Prévia do material em texto
Ivina Marcella C. Santos Percepção, Consciência e Emoção Tutoria 1 Discorrer acerca da formação embrionária do SNC (fontes: até agora o Netter) O desenvolvimento do sistema nervoso começa com a formação do Disco Embrionário.O sistema nervoso é derivado da camada ectódermica e seus diferentes componentes provêm de partes circuscritas ao disco ectodérmico. °Décimo oitavo dia. No estágio de 18 dia do desenvolvimento embrionário, formam-se a placa, o tubo e a crista neural. Inicialmente, o tecido notocordal anterior da linha média anterior ao blastóporo induz o processo cranial suprajacente a se espessar, transformando-se na placa neural. Em seguida, aparece na placa,em situação mediossargital, o sulco neural e o tecido ectódermico em cada um dos seus lados, destinados a contribuir para a formação da crista neural,torna-se elevado em pregas neurais . Estas pregas, por sua vez, fundem, o tubo, coincidentemente, se separa de seu ectoderma primitivo. Algumas células, nas margens das pregas, não são incluídas na parede do tubo neural ou no ectoderma superficial quando ele se fecha acima do tubo recém formado e, assim transformam-se na crista neural. Crista Neural Logo após sua formação, as cristas neurais são contínuas no sentido craniocaudal. Rapidamente, entretanto, elas se dividem, dando origem a diversos fragmentos que vão formar os gânglios espinhais, situados na raiz dorsal dos nervos espinhais. Neles se diferenciam os neurônios sensitivos, pseudounipolares, cujos prolongamentos centrais se ligam ao tubo neural, enquanto os prolongamentos periféricos se ligam aos dermátomos dos somitos. Várias células da crista neural migram e vão dar origem a células em tecidos situados longe do sistema nervoso central. Os elementos derivados da crista neural são os seguintes: gânglios sensitivos; gânglios do sistema nervoso autónomo (viscerais); medula da glândula suprarrenal; melanócitos; células de Schwann; anficitos; odontoblastos. Sabe-se hoje que as meninges, dura-máter e aracnoide também são derivadas da crista nervosa. Desenvolvimento do cèrebro Vigésimo oitavo dia. Durante seu estágio precoce de desenvolvimento, o tubo neural é uma estrutura retilínea. Contudo, mesmo antes de completar sua terminação caudal, a parte anterior ao primeiro somito cervical deixa de apresentar a forma de um tubo simples.Esta área, o futuro cérebro, começa a formar várias saliências,flexuras e cavidades, cada uma das quais apresenta diferentes significados do desenvolvimento embrionário. Iniciamente, na futura região cerebral do tubo neural, aparecem três saliências primárias: ° O cérebro anterior( posencéfalo) ° O cérebro médio (mesencéfalo) ° O cérebro posterior ( romboencéfalo) Quando se completa o desenvolvimento da terminação caudal do tubo, surgem de cada lado do prosencéfalo (o cérebro anterior) saliências secundárias, as vesículas ópticas.Nessa época,podem ser identificadas a flexura cefálica e a flexura cervical do futuro cérebro e tornam-se visíveis cavidades ( que se trasformarão nos ventrículos). Estas cavidades são chamadas de prosocele no cérebro anterior, mesocele no mesencéfalo e rombocele no cérebro posterior. Quando cada vesícula óptica se diferencia para formar inicialmente o cálice e haste ópticos e, mais tarde, um nervo óptico e uma parte do globo ocular, sua cavidade original oblitera-se. No final, a conexão original de cada vísicula óptica localizar-se á no diencéfalo. Trigégimo sexto dia.O cérebro anterior se divide em duas partes até o trigésimo sexto dia.A subdivisão posterior ( caudal) é o diencéfalo ;a subdivisão anterior ulteriormernte se diferencia nas duas vesículas telencéfalas, que originarão dois hemisférios cerebrais. As vesículas telencefálicas se expandem além do limite anterior original do tubo neural, que vai ser lâmina terminal. Simultânelmente, com a subdivisâo do cérebro anterior sua cavidade original se subdivide °As duas vesículas telencéfalicas, as teloceles laterais, se transformarão nos ventrículos laterais. A cavidade entre elas, a telocele mediana, em conjunto com a diocele ( a cavidade do diencéfalo), originará o terceiro ventrículo. De forma similar, a cavidade do mesencéfalo, a mesocele, dará origem ao aqueduto cerebral. Ao mesmo tempo que se processam as divisões do prosencéfalo, o cérebro posterior está formando duas estruturas, o metencéfalo anterior, que originará a futura ponte e o cerebelo,e o mielencéfalo posterior,que se transformará no bulbo. Suas cavidades, a metacele e a miocele, darão origem ao quarto ventrículo. Quadragésimo nono dia. Até a sétima semana, não apenas o telencéfalo se transformou nas vesículas telencefálicas como apareceu também uma outra subdivisão em cada vesícula. Estas estruturas novas são os dois lobos olfatórios, partes do rinencéfalo. Ao mesmo tempo qm que o cérebro posterior (romboencéfalo) está se dividindo em metencéfalo e mielencefalo, e uma terceira nova flexura aparece entre essas duas estruturas- a flexura pontina.Simultaneamente, o teto do cérebro posterior começa a a diminuir sua espessura. Três meses O crescimento e o desenvolvimento continuam e, até ao redor do terceiro mês, as duas vesículas telencefálicas de paredes lisas, agora identificadas facilmente como os hemisférios cerebrais, ultrapassa o diencéfalo.Nessa época, a medula espinhal se estendeu caudamente até a extremidade coccígea da coluna vertebral em desenvolvimento. No entanto, devido ao crescimento diferente, esta relação entre as extremidades da medula e da coluna vertebral se altera durante o desenvolvimento. No entanto, devido ao crescimento diferente , esta relação entre as extremidades da medula e da coluna vertebral se altera durante o desenvolvimento.Por ocasião do nascimento, a medula espinal termina ao nível da segunda vértebra lombar. Desenvolvimento dos hemisferios cerebrais No terceiro mês, as vesículas telencefálicas vão ultrapassar o diencéfalo e são reconhecidas como henisférios cerebrais. Cada hemisferio, nesta època, se dividiu em três partes que apresentarão diferenças funcionais. ° A primeira parte é o rinencéfalo Que começa,em partes, como um desenvolvimento externo do telencéfalo, os lobos olfatórios. Uma segunda parte significante do rinencéfalo, é o hipocampo ou arquipálio, também forma uma parte da parede do hemisferio cerebral. Esta parte começa como uma área saliente espessa na parede medial dos ventrículos laterais. No homem o rinencéfalo forma a parede do hemisferio cerebral configurando a regão da borda onde, durante o desenvolvimento, a superfície do diencéfalo se funde com as superfícies ínfero- mediais dos hémisferios. o rinencéfalo é referido como o lobo límbico, pois limbo singinifica borda. O lobo límbico estabelece interconexões profusas com o tálamo, o epitálamo e o hipotálamo., assim constitui o sistema límbico,que vai ser associado intimamente com ás respostas emocionais e á integração de informações somáticas e viscerais. ° A segunda parte é a área estriatal Os gânglios da base ou núcleos basais, formam a segunda parte do telencéfalo.Eles estão