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23
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PEDAGOGIA
JACKELLYNE DOS SANTOS JUNGER DA COSTA
OS DESAFIOS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
SÃO PEDRO DA ALDEIA
2017
JACKELLYNE DOS SANTOS JUNGER DA COSTA
OS DESAFIOS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto de Pesquisa apresentado como exigência da disciplina TCC em Pedagogia
 Orientador: Ana Claudia P. de Oliveira
SÃO PEDRO DA ALDEIA
2017
 “A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática”
Paulo Freire
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, sem Ele não teria força e capacidade para concluir este curso, a minha filha Rafaella e ao meu esposo Alex, que apoiou e me incentivou nos momentos que pensei em desistir.
Aos meus pais Regina Célia e Dejair, e as minhas amigas do grupo de Pedagogia EAD que me ajudaram muito, agradeço pela compreensão e apoio recebido, sem os quais não seguiria firme em meus propósitos.
Agradeço a minha orientadora Ana Claúdia Parga de Oliveira por gentilmente ter me ajudado e me guiado no decorrer deste trabalho, a todos os professores e funcionários da Estácio de Sá, pelo respeito, atenção e dedicação prestada em todo o período do curso na instituição.
E a todos que me apoiaram em todo o percorrer do meu caminho.
Agradeço a Deus por mais está vitória!
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................7
1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA............................................................8
1.2. QUESTÕES NORTEADORAS .........................................................9
1.3. OBJETIVOS......................................................................................9
1.4. JUSTIFICATIVA ...............................................................................10
1.5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................................10
2. ALFABETIZAR E LETRAR: UMA PROPOSTA DE ORDEM POLITICA...............................................................................................11
3. DESAFIOS DA ARTICULAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA......................15
4. APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS..............................19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................22
6. REFERÊNCIA.........................................................................................23
RESUMO
A dificuldade de aprendizagem encontrada dentro da sala de aula não atinge só as crianças, mas também aos professores, assim sentindo dificuldade de ensinar, atingindo toda camada popular que frequenta a escola pública, a pesquisa apresentada é uma análise da dificuldade da aprendizagem de alfabetização e letramento, investigando as possíveis causas da dificuldade da aprendizagem dos alunos do 1° ano do ensino fundamental. O estudo pautará na abordagem exploratório, cunho bibliográfico, na realização de observação e entrevista com professores e alunos da Escola Municipal Antônio Vaz da Silva, localizada no município de São Pedro da Aldeia, RJ.
Para fundamentar a pesquisa tomaremos as contribuições de Paulo Freire e Ceris Ribas.
Palavras-chaves: Alfabetização e Letramento 
INTRODUÇÃO 
 	A alfabetização não é simples o educador precisa- se saber o momento certo para articular leitura e produção de texto e fazer as intervenções adequadas para o aluno avançar. Ser alfabetizado é muito mais do que dominar apenas os rudimentos da leitura e escrita, mesmo sendo capaz de ler e escrever todas as palavras. A pessoa alfabetizada é aquela capaz de ler e escrever em diferentes situações sociais de tal forma que isso lhe permita inserir-se e participar ativamente de um mundo letrado, enfrentando os desafios e demandas sociais. 
	A partir desses pressupostos, evidencia-se que o papel do professor alfabetizador é central, não cabendo confundi-lo com alguém que na sala de aula reproduzira métodos e técnicas. O professor alfabetizador deve ter um bom planejamento e ser tratado como um profissional em constante e formação, não só na área da linguagem, mas em todas que façam parte do ciclo de alfabetização.
	Segundo Ribas da Silva (2010, p. 42), o procedimento no trabalho dia a dia da sala de aula, definir quais são os conteúdos a serem ensinados e de que forma eles devem ser organizados por meio de atividades, definir as formas de realização das atividades; definir as formas de relação de atividades pelos alunos; definir as relações entre professor e aluno para a organização do planejamento cotidiano que tem como foco a seleção dos conteúdos da alfabetização e sua organização por meio de atividades, ou seja, como foco a tipologia das atividades, a descrição dos tipos de atividades necessárias para o desenvolvimento de um ensino que possibilite a aquisição pelas crianças das habilidades de leitura e escrita.
