 
do Antigo Testamento passam por adaptações para atender aos 
ensinamentos do Novo Testamento, e voltam a ser obedecidas. E, ainda, 
há um preterismo parcial que defende que as profecias da tribulação 
descrita no Apocalipse já se cumpriram no primeiro século d.C. 
TEMA 4 – PRÉ-MILENISMO 
Quando se pensa num milênio literal, é necessário pensar naquilo que 
acontecerá antes e depois do período. Quanto ao antes, os destaques são o 
arrebatamento e a tribulação, e em relação ao depois os juízos que devem 
ocorrer. Entre os que defendem o Pré-milenismo, há divergências quanto à forma 
com que se dará o milênio (literal, simbólico e gradativo). 
Há estudiosos que entendem que há, na Bíblia, muitas referências, diretas 
e indiretas, sobre a tribulação. No último livro da Torah, em Deuteronômio 4.27-
31, encontramos um texto que tem sido visto como uma profecia que se cumprirá 
em dias de angústia ou ainda nos últimos dias. Há outros textos também, mas o 
descrito no livro de Daniel no capítulo 9 mostra que haverá guerra até o fim. 
Pode-se pensar se há necessidade de a Igreja passar por tribulação ou não. 
Em termos históricos, espera-se que Jesus seja o Rei e os redimidos 
como súditos e governantes sirvam nesse reinado, conforme Lucas 19.17-19: 
“Governará sobre dez cidades [...] sobre cinco cidades ”. Há duas perspectivas 
teológicas no Pré-milenismo. Elas diferem na questão dos eventos. 
4.1 Dispensacionalista 
Essa visão já vem sendo abordada até aqui, mas a cronologia dos eventos 
escatológicos dessa doutrina é complexa. Uma das ideias desta doutrina 
 
 
8 
argumenta que o período da tribulação serve para salvar Israel e prepará-lo para 
o Milênio; a Igreja passará pela Grande Tribulação. 
Talvez o elemento tribulação seja o evento mais marcante em termos 
cronológicos. Cristo já reina na vida dos que creem e também reinará 
literalmente no milênio. No final do milênio, será estabelecido o grande trono 
branco, que proferirá a sentença final de todos os habitantes da Terra, 
inaugurando o Reino Eterno no novo céu e na nova Terra. 
4.2 Histórico 
Esta compreensão teológica tem suas raízes nos pais da igreja, entre os 
séculos II e IV d.C. Seus adeptos defendem que primeiro haverá um período de 
evangelização, depois apostasia (esfriamento) da fé, a seguir uma grande 
tribulação de sete anos, quando o anticristo se manifestará e perseguirá a igreja. 
Após a tribulação, Cristo retorna, arrebata a Igreja e acontece a batalha do 
Armagedom. A seguir, se instaura o milênio, e Satanás é preso (Ferreira; Myatt, 
2007, p.1101-1102). Nesse cenário, a Igreja desfrutará do milênio em paz. 
Talvez essa percepção se deva ao fato de não haver mais a perturbação 
causada por Satanás, e pelo fato de o pecado estar sob controle. 
Desde o segundo século d.C., há expoentes em meio aos estudiosos do 
pré-milenismo que corroboraram para o fortalecimento da doutrina. Irineu (140-
203), Justino Mártir (100-165) e até mesmo Papias (80-155) foram importantes 
na sustentação da visão. Keith Mathison (2014) escreve que alguns intérpretes, 
dentro da tradição reformada, como James Montgomery Boice, adotaram essa 
visão. Mas foi no século XX que ela ganhou um forte seguidor: George Eldon 
Ladd, cujos comentários sobre o Apocalipse a defendem fortemente. 
TEMA 5 – TEOLOGIA BÍBLICA DO MILÊNIO 
Quando pensamos sobre a expressão “mil anos”, no capítulo 20 do 
Apocalipse, percebemos que ela tem gerado bastante debate na teologia e na 
escatologia. Entender a questão do Milênio pode ajudar a evitar doutrinas com 
interpretação particular. O indicado é ler a Bíblia, interpretá-la por ela mesma, e 
depois disso ler autores com argumentos diferentes, a fim de se ter um panorama 
sobre o tema. O Milênio tem sido visto como um período de recompensa para os 
fiéis a Deus, tanto os do Antigo como os do Novo Testamento. 
 
