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As Psicologias do século XX

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As Psicologias do século XX
Behaviorismo
Psicanálise
Psicologia da Gestalt
Na aula anterior, exploramos o contexto sócio, filosófico e econômico no qual a Psicologia tornou-se científica, discorrendo acerca do Positivismo de Comte – o Zeitgeist – e o Materialismo Histórico de Marx. Num segundo momento, retomamos alguns dos pesquisadores que contribuíram diretamente para a fundação da Psicologia como ciência, destacam-se o trabalho de Fechner, Weber e Helmholtz. Contemporâneo desses, Wilhelm Wundt criou o primeiro laboratório de Psicologia experimental, em 1879, em Leipzig (Alemanha), além de uma revista e um instituto de Psicologia. Devido à expansão de sua obra, tornou-se conhecido internacionalmente conquistando alguns adeptos das suas teorias. Nos EUA, paralelamente a Wundt, William James também centrava seu trabalho em observações acerca da mente humana tornando-se o pioneiro da Psicologia americana e fundador da primeira escola de Psicologia, o chamado Funcionalismo. Edward Titchener, aluno de Wundt, foi para os EUA onde fundou a segunda escola de Psicologia, o Estruturalismo, propondo-se a transmitir a Psicologia de Wundt. Edward Thorndike, aluno de James em Harvard, resolveu fundar uma terceira escola de Psicologia, o Associacionismo.
Na presente aula, exploraremos as Psicologias do século XX: Behariorismo, Psicanálise e Psicologia da Gestalt, que surgiram na História da Psicologia destacando-se das três primeiras escolas da Psicologia abordadas na aula anterior. 
O Behaviorismo
John Watson
(1878 –1958)
Fundador do Behaviorismo
O Behaviorismo não teria existido como uma escola de Psicologia se não fosse o acurado trabalho do psicólogo americano John B. Watson, que publicou no início do século XX, em 1913, o artigo intitulado: Psicologia: como os behavioristas a veem. 
 O termo behavior empregado pelos adeptos dessa corrente da Psicologia é uma terminologia utilizada para designar o que em nossa língua chamamos de comportamento;
 Incluem-se nessa abordagem as expressões Behaviorismo – Comportamentalismo – Teoria comportamental – Análise experimental do comportamento entre outras;
 Em termos de pesquisa, essa abordagem dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, tendo o comportamento como objeto de estudo da Psicologia (comportamento como objeto observável, mensurável etc);
Com sua pesquisa, Watson tentou construir um método experimental próprio baseado no condicionamento. Com ele, questionou os conceitos mentalistas da Psicologia e os métodos subjetivos empregados comumente para a investigação mental nesse âmbito. Na verdade, com o behaviorismo metodológico, a perspectiva de Watson é a de se enquadrar na busca de uma sociedade administrativa e estritamente funcional, onde o Behaviorismo não seria um projeto da Psicologia científica, mas um de uma nova ciência; a ciência do comportamento que viria ocupar o lugar da Psicologia. Esta deveria ser, segundo Watson, uma ciência natural, um ramo da Biologia, onde o individuo era caracterizado como não algo que não sente, não pensa, não decide, não deseja e não é responsável pelos seus atos, seria então, apenas um organismo e, enquanto tal, o ser humano se assemelharia a qualquer outro animal.
O behaviorismo metodológico refere o ambiente apenas às condições externas, neste sentido, considerada importante o critério de verdade via consenso público, ou seja, só pode ser alcançado para eventos externos e público (visto igualmente por mais pessoas além do experimentador). Na medida em que os aspectos do ambiente interno não são, e não podem ser observados por observadores independentes, eles não poderiam, segundo essa abordagem metodológica, tornarem-se objeto de um estudo científico. Assim, o objeto de estudo da Psicologia só poderia ser o comportamento observável, mesmo que não ignorasse os sentimentos ou emoções. Watson (1913) acreditava que esses não deveriam ser unidades de análise sobre o homem, enquanto objeto de estudo. 
Antecedentes do Behaviorismo
Embora tenha se atribua ao artigo de Watson o marco da fundação do Behaviorismo, é ao trabalho do fisiólogo russo Ivan Petrovich Pavlov, (1949-1936), que podemos encontrar as raízes que fundamentam essa abordagem experimental. Além desse, podemos citar o trabalho do psicólogo americano Edward Lee Thorndike (1874-1949), que antecipou algumas teses do Behaviorismo com sua lei do efeito.