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
 Acreditamos que há duas razões que justifiquem o exame teórico dos conceitos da alfabetização e letramento. A primeira delas é que uma adequada reflexão sobre diretrizes e metodológicas, bem como uma consciente tomada de decisões, em sala de aula, que pressupõe, dentre outros fatores, o conhecimento dos fundamentos teóricos que deram origem a essa diretrizes metodológicas, que podem dar base a decisões em sala de aula, que podem justificar direções seguidas. Em outras palavras: metodologia e teoria são duas faces de uma mesma moeda e são, por isso, inseparáveis. Não é possível atuar, com autonomia, em sala de aula, sem o conhecimento do objeto que se deseja ensinar e de cuja natureza e características decorrem, em larga medida, a utilização e, por que não, a criação de princípios, diretrizes e procedimentos metodológicos. Assim, conhecimentos da natureza teórica é um elemento importante para a construção de uma autônoma de qualquer professor e, por isso, devem integrar a formação. A segunda razão esta relacionada ao desenvolvimento, posterior, de formação continuada ou permanente, na área de alfabetização. Habitualmente, parte importante do material, livros, artigos e revistas acadêmicos que podem auxiliar nessa tarefa de permanente formação são poucos acessíveis se não dominar algumas das referencias teóricas que orientam a produção a produção desses trabalhos ou se não conhecer as relações que se estabelecem entre eles. As questões acima nos mobilizam a realizar esta investigação, cujo problema principal constitui-se sobre: Quais os Desafios da alfabetização e letramento na educação infantil? 
1.2 QUESTÕES NORTEADORAS 
· Como fazer para amenizar a situação do processo de ensino e aprendizagem?
· O que mais interessa as crianças na hora de ser alfabetizada? 
· Como trazer para sala de aula diversificações onde possam motivar a leitura e a escrita?
· Quais as dificuldades que o professor encontra para alfabetizar e letrar a turma? 
1.3 OBJETIVOS
 1.3.1 Objetivo Geral 
 O objetivo desta pesquisa consiste em investigar como os professores de educação infantil compreendem as orientações teóricas e metodológicas fornecidas pela produção bibliográfica, e o planejamento, voltada para esse nível de ensino sobre os processos de alfabetização e letramento.
1.3.2 Objetivos Específicos 
· Descrever como o planejamento pedagógico é pensado pelos professores em relação à alfabetização 
· Discutir onde há o lúdico na hora da alfabetização e letramento;
· Apontar as dificuldades encontradas pelas crianças, e o que as motiva ao longo do processo de alfabetização 
1.4 JUSTIFICATIVA 
A escolha do tema se justifica considerando a necessidade de investigar se há o envolvimento de todos os seguimentos como professores, funcionários, comunidade, alunos, responsáveis, nas práticas pedagógicas da escola.
O tema está relacionado às questões levantadas, sobre as práticas utilizadas na escola, com a participação da sociedade para a transformação, paraconstrução de cidadãos críticos e comprometidos com a educação.
Considera-se que o estudo a se realizar poderá servir de base para futuras pesquisas, tendo em vista a pouca utilização do tipo de gestão analisada e a necessidade de implantação de políticas públicas voltadas para a capacitação de gestores sobre o tipo e características da gestão escolar.
