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Desenvolvimento do Sistema Nervoso


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GENÉTICA E 
NEUROANATOMIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Patrícia Carla de Oliveira 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Iniciaremos esta aula com o estudo das etapas do desenvolvimento 
embrionário que originam o sistema nervoso. Dessa forma, será possível 
entender por que alguns termos são utilizados mesmo quando nos referimos ao 
sistema nervoso adulto. Além disso, esse estudo permite a divisão didática do 
sistema nervoso de acordo com critérios anatômicos e funcionais, bem como a 
compreensão das malformações que podem ocorrer em recém-nascidos. 
Dentro desse contexto, discutiremos sobre a formação dos ventrículos 
encefálicos pela luz do tubo neural durante o desenvolvimento embrionário, bem 
como a formação do líquido que preenche os ventrículos e o espaço 
subaracnóideo no encéfalo e na medula. Entenderemos também os principais 
conceitos sobre a distribuição, componentes e funções das membranas que 
recobrem e protegem o sistema nervoso central: dura-máter, aracnoide e pia-
máter. 
Por fim, estudaremos sobre a vascularização e as barreiras encefálicas 
do sistema nervoso central, além das correlações anatomoclínicas referentes ao 
conteúdo desta aula. 
TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO E ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO 
O sistema nervoso tem origem nas primeiras semanas de vida do 
embrião, portanto, a neuroembriologia (organogênese do sistema nervoso) 
permite a compreensão da disposição anatômica e da nomenclatura utilizada, 
além da compreensão das malformações congênitas do sistema nervoso. 
O folheto embrionário que dá origem ao sistema nervoso é o ectoderma 
que, a partir da terceira semana de desenvolvimento, é induzido pela notocorda 
e se espessa formando a placa neural. A região craniana mais larga dessa placa 
dará origem ao encéfalo e a região caudal mais estreita dará origem a medula 
espinal. 
Para que isso aconteça, a placa neural apresenta progressivamente uma 
invaginação que formará um sulco neural e então a goteira neural. O posterior 
fechamento dessa goteira na quarta semana de vida intrauterina cria o tubo 
neural, responsável pela origem do sistema nervoso central. Esse processo 
chamado neurulação tem início na porção média da placa neural e termina nos 
 
 
3 
sentidos cranial (neuroporo anterior) e caudal (neuroporo posterior), isolando o 
ectoderma do meio externo (Figura 1). 
Figura 1 – Formação do tubo neural 
 
Crédito: Vasilisa Tsoy/Shutterstock. 
Durante a formação do tubo neural, duas projeções dorsolaterais de 
células da placa neural formam uma estrutura chamada crista neural. As células 
da crista neural darão origem a grande parte do sistema nervoso periférico, como 
os gânglios sensoriais dos nervos espinais e cranianos, os gânglios viscerais do 
sistema nervoso autônomo, as células de Schwann e as meninges. 
O tubo neural dilata-se mais na sua extremidade anterior, formando uma 
dilatação denominada vesícula encefálica ou arquencéfalo. Esta originará o 
encéfalo, enquanto a parte posterior do tubo, que não sofre tanta diferenciação, 
dará origem a medula espinal (Schmidt; Prosdócimi, 2017). O lúmen do tubo 
dará origem ao sistema ventricular encefálico e ao canal central da medula. 
Como descrito por Schmidt e Prosdócimi (2017), ao final da quarta 
semana de vida intrauterina, o arquencéfalo formará três dilatações chamadas 
de vesículas encefálicas primordiais (ou primárias): prosencéfalo ou encéfalo 
anterior; mesencéfalo ou encéfalo médio e; rombencéfalo ou encéfalo posterior, 
que é contínuo ao restante do tubo neural, a medula primitiva. Assim, as três 
 
 
4 
dilatações formam o encéfalo primitivo e o restante do tubo neural forma a 
medula primitiva, que, futuramente, originará a medula espinal (Figura 2). 
Figura 2 – Formação das vesículas encefálicas primordiais 
 
Crédito: Vasilisa Tsoy/Shutterstock. 
Na quinta semana de desenvolvimento, as três vesículas primárias 
dividem-se e formam cinco vesículas secundárias: o prosencéfalo se divide em 
telencéfalo e diencéfalo; o rombencéfalo de divide em metencéfalo e 
mielencéfalo; e o mesencéfalo permanece como dilatação única. O telencéfalo 
formará os hemisférios cerebrais e os núcleos de base, enquanto o diencéfalo 
formará o tálamo, o hipotálamo, o epitálamo e o subtálamo. Todas essas 
estruturas juntas formam a região conhecida como cérebro. Por sua vez, o 
metencéfalo formará a ponte e o cerebelo, enquanto o mielencéfalo formará o 
bulbo. O mesencéfalo continua com o mesmo nome no adulto (Figura 3). 
 