Ivan Pavlov foi um fisiólogo de origem Russa que viveu entre dois séculos (XIX e XX) desenvolvendo diversos experimentos que o levaram a ser agraciado com o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, no ano de 1904, justamente por suas descobertas sobre os processos digestivos de animais que se tornaram uma das fundamentações no campo da Psicologia do comportamento.
 Pavlov aprofundou sua pesquisa passando a estudar a produção de saliva em cães expostos a diversos tipos de estímulos palatares. Com efeito, percebeu que com o tempo a salivação passava a ocorrer diante de situações e estímulos que anteriormente não causavam tal comportamento (como o som dos passos de seu assistente ou a apresentação da tigela de alimento). Realizou experimentos em situações controladas de laboratório e, com base nessas observações, teorizou e enunciou o mecanismo do condicionamento clássico.
No que consiste tal condicionamento?
A resposta de Pavlov é que algumas respostas comportamentais são reflexos incondicionados, ou seja, são inatas em vez de aprendidas, enquanto que outras são reflexos condicionados, aprendidos através do emparelhamento com situações agradáveis ou aversivas simultâneas ou imediatamente posteriores à exposição. Segundo Pavlov, através de exposições como essas, ou seja, da repetição consistente desses emparelhamentos, que se torna possível criar ou remover respostas fisiológicas e psicológicas em seres humanos e animais. Essa descoberta abriu notório caminho para o desenvolvimento da “Psicologia comportamental” fundada por Watson, mostrando-se um método promissor na remoção de fobias, por exemplo.
Edward Lee Thorndike
 (1874-1949)
Como estudamos na aula anterior, Thorndike foi um psicólogo americano que iniciou seus estudos de Psicologia na Universidade de Harvard, onde foi discípulo de Willian James, vindo, desde essa época, a interessar-se pelo estudo do aprendizado dos animais.
Foi o primeiro a formular uma teoria da aprendizagem na Psicologia, entendida como processo de associação de ideias – das mais simples às mais complexas. Nesse sentido, para aprender um conteúdo complexo, o indivíduo precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo complexo.
Formulou a lei do Efeito, que se tornou de grande utilidade para o Comportamentalismo. De acordo com essa Lei, todo comportamento de um organismo vivo tende a se repetir caso seja recompensado positivamente (efeito) após o comportamento ou ser inibido caso castigado (efeito) após sua ocorrência. É com base nessa Lei que podemos entender que o organismo vivo associará as ideias.
Burrhus Frederic Skinner
 (1904-1990)
Skinner foi um psicólogo americano que conduziu suas pesquisas no âmbito da psicologia experimental propondo uma espécie de Behaviorismo radical; trata-se de uma abordagem experimental voltada para o entendimento do comportamento em função das inter-relações entre a filogenética, a ontogênese a cultura.
 Como leitor de Watson e Pavlov, Skinner interessou-se particularmente pelo domínio científico, inscrevendo-se, em 1928, na pós-graduação de Psicologia em Harvard, vindo a doutorar-se nos três seguintes. Durante esse período, argumentava que o reflexo não é senão a correlação entre um estímulo e uma resposta. 
 A base da pesquisa de Skinner fundamenta-se na compreensão do comportamento humano através do condicionamento operante realizado através de experimentos derivados do campo da Física sobretudo, bem como de outras ciências.
A principal contribuição de Skinner para a Psicologia foi o conceito de condicionamento operante utilizado para descrever um tipo de relaçãoentre as respostas dos organismos e o ambiente. Diferente da relação descrita no comportamento respondente, o comportamento operante descreve uma relação onde uma resposta que gera uma consequência tem a sua probabilidade de ocorrer novamente em um contexto semelhante modificada pelo efeito desta consequência sobre a interação. Consequências que têm valor de sobrevivência para os organismos têm as respostas que as geraram reforçadas, aumentando a probabilidade de que a mesma volte a ocorrer em um contexto semelhante, ao passo que consequências que trazem prejuízos aos organismos têm as respostas que as geraram punidas, reduzindo a probabilidade de que a mesma volte a ocorrer em um contexto semelhante. 
