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CORAZZA, Sandra - Manual infame mas útil

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Manual infame... mas útil, para escrever 
uma boa proposta de tese ou dissertação 
Contém ainda: 1) duas pequenas pérolas para escrever o 
trabalho final e sobreviver às sessões de defesa; 2) uma 
receita inédita para realizar uma tese foucaultiana e, na 
medida do possível, manter a saúde física e mental, 
enquanto tudo isso se faz. 
Sandra Mara Corazza 
Professora Adjunta no Departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de 
Educação e do PPGE em Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul e 
mestre em Educação pela PUC/RS e doutora em Educação pela UFRGS. 
e-mail: sandracorazza@uol.com.br 
Todo mundo sabe o que é um manual. Quando abre um, sabe o 
conteúdo que vai encontrar, pois ele é sempre de... ou para.... Assim 
como sabe o tipo de escrita que ali foi cometida. Um manual não precisa 
e nem mesmo deve ser definido, explicado, contextualizado, senão deixa 
de ser manual e passa a ser um artigo, ensaio, epopeia, lírica ou tragédia. 
Deste, infame, só vou dizer uma coisa singela, pragmática, franca: ele 
nasceu por absoluta necessidade minha, como professora orientadora de 
dissertações e teses pós-estruturalistas, na área temática Pós-currícido, 
diferença e subjetivação de infantis da linha de pesquisa Filosofias da 
diferença e Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da 
UFRGS. Porque cansei de falar as mesmas coisas, em sessões individuais 
ou coletivas de orientação: coisas que eram repetidas porque o que as 
impulsionava também era recorrente. 
mailto:sandracorazza@uol.com.br
Thiago
Nota
BIANCHETTI, Lucídio; MACHADO, Ana. (Orgs.) A bússola do escrever: desafios e estratégias na orientação e escrita de teses e dissertações. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2012.
356 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
Você que começou a ler, de algum modo, está-se deixando implicar 
neste manual. Não vou dizer que lhe poderá ser útil, já que poderia 
configurar uma propaganda enganosa. Sua prática é que decidirá. Para 
mim e meus orientandos está sendo útil. Se for proveitoso para você: 
que bom! Agora, atenção! Preciso lhe fazer uma advertência, a mesma 
que fiz a meus orientandos: se você perceber, sentir, entender, intuir, 
sacar que as orientações contidas no manual funcionam para padronizar, 
engessar, burocratizar suas produções... Então, será preciso desconstruir, 
desfazer, corromper, tornar o manual mais infame e baixo, bárbaro e 
grotesco, ainda. Porque o que vale, o que mais importa é o que cada um 
pode criar de produtivo e plausível para a "sua" proposta, dissertação, 
tese. Como eu pude inventar - até aqui, e sempre provisoriamente -
isso, deste manual, que minha prática de pesquisadora e orientadora me 
possibilitou escrever, com todos os seus limites e também devires. 
I Esqueleto de u m a proposta 
Introdução 
- Apresentar brevemente a temática e a teorização, o solo teórico 
da Proposta. Pode-se também resumir algo da problematização e do novo 
objeto a ser por ela constituído. 
- No final desta seção, costuma-se realizar uma síntese de cada 
grande seção - evite a denominação "capítulo", que tem todo um formato 
específico, várias subdivisões, número extenso de páginas, etc. - , 
referindo o título e dizendo em que consiste, o que nela foi trabalhado. 
- Esta parte apresenta diversas possibilidades de montagem: desde 
as mais breves, mais "burocráticas" - tipo as dos artigos - , até as mais 
elaboradas, no sentido de já "analíticas". Pode ser dividida em subseções, 
se for esta a necessidade, no caso de existir material escrito sobrando. 
- Cuidado com as repetições! Não é distinto e, aliás, é muito chato, 
ler, no decorrer do texto, uma ou mais frases exatamente iguais às que já 
Manual infame... mas útil, para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
havíamos lido na Introdução. Seja criativo: mesmo que faltem ideias, 
não as repita do mesmo modo, encontre sinónimos, remonte as frases, 
varie os parágrafos. 
-Outra coisa: por amor de deus ou do diabo, tanto faz, invente um 
título bonito e adequado a seu trabalho. Não precisamos mais escrever 
os aborrecidos e indigentes "Introdução" ou "Apresentação", não é 
mesmo? 
Apresentação do objeto "bruto" 
- Aqui, importa dar a conhecer, ao leitor, o objeto de pesquisa "em 
estado bruto". 