localizados na espessa área basal, e são compostos de grupos de corpos de células nervosas. Um dos maiores e mais significativos destes gânglios é o corpo estriado, que é intimamente relacionado , tanto funcionalmente como com relação aos aspectos do desenvolvimento, ao tálamo do diencéfalo.Até o final do terceiro mês,o corpo estriado e o tálamo são separados por um sulco profundo.Após o terceiro mês, o sulco entre eles desaparece, e eles finalmente aparecerão fundidos em uma massa comum. °A terceira parte é a região supra-estriatal No homem, a terceira parte do telencéfalo se torna predominante. Essa parte supra-estriatal,não- olfatória, é conhecida como neopálio, que constitui quasetoda a superfície externamante vísivel dos hemisférios cerebrais. Circunvoluções cerebrais Quando os hemsférios cerebrais aumenta em tamanho de tal forma a envolver completamente o mesencéfalo e a parte superior do cerebelo, suas superfícies,originalmente lisas, transformam-se em circuvoluções.A modificação da superfície em circunvoluções permite que a camada mais externa de neurônios , o córtex cerebral aumenta enormemente em área. A primeira depressão marcante a aparecer no aspecto lateral de cada hemisfério cerebral é o sulco lateral, o qual já é evidente no 3° mês. O assoalho do sulco, de crescimento lento, lateral ao corpo estriado dos gânglios da base, é chamado ínsula . Sulcos secundários e terciários, peculiares ao cérebro humano, se desenvolvem durante os meses finais antes do nascimento. Desenvolvimento dos ventrículos Os ventrículos continuam a se adaptar ás alterações que ocorrem nas várias partes do cérebro após o terceiro mês. Em particular, cada um dos ventrículos laterais desenvolve três cornos, que protraem nos vários lobos dos hemisférios cerebrais: °O corno inferior °O corno anterior °O corno posterior Além disso, cada ventrículo lateral ocupa uma posição mais lateral com relação ao terceiro ventrículo, e o forame intraventricular, originalmente amplo , é transformado em um forame ou canal intraventricular estreito. O aqueduto cerebral, tão grande nos estágios precoces do desenvolvimento, transforma-se num tubo longo e delgado que conecta o terceiro e quarto ventrículo.O quarto ventrículo também torna-se proporcionalmente menor, embora mantenha sua forma rombóide básica, enquanto o canal central da medula em forma de fenda transforma-se em um túbulo diminuto, usulmente obliterdo após os 40 anos. Desenvolvimento dos plexos coróides Os plexos coróides são formados, em partes, de células ependimárias que delineiam os ventrículos cerebrais.Aquelas áreas de parede ependimária fina, que formam as superfícies mediais de cada ventrículo cerebral e do teto do terceiro e quarto ventrículos, se invaginam para o interior dos mesmos. Quando as células ependimárias se invaginam, elas são acompanhadas por vasos sanguíneos, agora chamados vasos coróideos, com a pia-máter adjacente. Esta massa é o plexo coróide. Em cada ventrículo lateral pode ser identificada uma linha definida de invaginação, que é a fissura coróidea.Inicialmente, ela aparece imediatamente atrás do forame interventrícular e , então, se estende posteriormente em uma linha curvilínea que termina ao longo da parede medial do corno inferior. De forma similiar, durante o segundo mês, os tetos ependimários delgados do terceira e quarto ventrículos invaginam-se ao londo de duas fissuras mediossagital. As invaginações para o interior do quarto ventrículo se estendem lateralmente; finalmente, no cérebro maduro, os plexos córoides atravessam toda a extensão dos recessos laterais do quarto ventrículo para protrair através deles no espaço subaracnóide. Além disso, a região da linha média destes plexos pode protrair pela abertura mediana do quarto ventrículo. Líquido cefalorraquidiano Os plexos coróides produzem o líquido do cefalorraquidiano, que preenche os ventrículos. O líquido escapa pelas aberturas mediana e laterais do quarto ventrículo para o espaço subaracnóideo que circunda o cérebro e a medula espinal.Os plexos forma uma barreira “hematoliquórica” fisiológica entre o LCR e o sangue que irriga o cérebro. Desenvolvimento da formação reticular Uma das partes mais antigas do sistema nervoso é a formação reticular.ela é localizada centralmente e se estende da parte sacral da medula espinal ao tálamo. A formação reticular é uma rede difusa de neurônios , daí o nome “reticular”. A formação reticular recebe aferências tanto do sistemas sensoriais somáticos como viscerais, incluindo visuais e olfatórias, mas não é relacionada a tato discriminativo e propriocepção. Os neurônios da formação reticular transmitem esta informação sensorial e núcleos talâmicos, os quais, por sua vez, as transmitem ao ao córtex cerebral.Isso resulta em um efeito pronunciado sobre o estado de vigília por acentuar uma parte do que é conhecido como sistema reticular ativador. Outra parte deste sistema é o ciclo se despertar/adormecer.A formação reticular é organizada de forma a filtrar todos os impulsos sensoriais variados que recebe.Somente certos padrões de impulsos sensoriais fazem com que o sistema reticular ativador promova a reação de alerta no córtex cerebral Tubo Neural O fechamento da goteira neural e, concomitantemente, a fusão do ectoderma não diferenciado é um processo que se inicia no meio da goteira neural e é mais lento em suas extremidades. Assim, em uma determinada idade, temos tubo neural no meio do embrião e goteira nas extremidades. Mesmo em fases mais adiantadas, permanecem nas extremidades cranial e caudal do embrião dois pequenos orifícios que são denominados, respectivamente, neuróporo rostral e neuróporo caudal. Estas são as últimas partes do sistema nervoso a se fechar. ° Parede do tubo neural O crescimento das paredes do tubo neural e a diferenciação de células nesta parede não são uniformes, dando origem às seguintes formações: ° duas lâminas alares ° duas lâminas basais ° uma lâmina do assoalho; ° uma lâmina do teto. Separando, de cada lado, as lâminas alares das lâminas basais, há o chamado sulco limitante. Das lâminas alares e basais derivam neurônios e grupos de neurônios (núcleos) ligados, respectivamente, à sensibilidade e à motricidade, situados na medula e no tronco encefálico. A lâmina do teto, em algumas áreas do sistema nervoso, permanece muito fina e dá origem ao epêndima da tela coroide e dos plexos coroides, que serão estudados a propósito dos ventrículos encefálicos. A lâmina do assoalho, em algumas áreas, permanece no adulto, formando um sulco, como o sulco mediano do assoalho do IV ventrículo. Placas basal e alar Enquanto o tubo neural está se formando, um sulco longitudinal, o sulco limitante, aparece de cada lado de seu lúmen, dividindo o tubo em Uma metade dorsal (placa alar) Uma metade ventral (placa basal) Na placa alar, os corpos celulares dos neurônios sensitivos e coordenadores ficam localizados em uma camada de substância cinzenta chamada camada de manto.De forma similar, na placa basal,situa-se naquelas áreas do cérebroem densenvolvimento que se transormam na meduloespinal,bulbo