 
 
5 
Figura 3 – Formação do encéfalo 
 
Crédito: Veronika By/Shutterstock. 
As células-tronco existentes no tubo neural e nas vesículas encefálicas 
sofrem divisões celulares sucessivas entre a sexta e a vigésima semanas da 
vida uterina, num processo de proliferação denominado neurogênese. Na 
medida em que são formadas, essas células respondem a sinais químicos 
secretados por outras células do embrião e iniciam o processo de migração para 
a região definitiva do sistema nervoso em que exercerão suas funções. 
A partir daí, acontece a diferenciação e a maturação dessas células, que 
adquirem características morfológicas e bioquímicas específicas no tecido 
nervoso, bem como a mielinização e a formação das redes neuronais. Como o 
resultado dessas etapas anteriores é um número maior de neurônios e sinapses 
do que caracteriza o ser humano após o nascimento, acontece uma morte 
neuronal programada, regulada por fatores neurotróficos no tecido-alvo. 
Para compreender melhor a disposição, a organização e o funcionamento 
do sistema nervoso, este pode ser dividido didaticamente de acordo com critérios 
embriológicos, anatômicos ou funcionais. Anatomicamente, o sistema nervoso é 
dividido em sistema nervoso central (SNC), do qual fazem parte o encéfalo e a 
medula espinal; e sistema nervoso periférico (SNP), composto pelos gânglios 
nervosos, nervos cranianos e nervos espinais. No encéfalo estão localizados 
cérebro, cerebelo e tronco encefálico que, por sua vez, é composto pelo 
mesencéfalo, ponte e bulbo (Figura 4). 
 
 
 
6 
Figura 4 – Divisão anatômica do sistema nervoso 
 
Crédito: marina_ua/Shutterstock. 
Pelo critério funcional, o sistema nervoso é dividido em sistema nervoso 
somático (SNS), que relaciona o organismo com o meio ambiente de forma 
consciente, e o sistema nervoso visceral (SNV), que realiza controle e inervação 
inconsciente de estruturas viscerais. Nas duas divisões existem vias aferentes 
que levam os estímulos até os centros de controle e vias eferentes que partem 
do sistema nervoso desencadeando respostas voluntárias no SNS e 
involuntárias no SNV. O componente eferente do sistema nervoso visceral é 
denominado sistema nervoso autônomo (SNA) e se divide em simpático e 
parassimpático. 
TEMA 2 – MENINGES 
O sistema nervoso central é revestido por três membranas de origem 
conjuntiva, que protegem e isolam o SNC dos outros tecidos corporais. A 
membrana mais externa é a dura-máter, também chamada de paquimeninge, e 
se relaciona com o crânio e o canal vertebral. A aracnoide é a meninge 
intermediária e a pia-máter recobre diretamente o encéfalo e a medula. Juntas, 
aracnoide e pia-máter formam uma estrutura chamada leptomeninge. A Figura 5 
evidencia as três membranas que recobrem do SNC. 
 