- Apresentamos os "ditos e escritos" daquele objeto, daquele 
discurso, que sejam os das significações correntes, das ideias e 
sent imentos hegemónicos, dominantes , ace i tos sem qualquer 
questionamento sobre seu valor, importância, elevação, nobreza. 
- Apresentamos, também, as pesquisas já realizadas sobre tal 
objeto. Traçamos o mapa comum, que é, a princípio, o território de onde 
partimos para investigar o objeto. 
- Para isso, realizamos sínteses, resumos dos argumentos, 
indicamos o que se repete, isolamos o mais importante, que nos importa 
desconstruir, na posterior atividade de análise. 
- Recheamos tal apresentação com fragmentos discursivos, 
seguidos das devidas aspas e referências. 
- Fazemos tudo isto, com paciência, para poder ficar claro que 
nada disso queremos pensar e dizer. Fazemos o movimento de nos filiar 
e, ao mesmo tempo, aqui, começamos a preparar a nossa desfiliação dos 
sentidos e práticas correntes. 
/ - Importante: é preciso saber, nesta hora, que o objeto "bruto", 
que estamos dando a conhecer, pode ser objeto de muitos, que vivem 
358 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
numa determinada época, episteme, formação discursiva, sociedade, etc. 
Mas, que não é o "nosso" objeto, o objeto de nossa pesquisa pós-crítica. 
Porque, logo, logo, virá o "2 a objeto". 
'Problematização do "objeto de pesquisa" 
- De posse da teorização que escolhemos, e dos conceitos que aí 
- selecionamos, vamos, agora, "problematizar", isto é: fazer com o objeto 
bruto uma outra coisa. Vamos criar problemas, ali onde não existiam, 
onde nem se pensava que existissem. Ao menos, os que formos capazes 
de ver e formular. 
- Há, então, dois objetos de pesquisa: 1) o "bruto"., que é o de 
todos. Que todos, ou muitos, podem escolher para investigar, estudar, 
discutir, analisar; 2) e o "nosso objeto de pesquisa", que, afinal, é aquele 
que questionamos e desfiguramos, relemos e reescrevemos, desde a 
conceptualização escolhida. 
- Aqui, nesta seção, levantamos "talvez", "pode ser que...'": 
interrogamos, fazemos as perguntas de pesquisa, relativizamos os 
sentidos, suspeitamos das significações, desassossegamos o que parecia 
sossegado. 
- É assim que criamos o "nosso" objeto de pesquisa, o "verdadeiro" 
objeto que vamos investigar. 
- Exemplo. Se perguntarem: - Qual é o teu objeto de pesquisa? 
Rapidamente, respondemos: - A infância contemporânea. Não! Este é o 
objeto "bruto". O verdadeiro "objeto de pesquisa", a ser investigado é: -
O dispositivo poder-saber-subjetividade de infantilização, no sentido 
foucaultiano. Pois, então, estamos diante de um outro objeto, de nosso 
legítimo objeto de pesquisa, ao qual atribuímos outros sentidos, pela via 
dos conceitos escolhidos. Já não pode mais ser aquele outro objeto, não 
costurado com a teoria que escolhemos, mas com outras teorias, que não 
a nossa. 
Manual infame... mas útil. para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
"Re-visãov teórica 
359 
- A pergunta mais importante a ser feita, nesta parte, para que seja 
produtiva, e para que a Proposta fique coerente, redonda, é: - O que é 
que eu vou usar? . 
-Há vários níveis dessa escolha de uso: 1) da perspectiva teórica, 
como um todo; 2) do autor, ou autores; 3) da "fase" conceituai e 
metodológica de cada autor; 4) de conceitos específicos, dentro da 
produção ou daquela fase. 
- U m a das coisas mais lamentáveis quando analiso um.texto, para 
ir a uma Banca de Defesa, é me deparar com páginas e páginas de revisão 
teórica - na maioria das vezes, repetitiva, cansativa, mal escrita, 
incompleta - , e chegar ao fim da'Proposta, ou mesmo,da Dissertação/ 
Tese, e constatar que, daquilo tudo, a criatura usou muito pouco. 
- I s so é triste, porque fico pensando em todo aquele investimento, 
que poderia ter sidocanalizado para uma análise, em maior profundidade, 
das ferramentas conceituais a serem efetivamente usadas na analítica. 
- N ã o se tem, a cada Proposta, que partir, cada um, do marco zero. 
A produção do autor escolhido, na maioria das vezes, já foi - e muito 
bem - comentada, explicada, interpretada, discutida, por outros autores, 
geralmente bem mais competentes do que nós. Por que, então, não focar 
no que interessa para o nosso trabalho de pesquisa?. 