e mesencefalo. Na área diencefálica, o sulco hipotalâmico,comparável e contíguo ao sulco limitante, divide a placa alar em partes dorsal e ventral. A parte dorsal se origina o tálamo,onde se localizam os corpos celulares de neurônios sensitivos e coordenadores.A parte ventral da origem ao hipotàlamo, no qual se desenvolvem corpos celulares de neurônios motores. DESENVOLVIMENTO DA MEDULA ESPINHAL: Þ É formado pela porção caudal do tubo neural, o qual começa a ter as suas paredes espessadas, o que auxilia a reduzir o tamanho do canal neural, formando um canal central Þ Inicialmente a parede do tubo neural vai ser composta de um espesso neuroepitelio pseudoestratificado cilíndrico, as quais irão constituir a zona ventricular - camada ependimária – que originarão os neurônios e as células da macroglia na medula espinhal. Þ Zona marginal: composta pela parte externa das células neuroepiteliais. Essa zona vai sendo convertida em zona branca à medida em que os axônios crescem a partir dos corpos celulares provenientes da medula espinal, dos gânglios espinais e do encéfalo Þ Algumas células da zona ventricular se diferenciam em neurônios primitivos(neuroblastos), essas irão formar uma zona intermediaria (camada do manto, entre ventricular e marginal). Þ Quando os neuroblastos desenvolvem processoscitoplasmáticos eles se tornarão neurônios. Þ Células neuroepiteliais vao se diferenciar dando origem aos glioblastos, células de sustentação do SNC, isso ocorre principalmente depois da interrupção da formação do neuroblasto. Þ Os glioblastos vão migrar e se diferenciar em astroblastos -> astrócitos e outros irão se tornar os oligodendroblastos -> oligodendrocitos. Elucidar os principais fatores externos que inflenciam no desenvolvimento cerebral do concepto Fatores Biológicos ° Nutrição a gestante deve receber nutrição adequada para que, na ausência de complicações, possa nutrir corretamente o feto tanto do ponto de vista qualitativo quanto quantitativo. Ademais, deve-se dar ênfase também à nutrição pós-natal para que o amadurecimento da função neurológica ocorra de forma harmônica. Os lipídios têm importância fundamental na obtenção de um crescimento satisfatório tanto na vida intra-uterina quanto na pós-natal. Eles fornecem os ácidos graxos necessários para o desenvolvimento do sistema nervoso central, pois são parte integrante de suas membranas celulares. Em um recém-nascido de termo adequado para a idade gestacional, o peso do cérebro é de aproximadamente 450g e seu peso seco é constituído de cerca de 20% de lipídios. Os fosfolipídios representam 22% do córtex e 24% da substância branca. Ante uma oferta deficiente de ácidos graxos essenciais, pode ocorrer a diminuição dessas porcentagens, com consequências futuras. A retina, como o cérebro, contém grandes quantidades de ácidos graxos, principalmente de ácido araquidônico e docosaexaenoico. Em gestações normais, esses compostos são incorporados predominantemente no último trimestre da gravidez por transporte direto da mãe para o feto. Caso não ocorram condições ideais para esse transporte, o feto poderá desenvolver alterações das membranas fosfolipídicas, pois ambos os ácidos são necessários para formação e manutenção dessas membranas. Na espécie humana, o acúmulo do ácido araquidônico e do docosaexaenoico se dá por passagem transplacentária, na vida intra-uterina e no período pós- natal, através da ingestão de ácidos graxos essenciais. O aumento da concentração desses ácidos na vida fetal parece ser conseqüência da maior transferência placentária, e não do aumento da atividade enzimática de dessaturação e alongamento. A quantidade e a qualidade dos lipídios na dieta materna influenciam diretamente o acúmulo de ácidos graxos no sistema nervoso central e na retina do feto. Uma grande parte do cérebro se desenvolve no último trimestre da gravidez e nas primeiras semanas de vida pós natal por meio da incorporação dos ácidos ϖ-3 e ϖ-6 no sistema nervoso central. A quantidade do ácido araquidônico e do docosaexaenoico no sistema nervoso central e na retina dobra entre a 24ª semana de gestação e o termo, além de aumentar após o nascimento. Assim sendo, o recém-nascido, especialmente o pré-termo e o lactente jovem, pode apresentar déficit desses ácidos, sobretudo se for submetido a uma oferta inadequada de ácidos graxos essenciais e, em consequência, apresentar algum déficit futuro. Apesar de os recém-nascidos e lactentes terem a capacidade de sintetizar os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa a partir dos ácidos graxos essenciais, essa capacidade fica diminuída nos primeiros meses de vida. Tal declínio pode afetar diretamente a criança, que necessita de níveis mais elevados e por período de tempo maior desses ácidos. O ácido docosaexaenoico constitui aproximadamente 45% do total dos fosfolipídios do sistema nervoso central e da retina. Os mais importantes são a fosfatidiletanolamina e a fosfatidilserina, que estão concentradas nas sinapses e nas regiões fotorreceptoras. Pelo exposto, existe relação direta entre a incorporação do ácido araquidônico e do docosaexaenoico, tanto na fase intra-uterina quanto na vida pós-natal, e o desenvolvimento do sistema nervoso central e da função retiniana. Maturação cerebral, agravos e período críticos A maturação do sistema nervoso central depende de diretrizes genéticas, da complexidade e do grau da estimulação ambiental e de alimentação adequada, sendo a desnutrição um dos principais fatores não genéticos que afetam o desenvolvimento cerebral. A maturação cerebral envolve uma série de estágios sobrepostos temporalmente e que seguem uma seqüência precisa, que difere de região para região cerebral e mesmo dentro de uma região em particular, variando temporalmente de uma espécie animal para outra. O conceito relativo ao impacto do agravo precoce ao cérebro está baseado na concepção de que há períodos do desenvolvimento durante os quais o organismo é particularmente vulnerável. Este denominado período crítico representa uma única janela de desenvolvimento, que não pode ser revertida ou repetida em um período posterior. Enquanto cada sub-região segue uma cuidadosa e intrincada programação seqüencial de desenvolvimento, deve sincronizar-se temporalmente com outras regiões interligadas, de tal forma que o produto final resulte intacto e apto na estrutura madura. Uma das maiores incumbências no cérebro em desenvolvimento é estabelecer padrões corretos de conexões em um determinado período de tempo. Distorções na maturação coordenada de diferentes componentes cerebrais poderão romper o crescimento ordenado e a elaboração do circuito neural, segundo Kawaguchi & Hama. Atraso em apenas poucos eventos neurológicos isolados, resultantes da desnutrição, podem ser causa de reação em cadeia, amplificando erros funcionais. Interferências temporais na progressão dos processos morfológicos, fisiológicos e bioquímicos de desenvolvimento do SNC, podem levar a déficit funcional permanente. São fatores críticos na determinação do como e em que extensão o agravo afetará o