 
 
 
7 
Figura 5 – Meninges e o SNC 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
A dura-máter é a membrana mais superficial, espessa e resistente, devido 
a sua composição de tecido conjuntivo rico em fibras colágenas, vasos 
sanguíneos e nervos. A inervação principal é realizada pelo nervo trigêmeo e a 
artéria meníngea média promove a vascularização mais evidente. De acordo 
com Machado; Raertel (2014), como o encéfalo não possui terminações 
nervosas sensitivas, toda a sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter 
e nos vasos sanguíneos, responsáveis, assim, pela maioria das dores de 
cabeça. 
No encéfalo, a dura-máterdivide-se em dois folhetos: o periosteal, mais 
externo e aderido aos ossos do crânio, correspondendo, portanto, ao periósteo 
que reveste a face interna desses ossos; e a camada meníngea, mais interna e 
contínua à dura-máter única que envolve a medula espinal. Dessa forma, na 
região encefálica não há um espaço epidural entre os ossos e a dura-máter, 
como aquele observado na região medular. O folheto periosteal não possui 
capacidade de regeneração, o que dificulta a consolidação de fraturas ou perdas 
ósseas no crânio. Porém, essa característica se torna importante e vantajosa, 
visto que calos ósseos nessa região poderiam trazer danos ao encéfalo. 
A camada meníngea está aderida ao folheto externo, mas em algumas 
áreas projeta-se para formar as cinco pregas da dura-máter, que dividem a 
 
 
8 
cavidade craniana em compartimentos que se comunicam. São elas: foice do 
cérebro, tenda do cerebelo, foice do cerebelo, diafragma da cela túrcica e cravo 
trigeminal. O espaço gerado entre as camadas da dura-máter, durante a 
formação das pregas, forma os seios venosos responsáveis por receber sangue 
do encéfalo e do globo ocular e drenar sangue para as veias jugulares internas. 
São eles: seio occipital, seio sagital inferior, seio reto, seios transversais direito 
e esquerdo, seio sigmoide, seios intercavernosos, seio esfenoparietal, seio 
petroso superior, seio petroso inferior e seio basilar. 
A aracnoide é uma membrana avascular, delicada e impermeável 
localizada entre a dura-máter e a pia-máter. É separada da pia-máter pelo 
espaço virtual subdural, que contém pequena quantidade de líquido lubrificante, 
e separada da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido 
cerebroespinhal ou líquor, por onde as trabéculas da aracnoide atravessam para 
se ligar à pia-máter. De acordo com Snell (2019), todas as artérias e veias 
cerebrais residem no espaço subaracnóideo, bem como os pontos de saída dos 
nervos cranianos. 
A profundidade do espaço subaracnóideo é variável e as grandes 
dilatações são denominadas cisternas, que contêm grande quantidade de líquor. 
São elas: cisterna magna, cisterna pontinha, cisterna interpeduncular, cisterna 
quiasmática, cisterna superior e cisterna da fossa lateral do cérebro. Martinez, 
Allodi e Uziel (2014) destacam que a cisterna magna é a maior delas e pode ser 
puncionada entre o osso occipital e o atlas para coleta de líquor. 
A aracnoide apresenta algumas projeções chamadas granulações 
aracnoideas, que penetram nos seios da dura-máter, principalmente no seio 
sagital superior, em que se apresentam em maior quantidade. As granulações 
aracnoideas são locais onde o líquor é absorvido e passa para a corrente 
sanguínea e progressivamente se tornam maiores, dando origem aos corpos de 
Paccioni, podendo ocorrer sangramentos. 
A pia-máter é uma membrana fina, delicada e altamente vascularizada 
localizada mais internamente e fixando-se diretamente no SNC, onde cobre os 
giros e desce no interior dos sulcos mais profundo do encéfalo, o que confere 
resistência ao tecido mole que compõe essa estrutura. De acordo com Martinez, 
Allodi e Uziel (2014), a pia-máter medular é mais espessa, firme e menos 
vascularizada do que a craniana, devido ao fato de apresentar uma camada 
adicional externa. A pia-máter forma o ligamento coccígeo juntamente com a 
 