“É imprescindível, portanto que a escola instigue constantemente a curiosidade do educando em vez de “amaciá-la” ou domesticá-la”. É preciso mostrar ao educando que o uso ingênuo da curiosidade altera a sua capacidade de achar e obstaculiza a exatidão do achado. É preciso por outro lado e, sobretudo, que o educando vá assumindo o papel de sujeito da produção de sua inteligência do mundo e não apenas o de recebedor da que lhe seja transferida pelo professor. (FREIRE, 1996, p. 46)
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
O tipo de pesquisa que foi adotado é exploratória, pois tem como objetivo tornar mais explícito o problema, aprofundar as ideias sobre o objetivo de estudo, com a escolha de uma escola, fazendo entrevista com alguns professores, buscando saber um pouco das necessidades e dificuldades que se tem no dia a dia em sala de aula.
 	A pesquisa bibliográfica também foi utilizada pela necessidade da fundamentação em livros e artigos científicos de autores sobre o assunto pertinente.
 
2. ALFABETIZAR E LETRAR: UMA PROPOSTA DE ORDEM POLITICA
Em uma conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990), alfabetização passa a ser “entendida como instrumento eficaz para a aprendizagem, para o acesso e para a elaboração da informação, para a criação de novos conhecimentos e para a participação na própria cultura e na cultura mundial nascente”. 
 Se tomarmos como ponto de partida essa definição, constatamos que nela está explícita a ideia de que a aprendizagem da leitura e da escrita se torna um instrumento que permitirá o individuo ter acesso à informação e criar novos conhecimentos. A escrita, comparável a um instrumento, é vista como capaz de permitir a entrada do aprendiz no mundo da informação, seja possibilitando o acesso aos conhecimentos histórica e socialmente produzidos, seja criando condições diferenciadas para a produção de novos conhecimentos. Embora possamos considerar esse aspecto da escrita devemos indagar: seria a escrita apenas um instrumental tecnológico para o acesso do conhecimento?
Podemos considerar o que Soares (2006) e Freire (1991) discutem sobre alfabetização e letramento. Soares afirma que, para entrar e viver nesse mundo do conhecimento, o aprendiz necessita de dois passaportes: o domínio da tecnologia de escrita (o sistema alfabético e ortográfico), que se obtém por meio do processo de alfabetização, e o domínio de competências de uso dessa tecnologia (saber ler e escrever em diferentes situações e contextos), que se obtém por meio do processo de letramento. 
Sobre esse respeito, Freire (1991) afirma: “Não basta saber ler, é preciso compreender qual a posição que cada um ocupa no seu contexto social”, dessa forma, Freire chama a nossa atenção para o fato de que não basta simplesmente dominar a escrita como um instrumento tecnológico, é preciso considerar as possíveis consequências políticas da inserção do aprendiz no mundo da escrita, essa inserção favoreceria uma leitura critica das relações sociais e econômicas (re)produzidas em nossa sociedade, assim é importante que o professor, consciente de que o acesso ao mundo da escrita é em grande parte responsabilidade da escola, conceba a alfabetização e o letramento como fenômenos complexos e perceba que são múltiplas as possibilidades de uso da leitura e da escrita na sociedade. 
 Assim as praticas em sala de aula devem estar orientadas de modo que se promova a alfabetização na perspectiva do letramento e que proporcione a construção de habilidades para exercícios efetivo e competente da tecnologia da escrita. 
A alfabetização não é apenas uma atividade cognitiva, mas uma atividade discursiva que implica a elaboração conceitual da palavra, a criança aprende a ouvir, a entender o outro pela leitura e aprende a falar pela escrita Smolka (2012)
Os pais educadores esperam que as crianças iniciem o processo de alfabetização e chegam ao final desta etapa lendo e escrevendo, sendo que a leitura e escrita são duas práticas sociais básicas em todas as sociedades. ZILBERMAN (2002, p. 39) diz que “a alfabetização não é apenas uma habilidade de ler e escrever, mas uma habilidade que recebe irrestrita aprovação social”.
Sabemos que nem todos os alunos conseguem obter êxito no processo de alfabetização, ou seja cada ser é único e possui uma história e experiências diferenciadas. De acordo com Gomes e Sena (2006) a escola para as crianças das camadas populares é o único espaço possível para aprendizagem da leitura e escrita.