cérebro, a idade na qual a desnutrição ocorre, associada à duração e à gravidade da mesma. A depender do período de desnutrição (fase embrionária, fetal, pós-natal precoce ou tardia), os efeitos na proliferação de diferentes tipos de neurônios (macro e micro) ou de células gliais (astroglia e oligodendroglia) serão diferentes. Embora a desnutrição em período específico pré ou pós-natal, por exemplo, possa causar alterações específicas no SNC, determinadas pela fase na qual o agravo é imposto, em combinação os efeitos podem ser aditivos, como demonstrado em estudos em animais e humanos. A maior parte dos estudos, porém, mostra que a desnutrição pré-natal resulta em deficiências mentais mais importantes e permanentes que a desnutrição pós-natal, segundo Smart, . A depender do grau do agravo nutricional, do período e do tempo de imposição e de eventual posterior reabilitação nutricional, nem alterações anatômicas ou até mesmo doenças focais equivalentes a lesões microscópicas, nem mesmo retardo mental expressivo ou psicopatologias são detectáveis. Poderão resultar, porém, condições sub-otimizadas permanentes do desenvolvimento intelectual e comportamental. Desequilíbrios no sistema de neurotransmissores, por exemplo, mais do que lesões focais aparentes, contribuem significativamente para alterações funcionais tardias. Por outro lado, déficits de desenvolvimento devidos ao agravo nutricional não levam, necessariamente, a disfunções cerebrais imediatas. A maior parte dos fenômenos biológicos opera em um princípio de excesso, com um nível de substrato além daquele necessário para encontrar a velocidade máxima ou manter as condições de TORCH Toxoplasmose Quando ocorre primoinfecção por Toxoplasma gondii na gestante, há risco de transmissão transplacentária do parasita para a circulação fetal, o que causa a toxoplasmose congênita. A infecção materna crônica, ou adquirida pela mãe antes da gestação, representa pouco ou nenhum risco para o feto. A severidade da doença diminui, à medida que aumenta a idade gestacional em que ocorre a infecção. A infecção materna nummomento precoce da gestação (primeiro e segundo trimestres) pode resultar em toxoplasmose congênita grave, morte intrauterina e aborto espontâneo, enquanto num período mais tardio, a infecção é bem menos preocupante, com grande prevalência de formas assintomáticas. Þ As alterações mais encontradas em recém- nascidos com toxoplasmose congênita são: coriorretinite, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, icterícia, anemia, anormalidades liquóricas, estrabismo, crises convulsivas, erupção cutânea, hidrocefalia, calcificações cerebrais, macro ou microcefalia, restrição do crescimento intrauterino, prematuridade, distermias e sangramentos. Os sinais clássicos da tríade toxoplasmósica são: coriorretinite, calcificações intracerebrais e hidrocefalia. Þ Especificamente, as lesões oculares com perda progressiva e irreversível da visão poderão ser encontradas, não somente no período neonatal, mas se instalarem ao longo da adolescência ou vida adulta. Na toxoplasmose congênita grave, observam-se infartos no córtex cerebral e gânglios da base, vasculites periaquedutal e periventricular com necrose, o que pode levar à obstrução dos forames e do aqueduto de Sylvius e consequente hidrocefalia. A retina é afetada por um intenso processo inflamatório e necrótico, que atinge a camada pigmentar dos cones e bastonetes, levando ao quadro de coriorretinite. No miocárdio, ocorre necrose fibrilar, enquanto, nos pulmões, ocorre infiltrado no interstício pulmonar e alveolar. Os fetos com toxoplasmose congênita geralmente parecem normais ao exame ecográfico pré-natal, porém podem aparecer achados, como calcificações intracranianas, dilatação ventricular, hepatomegalia, ascite e aumento da espessura placentária Rubéola Um dos efeitos marcantes da infecção é o acentuado retardo de crescimento pré e pós-natal, que se prolonga pelo resto da vida. Apesar de a grande maioria dos defeitos se dar com infecção antes da 16a semana, há raros relatos de casos de surdez com infecção após 28 semanas, estenose de artéria pulmonar após 24 semanas e retardo de crescimento associado à infecção no terceiro trimestre. Os sistemas mais gravemente acometidos são: sistema cardiovascular, sistema nervoso central, sistema ocular e sistema auditivo. O termo síndrome da rubéola congênita (SRC) foi definido como qualquer combinação de defeitos associados à rubéola na gestação. Acometimento nas infecções antes de 16 semanas de gestação. Meningoenecefalite aguda, sinais de degeneração vascular, hipotonia, letargia, abaulamento da fontanela, convulsões, sequelas neurológicas levando a retardo metal de leve a grave, associado a diplegia espástica, autismo, distúrbios da fala. Anormalidades estruturais grosseiras, microcefalia e calcificações intracranianas são achados raros Citomegalovírus O citomegalovírus é um DNA vírus cujo grupo possui uma propriedade biológica particular: pode permanecer latente no hospedeiro após a infecção primária e ser reativado periodicamente: o grupo dos herpes-vírus. A reativação pode ocorrer principalmente em períodos de imunodepressão, como AIDS, tratamento imunossupressor e durante a gestação. Þ O vírus pode ser transmitido ao feto durante todo o período gestacional, após uma primoinfecção materna ou uma reativação, o que torna elevada a incidência de infecção congênita. A transmissão vertical, em casos de reativação da infecção, é, no entanto bem menos frequente (cerca de 1%) e a infecção é menos virulenta. Þ O desfecho da infecção materno-fetal pelo CMV depende muito do período em que ocorre a infecção. As formas graves da doença são decorrentes de infecções antes da 27 semana e as formas menos graves ocorrem por infecções no terceiro trimestre. Os achados ultrassonográficos mais comuns na infecção fetal pelo CMV incluem restrição do crescimento fetal, ventriculomegalia cerebral, ascite, calcificações intracranianas periventriculares, alteração no volume do líquido amniótico (LA) (sendo mais comum a oligodramnia), efusão pleural, calcificações hepáticas e rim hiperecogênico. Sífilis Sabe-se que 30% dos conceptos de gestantes não tratadas evoluem para óbito fetal, 10% para óbito neonatal e 40% para retardo mental. As pacientes com sífilis primária, secundária ou latente recente apresentam até 66% de fetos com algum acometimento. Dependendo da época de aparecimento dos sintomas na criança, a sífilis congênita pode ser classificada como recente ou tardia. É denominada recente quando o diagnóstico é realizado até 2 anos de idade. Esses casos costumam cursar de forma semelhante à sífilis secundária, e a criança apresenta exantema bolhoso, hepatoesplenomegalia, anemia hemolítica, icterícia e osteocondrite dolorosa (pseudoparalisia). Quando o diagnóstico é realizado após os 2 anos de vida da criança, denomina-se sífilis congênita tardia. As mais importantes alterações são as neurológicas, como a surdez decorrente da lesão do oitavo par de nervos cranianos. Outras manifestações da doença incluem ceratite