O Behaviorismo radical de Skinner propõe que o comportamento do ser humano e dos outros organismos é efeito de uma interação entre estímulos do ambiente e respostas do organismo, sendo determinado pela inter-relação entre filogenética, ontogenética e cultura. 
A filogenética se refere aos repertórios compartilhados por uma mesma espécie, o qual é determinado pela história evolutiva da mesma. 
 A ontogenética se refere ao repertório particular de cada indivíduo ou organismo, o qual é determinado por sua história de vida ou histórico de reforçamento. 
 A seleção cultural se refere ao repertório compartilhado por indivíduos de uma mesma cultura, sendo esse de maior importância para compreender o comportamento humano e de outros animais que apresentam algum tipo de comportamento social.
Ainda através de seus experimentos com animais, Skinner desenvolveu uma pesquisa visando explicar a superstição humana, um fenômeno que, a despeito da complexidade que ele carrega, pode ser investigado cientificamente através da psicologia comparada. Skinner estudou o efeito da liberação de alimento em intervalos de tempo fixo e variável com pombos. Independente do que os pombos fizessem em uma caixa, um alimento era liberado e o pombo podia então consumi-lo. Assim, pôde observar que os pombos, durante algum tempo, passavam a se comportar como se a comida estivesse associada ao que eles estavam fazendo. Um dos pombos passou a mover a cabeça para um lado e para o outro enquanto outro dava voltas na gaiola. Skinner chamou esse padrão de comportamento supersticioso. Seus trabalhos foram pioneiros nesta área e impactantes para toda uma geração de pesquisas sobre superstição na psicologia experimental.
Qual a proposta do Behaviorismo radical?
Que o objeto de estudo da Psicologia deve ser o comportamento dos seres vivos, especialmente, o do homem. O aspecto radical concerne em negar ao psiquismo a função de explicar o comportamento, embora não negue a possibilidade de estudar os pensamentos e as emoções, só acessíveis ao próprio sujeito. 
O grande passo dado por Skinner (que superou os buracos do behaviorismo metodológico de Watson) foi considerar o comportamento como algo que está sempre em reconstrução. Ele acreditava em um modelo de seleção por consequências, não apenas frente às características anatômicas e fisiológicas, mas também às comportamentais, que passam por sucessivos crivos de uma seleção baseada nos contatos dos organismos vivos com seu ambiente. Neste crivo, alguns comportamentos são eliminados por inadequação enquanto outros se mantêm, por serem eficazes em garantir a adaptação e a sobrevivência dos organismos. Em outras palavras, o comportamento humano passou a ser compreendido, considerando que o homem sofre influências de contingências filogenéticas (atuando no nível do banco genético das espécies), contingências ontogenéticas (atuando no nível do repertório comportamental dos indivíduos) e de contingências culturais (atuando no nível das práticas grupais de uma cultura ou sociedade). Para Skinner, a integração desses três níveis possibilitará aos observadores do comportamento terem a ferramenta para avaliar o indivíduo como um todo, incluindo seus aspectos subjetivos como a consciência .
Condicionamento clássico
Foi estabelecido por Pavlov quando o mesmo estudou os reflexos biologicamente estabelecidos, assim como os processos pelos quais novos estímulos se associam a esses reflexos. Também chamado de condicionamento reflexo ou respondente, o tipo de aprendizado que Pavlov descobriu afeta quase todos os reflexos, incluindo salivação, piscar, resposta sexual, respostas emocionais e sintomas psicossomáticos. Resumindo, o condicionamento pavloviano acontece quando um estímulo neutro é emparelhado com um reflexo e eventualmente se torna capaz de eliciar respostas reflexas.
Condicionamento operante 
É uma forma de condicionamento instrumental no qual não se está em foco fazer a associação entre um estímulo e outro, mas sim de fazer a associação entre um estímulo e a consequência do mesmo. O condicionamento operante foi desenvolvido por Skinner para sustentar sua tese segundo a qual todo comportamento é influenciado por seus resultados, havendo um estímulo reforçador que pode ser positivo, que fortalecerá o tipo de comportamento, mediado por recompensa ou negativo, quando tende a inibir um comportamento por meio de punição.
Há três possíveis áreas para a utilização dessa abordagem:
 Aprendizagem
Ensino programado; controle e organização das situações de aprendizagem; elaboração de uma tecnologia de ensino; trabalho educativo de crianças com necessidades especiais (dificuldades de aprendizagem).