 
9 
dura-máter e forma ainda, lateralmente a toda a extensão da medula, uma prega 
longitudinal, constituindo o ligamento denticulado que prende a medula à 
aracnoide e à dura-máter. 
Os vasos arteriais que se dirigem ao tecido nervoso penetram na pia-
máter. Nesse nível, a pia-máter acompanha inicialmente os vasos, formando os 
espaços perivasculares (Menezes, 2015). Nestes espaços existem 
prolongamentos do espaço subaracnóideo, contendo líquor, que forma um 
manguito protetor em tomo dos vasos, muito importante para amortecer o efeito 
da pulsação das artérias ou picos de pressão sobre o tecido circunvizinho 
(Machado; Raertel, 2014). 
TEMA 3 – VENTRÍCULOS E LÍQUOR 
Durante o desenvolvimento embrionário e a diferenciação das estruturas 
do tubo neural, a luz do tubo na região encefálica origina o sistema ventricular 
formado por cavidades chamadas ventrículos. Os ventrículos estão localizados 
profundamente dentro do núcleo encefálico, são preenchidos pelo líquor e se 
conectam entre sim e com o espaço subaracnóideo por meio de aberturas ou 
forames. Fazem parte do sistema ventricular adulto os ventrículos laterais direito 
e esquerdo, o III e IV ventrículos, além do aqueduto cerebral que comunica o III 
e o IV ventrículos (Figura 6). 
 
 
 
10 
Figura 6 – Sistema ventricular 
 
Crédito: joshya/Shutterstock. 
Os ventrículos laterais são os maiores, são simétricos e formam um “C” 
no interior de cada hemisfério cerebral. Cada ventrículo lateral se divide em uma 
parte central que ocupa os lobos frontal e parietal e três prolongamentos: o corno 
frontal ou anterior, um corno posterior ou occipital e um corno inferior ou 
temporal. Os três prolongamentos se estendem para dentro dos lobos frontal, 
occipital e temporal, respectivamente. 
Os ventrículos laterais, antigamente denominados I e II ventrículos, se 
comunicam com o III ventrículo por meio do forame interventricular e a porção 
central dos ventrículos laterais localiza-se posteriormente ao forame 
interventricular estendendo-se até a extremidade posterior do tálamo. A porção 
central possui teto, parede medial e assoalho. O corno occipital possui teto e 
parede lateral, estende-se posteriormente no lobo occipital e termina em fundo 
de saco passando pelas fibras do corpo caloso. O corno temporal estende-se 
anteriormente no lobo temporal, possui teto e assoalho, passando pelo 
hipocampo. 
O III ventrículo é uma pequena cavidade ímpar em forma de fenda na 
porção central do diencéfalo, entre o tálamo e o hipotálamo. Comunica-se 
posteriormente com o IV ventrículo por meio do aqueduto do mesencéfalo, é 
 
 
11 
atravessado pela aderência intertalâmica e evagina-se formando quatro 
recessos: infundíbulo, óptico, pineal e suprapineal. 
O IV ventrículo tem forma losangular e situa-se anteriormente ao cerebelo 
e posteriormente à ponte e à metade superior do bulbo, se prolongando 
inferiormente com o canal central da medula. Possui duas aberturas laterais 
(forames de Luschka) e uma abertura mediana (forame de Magendie) que 
permitem o fluxo do líquor para o espaço subaracnóideo. 
No interior de todos os ventrículos, existem vasos modificados associados 
à pia-máter, denominados plexos corioides. Estes, junto com as células 
ependimárias, formam o líquor (líquido cerebroespinhal ou fluido 
cefalorraquidiano) a partir do plasma sanguíneo (Schmidt; Prosdócimi, 2017). 
O líquido cerebroespinhal encontra-se nos ventrículos do encéfalo e no 
espaço subaracnóideo em volta do encéfalo e da medula espinal. Seu volume 
aproximado é de 150 mL. É um líquido claro e incolor e possui, em solução, sais 
inorgânicos semelhantes àqueles do plasma sanguíneo. O nível de glicose é 
aproximadamente metade da glicemia e há apenas uma pequena quantidade de 
proteína. Apenas algumas células estão presentes e são linfócitos. A pressão do 
líquido cerebroespinhal é mantida notavelmente constante (Snell, 2019). A 
Figura 7 evidencia a distribuição do líquido cerebroespinal. 
Figura 7 – Líquido cerebroespinal 
 
Crédito: Hanafi Latif/Shutterstock. 
 