Para Ferreira (2010) o mais importante do que perguntar como se deve ensinar a escrever, é perguntar como aprende. A autora salienta que o mais importante é ensinar às crianças a linguagem escrita e não a reprodução das letras.
[...] implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos - para informar ou informar-se, para interagir com os outros, para emergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se, para orientar-se, para apoio à memória, para catar-se...: habilidades de interpretar e produzir diferentes tipos e gêneros de textos; habilidades de orientar-se pelos protocolos de leitura que marcam o texto ou de lançar mão desses protocolos, ao escrever: atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e informações e conhecimentos, escrevendo ou lendo de forma diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos, o interlocutor [...]. (SOARES, 2001, p.92)
Trabalhar considerando múltiplos usos e funções da escrita na sociedade potencializa as possibilidades de refletir criticamente sobre as relações que se estabelecem entre as pessoas em nossa sociedade. 
Ao interpretar e produzir textos escritos em diferentes gêneros, o aprendiz é levado a se indagar sobre quem escreve e em que situação escreve; o que se escreve; a quem o texto se dirige e com que intenções; quais os efeitos que o texto procura produzir no leitor. 
Essas indagações favorecem a compreensão de como as relações sociais são representadas e constituídas na e por meio da escrita.
Dessa forma, tais questionamentos possibilitam a ampliação de nossa compreensão do mundo das relações políticas, econômicas e sociais, para as quais nos chamava a atenção “Paulo Freire”. 
Trabalhar a alfabetização na perspectiva do letramento é, portanto, uma opção política. Acreditar que é possível alfabetizar letrando é um aspecto a ser refletido, pois não basta compreender a alfabetização apenas como a aquisição de uma tecnologia. 
O ato de ensinar a ler e a escrever, mais do que possibilitar o simples domínio de uma tecnologia, criar condições para a inserção do sujeito em práticas sociais de consumo e produção de conhecimento e em diferentes instâncias sociais e políticas, e assim ciente da complexidade do ato de alfabetizar e letrar, o professor é desafiado a assumir uma postura política que envolve o conhecimento e o domínio do que vai ensinar. 
No entanto ninguém aprende sozinho. O ato de aprender pressupõe a relação com seres humanos, desse modo a aprendizagem efetiva não tanto pelos conteúdos transmitidos, mas pela forma de mediação que se estabelece entre o outro. Para Libânio (1998) o professor deve mediar à relação ativa do aluno com os conteúdos, considerando os conhecimentos, experiências e significados que o aluno trazem a sala de aula.
Segundo Gomes e Sena (2010) grande parte das dificuldades de aprendizagem dos alunos que fracassam no processo de alfabetização não se devem a problemas pessoais, mas a um conjunto de condições socioculturais e sobre tudo escolares que dificultam sua inserção nos processo de aprendizagem.
“A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesade seus direitos em face da autoridade dos pais, do professor, do Estado. É claro que, nem sempre, a liberdade do adolescente faz melhor decisão com relação a seu amanhã. É indispensável que os pais tornem parte das discussões com os filhos em torno desse amanhã. Não podem nem devem omitir-se, mas precisam saber e assumir que o futuro é de seus filhos e não seu. É preferível, para eu reforçar o direito que tem a liberdade de decidir, mesmo corendo o risco de não acertar, a seguir a decisão dos pais. E é decidindo que se aprende a decidir.” (FREIRE, 1996, p. 39)
Entretanto, essa escola para o povo é, ainda, extremamente insatisfatória, do ponto de vista quantitativo e, sobretudo, qualitativo. Não estamos longe de ter escolas para todos, como também a escola que temos é antes contra o povo que para o povo: o fracasso escolar dos alunos pertencentes às camadas populares, comprovado pelos altos índices de repetência e evasão, mostra que, se vem ocorrendo uma progressiva democratização do acesso à escola, não tem igualmente ocorrido a democratização da escola. Nossa escola tem-se mostrado incompetente para a educação das camadas populares, e essa incompetência, gerando o fracasso escolar, tem tido o grave efeito não só de acentuar as desigualdades sociais, mas, sobretudo, de legitimá-las. 