- É frequente, também, que a tal revisão teórica sofra um excesso 
tal, que acabe ocupando mais páginas do que o próprio trabalho com o 
objeto. 
- Se o gosto do candidato for este, o da revisão teórica,- ele pode 
pensar, então, em fazer um trabalho apenas conceituai - que, aliás, não é 
"apenas", porque é um trabalho complexo, que requer muito estudo e 
interlocução com .muitos autores. Se não for esse o gosto, e se quiser 
realizar uma pesquisa "operatória", é preciso modular, enfocar, restringir 
ao que interessa. 
360 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
- Quanto mais uma revisão teórica for interessada mais produtiva 
será! 
- Há casos, mais difíceis, em que não se quer escrever uma seção de 
revisão teórica. Tudo bem. Só que, nesta condição, a costura entre teoria e 
objeto deverá acontecer desde o início da Proposta. Para tal, é preciso 
bastante tempo de estudo da teoria, imitação - no bom sentido - de como 
o autor operou com os seus objetos, bastante interação com o bruto, e 
conhecimento do próprio objeto de pesquisa. Embora eu prefira tal tipo de 
eliminação da revisão teórica, reconheço que é mais difícil, especialmente 
para o tempo, cada vez mais exíguo, do Mestrado. A não ser que a pessoa 
venha estudando aquilo tudo há, no mínimo, uns 5, 6 anos. 
- Por último. Se optamos por realizar uma revisão teórica, por 
favor, que seja criativa, diferente, com ênfases originais, inesperadas. 
Não domestiquemos a produção do "pobre" autor, que, às vezes, levou 
uma vida inteira para estudar, pensar e escrever aquilo. Controlemos 
nosso excesso de academicismo, no mau sentido. 
- Mas, também há que se ter rigor, sempre. Nada de "vale tudo"! 
Nem de dar uma de "neófito"', que se julga um "génio" de compreensão 
relâmpago! » 
"Exercício" analítico 
t 
- Pensem comigo: - O que é, por definição, um "exercício 
analítico"? 
- Ora, do modo com vem sendo usado, é uma amostra, uma porção, 
uma parte da analítica a ser feita no trabalho final, que apresentamos à 
Banca Examinadora. 
- Isto implica quê? Na coisa mais difícil de todas, que é levantar, 
inventar, criar "unidades analíticas", que nos permitam olhar e dizer coisas 
diferentes das que são olhadas e vistas, com outros óculos e linguagem, 
sobre e acerca do objeto bruto. ' 
Manual infame... mas útil, para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
- Se vamos apresentar, no texto de nossa Proposta, um exercício 
analítico, já temos, evidentemente, que estar operando com nosso objeto. 
No mínimo, já temos que ter uma espécie de "mapa" das unidades que 
vamos usar. 
- Uma das coisas mais maravilhosas, para mim, na função do 
pesquisador é sua "arbitrariedade". Ele escolhe, desde o início. Ele tem 
de escolher: desde o bruto, a teoria, a porção da teoria, as unidades. 
Arbitrariedade que, como todas, não é tão arbitrária assim, pois há algo 
aí que não sabemos: por que escolho isto e não aquilo, por que isto ou 
aquilo também "me escolheu". E algo que é da ordem da responsabilidade 
ética de se ser um pesquisador/estudioso daquela teoria, autor, objeto 
bruto, etc. Ou seja, como pesquisadores, estabelecemos uma relação de 
pertencimento a uma cultura, formada pelos que já estudaram e usaram 
tal teorização, pelos que já pesquisaram, de outros modos, o objeto bruto, 
etc. Fazemos, também, uma inserção nossa no próprio campo da prática 
de pesquisa em Educação. E isto não é pouca "porcaria"! 
- Por isso, atenção! Em face dessa arbitrariedade, inerente à pesquisa, 
cada um precisa avaliar onde, em que porção do território, problemática, 
temática educacional, pode se autorizar a pesquisar. Onde pode se 
movimentar, com mais facilidade, buscar as obras mais significativas, 
trançar conceitos, ter insights e justificá-los, etc. Ou seja, em outras palavras: 
escolhe-se aquilo que, até chegar no Mestrado ou Doutorado, mais se 
estudou, viveu, preocupou, pensou, praticou. Pois não existe nenhum 
"superorientador", que possa guiar o tempo inteiro cada um e-todos es 
orientandos, na totalidade dos caminhos que ele precisa percorrer. Em 
outras palavras, ainda: não é aconselhável inventar "coisas totais", ou "de 
última hora", ou uma atividade de pesquisa que seja "inteiramente" nova. 