 
12 
O líquor apresenta várias funções. O fluxo existente dos ventrículos para 
o sangue promove a remoção de diferentes metabólitos. Como o líquor do 
espaço subaracnóideo envolve o SNC, o encéfalo flutua nesse meio, formando 
uma proteção mecânica contra os traumatismos cranianos. O líquor contém 
anticorpos e leucócitos, o que auxilia a defesa contra agentes e microrganismos 
externos (Meneses, 2015). 
O líquido cerebroespinhal produzido nos ventrículos laterais flui até o 
terceiro ventrículo, posteriormenteaté o quarto ventrículo e, por fim, para o 
espaço subaracnóideo. De acordo com Cosenza (2013), o líquido 
cerebroespinhal então retorna ao sangue, sendo absorvido na região das 
granulações aracnoideas, que são projeções da aracnoide para o interior dos 
seios da dura-máter. Qualquer defeito na reabsorção ou um bloqueio na 
circulação do líquor pode ocasionar o seu acúmulo no interior das cavidades do 
SNC, promovendo as chamadas hidrocefalias. 
TEMA 4 – VASCULARIZAÇÃO E BARREIRAS ENCEFÁLICAS 
Assim como os demais sistemas corporais, o sistema nervoso necessita 
de irrigação sanguínea constante. Um suprimento elevado de glicose e oxigênio 
é necessário para que estruturas tão nobres e especializadas, quanto as que se 
encontram nesse sistema, possam realizar seu metabolismo. Como explica 
Machado e Raertel (2014), a parada da circulação cerebral por mais de dez 
segundos leva o indivíduo à perda da consciência. Após cerca de cinco minutos, 
começam a aparecer lesões irreversíveis pois, como se sabe, a maioria das 
células nervosas não se regeneram. Isso acontece, por exemplo, como 
consequência de paradas cardíacas. 
O encéfalo constitui 2 a 2,5% do peso corpóreo, mas recebe em torno de 
17% do rendimento cardíaco e consome aproximadamente 20% do oxigênio 
utilizado pelo corpo (Schmidt; Prosdócimi, 2017). Os processos patológicos que 
acometem os vasos cerebrais ocorrem com frequência cada vez maior com o 
aumento da vida média do homem moderno. São os acidentes vasculares 
cerebrais (AVC) hemorrágicos ou oclusivos, também denominados isquêmicos 
(tromboses e embolias). Eles interrompem a circulação de determinadas áreas 
encefálicas, causando necrose do tecido nervoso, e são acompanhados de 
alterações motoras, sensoriais ou psíquicas, que podem ser características para 
área e a artéria lesada (Machado; Raertel, 2014). 
 
 
13 
Vale lembrar que não existe circulação linfática no sistema nervoso central 
e as artérias que suprem o sistema nervoso normalmente apresentam paredes 
mais finas que as artérias encontradas em outros órgãos, fator esse 
determinante para a maior propensão a rupturas e hemorragias. 
As artérias de maior calibre percorrem a superfície do sistema nervoso no 
espaço subaracnóideo até se tornarem delgadas o suficiente para penetrarem 
em seu parênquima, perfurando, antes disso, a pia-máter. Esta meninge, como 
vimos anteriormente, acompanha toda a superfície do encéfalo e, onde 
especificamente os vasos penetram no parênquima, ela se dobra formando uma 
parede externa e delimitando um espaço perivascular. Esse espaço é de extrema 
importância, pois, pelo fato de conter líquor, é um dos mecanismos existentes 
para absorver o impacto da pulsação das artérias que penetram no cérebro 
(Martinez; Allodi; Uziel, 2014). 
O SNC é irrigado basicamente por dois sistemas arteriais: o carotídeo e o 
vertebral. As artérias carótidas internas sobem pelo pescoço e, após penetrarem 
no crânio, dão origem as artérias cerebral anterior e cerebral média. A primeira 
origina ramos na face medial do cérebro, enquanto a segunda origina vários 
ramos na face dorsolateral do cérebro. As artérias vertebrais que penetram no 
crânio pelo forame magno dão ramos que irão irrigar a medula e o cerebelo e se 
fundem na face ventral da ponte, formando a artéria basilar. Esta última dá 
origem a ramos que vão para o tronco encefálico e o cerebelo e se divide em 
duas artérias cerebrais posteriores, que irrigarão a superfície inferior do cérebro 
(Cosenza, 2013). 
A anastomose entre os ramos das duas artérias carótidas internas e das 
duas artérias vertebrais na base do cérebro forma o círculo arterial do cérebro, 
ou polígono de Willis. Esse polígono permite que o sangue seja distribuído a 
qualquer parte dos hemisférios cerebrais e que rotas alternativas ocorram em 
caso de obstrução de uma das artérias principais do círculo (Figura 8). 
 