 
9 
Pensemos sobre o que acontecerá durante o Milênio. Temos quatro 
perguntas básicas: 
• Se o Milênio é literal e existirá um grupo de súditos/servos que participarão 
do governo de Cristo, quem serão estes súditos? 
• E os demais povos e nações que virão e se prostrarão diante dele, irão 
aonde? 
• O que acontecerá depois dos mil anos com todos os que estiverem vivos? 
• Quem poderá participar da eternidade com Deus? 
5.1 O milênio literal em Jerusalém 
A vinda do Senhor Jesus desencadeará o fim da ordem mundial da 
maneira como se conhece agora. Há quem entende que se cumpriráa profecia 
de Jeremias 4.23-27: “Olhei ainda, e eis que a terra fértil era um deserto, e todas 
as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua 
ira”. 
Os santos (todos, incluindo os do Antigo e Novo Testamento) reinarão no 
céu (cf.Ap.20.4-6), e no fim do milênio descerão dos céus com Cristo, e aí 
participarão da eternidade na Nova Jerusalém (Ap.21.1-7). Argumenta-se que 
essa é mais uma prova de que os santos estarão nos céus durante os mil anos. 
Pois a terra será destruída, conforme II Pedro 3.7: “Ora os céus que agora 
existem, e a terra, pela mesma palavra tem sido entesourado para fogo, estando 
reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios”. 
Há algumas possibilidades aqui: isso acontecerá na vinda de Jesus para 
socorrer os judeus na batalha do Armagedom ou ao final do milênio, quando os 
ímpios serão devolvidos pelo mar, morte e o além, para serem julgados em 
definitivo e receberem a punição final (“lago de fogo”, ver Ap. 20.15). Segundo 
alguns estudiosos, a terra será recriada para ser o lar eterno dos santos. 
Mas há outra vertente que entende que o Messias reinará em Jerusalém, 
conforme o Salmo 48.1-3? A cidade do grande Rei. E também, segundo Ezequiel 
48.35: “e o nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor está ali. ” No 
milênio, o Reino de Deus será revelado sobre toda a Terra (ver Zacarias 14.9). 
Todos vão ver o Rei dos séculos e o adorarão para todo o sempre (ver 
1Timóteo 1.17). Será um reino espiritual e eterno (ver Daniel 2.44-45). Haverá 
harmonia entre os animais (ver Isaías 65.23). Haverá abundância de alimento 
 
 
10 
sobre a Terra (ver Joel 2.24). Jerusalém será a capital do mundo espiritual e 
político (ver Isaías 2.1-3 e 60.3). As nações reconhecerão a importância de 
Jerusalém, sob o risco de sofrerem sérias consequências se desobedecerem 
(ver Zacarias 14.16, 17). 
5.2 Cumprimento das promessas a Abraão 
Francisco A. Barbosa (2016) é um estudioso sobre assuntos ligados ao 
Apocalipse e à Escatologia. Ele escreve que há uma corrente teológica convicta 
de que, com o estabelecimento do reino milenar, haverá o cumprimento de todas 
as promessas feitas a Abraão e de todas as alianças feitas por Deus com Israel. 
Quando pensamos sobre o texto relacionado a Abrão, em Gênesis 12.7 
(“Darei à tua descendência esta terra”), somos levados a pensar literalmente 
sobre uma porção de terra física relacionada aos judeus. Mas há uma vertente 
teológica que entende esse texto como uma profecia referente aos 
descendentes espirituais de Abraão, judeus e gentios seguidores de Cristo, de 
todas as épocas, herdeiros de todo o mundo renovado e celestial, que inclui o 
milênio e se estende à eternidade. 
Ao menos quatro promessas se cumprirão no milênio para Israel. A 
aliança abraâmica se cumprirá, pois Israel se torna uma grande nação: “de ti 
farei uma grande nação” (Gênesis 12.1-3). 
A aliança palestiniana que garante a conversão e a restauração de Israel 
acontecerá literalmente (Deuteronômio 30.3-10). 
Quanto à aliança davídica, Jesus como descendente de Davi estará 
entronizado como rei (2Samuel 7.4-17; 1Crônicas 17.3-15): “Há de ser que, 
quando teus dias se cumprirem, e tiveres de ir para junto de teus pais, então farei 
levantar depois de ti o teu descendente, que será dos teus filhos e estabelecerei 
o seu reino” (1Crônicas 17.11). 
E, quanto à nova aliança, o povo de Israel terá um novo coração, uma 
nova forma de conduta (Jeremias 31.27-40; Hebreus 8.7-13): “Porque esta é a 
aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. 
Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as 
inscreverei, e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Hebreus 8.10). 
Por fim, tendo Cristo como o Messias e Cabeça, Israel se tornará a nação 
líder do mundo (ver Deuteronômio 28.13-44; Isaías 60.10-15 e Zacarias 8.20-
 