intersticial, periostite dos ossos frontais do crânio, tíbia em sabre e os característicos dentes de Hutchinson. HIV As preocupações em relação à infecção pelo HIV, durante a gestação, são relacionadas aos possíveis efeitos diretos do vírus na mãe e no feto e às formas de transmissão da doença ao bebê. Þ Há alguns anos surgiram relatos de casos associando a infecção pelo HIV, durante a gestação, a uma síndrome malformativa caracterizada principalmente por déficit de crescimento, defeitos de face média e microcefalia nos filhos de gestantes infectadas. Þ As cepas R5 e X4 podem induzir sincício e ser altamente patogênicas, como ocor- re na encefalite, cuja patogênese resulta em células multinucleadas no SNC, podendo, portanto, a neurotoxidade pelo HIV estar associada à capacidade de formar sincício com macrófagos. Os alvos celulares do HIV no SNC são células fagocíticas, macrófagos/ microglia e células nervosas. Þ Os astrócitos, as células mais prevalentes do SNC, parecem ser alvos somente de infecção restrita ou nãoprodutiva, que, tam- bém, pode contribuir na disfunção neuronal. Interações virais com astrócitos parecem ter papel importante na encefalopatia pelo HIV em crianças, já que os astrócitos fetais são mais suscetíveis à infecção pelo HIV. O SNC em desenvolvimento sofre alterações na função de astrócitos ZIKA O vírus Zika (ZIKV), pertencente ao gênero Flavivírus, foi notificado pela primeira vez no Brasil no ano de 2014. Por se tratar de uma arbovirose a sintomatologia, quando existente, assemelha-se bastante com a do Dengue. Þ Já se sabe que devido a afinidade do vírus da família Flaviviridae pelas células do SNC, podem ocorrer casos em que ele provoque a morte neuronal diretamente ou por meio da ativação das respostas imunológicas dos hospedeiros infectados, comprometendo a estrutura e o funcionamento de áreas importantes do SNC. ° Esta morte neuronal e a consequente eliminação da massa de células mortas por fagocitose (neuronofagia) apresentam-se como uma provável explicação para a redução do volume encefálico (microcefalia) observado em milhares de neonatos em regiões com circulação do vírus da Zika nos últimos meses no Brasil. ° Em alguns casos, os Flavivírus podem causar graves doenças neurológicas, sendo a mais comum à encefalite. Ela resulta da neurovirulência: inicia com a neuroinvasão e em seguida a infecção de células do sistema nervoso central (SNC). Vários Flavivírus transmitidos por artrópodes apresentam estas duas características que são imprescindíveis para que ocorra dano ao SNC, como observado nos Vírus Rocio, Vírus da Dengue, da Encefalite Japonesa, dentre outros No caso da síndrome da Zika congênita, ocorrem alterações cerebrais também nos segundo e terceiro trimestres da gestação. A microcefalia causada pela Zika congênita pode causar diversas alterações, sendo as mais frequentes Fatores Quimicos ° Álcool O etanol é reconhecidamenteo teratógeno mais utilizado em nível mundial, sendo capaz de causar abortamentos, aumentar a taxa de natimortalidade e de disfunções no sistema nervoso central. A exposição pré-natal ao álcool é responsável pelo maior número de defeitos congênitos que poderiam ser evitados. O etanol se distribui livremente no tecido fetal, alcançando as mesmas concentrações no sangue materno, isto porque as enzimas hepáticas fetais, particularmente a álcool desidrogenase, estão em baixos níveis, ocorrendo uma difusão passiva por gradiente de concentração. Apesar de não haver ainda um pleno entendimento do mecanismo teratogênico induzido pelo etanol na síndrome do álcool fetal (SAF), acredita- se que possa levar à hipoxia fetal e restrição de crescimento intrauterino por interferir nas circulações placentária e fetal, provavelmente pela síntese de prostanoides. O acetaldeído, por sua vez, sendo um produto altamente tóxico da oxidação do etanol, que apresenta facilidade de difusão transplacentária por suas características farmacocinéticas, pode também vir a ter um efeito direto no desenvolvimento embrionário, apesar de não haver uma explicação para o seu mecanismo de teratogênese O ácido Gama-amino-butírico é o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Existem dois tipos de receptores deste neurotransmissor: o GABA-alfa e o GABA-beta, dos quais, apenas o GABA-alfa é estimulado pelo álcool. O resultado é um efeito ainda mais inibitório no cérebro, levando ao relaxamento e sedação do organismo. Diversas partes do cérebro são afetadas pelo efeito sedativo do álcool, tais como aquelas responsáveis pelo movimento, memória, julgamento e respiração. Ø Evidências científicas sugerem que o álcool inicialmente potencializa os efeitos do GABA, aumentando os efeitos inibitórios, porém, com o passar do tempo, o uso crônico do álcool reduz o número de receptores GABA por um processo de “down regulation” o que explicaria o efeito de tolerância ao álcool, ou seja, o fato do indivíduos necessitarem de doses maiores de álcool para obter os mesmos sintomas anteriormente obtidos com doses menores. Ø O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais importante do cérebro humano, parecendo ter um papel crítico na memória e cognição. O álcool também altera a ação sináptica do glutamato no cérebro, reduzindo a neurotransmissão glutaminérgica excitatória. Devido aos efeitos inibitórios sobre o glutamato, o consumo crônico do álcool leva a um aumento dos receptores glutamatérgicos no hipocampo que é uma área importante para a memória e envolvida em crises convulsivas. Durante a abstinência alcoólica*, os receptores de glutamato, que estavam habituados com a presença contínua do álcool, ficam hiperativos, podendo desencadear de crises convulsivas à acidentes vasculares cerebrais. Atualmente, a expressão Desordens do Espectro Alcoólico Fetal(DEAF) é utilizada para agrupar as várias condições no embrião, feto ou criança resultantes da exposição pré-natal ao álcool, que incluem desde alterações físicas, mentais e comportamentais, a problema de aprendizagem. As DEAF incluem: Defeitos de Nascimento Relacionados ao Álcool(ARBD), Desordens de Neuro-desenvolvimento Relacionadas ao Álcool(ARND) e a Síndrome Alcoólica Fetal(SAF). Esta representa o quadro clínico mais grave da exposição fetal ao álcool. As DEAF resultam da exposição fetal ao álcool e dependem da alcoolemia materna e de outros fatores associados, como por exemplo a fase de desenvolvimento fetal em que ocorre a exposição. Podem incluir uma grande variação de efeitos que permanecem para toda a vida. Apesar de ainda não ser conhecido o motivo, nem todos os filhos de gestantes consumidoras de álcool desenvolvem os seus efeitos nocivos, desconhecendo-se o nível seguro de consumo de álcool durante a gravidez. 