- Mas, voltando às benditas "unidades". Elas nascem, só podem 
nascer, como gosto de dizer, do encontro das duas rãzinhas que pulam 
da teoria e do objeto bruto - nem tão "bruto" assim, aliás, porque já lido 
e redito com os óculos teóricos. Tenho comprovado que as mais 
produtivas unidades são as geradas deste modo. Por um motivo bem 
362 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
simples: temos "munição" nas duas gavetas, na do objeto bruto e na 
gaveta teórica. 
- Quanto às "2 rãzinhas". Em verdade, as tais "rãzinhas", ao invés 
de duas, são três. Por um motivo cristalino: na criação das unidades 
analíticas, junto com a da teorização e com a que emerge do discurso 
que estamos estudando, "pula" também, e de modo às vezes decisivo, 
muito do que é nosso, do que trazemos, ensinamos, vivemos, gostamos, 
nos-apaixonamos. Por isto, esta terceira rãzinha eu a chamei de "rãzinha 
do gosto". Atentem para ela, porque é um pedacinho de nós, de nossa 
prática profissional, de nosso estilo de existência, de nosso modo de 
pensar, significar e viver 3 vida, enfim. 
- Retomando: somente se temos as unidades analíticas, na hora da 
Proposta, é que poderemos mostrar à Banca algo do que será mais e 
melhor trabalhado na Tese/Dissertação. 
- Caso contrário, não. Caso contrário, prefira apenas indicar o rol 
das possíveis unidades analíticas. Porque isto também é aceito: não 
desenvolver nenhum exercício analítico e apenas apresentar, referir as 
unidades, sob as quais se vai analisar o objeto pesquisado. Então, descreva 
tais unidades na "carta de intenções", que é também uma "carta de 
compromisso". 
Carta de "intenções/compromisso" 
- Esta costuma ser a parte final da Proposta, onde escrevemos o 
que vamos fazer. Diante de tudo o que foi escrito, daqui para a frente, 
com esses viáticos, vamos realizar tais e tais coisas, deste e daquele 
jeito. 
- Aqui são apresentados o "método", as "fontes", o apontamento 
de algumas unidades analíticas, que não foram desenvolvidas, apenas 
indicadas, etc. As vezes, são reunidas, sob a forma de sínteses, algumas 
coisas que ficaram dispersas no texto. 
Manual infame... mas útil, para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
- Esta também é uma seção conclusiva, mas que não pode ter um 
"tom" de conclusão. Ao contrário, tem que ser um riacho que corre, um 
canal que joga pra frente, um rio que deixa abertos os rumos, para que os 
membros da Banca sintam-se à vontade para fazer o que se espera que 
façam: avaliem, sugiram, indiquem rotas. A Banca tem de se sentir 
"convidada" a entrar em sua Proposta. Por isso, sua escritura tem de 
levá-la a produzir sobre/entre/com o seu texto. Se o seu texto for 
onipotente, cheio de razão, pleno de certezas e tal, nada disso vai 
acontecer. Então, pra que Banca Examinadora? 
- Esta é também uma seção onde selam-se os compromissos de 
pesquisa. Ao menos até, se for o caso, de eles serem desguiados pela 
arguição e problematização da Banca. 
i 
Outras dicas 
Se a sua leitura chegou até aqui é porque interessou. Então, aqui 
vai mais. 
1) Aprenda a abrir/criar subseções. Elas, sempre, permitem enfocar 
melhor o que estamos escrevendo. Seja na revisão teórica, na apresentação 
do objeto bruto, no exercício analítico. Esta é uma arte importante para 
quem escreve e também para quem lê. Muitas vezes, não conseguimos 
identificar as subseções que,inclusive, já estão presentes em nosso texto, 
que vão acontecendo à medida que escrevemos. Por isto. um olhar 
externo, como o da Orientadora e do Grupo de Orientação, ajuda e muito. 
2) Atente para os títulos, desenvolva a arte de criar títulos. Os 
melhores costumam ser os mais "finos", de um certo modo. irónicos, 
lúdicos, instigantes - no sentido de que já sinalizam para as deformidades 
que se pretende realizar no objeto bruto. Eles devem saltar das duas 
gavetas, do objeto e da teoria, ao mesmo tempo. Bem como saltar do 
gosto, do prazer, do divertimento que é criar, da vontade de dar nomes 
diferentes, próprios, a nossas "crias", ao que estamos criando. 