Grande parte da responsabilidade por essa incompetência deve ser atribuída a problemas de linguagem: o conflito entre a linguagem de uma escola fundamentalmente a serviço das classes privilegiadas, cujos padrões linguísticos usa e quer usados, e a linguagem das camadas populares, que essa escola censura e estigmatiza, é uma das camadas principais causas do fracasso dos alunos pertencentes a essas camadas, na aquisição do saber escolar 
...E esse conflito só pode ser compreendido numa perspectiva social: é a Sociologia que, analisando as relações de força materiais e simbólicas determinantes de uma sociedade estratificada em classes, desvenda os pressupostos ideológicos do fracasso das camadas populares na escola, que é, na verdade, um fracasso da escola; é a Sociologia da linguagem que, interpretando as condições sociais da comunicação, explica as relações de força linguísticas que atuam na sociedade e, consequentemente, na escola... ( SOARES, 2000, p. 6) 
3. DESAFIOS DA ARTICULAÇÃO: TEORIA E PRATICA
Cada vez mais, o termo letramento tem sido usado de maneira corrente no interior da escola, de outro essa palavra ainda suscita duvidas, prova disto é a distancia entre o discurso e a prática pedagógica docente nos têm revelado que são muitas as duvidas dos professores que lidam cotidianamente com o trabalho de alfabetizar e letrar. 
Profissionais que estão iniciando o seu percurso ou mesmo os que atuam há vários anos na alfabetização questionam se suas práticas condizem com as novas teorias e concepções de ensino e aprendizagem.
 Observamos que as angústias desses profissionais revelam o medo de que suas práticas sejam consideradas “ultrapassadas ou tradicionais”, não é raro observarmos professores que consideram necessária a interação com diferentes gêneros textuais na formação do leitor/escritor competente, mas que, na sala de aula recorrem basicamente a pseudotextos no trabalho de alfabetização. 
Muitos professores ainda acreditam que somente após o processo de alfabetização é que deve ser iniciado o processo de letramento, ou seja, que para se tornar letrado, é preciso, primeiramente, adquirir a tecnologia da escrita, já em outros casos observa-se o contrario professores privilegiam a interação com textos, entretanto, não dão atenção aos aspectos específicos da alfabetização, o que compromete seriamente o processo de aquisição das habilidades de ler e escrever.
Daí a importância de se perceber a sala de aula como um espaço que possa promover tanto o domínio de capacidades especificas da alfabetização, quanto o domínio de conhecimentos e atitudes fundamentais envolvidos nos diversos usos sociais da leitura escrita, para que isso ocorra, é preciso o conhecimento da teoria relativa a esses domínios e sua articulação da pratica de ensino. Revejo-as e revejo procedimentos e estratégias na realidade do dia a dia, que não é estática e dada: é criada, numa aprendizagem recíproca, pelos participantes do processo – professor e alunos.
É preciso que haja um equilíbrio entre ambos, e estabelecer esse equilíbrio tem sido grande desafio, tanto para os acadêmicos quanto para os professores que atuam nas turmas de alfabetização, e esse equilíbrio poderá ser alcançado, para alem do discurso-denúncia, tão presente nas pesquisas sobre alfabetização no Brasil.
Uma melhor compreensão dos limites e possibilidades dos processos escolares de alfabetização e letramento e a construção de alternativas pedagógicas que possam superar esses limites serão decorrentes desse diálogo, logo buscando superar a perspectiva da denúncia daquilo que não funciona no processo de ensino da alfabetização em sala de aula, refletimos sobre alguns impasses e dificuldades que os professores têm encontrado no processo de alfabetizar. 