 Empresarial
Treinamento de pessoal; motivacional; aumento da produtividade; controle, disciplina, automatização.
 Clínica
Ajuda o indivíduo a desenvolver novos comportamentos; aumentar a capacidade de agir da forma que o indivíduo quer agir; estratégias de comportamentos que poderão produzir mudanças na vida dos pacientes; tratamentos de: transtornos do humor, depressão (depressão), transtornos de ansiedade (síndrome do pânico, TOC, alimentares etc.).
Psicanálise
Principais contribuições:
É considerado o pai da prática psicoterápica.
Formulou uma consistente teoria do aparelho psíquico apresentada em 1900, no capítulo VII de A interpretação dos sonhos. Nesse capítulo Freud apresenta esse aparelho dividido entre os sistemas: consciente, pré-consciente e inconsciente.
Descobriu a sexualidade infantil e formulou uma teoria acerca da sexualidade humana, que se inicia na infância. Para fundamentá-la, concebeu sua teoria da pulsão, que reaparece no conjunto dos artigos metapsicológicos, de 1915, entre os quais postula que o recalque (recalcamento) é a pedra angular da Psicanálise, edifício sobre o qual esse método e teoria se assenta.
A histeria foi elevada à condição de neurose, ganhando estatuto clínico preciso fora da dimensão médica, uma vez que a anatomia, a fisiologia e a patologia não integram o saber capaz de compreendê-la.
Através da “observação” da histeria e, posteriormente, da sua “escuta”, Freud edificou os fundamentos da Psicanálise cujas pedras angulares suportam-se na pressuposição da existência de processos psíquicos inconscientes, do reconhecimento da teoria da resistência e do recalque, da apreciação da importância da sexualidade e do complexo de Édipo. Esses constituem o principal tema da Psicanálise e os fundamentos de sua teoria. Aquele que não possa aceitá-los a todos não deve considerar-se a si mesmo como psicanalista (FREUD, 1910).
Formulou a teoria do complexo de Édipo para transmitir as distintas modalidades de constituição subjetiva: neurose, psicose e perversão;
Formulou, em 1914, uma teoria do eu, o chamado narcisismo para diferenciá-lo do autoerotismo que caracteriza a sexualidade infantil.
Através da invenção da regra fundamental da psicanálise – associação livre – e do seu correlato – a atenção flutuante – concebeu a teoria do recalque e da resistência.
Formulou os dois princípios que regulam o aparelho psíquico: princípio do prazer e da princípio da realidade.
Concebeu diversos artigos sobre a técnica psicanalítica, nos quais destaca-se o lugar da transferência e da repetição no tratamento psicanalítico.
Concebeu na década de 1920, a partir novamente da clínica,dos sonhos de repetição contendo experiências traumáticas, dos ganhos secundários dos sintomas, o além do princípio do prazer governado pelas silenciosas pulsões de morte. Com efeito, acrescentou ao aparelho psíquico às três instâncias: Es (isso), Ich (eu) e überich (supereu);
Psicologia da Gestalt
A Psicologia da Gestalt, como se tornou internacionalmente conhecida, foi concebida no início do século XX, tendo três grandes representantes, nomeadamente: Max Wertheimer (1880-1847), Kurt Koffka (1886-41) e Wolfgang Köhler (1887-67). 
Fundada na Alemanha, entre 1910 e 1912, a Psicologia da Gestalt tomou fundamentalmente a PERCEPÇÃO como objeto de pesquisa da Psicologia demarcando, com seus esboços teóricos, a divergência que posteriormente se evidenciou em relação ao modo como a Psicologia desenvolveu-se inicialmente (Alemanha e EUA). 
Por um lado, divergiu enfaticamente em relação à concepção “elementarista” de Wundt, que se estendeu à escola de Titchener (Estruturalismo). Por outro, ao Behaviorismo, cujos antecedentes (Associacionismo de Thorndike e o Condicionamento clássico de Pavlov) já eram conhecidos no início do século XX.
Em História da Psicologia Moderna, Schultz & Schultz (2001) consideram alguns nomes importantes antecedentes que tiveram influências notáveis sobre a Psicologia da Gestalt. 