364 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
3) Uma outra arte que é preciso desenvolver é a da montagem 
final da Proposta. Implica sensibilidade e astúcia, diante'do conjunto. O 
que combina? O que tem o mesmo tom? O que é melodioso? E o que 
não é? Juntar, apartar. Este é o movimento duplo. Muitas vezes, nos 
perdemos na escrita, ela nos extravia. Neste momento, porque já estamos 
saturados dela, sempre é bom um outro olhar e outra escuta a teu texto. 
Alguém em quem confiamos, como bom leitor, pode auxiliar, uma amiga, 
um namorado, uma amante, até um inimigo. Alguém arguto, de 
preferência, que saiba "escutar" o texto, como um competente analista. 
4) Outra questão importante é a escolha do "formato" da Proposta. 
Caso se esteja trabalhando, metodologicamente, com conceitos de autor/ 
autores que sejam propícios, que forneçam elementos/linhas/cores para 
um novo "desenho" - tais como a cartografia de Deleuze & Guattari, a 
desconstrução de Derrida, a arqueologia de Foucault, os aforismos de 
Nietzsche - . por que usar os nossos formatos clássicos e tão repetitivos? 
Por que usar o "esqueleto" deste Manual infame... mas útil..., por 
exemplo? Deve-se aproveitar o que os autores inventaram para inventar 
também, para ousar. 
5) Aprenda, no texto, a se apropriar das ideias, argumentos, conceitos. 
Torne-os "seus". Evite o excesso de citações em destaque, e os malfadados 
"conforme,, fulano...", "para beltrano...". Use aspas, em pequenos 
fragmentos, em frases-chaves, somente naquilo que não dá para fazer e 
ser "seu". Ao agir assim - como um "bom ladrão" - , você se obrigará a 
entender melhor a argumentação, a incorporá-la a seu objeto de pesquisa, 
a escrever mais, inclusive. E estará, então, minimamente, abrindo as 
"janelas" para elaborar uma nova, uma diferente, uma outra teorização. 
Porém, cuidado para não botar o seu objeto de pesquisa na boca do autor 
escolhido! Para o "coitado", talvez seu objeto nem existisse, nem não fosse 
questão. Imite como fazem, nesta direção, os pesquisadores/escritores/ 
intelectuais que você admira muito. Então, ficará tudo bem. 
6) A última dica: "demonstre" sempre e bastante, demonstre 
exaustivamente as coisas de seu objeto, em junção com a teoria. Não 
Manual infame... mas útil. para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
"aplique", a teoria, seja um "usuário" competente dela, use-a para demonstrar 
as coisas novas, que apenas nascem da interação com o seu objeto. A análise 
tem de ser, acima de tudo, demonstrativa, nunca uma exemplificação ou 
ilustração para a teoria estudada. Os autores com os quais você pesquisa não 
precisam que você comprove o quanto eles tinham razão. Eles já sabiam 
disso, ao inaugurarem novos modos de dizer e de olhar as coisas do mundo. 
E você só fará isso, ou um pouquinho disso, se demonstrar esses novos 
modos com que você está olhando e dizendo o seu objeto. 
II Duas pequenas "pérolas" 
Para escrever a Dissertação ou Tese 
Escreva um texto que esteja pronto para ser publicado. Não coloque, 
nele, tudo o que for excessivamente académico: pilhas de cansativas 
citações em destaque, centenas de notas de rodapé, que doem aos olhos 
e que ninguém tem obrigação de ler, tediosas revisões bibliográficas 
que, se o leitor quiser, vai ao autor original, etc. Deixe o texto fluido, 
articulado, legível, como um livro, que é o que ele deve ser. Afinal das 
contas, escreve-se para os outros do mundo, não? Quanto mais "pronto" 
estiver para voar, melhor. Mais chances você terá de publicá-lo, sem 
precisar ficar meses.faxinando, cortando, acrescentando, articulando, 
tomando-o publicável. 
Como sobreviver às sessões de Defesa 
Olhe: você sabe mais sobre o seu trabalho do que ninguém, certo? 
Portanto, defenda-o digna e firmemente. O Examinador pode ter as suas 
razões quando o critica, porque conhece profundamente o autor ou a teoria 
em questão, por exemplo. Só que é você quem "conhece" mais é melhor o 
que você "fez" com aquilo tudo, na análise do seu objeto de pesquisa. 