19 Gabriela Ribeiro Portugal SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL É definida como um padrão de anomalias e déficits no desenvolvimento, encontradas em crianças expostas ao álcool no período pré-natal. Þ As crianças nascidas de mães alcoólatras apresentam alterações bem específicas, como restrição de crescimento, retardo mental e anomalias como microcefalia, fissura palpebral pequena, prega epicantal, hipoplasia maxilar, nariz pequeno com filtro hipoplásico, lábio superior fino, prega palmar anormal, anomalias de articulações, cardiopatias. Þ Essas alterações são conhecidas como síndrome fetal do alcoolismo materno, condição extremamente grave com risco de morte fetal em até 17% das vezes. Os critérios para diagnóstico da síndrome, que englobam retardo no crescimento antes ou depois do pano, alterações do SNC e fácies característica. Mesmo na ausência desses achados clássicos da síndrome a exposição ao álcool pode produzir outras alterações funcionais, neurológicas e comportamentais (hiperatividade. déficit de atenção, déficit na coordenação motora, função psicossodal pobre e alterações cognitivas nas habilidades matemáticas, na fluência verbal e na memória espacial). Þ Essa gama de alterações que podem ocorrer nos filhos de usuárias frequentes de álcool é definida como espectro de alterações do alcoolismo fetal. Na vida adulta, fetos expostos tendem a ter mais comprometimento de habilidades de convívio social relacionados a leis, sexualidade e abuso de álcool e drogas. Na adolescência, se as crianças forem adequadamente nutridas, normalmente os parâmetros de crescimento normalizam. As alterações neurológicas e cognitivas tornam-se mais evidentes nesta fase. Os problemas de aprendizagem, de memória, de interação social e de raciocínio mantêm-se. Os problemas de comunicação podem levar ao isolamento e incapacidade de manter um emprego. O parâmetro que mais sofre mudanças ao longo do crescimento é o desenvolvimento do SNC. Apesar das alterações estruturais (caso existam) permanecerem, a manifestação dos problemas neurológicos e funcionais pode alterar-se ou até normalizar nas várias fases de crescimento. No período pré-escolar e escolar, o atraso do desenvolvimento cognitivo verifica-se nas dificuldades de linguagem, na hiperatividade e nos déficits de atenção. Crianças mais velhas, podem apresentar atraso nas capacidades motoras. Na adolescência e idade adulta, esses problemas mantêm-se, sendo acrescidos de problemas secundários adquiridos ao longo da vida, decorrentes da sua condição principal (SAF), tais como problemas mentais, abuso de álcool e/ou outras drogas, incapacidade de manter um emprego, problemas legais. TABAGISMO O tabagismo na gestação é considerado a maior causa de morte súbita infantil, causando importantes alterações no cérebro e desenvolvimento neurológico de feto, baixo peso ao nascer e disfunções pulmonares, além de contribuir para o surgimento de pneumonia, bronquites asma, doenças do ouvido médio e doenças cardiovasculares na vida adulta. O tabagismo na gestação também está associado ao deslocamento prematuro de placenta(DPP), a ruptura prematura de membranas, abortos e mortes perinatais. ° A nicotina promove a liberação de adrenalina, que resulta em redução marcante do fluxo sanguíneo uterino e aumenta a resistência vascular placentária. ° O tabagismo na gestação está associado aos seguintes aspectos: gravidez ectópica, abortamento espontâneo, baixo peso ao nascimento, parto prematuro, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta e rotura prematura das membranas ovulares (RPMO). As alterações relacionadas são dependentes da quantidade de cigarros consumidos por dia. Os estudos que avaliam a cessação do tagabismo no início da gestação relatam que nesses casos, o peso ao nascimento foi normal. Þ Fumo é considerado droga das categorias X na gestação e U na lactação e, portanto, é contraindicado nesses dois períodos. Efeitos na vida adulta ou na infância tardia de fetos expostos ao tabaco intraútero têm sido relatados em trabalhos recentes. Esses efeitos incluiriam doenças respiratórias como asma einfecções de repetição após 2 anos de vida, dermatite atópica e até mesmo artrite reumatoide juvenil Maconha A maconha é a droga ilícita mais utilizada por mulheres em idade reprodutiva e também pelas gestantes. O seu principal princípio psicoativo é o delta-9- tetraidrocanabinol (THC) que, por ser altamente lipossolúvel, atravessa facilmente a barreira placentária. No período neonatal, já foi descrita uma síndrome narcótica leve de abstinência, que consiste de tremores finos, movimentos involuntários súbitos e reflexo de Moro exagerado, e que regride espontaneamente, não necessitando de tratamento. Entretanto, pesquisas mais recentes têm apontado uma maior tendência para distúrbios funcionais no decorrer da vida dos filhos expostos à droga, tais como déficits cognitivos, impulsividade, déficit de atenção, hiperatividade, sintomas depressivos e distúrbios do sono. Explanar a morfologia do SNC e suas barreiras de proteção O sistema nervoso central (SNC) é altamente protegido: um sistema com segurança máxima contra abalos mecânicos e influências químicas indesejáveis.apresenta um elaborado sistema de proteção que cons iste de quatr o estruturas : crânio, coluna vertebral, meninges, líquido cerebrospinal (liquor) e barreira O SNC não sofre ação de substâncias nocivas trazidas pelo sangue porque as paredes dos capilares sanguíneos que o irrigam formam uma barreira seletiva que controla rigorosamente o trânsito de moléculas. Nada passa do sangue para o tecido nervoso, e vice-versa, sem um rígido controle dessa barreira. E fácil compreender por que é preciso proteção tão rigorosa. A maior parte das funções neurais baseia-se na comunicação por sinais elétricos gerados pelas membranas dos neurônios e sinais químicos transmitidos de um neurônio a outro. Ambos devem estar protegidos de quaisquer interferências externas que possam perturbar a precisão das mensagens: a energia do ambiente externo só pode entrar no microambiente interno através dos sistemas sensoriais, isto é, pela via neural, ou então através do sangue, pela via circulatória. Isso evita que movimentos, por mais suaves que forem, sejam amortecidos no interior do crânio evitando que atinja o tecido neural. Essa energia mecânica poderia estimular diretamente os neurônios, causando uma confusão de potenciais de ação em diversas regiões, em conflito com aqueles normalmente gerados pelo pensamento, pela memória, pela motricidade e assim por diante. Além disso, protege que o sistema nervoso sofra interferências com substâncias/toxinas provenientes do meio externo ou até mesmo microrganismos vivos. O bloqueio da passagem dos agentes químicos nocivos e de substâncias neuroativas, entretanto, deve-se dar sem prejuízo da entrada das substâncias que o SNC precisa, como oxigênio e glicose, por exemplo Crânio O crânio é o arcabouço ósseo da cabeça. Ele contém 22 ossos (não contando os ossos da orelha média) e repousa sobre a extremidade superior da coluna vertebral. Os ossos do crânio estão agrupados em duas categoriais: ossos do crânio e ossos da face. Os ossos do crânio formam a cavidade craniana, que encerra e protege o encéfalo. Os oito ossos cranianos são: frontal, dois parietais, dois temporais, occipital, esfenoide e etmoide. Quatorze ossos formam a face: dois nasais, duas maxilas, dois zigomáticos, mandíbula, dois