 
 
14 
Figura 8 – Vascularização do encéfalo 
 
Crédito: Medical Media/Shutterstock. 
O sangue que circula no SNC é drenado para veias cerebrais, que levam 
esse sangue para os seios venosos da dura-máter. O sangue segue então para 
as veias jugulares internas, passando para as veias cavas e chegando, no final, 
ao coração. A circulação venosa é mais lenta e a pressão do sangue é mais 
baixa, pois as veias do encéfalo não possuem valvas e são mais calibrosas que 
as artérias. Dessa forma, outros fatores auxiliam a circulação venosa: pulsação 
das artérias próximas, força da gravidade e aspiração da cavidade torácica. 
Para proteger o tecido nervoso de agressões causadas por toxinas e 
microrganismos, existem barreiras encefálicas capazes de impedir ou dificultar 
a passagem de substâncias do sangue para o parênquima nervoso (barreira 
hematoencefálica), do sangue para o líquor (barreira hematoliquórica) e do líquor 
para o tecido nervoso (barreira líquorencefálica). Essas barreiras estão 
presentes no encéfalo e na medula espinal, e permitem a passagem de 
nutrientes e gases, controlando o microambiente do parênquima nervoso. Por 
outro lado, impedem também a passagem de vários medicamentos 
administrados por via sanguínea, diminuindo sua eficácia. 
TEMA 5 – CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS 
O uso, pela mãe, de determinados medicamentos, álcool e drogas, bem 
como a exposição à radiação, pode afetar as diversas etapas do 
desenvolvimento embrionário do sistema nervoso. No primeiro trimestre podem 
 
 
15 
interferir na proliferação neuronal e o número menor de neurônios pode originar 
a microcefalia. Já no segundo ou terceiro trimestres a organização neuronal pode 
ficar prejudicada e o menor número de sinapses pode causar atraso no 
desenvolvimento neuropsicomotor. 
Falhas no fechamento do tubo neural são as malformações mais comuns 
do SNC. A espinha bífida e a meningocele ocorrem quando o neuroporo caudal 
não se fecha e o arco vertebral da coluna espinal está incompleto ou ausente, 
sem comprometimento do sistema nervoso. Na espinha bífida a meninge dura-
máter e a medula são normais, por isso, o quadro é frequentemente 
assintomático, enquanto na meningocele ocorre um déficit ósseo maior, sendo 
assim, a dura-máter sobressai como um balão na região lombossacra contendo 
líquor e raízes medulares, tornando necessária uma correção cirúrgica. Existe 
ainda a mielomeningocele, quando defeitos na formação do tubo neural 
acompanham a abertura óssea e a medula espinal penetra na bolsa meníngea, 
ocasionando grave comprometimento e possível paraplegia (Figura 9). 
Figura 9 – Espinha bífida, meningocele e mielomeningocele 
 
Crédito: rumruay/Shutterstock. 
Quando o neuroporo craniano não se fecha, o prosencéfalo não se 
desenvolve, resultando em falha no fechamento do crânio, das meninges e do 
couro cabeludo, o que expõem o tecido encefálico remanescente ao líquido 
amniótico cincundante. Essa condição letal é chamada anencefalia. A 
 
 
16 
suplementação com ácido fólico é indicada para mulheres que tem intensão de 
engravidar, pois reduz a incidência dos distúrbios de fechamento do tubo neural. 
Infecções nas meninges causadas por bactérias, vírus e fungos são 
conhecidas como meningites e caracterizam-se por sintomas como cefaleias, 
rigidez nucal, febre, vômito e irritação. Os meningiomas, por sua vez, são 
tumores tipicamente benignos originados por meningócitos ou células 
aracnoides. Podem crescer em qualquer lugar das meninges e os principais 
sintomas são cefaleias, convulsões, fraqueza muscular, distúrbios visuais, perda 
auditiva, déficit neurológico focal progressivo e alterações de personalidade e 
comportamento. 
O espaço subaracnóideo é de grande importância clínica na realização de 
punções e introdução de anestésicos ou contrastes para a realização de exames. 
A punção lombar é realizada com o paciente inclinado para frente ou em decúbito 
lateral com o dorso fletido, sendo introduzida uma agulha fina entre a 3ª e 4ª 
vértebraspara retirar uma amostra do líquido cerebroespinhal, níveis em que 
não há riscos de lesar a medula. A agulha perfura então a dura-máter e a 
aracnoide, entrando na cisterna lombar (Figura 10). Esse é um importante 
instrumento de diagnóstico para avaliar distúrbios do SNC, pois as doenças 
desse sistema podem alterar as células no líquido ou mudar a concentração dos 
seus constituintes químicos (Schmidt; Prosdócimi, 2017). 
Figura 10 – Punção lombar 
 