 Primeiramente, Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão que operou o que ele próprio considerou ser uma “revolução copernicana” na Filosofia, propondo-se a resolver um debate (entre Empirismo e Racionalismo) de pelo menos dois séculos acerca da Teoria do Conhecimento. Para Kant (1781), o objeto que se coloca como estímulo para as experiências sensoriais é formalizado pelas intuições puras e pelas categorias do entendimento que, segundo ele, são a priori, isto é, independem das experiências sensíveis.
 Outro filósofo alemão, Franz Brentano (1838-1917), considerou que ao invés de o psicólogo perscrutar os elementos ou o conteúdo da experiência consciente, tal como fazia Wilhelm Wundt, ele deveria ater-se ao processo ou ato da experiência.
Ernst Mach (1839-1916), que foi um filósofo austríaco e professor de Física na Universidade de Praga, também exerceu forte influência sobre a Psicologia da Gestalt. Em Análise das sensações, o autor desenvolve um estudo acerca da forma do tempo e do espaço chegando a conclusão de que um determinado objeto permanecerá o mesmo ainda que a orientação no tempo e no espaço sejam modificadas. Isto é, ainda que olhemos de lado, por cima ou por baixo, uma mesa, a mesma não deixará de ser o que ela é porque mudamos o campo de observação.
 O filósofo austríaco, Christian von Ehrenfels (1859-1932), ampliou de modo expressivo os estudos de Ernst Mach e contribuiu de forma direta para a Psicologia da Gestalt, na medida em que um dos fundadores (Max Wertheimer), foi seu aluno. Ehrenfles partiu do princípio de que “há qualidades da experiência que não podem ser explicadas em termos de combinações de sensações” (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001, p. 297). Esse autor chamou de Gestalt qualität (qualidades configuracionais) as percepções baseadas em algo que vai além das sensações.
Outro importante antecedente foi a Fenomenologia, introduzida pelo filósofo alemão Edmund Husserl (1798-1857). Em termos metodológicos, a partir desse enfoque filosófico (redução fenomenológica), é possível realizar uma descrição imparcial da experiência imediata tal como ela ocorre. Trata-se de descrever uma observação não corrigida em que a experiência não é analisada em elementos. 
 Por fim, não se pode deixar de lado o Zeitgeist operado da Física, passando-se de uma concepção atomista (de forte influência na Psicologia de Wundt) para a de campo de força, acentuando-se o magnetismo, uma propriedade que não seria possível de definir considerando a Física de Galileu e Newton. Nas palavras de Köhler (1969, p. 77), “a Psicologia da Gestalt se tornou uma espécie de aplicação da Física dos campos a partes essenciais da psicologia”.
Max Wertheimer, como dito anteriormente, foi aluno de Ehrenfels e reconheceu nesse o impulso mais importante para o movimento da Gestalt. É considerado o fundador dessa Psicologia no sentido formal considerando sua pesquisa feita em 1910, pesquisa essa impulsionada por sua experiência. Posteriormente, já em Frankfurt, utilizando outros instrumentos, como um taquistoscópio, Wertheimer conheceu Kurt Koffka e Wolfgang Köhler, dois jovens psicólogos formados em Berlim, e que se tornaram conhecidos também como fundadores da Gestalt.
O problema de pesquisa de Wertheimer, em que Koffka e Köhler serviram de sujeitos, envolvia a percepção do movimento aparente; a percepção do movimento quando nenhum movimento físico real tinha acontecido, o que foi chamado de “impressão de movimento”. Os resultados de sua pesquisa inicial foram publicados em 1912 em Estudos Experimentais da Percepção do Movimento, artigo considerado o marco da escola de pensamento da Psicologia da Gestalt (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001).
Kurt Koffka, que nasceu em Berlim, é considerado o mais inventivo entre os fundadores da Psicologia da Gestalt (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001). Ocupou um lugar notável no movimento vindo a divulgar nos EUA os conceitos básicos da Gestalt, os resultados e as implicações de suas acuradas pesquisas, por meio da revista americana Psychological Bulletin, onde foi publicado, em 1922, seu artigo A percepção: uma introdução à teoria da Gestalt (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001). 