366 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
Mas. não seja prepotente, nessa hora, nem em nenhuma outra. Tenha 
a desejável humildade intelectual, mas também não seja frouxo. Não morda 
nem rasteje. Não deixe questões sem exame. Agradeça, se não "Souber 
responder, diga que vai pensar, que não havia anteriormente contemplado 
aquela questão. Ou. que sabia daquilo, mas optou,por não usar, por julgar 
mais produtivo usar tal e tal ferramenta analítica, por tal e tal motivo. Se 
for o trabalho final, diga que aquilo que está sendo apontado como estando 
frágil._deverá ser fortalecido, sim. em pesquisas e produções vindouras, 
pois aquele, com certeza, não será o seu último trabalho, etc. 
Em poucas palavras: faça "bonito", como Mestre ou Doutor que 
você quer ser, pois vem trabalhando para isso. Aproveite o espaço da 
Sessão de Defesa para continuar "produzindo" sobre o seu texto, pois é 
uma instância'muito importante para a sua pesquisa: a hora em que ela 
sai do ninho, que é o da Orientação, e começa a ganhar o mundo, o 
tempo, a história. Em suma. seja firme, mas também temo. E isto é difícil 
de praticar, embora fácil de lembrar e dizer, desde o Che. 
III Receita de uma tese foucaultiana 
1) Misture em sua cabeça (a mistura deve ficar bem seca): 
ai 3 xícaras de porcelana do melhor Foucault da época pós-
estruturalista 
b) 1 envelope de fermento arqueológico (o mais profundo que 
encontrar, sem ter de passar pelos horrores da Arqueologia 
do saber) 
c) 1 colher de chá de sal-da-vida (Mas, só o sal, quanto à vida, 
propriamente dita, esqueça! Enquanto estiver fazendo esta 
receita, você não viverá, a não ser uma vez por semana - e 
olhe lá, já é lucro! Só que, aí, já estará tão cansado, que logo, 
logo se embriagará, mesmo que não esteja tomando um "30 
anos'". A comida lhe dará azia, gastrite, até úlcera. O antológico 
Manual infame... mas útil. para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
filé de linguado com alcaparras do Gambrinus terá gosto de 
pirão. O filme lhe trará novas - e disparatadas, sempre inúteis! 
- ideias para adicionar à sua tese. A Bienal do Mercosul lhe 
mostrará que você não é, nunca foi, não será, não tem a mínima 
chance de ser criativo. O jazz do Café Majestic será ouvido 
como se fosse pagode e as músicas do Bardo Nito, como pura 
perda de tempo. As conversas com os amigos lhe parecerão 
terrivelmente triviais e os próprios amigos tremendamente 
banais. O cigarro terá o amargor do fel, além de você ficar 
cheio de picumã. O café expresso, que você tanto curte, terá 
gosto de cevada braba. Você terá que dominar os seus impulsos 
zoocidas, quando os 3 cachorros e os 5 gatos lhe pedirem 
comida. O próprio fazer-amor terá sabor de um perigoso 
suplemento, como diria Derrida, que o desvia de seu verdadeiro 
amódio' atual: a tal da tese. E a maior de todas as desgraças é 
que você ficará, nesta única vez na semana, com uma vontade 
imensa, inegociável, quase incontrolável, de regressar aos 
livros, às notas manuscritas, ao teclado, a seu texto, em suma.) 
d) 1 colher de chá de bicarbonato de sódio (não para que a massa 
cresça, mas para combater aquela maldita queimação 
estomacal). 
2) Bata, bata, bata... no Processador (seu cérebro devastado, com 
vários neurónios mortinhos), na Batedeira (que é um dispositivo de bater, 
merecedor de uma genealogia, tipo Vigiar e bater...),ou a Mão (se ela não 
estiver entrevada pela tendinite, epicondilite, todas as ites), até formar 
uma espécie de geléia real (não soberana, pois este tipo de poder já era... 
Era? E FFHHCC, o Príncipe?). Assim, você deverá obter: uma espécie de 
caldo, como o cultural; um creme, como os de beleza (a qual, aliás, você 
vem gradativamente perdendo, dia e noite, noite e dia, mais à noite, nos 
serões, horas e horas debaixo da irradiação das fluorescentes); um mel, 
como o da abelha, muito, mas muito mais profícua do que você; etc. 
Neologismo que condensa o binómio amor-ódio. 
368 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
Inevitavelmente, o ponto certo de tal mistura somente é atingido em função 
da liga incolor, ligeiramente salgada, formada por todas as lágrimas que 
você chora, chorou, e chorará, durante as grandes e pequenas revoltas, 
crises, bloqueios, e os surtos intermináveis dos quais a receita é feita. 