Assim todos nós temos um referencial teórico que orienta o trabalho de alfabetizar e que vamos vai sendo modificado à medida que vamos incorporando novos conhecimentos a esse referencial por meio da interação com os colegas de trabalho, alunos em sala de aula e em cursos de formação e aperfeiçoamento, por isso podemos afirmar que também nossas práticas vão sendo alteradas em função dessas vivências e de novas compreensões sobre o que é, como e por que alfabetizar.
A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática, ativismo. O que me interessa afora, repito, é alinhar e discutir alguns saberes fundamentais a prática educativo-crítica ou progressista e que, por isso mesmo, devem ser conteúdos obrigatórios à organização programática da formação docente. Conteúdos cuja compreensão, tão clara e tão lúcida quanto possível, deve ser elaborada na prática formadora, é preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de não ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou sua construção. (FREIRE, 1996, p. 12)
Nesse processo, o medo de ser rotulado como “tradicional” tem levado o professor a mudar o seu foco de atenção: cria-se a ideia de que certos conteúdos e instrumentos devem ser abolidos do processo de alfabetização. Essas questões revelam as preocupações e os desafios com que se deparam os professores em um contexto de inovações conceituais e práticas.
É importante que o aluno seja capaz não apenas identificar as letras do alfabeto, mas também de memorizá-las e compreender os seus usos e funções na nossa sociedade. Não é raro encontrarmos pessoas que sabem “recitar” perfeitamente todas as letras do alfabeto na ordem correta, mas que não são capazes de preencher os dados numa agenda, localizar informações em catálogos telefônicos ou encontrar um verbete num dicionário, ações que demandam habilidades que ultrapassam a simples memorização da ordem alfabética. 
Para dar sentido à memorização da ordem alfabética, o professor deverá incentivar a aprendizagem do alfabeto juntamente com seus usos sociais, podendo se incentivados a criar a sua própria agenda pessoal, e a dos seus colegas e a fazer uso dos dicionários e do catalogo telefônico.
Vale mencionar que essas atividades também podem favorecer o desenvolvimento da consciência fonêmica, ao levar o aluno a perceber a relação dos fonemas com grafemas que os representam, percepção que ocorre na consulta ao dicionário.
Em síntese: uma teoria coerente da alfabetização deverá basear-se em um conceito desse processo suficientemente abrangente para incluir a abordagem “mecânica” do ler/escrever, o enfoque da língua escrita como um meio de expressão/compreensão, com especificidade e autonomiaem relação à língua oral, e, ainda, os determinantes sociais das funções e fins da aprendizagem da língua escrita. (SOARES, 2003, p. 18) 
Para uma criança aprender também é necessário que respeitem alguns princípios como; o desenvolvimento motor, perceptivo, cognitivo e outros, Piaget afirma isso ao acreditar em estágios de maturação da criança. Segundo Zilberman (2002) a escola deveria respeitar os estágios de maturação também no desenvolvimento da capacidade de ler e escrever, de acordo com a autora, esperar da criança um comportamento de adulto letrado pode ser um dos fatores que bloqueiam a aprendizagem.
O professor alfabetizador deve estar preparado para lidar com as dificuldades dos educandos, pois o acesso a leitura e escrita é um direito, e qualquer criança independente de sua realidade econômica, física, social e psicológica devem estar incluídas no processo de alfabetização, para Zilberman (2002) o acesso a leitura e escrita é intrinsecamente bom, sendo que traz benefícios ao individuo e a sociedade.
Muitas das vezes os professores têm uma imagem empobrecida do processo de alfabetização, e concebe a criança como um ser passivo, Ferreiro (2010) afirma que os educadores reduzem a criança a um par de olhos, um par de ouvidos e uma mão. Sabemos que práticas pedagógicas desenvolvidas nesse sentido podem prejudicar, e desenvolver nos alunos sentimentos de frustração e inferioridade, sendo que o aspecto afetivo e emocional é essencial para o desenvolvimento da aprendizagem.