Wolfgang Köhler, o mais jovem dos três, foi considerado o porta voz do movimento da Psicologia da Gestalt. Seu treinamento em física o persuadiu de que a psicologia devia aliar-se àquela ciência. Além do campo da física, foi convidado a estudar Chimpanzés na costa noroeste da África e, ao regressar, no momento em que eclodiu a 1ª Grande Guerra Mundial, continuou por sete anos essa pesquisa cujo produto é o compêndio A mentalidade dos macacos, publicado em 1917.
A natureza da revolta da Gestalt
A divergência da Psicologia da Gestalt em relação ao estudo da percepção empreendido por Wundt é um caminho para a compreensão dessa vertente da Psicologia. Na teoria de Wundt, os elementos sensoriais conduzem à percepção, de modo que se realizarmos, através do método introspectivo, o caminho inverso, isto é, se partirmos da percepção, podemos chegar aos elementos sensoriais que a ela estão ligados. Nessa perspectiva, a ligação entres diversos elementos sensoriais dão formas à percepção. É contra essa tese que se situam os psicólogos da Gestalt, por acreditarem “que há mais coisas na percepção do que vêem os nossos olhos, que a nossa percepção vai além dos elementos sensoriais, dos dados físicos fornecidos pelos órgãos dos sentidos” (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001, p. 296).
A palavra alemã, Gestalt, não possui – segundo os adeptos dessa Psicologia e da Gestalt-terapia, que falam a Língua Portuguesa – uma tradução que sustente a conceituação exigida pelo termo. No entanto, concepções como forma ou configuração são as que se aproximariam do sentido empregado pelos autores essa Psicologia.
 Tendo a percepção como objeto de estudo, embora essa Psicologia não se restrinja a tal objeto, os adeptos da Gestalt partiram do estudo da percepção do movimento aparente encontrando na experiência da constância perceptiva uma ampla corroboração. Essa constância é a experiência de ter a mesma percepção ainda que o anglo utilizado para a observação do objeto da percepção se modifique. Isso quer dizer, contradizendo a escola de Wundt, que os elementos sensoriais podem mudar, mas a percepção permanece a mesma. Nesses casos a experiência perceptiva tem uma qualidade de integrabilidade ou de completude não encontrada em nenhuma de suas partes. A percepção não pode ser explicada simplesmente como uma reunião de elementos sensoriais.
Sem desconsiderar os estudos no âmbito da psicofísica, os fundadores da Psicologia da gestalt chegaram a um princípio fundamental dessa teoria segundo o qual “o todo é mais que a soma das partes”. A percepção é uma totalidade, uma Gestalt,e toda a tentativas de analisá-la ou de reduzi-la a elementos provoca a sua destruição:
Começar com elementos é começar pelo lado errado; porque os elementos são produtos da reflexão e da abstração remotamente derivados da experiência imediata que são chamados a explicar. A Psicologia da Gestalt tenta voltar à percepção ingênua, à experiência imediata... E insiste que aí não encontra montagem de elementos, mas todos unificados; não são massas de sensações, mas árvores, nuvens ou céu. E ela convida a todos a verificar essa asserção com o simples ato de abrir os olhos e olhar para o mundo ao redor em seu modo cotidiano comum (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001, apud HEIDBREDER, 1933).
Princípios da organização da percepção 
Os princípios da organização da percepção foram apresentados por Wertheimer num artigo publicado em 1923. Nele argumenta que percebemos os objetos da mesma forma como percebemos o movimento aparente, isto é, como totalidades unificadas, e não como aglomerado de sensações individuais. Esses princípios são considerados regras ou leis a partir das quais organizamos o mundo perceptivo.
Uma premissa básica é a de que na percepção a organização é espontânea sempre que ouvimos ou vemos diferentes formas ou padrões. A combinação ou união que formam estruturas distintas do fundo não são reguladas pelo associacionismo, mas por leis específicas.
Proximidade
Garante que as partes que estão próximas no tempo ou no espaço formam uma simples unidade e tendem a ser percebidas juntas. Na figura acima podemos ver os círculos em três colunas duplas e não como um grande conjunto.
Continuidade
Garante que há uma tendência na nossa percepção de seguir uma direção, de vincular os elementos de uma maneira que os faça parecer contínuos ou fluindo numa direção particular. Na figura acima tendemos a seguir as colunas de pequenos círculos de cima para baixo.