 
11 
23). Esse reino será universal, abrangendo o mundo todo (ver Ezequiel 43.1-7; 
Salmo 72; Zacarias 14.9 e Mateus 25.31). 
NA PRÁTICA 
Há diversas opiniões e compreensões a respeito do milênio: teorias e 
teologias desde o segundo século depois de Cristo. Na história cristã, há várias 
ramificações. 
Há a perspectiva dos judeus e sobre os judeus em relação ao 
cumprimento de promessas e alianças. E ainda há a indiferença dos que não 
creem na Bíblia. 
Basicamente, as diferenças surgem pelo fato de a interpretação dos 
textos ser feita de modo diferente. Cada intérprete, de acordo com o seu contexto 
teológico, doutrinário e intelectual, forma uma concepção e a defende em alguns 
a partir de experiências pessoais. 
O indicado é ler a Bíblia e a partir dela formar a sua convicção respeitando 
a opinião de outros estudiosos. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos que o milênio é um tema escatológico, e que existem 
ao menos quatro interpretações. O milenismo é literal, 1000 anos, em Jerusalém. 
Para o amilenismo, não há milênio. Para o pós-milenismo, o milênio se 
estabelece gradativamente. Para o pré-milenismo, é ume vento em parte literal 
e em parte simbólico. Por fim, desenvolvemos uma Teologia Bíblica do Milênio. 
 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
ABEERDEEN FREE CHURCH OF SCOTLAND. O Papa é o Anticristo. 
Seminário JMC, 17 jan. 2018.Disponível em: 
<http://www.seminariojmc.br/index.php/2018/01/17/o-papa-e-o-anticristo/>. 
Acesso em: 16 jul. 2019. 
ÁQUINO, F. A torre de Babel: qual é a sua mensagem? Editora Cléofas, 3 set. 
2018. Disponível em: <https://cleofas.com.br/a-torre-de-babel-qual-e-a-sua-
mensagem/>. Acesso em: 16 jul. 2019. 
BARBOSA, F. A. Milênio: Um templo glorioso para a Terra. EBD Web 
comentário, Lição 10. Rio de Janeiro: CPAD, 2016. 
BARBOSA, F. A. Milênio: Um Tempo Glorioso para a Terra. EdbWeb, 3 mar. 
2016. Disponível em: <http://ebdweb.com.br/milenio-um-tempo-glorioso-para-
terra-francisco-barbosa/>. Acesso em: 16 jul. 2019. 
BLUNT, D. O Papado é o anticristo. Recife: Os Puritanos, 2013. Disponível em: 
<https://livros.gospelmais.com.br/files/livro-ebook-o-papado-e-o-anticristo.pdf>. 
Acesso em: 16 jul. 2019. 
BROWN, C.; COENEN, L. Dicionário Internacional de Teologia do Novo 
Testamento. São Paulo: Vida Nova,2000. 
CALVINO, J. Romanos. São Paulo: Paracletos, 1997. 
CARSON, D.A.; MOO, D. J.; MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento. 
São Paulo: Vida Nova, 1997. 
CONYERS, A.J. O fim do mundo. São Paulo: Mundo Cristão, 1997. 
DANIEL 12. Bílblia.com.br. Disponível em: 
<http://biblia.com.br/joaoferreiraalmeidarevistaatualizada/daniel/dn-capitulo-
12/>. Acesso em: 16 jul. 2019. 
DAVIDSON, F. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1999. 
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1999. 
EDITORA INTERSABERES (Org.). História das religiões, Apocalipse e 
história de Israel. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
 
 
13 
ENIGMAS do apocalipse. Recanto das Letras. Disponível em: 
<https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-religiao-e-teologia/4385086>. 
Acesso em: 16 jul. 2019. 
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