3) Adicione 1 xícara de açúcar (no mais das vezes, pode-se usar 
vinagre mesmo, por seu caráter inerente ao preparado). 
4) 5 colheres de sopa de margarina (mas, não pense que pode ficar 
de colher na mão, já que os dias, semanas, meses, anos, em que se faz 
essa receita, não são dias de sopa, mas de churrasco mesmo, daqueles 
esturricados, queimados, carvãozinho) - substitua por manteiga, se tiver 
coragem. Antes, faça todos os exames laboratoriais necessários, para 
verificar as taxas de colesterol - total, HDL, LDL - , triglicerídeos, 
creatinina, fosfatase alcalina, anticitomegalovirus, HIV, pois todas as 
suas taxas devem estar alteradíssimas. Reveja o filme O último tango 
em Paris, embora possa ser substituído por O império dos sentidos, 
embora eu não me lembre de manteiga por lá e esta associação tenha 
sido apenas.livre, e tome a sua decisão entre margarina e manteiga, já 
que você está tendo que tomar, parece, todas as decisões mais importantes 
do mundo. 
5) Caso o(s) filme(s) e os resultados dos exames tenham produzido 
bons efeitos em você, acrescente 2 ovos (de galinha, de preferência, nada0 
de inventar ovos humanos) à mistura anterior e bata mais um pouco 
(vontade de bater é que não falta!). 
6) Junte a mistura seca à molhadíssima, e acrescente 1 xícara e lA 
de leite (de vaca, cabra, cobra - afaste-se do leche de su propia madre). 
Misture isso (do jeito que puder, a estas alturas do campeonato), mas 
sem bater demasiadamente, apenas para formar uma massa homogénea 
(embora você já esteja disforme). 
7) Agora, sim, é chegada a hora de botar em movimento sua identidade 
mestiça, fronteiriça, estrangeira, estranha, e isolar as heterogeneidades, 
delimitar as rupturas, descontinuidades, deslocamentos. Em poucas palavras, 
Manual infame... mas útil, para escrever uma boa proposta de tese ou dissertação 
meu deus: definir AS UNIDADES DE SUA ANÁLISE. O perigo não moFa 
ao lado, mora aqui. Faça isso, com coragem, sulcando a massa, com variadas 
microfísicas de poder, todas as vontades de saber de que for capaz, histórias 
muitas histórias, usando os poucos prazeres que lhe sobraram, sem cuidar 
nadica de nada de si. Afinal - e já não era sem tempo (esta frase que nenhuma 
criatura que fala outra língua entende) - , a doença do corpo, a mental, a 
loucura se avizinham. Já não se escutam mais as palavras, nem se olham as 
coisas, pois elas não fazem mais nenhum sentido. Todas as três sexualidades, 
bem como as outras, não publicadas, impublicáveis, foram para as cucuias. 
Da prisão não se escapará, pois ainda matamos alguém, deixando para 
publicação póstuma um dossiê do tipo Eu, que fazia a tese, degolei minha 
mãe, meu pai, minha irmã, meu irmão, meu marido, os três filhos, a 
empregada, a faxineira, o vizinho, et alii. Sorte nossa, apesar de nossas pós-
críticas, que o poder disciplinar criou o asilo e a psiquiatria e a clínica e o 
hospital: salvarão nossos corpos e libertarão nossas sofridas almas de 
intelectuais, resgatando, de suas relações com o poder do PPGEDU, da 
CAPES e do CNPq, sua função autêntica e legitimamente política. Entretanto, 
do suplício, igualzinho ao de Damiens, não escaparemos. Pois, afinal das 
contas, estamos ou não estamos fazendo uma tese? Somos, ou não, mulheres 
e homens criminosos, subversivos, anormais, ao nos propormos a ser autores? 
8) A esses efeitos, que são de superfície, não se preocupe, 
acrescente 1 xícara de nozes (elas têm, sim, a forma do seu cérebro!) e 
1 xícara de passas secas (pode ser daqueles seus neurónios, para sempre 
descartados). Coloque nas forminhas e leve ao forno médio (como 
variação, pode-se ir a uma fogueira de Sabá), até dourar todas as 
camadas sedimentares (enquanto isto, dê uma sesteada, pois está 
chovendo de novo - 4 o monstro do El Nifw, ou a monstra de sua irmã, 
que espalham furores e flagelos no Planeta, tal como o de meter a gente 
a fazer uma tese - , e a madrugada será longa, até o alvorecer, como 
todas "as outras). 