lacrimais, dois palatinos, duas conchas nasais inferiores e vômer. ° Osso frontal Forma a fronte (a parte anterior do crânio), o teto das órbitas e a maior parte da região anterior do assoalho do crânio. Logo após o nascimento, os lados direito e esquerdo do osso frontal são unidos pela sutura frontal (metópica), que normalmente desaparece entre 6 e 8 anos de idade. °Osso Parietal O par forma a maior porção das partes laterais e do teto da cavidade craniana. As superfícies internas dos parietais contêm muitas protrusões e depressões que acomodam os vasos sanguíneos que suprem a duramáter, o tecido conjuntivo superficial (meninge) que recobre o encéfalo. °Osso Temporal O par forma as faces inferiores e laterais do crânio e parte do seu assoalho. Projetando-se da parte inferior da escama temporal, está o processo zigomático, o qual se articula com o processo temporal do zigomático. Juntos, o processo zigomático do temporal e o processo temporal do zigomático formam o arco zigomático. A parte mastóidea do temporal está localizada posteroinferiormente ao meato acústico externo, o que direciona as ondas sonoras para dentro da orelha. Em um adulto, essa parte do osso contém diversas células aéreas mastóideas que se comunicam com o espaço oco da orelha média. Esses minúsculos compartimentos cheios de ar são separados do encéfalo por finas partições ósseas. O processo mastoide é uma projeção arredondada da parte mastóidea do temporal posterior e inferior ao meato acústico externo. É o ponto de inserção de vários músculos do pescoço. O meato acústico interno é a abertura por onde passam os nervos facial (VII) e vestibulococlear (VIII). O processo estiloide se projeta inferiormente da superfície inferior do temporal e serve de ponto de fixação de músculos e ligamentos da língua e do pescoço. Entre o processo estiloide e o processo mastoide está o forame estilomastóideo pelo qual passam o nervo facial (VII) e a artéria estilomastóidea. No assoalho da cavidade craniana se encontra a parte petrosa do temporal. Essa parte triangular, localizada na base do crânio entre os ossos esfenoide e occipital, aloja as orelhas interna e média, envolvidas na audição e no equilíbrio. Além disso, contém o canal carótico, através do qual passa a artéria carótida. Posteriormente à abertura externa do canal carótico e anteriormente ao occipital se encontra o forame jugular, uma passagem para a veia jugular. °Osso occiptal Forma a parte posterior e a maior parte da base do crânio também mostra o occipital e as estruturas circunjacentes na vista inferior do crânio. O forame magno se encontra na região inferior do osso. O bulbo (parte inferior do encéfalo) se conecta à medula espinal dentro desse forame e as artérias espinais e vertebrais também passam por ele junto com o nervo acessório (XI) Osso Esfenoide Se encontra na parte média da base do crânio. Esse osso é chamado de pedra fundamental do assoalho do crânio porque se articula com todos os outros ossos do crânio, mantendo-os unidos. O esfenoide se articula anteriormente com os ossos frontal e etmoide, lateralmente com os temporais e posteriormente com o occipital. O esfenoide repousa posterior e discretamente acima da cavidade nasal e forma parte do assoalho, das paredes laterais e da parede posterior da órbita. Osso Etmoide É um osso delicado, de aparência esponjosa, localizado na parte anterior do assoalho do crânio, medialmente às órbitas. Situa-se anteriormente ao esfenoide e posteriormente aos ossos nasais. O etmoide forma °parte da porção anterior do assoalho craniano; °a parede medial das órbitas; ° a parte superior do septo nasal, que consiste em uma divisão que separa a cavidade nasal em lados direito e esquerdo; e ° a maior parte das paredes laterais superiores da cavidade nasal. O etmoide constitui uma grande extensão da cavidade nasal, sendo sua principal estrutura superior de suporte. Além de proteger o encéfalo, os ossos do crânio estabilizam o posicionamento do encéfalo, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos por meio da fixação de suas superfícies internas às meninges. As superfícies externas dos ossos do crânio oferecem grandes áreas de inserção de músculos que movimentam várias partes da cabeça. Os ossos também fornecem pontos de fixação para alguns músculos que produzem expressões faciais como franzir a testa . Os ossos da face formam o seu arcabouço, fornecendo o suporte para as entradas dos sistemas respiratório e digestório.Juntos, os ossos do crânio e da face protegem e suportam os delicados órgãos especiais dos sentidos da visão, paladar, olfato, audição e equilíbrio Meninges São membranas conjuntivas que envolvem o sistema nervoso central e que são classicamente três: dura-máter (paquimeninge), aracnoide e pia-máter (o conjunto das duas: leptomeninge). O conhecimento da estrutura e da disposição das meninges é importante não só para a compreensão de seu importante papel de proteção dos centros nervosos, mas também porque elas são frequentemente acometidas por processos patológicos, como infecções (meningites) ou tumores (meningiomas). Dura-máter É a mais superficial das meninges, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. A dura-máter do encéfalo é formada por dois folhetos justapostos, externo e interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto externo se adere intimamente com os ossos do crânio. O fato de este folheto externo não apresentar capacidade osteogênica, faz com que a consolidação de fraturas no crânio seja dificultosa. Entretanto, esse fato é vantajoso para que nesses casos de fratura, não ocorra a formação de calos ósseos, como o que ocorre em todos os demais ossos do corpo, evitando assim maiores irritações do tecido nervoso. Ao contrário das outras meninges, a dura- máter é amplamente inervada, sendo responsável por toda a sensibilidade intracraniana (estando relacionada, então, com a maioria das dores de cabeça). ARACNOIDE A aracnoide é uma membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo pequena quantidade de líquido necessário à lubrificação das superfícies de contato das duas membranas. Ela está separada da pia-máter pelo espaço subaracnoideo, que contém o líquido cérebro-espinhal, ou líquor, havendo ampla comunicação entre o espaço subaracnoideo do encéfalo e da medula. As trabéculas aracnoideas são delicadas projeções de aracnoide que se ligam aos seios venosos e são responsáveis pela drenagem do líquor. A distância formada entre a aracnoide e a pia-máter quando esta se relaciona com o tecido nervoso pare recobrir os giros e sulcos forma áreas dilatadas denominados de cisternas aracnoideas, que contém grande quantidade de líquor. PIA-MÁTER É a mais interna das meninges, aderindo-se intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanham, descendo até o fundo dos sulcos cerebrais. A pia- máter fornece resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso, a partir do espaço subaracnoideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares, apresentando papel importante no amortecimento da pulsação das artérias