Semelhança
Postula que partes semelhantes tendem a ser vistas juntas como se formassem um grupo. Na figura acima os círculos parecem formar uma classe e os pontos, outra, e tendemos a perceber fileiras de círculos e fileiras de pontos em vez de colunas.
Complementação
Postula que há uma tendência em nossa percepção de completar figuras incompletas, preencher lacunas, como nas figuras acima.
Simplicidade
Postula que tendemos a ver uma figura tão boa quanto possível sob as condições do estímulo; que os psicólogos da Gestalt chamaram de boa forma. Uma boa forma gestáltica é simétrica, simples e estável, não podendo ser tornada mais simples ou mais ordenada. Os quadrados acima são percebidos como boas formas porque são claramente percebidos como completos.
Complementação / Simplicidade
Figura e fundo
Preconiza que tendemos a organizar percepções no objeto observado (figura) e o segundo plano contra o qual ele se destaca (o fundo). A figura parece mais substancial e destaca-se do fundo. Na figura cima figura e fundo são reversíveis, podemos ver dois perfis humanos ou uma taça, a depender da maneira como organiza sua percepção.
Ainda considerando a tese central da Psicologia da Gestalt de que “o todo é mais que a soma das partes”, e, que, portanto, a percepção é uma totalidade organizada pelas supracitadas leis, os adeptos dessa Psicologia postularam o princípio do Isomorfismo para compreenderem os mecanismo cerebrais envolvidos na percepção. Para tal, supuseram que existia uma correspondência entre a experiência psicológica consciente e a experiência cerebral subjacente (ideia do paralelismo psicofísico). Essa suposição os levaram a adotar o Isoformismo, concepção aceita na época pela biologia e pela química. Para ilustrar a aplicabilidade desse princípio compararam a percepção a um mapa, que é idêntico (iso) em forma (mórfico) àquilo que representa, embora não seja uma cópia literal território. O mapa, no entanto, serve de guia confiável para o mundo real percebido (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001). 
Com todo o trabalho de pesquisa experimental realizado pelos psicólogos da Gestalt, essa tornou-se, na metade dos anos 20, um movimento coeso, vigoroso e dominante, na Alemanha, centrada no Instituto de Psicologia da Universidade de Berlim, atraindo alunos de diversos países para os mais equipados laboratórios do mundo. Entretanto, com a potência do discurso nazista e sua ascensão ao poder, em 1933, muitos alunos e inclusive os líderes da Gestalt precisaram deixar o país. Com efeito, foi nos EUA que a Gestalt pôde se disseminar considerando as traduções para o inglês das obras de Koffka e Köhler, bem como os artigos produzidos pelos próprios americanos como Harry Helson, que publicou na American Journal of Psychology. Ainda vivos, Koffka e Köhler deram diversas aulas e conferências sobre Psicologia da Gestalt sendo o último considerado um dos principais oradores do IX Congresso Internacional de Psicologia, realizado na Universidade de Yale, em 1929 (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001).
Kurt Lewin foi um psicólogo alemão que estudou nas Universidades de Friburgo, Munique e Berlim, mas de resolver viver nos EUA, a partir de 1933, antes da 2ª Grande Guerra Mundial, onde veio a falecer.
Na Psicologia, o termo teoria de campo refere-se ao trabalho de Lewin, que é, segundo Schultz & Schultz (2001), bastante gestaltista no tocante à orientação, mas que foram além da posição gestaltista ortodoxa. Enquanto os psicólogos da Gestalt enfatizavam a percepção, a aprendizagem e propunham construções fisiológicas para explicar o comportamento, o trabalho de Lewin centrava-se nas necessidades e na personalidade ocupando-se das influências sociais sobre o comportamento (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001).
A teoria de campo na física levou Lewin a considerar que as atividades psicológicas da pessoa ocorrem numa espécie de campo psicológico, denominado por ele de espaço vital.
O que vem a ser o espaço vital?
Para Lewin, o campo total compreende todos os eventos do passado, presentes e futuros que possam influenciar uma pessoa. Do ponto de vista psicológico, cada um desses eventos pode determinar o comportamento numa dada situação. Assim, o espaço vital consiste na interação das necessidades do indivíduo com o ambiente psicológico. Ele pode revelar graus variáveis de diferenciação, a depender da quantidade e do tipo de experiência que a pessoa acumulou.

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