Crédito: rumruay/Shutterstock. 
 
 
17 
Os aneurismas cerebrais ocorrem mais comumente no local onde duas 
artérias se juntam na formação do polígono de Willis. Nesse ponto, o 
desenvolvimento de um ateroma enfraquece a parede arterial a ponto de ocorrer 
dilatação local. O aneurisma pode comprimir as estruturas vizinhas, como o 
nervo óptico ou outros nervos cranianos, produzindo sinais e sintomas ou 
rompendo-se subitamente no espaço subaracnóideo. No último caso, sobrevém 
dor de cabeça intensa seguida por confusão mental. O grampeamento ou 
ligadura do colo do aneurisma oferece a melhor chance de recuperação (Snell, 
2019). 
NA PRÁTICA 
O aumento anormal do volume do líquido cerebroespinhal e consequente 
aumento dos ventrículos encefálicos é denominado hidrocefalia. Essa condição 
pode comprimir o encéfalo nos ossos do crânio causando cefaleia, náuseas, 
vômitos, distúrbios visuais, incoordenação motora, alterações na personalidade 
e dificuldade de concentração. A hidrocefalia pode ser classificada em 
comunicante obstrutiva, comunicante não obstrutiva e não comunicante. O 
tratamento é realizado por meio de um procedimento cirúrgico chamado 
derivação ventrículo-peritoneal. 
Consulte os livros indicados nas referências e procure explicar a diferença 
entre os tipos de hidrocefalia em relação às suas origens e características. 
Descreva também as etapas do processo cirúrgico utilizado como tratamento da 
hidrocefalia. 
FINALIZANDO 
Durante essa aula foram construídos os principais conceitos referentes 
aos processos que originam o sistema nervoso durante o desenvolvimento 
embrionário. Nesse contexto, entendemos a sequência de eventos desde o 
fechamento do tubo neural, a formação do arquencéfalo, das vesículas 
encefálicas primárias e secundárias, a migração e diferenciação neuronal, até a 
formação completa dos componentes do sistema nervoso, que pode ser dividido 
didaticamente para facilitar seu estudo anatômico e funcional. 
Aprendemos também sobre a formação do sistema ventricular pela luz do 
tubo neural em desenvolvimento, sistema esse composto, nos adultos, pelos 
 
 
18 
ventrículos: laterais direito e esquerdo, III e IV ventrículos, além do aqueduto 
cerebral. Além disso, identificamos as meninges como membranas que 
recobrem e protegem o SNC e estudamos sobre seus componentes e sua 
distribuição. O líquor é produzido pelos plexos corioideos e células 
ependimárias, preenche os ventrículos e o espaço subaracnóideo, protege 
mecanicamente o SNC e contém anticorpos e leucócitos que auxiliam na defesa. 
No final, relacionamos as malformações denominadas espinha bífida, 
meningocele, mielomeningocele e anencefalia com o não fechamento adequado 
do tubo neural; e discutimos sobre as meningites, os meningomas e a 
importância da punção lombar no diagnóstico de distúrbios do SNC. 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
 
COSENZA, R. M. Fundamentos de neuroanatomia. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2013. 
MACHADO, A.; RAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional. 3. ed. São Paulo: 
Atheneu, 2014. 
MARTINEZ. A.; ALLODI, S.; UZIEL, D. Neuroanatomia essencial. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 
MENESES, M. S. Neuroanatomia aplicada. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2015. 
SNELL, R. S. Neuroanatomia Clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2019.

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