A prática de ensino é uma ação intencional, que procura atingir determinados fins e, para ser realizada, apoia-se em conhecimento sobre como funciona a realidade da sala de aula, nos conteúdos a serem ensinados, e no perfil dos alunos que são objetos desse ensino.
Embora muitos desses profissionais reconheçam como funciona a realidade das turmas de alfabetização, as situações vividas quando professor ensina a ler e escrever são singulares, não se repetem e muitas vezes são imprevisíveis. Por isso, o professor precisa atuar como agente desse processo, definindo as diretrizes do seu trabalho, sabendo conduzi-las e adequá-las às condições da realidade concreta.
A aprendizagem da linguagem escrita envolve conteúdos e capacidades, como: i) a compreensão e valorização da cultura escrita, que objetiva possibilitar aos alunos a compreensão dos usos sociais da escrita e gerar a necessidade de práticas de leitura e escrita; ii) a apropriação do sistema de escrita, que envolve a compreensão das regras que orientam a leitura e a escrita no sistema alfabético, bem como ortografia da língua portuguesa; iii) a leitura abrange desde as capacidades necessárias ao processo de alfabetização até aquelas que habilitam o aluno a participação ativa nas práticas sociais letradas; iv) a produção de textos escritos, que envolve as capacidades necessárias ao domínio da escrita, considerando desde as primeiras formas de registro alfabético e ortográfico até a produção autônoma de textos;v) o desenvolvimento da língua oral (oralidade) dos alunos com objetivo de desenvolver formas de participação consideradas adequadas para diferentes espaços sociais. (Coleção Instrumentos da Alfabetização, Ceale, p. 37, 2005).
Quando analisamos esses tipos de condutas, que fazem parte do cotidiano de trabalho de muitas escolas, e avaliamos suas implicações na prática de ensino da língua escrita, compreendemos que as questões que envolvem o fracasso na alfabetização das crianças passam, entre outros aspectos, pela reflexão sobre a organização das atividades de sala de aula. 
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O dia a dia em sala de aula foi me mostrando que a linguagem, trabalhada no âmbito da alfabetização e letramento, antes de ser usada somente para a comunicação, é parte importante da elaboração do conhecimento; antes de ser mensagem, contribui para a construção do pensamento do aluno; e antes de ser veículo de seus sentimentos, ideias, emoções, aspirações, a linguagem foi um processo criado por meio do qual as crianças organizavam e informavam suas experiências.
Enfim, a aprendizagem da linguagem escrita não foi somente um instrumento de inserção justa do aluno entre outros, foi também um instrumento da intervenção e da dialética entre professores e cada uma das crianças, entre elas e o mundo.
Colocando também em evidência outros suportes teóricos que se enraizaram e produziram frutos na pratica quando enxertados por outras teorias linguísticas, psicolinguísticas e sociolinguísticas.
· Foi explicitada a dialética própria na linguagem. Na oralidade das crianças nos seus atos de fala, nas interações com os companheiros e comigo, verificava-se o tempo todo a natureza social da enunciação e o fato de que através de enunciados concretos é que a escrita foi entrando na vida das crianças (Bakhtin, 1995 e 2003);
· Foi especialmente a principal teoria que fundamentou a escrita, vista como uma atividade social que, por sua complexidade, exigia uma prática relevante para a vida das crianças; prática significativa, para que elas compreendessem que a aquisição da escrita era apenas uma das aprendizagens necessárias para a socialização. Neste sentido, domínio do complexo sistema da escrita não era alcançado de maneira puramente mecânica e externa; ele foi o culminar na criança de um longo processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas (Vygotsky, 2001)
· A aquisição da escrita e da leitura sempre se deu em um contexto relacionado às experiências das crianças, que se viam como sujeitos de suas relações sociais e, portanto, sujeitos de sua relação de mundo. Os sujeitos, sendo históricos e inacabados, iam se constituindo nas relações sociais e culturais em meio ao processo interrelacionado de ensino/aprendizagem. Tal processo se manifestou em meus alunos por meio do dialogo, um dialogo consciente e critico com relação à realidade em que viviam (Freire 2001 e 2006).