sobre o tecido nervoso circunvizinho. LÍQUOR O líquor ou líquido cérebro-espinhal (LCE) é um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo e as cavidades ventriculares. Apresenta como função primordial a proteção mecânica do sistema nervoso central, formando um verdadeiro coxim líquido entre este e o estojo ósseo. O estudo do LCE é especialmente valioso para diagnóstico dos diversos tipos de meningites. Algumas propriedades físico-químicas do líquor normal variam conforme o local de obtenção da amostra estudada, sendo ainda bastante diferente no recém-nascido. O líquor normal do adulto é límpido e incolor, apresenta de zero a quatro leucócitos por mm³ e uma pressão de 5 a 20cm de H2O, obtida na região lombar com paciente em decúbito lateral. O LCE é produzido pelos plexos corioides. Ele é ativamente secretado pelo epitélio ependimário destes plexos e sua composição é determinada por mecanismos de transporte específicos. Sua formação envolve transporte ativo de Na+ e Cl-, através das células ependimárias dos plexos corioides, acompanhado de certa quantidade de água necessária para a manutenção do equilíbrio osmótico. O volume total de líquor circulante é de 100 a 150cm³, renovando-se completamente a cada oito horas. Os ventrículos laterais produzem a maior quantidade de LCE, embora todos os demais apresentem formação do mesmo. O LCE passa para o III ventrículo por meio dos forames interventriculares, escorrendo pelo sulco hipotalâmico até alcançar o aqueduto cerebral para chegar ao IV ventrículo. Através das aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, o líquor formado no interior dos ventrículos ganha o espaço subaracnoideo, sendo reabsorvido no sangue principalmente através das granulações aracnoideas que se projetam no interior dos seios da dura-máter. A circulação do líquor é extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida, a produção do líquor em uma extremidade e a sua absorção em outra já são suficientes para causar sua movimentação. Outro fator é a pulsação das artérias intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão líquorica, possivelmente contribuindo para empurrar o líquor através das granulações aracnoideas. COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral, também chamada de espinha ou coluna espinal, constitui cerca de 2/5 da altura total e é composta por uma série de ossos chamados vértebras. A coluna vertebral, o esterno e as costelas formam o esqueleto do tronco do corpo. A coluna vertebral é composta de osso e tecido conjuntivo; a medula espinal que ela encerra e protege consiste em tecido nervoso e conjuntivo. Com aproximadamente 71 cm no homem adulto médio e cerca de 61 cm na mulher adulta média, a coluna vertebral atua como uma forte haste flexível com elementos que podem promover movimentos em direção anterior, posterior, lateral e ainda de rotação. Além de encerrar e proteger a medula espinal, a coluna vertebral sustenta a cabeça e serve de ponto de fixação para as costelas, o cíngulo dos membros inferiores e músculos do dorso e membros superiores. O número total de vértebras durante o desenvolvimento inicial é de 33. Conforme a criança vai crescendo, várias vértebras nas regiões sacral e coccígea se fundem. Em consequência disso, a coluna vertebral adulta normalmente possui 26 vértebras, distribuídas da seguinte maneira: °7 vértebras cervicais na região do pescoço °12 vértebras torácicas posteriores à cavidade torácica ° 5 vértebras lombares que sustentam a parte inferior da coluna ° 1 sacro que consiste em 5 vértebras sacrais fundidas ° 1 cóccix que, em geral, é composto por 4 vértebras coccígeas fundidas. As vértebras cervicais, torácicas e lombares são móveis, mas as sacrais e o coccígeas, não. Explicar o processo de sinaptogênese Ao nascimento praticamente toda a estrutura do nosso encéfalo esta formada. O que muda então com os primeiros anos de vida para determinar todo o novo modo em que o ser em desenvolvimento percebe o mundo? Um aspecto importante é a sinaptogênese. Esta começa na 27a semana embrionária, porém só atinge seu pico durante os primeiros 15 meses de vida. Ela começa primeiramente nas camadas mais profundas, seguindo o mesmo padrão de crescimento neuronal. Ao mesmo tempo em que ocorre a sinaptogênese, os neurônios vão aumentando o tamanho de suas árvores dendríticas, o tamanho de seus axônios e sofrendo mielinização. Seguido este período de sinaptogênese, ocorre a poda sináptica, que seria a destruição de diversas sinapses_ uma regulação fina do sistema nervoso que exclui sistemas redundantes. Þ Esse processo de criação e destruição de sinapses parece ocorrer em tempos diferentes para áreas diferentes do cérebro humano. As sinapses da região temporal superior (córtex auditivo) têm seu pico mais cedo, por volta de 3 meses de idade pós-natal, enquanto que a sinaptogênese do córtex de associação frontal chega ao pico nos 15 meses de idade. Isto sugere que em humanos a sinaptogêne e a poda ocorrem primeiramenteno córtex sensorial e motor e posteriormente no córtex associativo. Estudos de neuroimagem funcional (uso de glicose marcada em diferentes áreas cerebrais) revelam que, em recémnascidos, o metabolismo da glicose está aumentado em áreas corticais e motoras, no hipocampo e em áreas subcorticais, como tálamo, tronco encefálico e vermis cerebelar. Com 2 a 3 meses de idade, mais glicose é usada nos córtices parietal, temporal e visual primário, assim como nos núcleos da base e nos hemisférios cerebelares. Aos 6-12 meses de idade, o consumo de glicose aumenta no córtex frontal. No decorrer do desenvolvimento, o nível total de glicose utilizada no cérebro vai gradativamente aumentando, alcançando um pico por volta dos 4 anos, que se mantém num platô até os 10 anos, quando então começa a diminuir até chegar ao nível dos adultos em torno dos 16 -18 anos. Concluímos através destes dados que as áreas de associação demoram mais para se desenvolver do que estruturas corticais e subcorticais motoras e sensitivas. O grande aumento de volume do encéfalo nos primeiros anos de vida reflete principalmente a proliferação das células gliais e da mielinização dos axônios. O volume da substancia cinzenta varia durante o crescimento em tempos diferentes para cada área do córtex. A experiência tem algum papel no desenvolvimento cerebral? Experimentos com ratos nos mostram que aqueles submetidos a atividades motoras produzem mais células gliais, e ratos que vivem em ambientes que favorecem o aprendizado apresentam mais ramificações dendríticas. Da mesma forma, os estímulos sensoriais e a atividade neuronal podem ser necessários para a poda (eliminação sináptica). Plasticidade: Durante o desenvolvimento embrionário o sistema nervoso apresenta-se de certa forma bem plástico em contraste com a rigidez de plasticidade do adulto. Esta plasticidade pós- natal é limitada, pois as células não são livres para migrar para varias áreas, porem em períodos denominados sensíveis uma plasticidade local pode ocorrer quando influencias extrínsecas podem alterar a organização cerebral.