Este capítulo tem como objetivo apresentar reflexões e buscar responder a alguns questionamentos – muito presentes nos cursos de formação de professores de formação docente, em seminários e encontros com professores alfabetizadores – sobre as relações entre o processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita, a alfabetização seus usos sociais e o letramento, no âmbito da sala de aula.
Tomar a temática da alfabetização – aqui definida como aprendizagem inicial da leitura e da escrita – para refletir não é recente. Pelo contrario, podemos afirmar que, para nós, no Brasil, essa reflexão está presente desde a criação das primeiras escolas. Entretanto, analisar a alfabetização e refletir sobre ela na perspectiva do letramento é recente no nosso País. É nesse contexto que surge questões como, por exemplo: Por que trabalhar a alfabetização e o letramento ao mesmo tempo, ou seja, por que alfabetizar letrando, como alfabetizar na perspectiva do letramento.
Assim deve ser realizada, por exemplo, juntamente com atividades que promova a observação sobre regularidades e irregularidades ortográficas, características do português. Observar a escrita de palavras e refletir sobre as relações entre os modos de falar e de escrever favorecendo a ampliação do conhecimento do aluno sobre o caráter representacional e arbitrário da escrita.
Sendo assim, fora desenvolvida uma pesquisa de observação em sala de aula em uma turma do 1º ano do ensino fundamental em uma escola da rede municipal de ensino, cujo onde os alunos estão sendo alfabetizados e letrados.
Nesta pesquisa foram aplicados os seguintes procedimentos:
1 Observar o processo de ensino e aprendizagem
 2 Entrevista co participantes da pesquisa por meio de registro escrito
Neste processo de observação foi analisada sobre diferentes momentos e espaços do cotidiano escolar, foi observado as práticas da professora em sala de aula, valorizando cada momento em sua rotina diária, e com suas colegas de classe durante o período de 2 meses, sendo cinco vezes por semana, com uma duração de duas horas por dia, totalizando 80 horasde observação.
Sendo que observando as disciplinas: português, matemática, artes, recreação, ciências. 
Esse tipo de pesquisa realizada foi exploratória, pois tendo como objetivo tornar mais explicito o problema de ensino e aprendizagem, aprofundar as ideias sobre o objetivo de estudo, fazendo entrevista com alguns professores, buscando saber um pouco das necessidades e dificuldades que se tem no dia a dia em sala de aula. 
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões em torno da alfabetização e do letramento não se configuram num modismo passageiro, e sim em importantes temáticas a serem debatidas e articuladas no trabalho em sala de aula. O modo como o professor conduz o seu trabalho é crucial para que a criança construa o conhecimento sobre o objeto escrito e adquira certas habilidades que lhe permitirão o uso efetivo do ler e do escrever em diferentes situações sociais. 
Conduzir o trabalho de alfabetização nas perspectivas do letramento, mais do que uma decisão individual, é uma opção política, uma vez que estamos inseridos num contexto social e cultural em que aprender a ler e a escrever é mais do que o simples domínio de uma tecnologia. São muitos os desafios a serem enfrentados no atual contexto educacional, em que muitos alunos passam pela escola sem encontrar condições efetivas de se tornarem leitores e produtores de texto competentes.
Independente das didáticas e metodologias a serem utilizadas ou defendidas por professores, pesquisadores, ou autores de livros de alfabetização, o que não podemos relegar a um segundo plano é que a alfabetização, na perspectiva do letramento, não é um mito, é uma realidade. Cabe às escolas e os professores alfabetizadores ter consciência da concepção sobre alfabetização/letramento a ser adotada, para que se torne mais claro quais procedimentos metodológicos deverão ser utilizados.
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