' 9) Por fim, leve o resultado dessas ações sobre suas próprias ações 
para o Grupo de Orientação e, em companhia da Orientadora e dos 
370 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
colegas, deguste todas as alegrias a que você tem direito. Caso avalie 
que vai precisar, tome 6 Prozacs, uma hora antes, para evitar o repé, o 
bode, a pós-orgia. E, bom proveito! O que dá gosto regala a vida! 
Obs.: Não existem variações para esta receita. Se alguém as 
descobriu, até hoje não contou. Ou, então, é daqueles metidos a besta, 
que dizem que a coisa toda sai na urina, sendo, portanto, falsa a receita. 
Não acredite em nenhuma palavra desse teor. Perdoai-o, porque o cara 
não sabe o que diz, nem - o que é mais sério - o que faz! 
Universidade: nos bastidores da 
produção do conhecimento1 
Teresa Maria Frota Haguette' 
(20/08/1934-12/12/1995) 
Trata de dois temas interligados e que repercutem intensamente no pro-
cesso de geração de conhecimento nos programas de pós-graduação da 
academia: a incompetência metodológica do orientador de dissertações 
e teses e seu relacionamento com o aluno. Ao final, são propostos vinte 
princípios considerados cruciais para assegurar as condições básicas do 
rigor científico, associadas ao relacionamento ótimo entre orientador e 
orientando. 
Muitas das universidades brasi leiras vêm há alguns anos 
implementando um processo de avaliação institucional com vistas à 
identificação dos seus goulots d'étranglement e à consequente melhoria 
de seu desempenho nos mais variados níveis. A preocupação que me açoda 
neste momento tem uma dimensão específica, situando-se no âmbito mais 
restrito da produção do conhecimento dentro da academia. Parto de uma 
Artigo originalmente publicado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. 
Brasília, INEP/MEC, v.75, na179/180/181, p.157-169, jan./dez. 1994. Nossos 
agradecimentos ao INEP pela liberação do artigo para fazer parte desta coletânea. 
2 A professora Teresa era PhD. em Sociologia e professora titular da UFC. Entre suas 
publicações destacam-se: Metodologias qualitativas na sociologia e Dialética hoje, 
pela Vozes. Agradecemos ao professor Dr. André Haguette, pela presteza e gentileza 
com as quais liberou o artigo para compor esta coletânea. 
A "revisão da bibliografia" em teses e 
dissertações: meus tipos inesquecíveis -
o retorno 
Alda Judith Alves-Mazzotti 
Professora e coordenadora do Mestrado em 
Educação da Universidade Estácio de Sá, RJ; 
mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e 
doutora em Psicologia da Educação pela Universidade de Nova York. 
e-mail: aldamazzotti@uol.com.br 
Este artigo - publicado pela primeira vez em 1992 nos Cadernos 
de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas,1 e parcialmente utilizado em 
livro2 - analisa o papel da revisão da bibliografia em trabalhos de pesquisa 
e aponta as principais deficiências observadas em dissertações de 
mestrado e teses de doutorado no que se refere a esse aspecto. 
Ao ser procurada pelos editores desta coletânea para autorizar a 
republicação do artigo, fui reler o que havia escrito em 1992, chegando 
à conclusão de que, infelizmente, os problemascontinuam os mesmos. 
Por essa razão, optei por manter o texto original, reduzindo ao mínimo 
ALVES, Alda Judith. Revisões bibliográficas em teses e dissertações: Meus tipos 
inesquecíveis. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, Fundação Carlos Chagas/Cortez, 
na 81 , p.53-61, maio de 1992. Ficam aqui expressos os agradecimentos aos editores 
pela liberação deste artigo para fazer parte desta coletânea. 
, 2 ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith & GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método 
nas ciências naturais e sociais: pesquisas quantitativa e qualitativa. São Paulo: 
Pioneira, 1998 ( l .ed.); 1999 (2.ed.); 2000 (1* reimpressão). 
mailto:aldamazzotti@uol.com.br
26 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
as alterações. Apenas solicitei à REDUC (Rede Latino-Americana de ' 
Informação e Documentação em Educação) que atualizasse a lista de 
"estados da arte" que constavam da versão original, o que foi feito com 
a presteza e a competência que caracterizam o trabalho dos responsáveis 
pela rede, a quem expresso meus agradecimentos. 
Introdução 
A revisão da bibliografia, apesar de sua indiscutível importância 
para o encaminhamento adequado de um problema de pesquisa, é 
frequentemente apontada como um dos aspectos mais fracos de teses"e 
dissertações de pós-graduação em Educação. Almeida (1977), ao avaliar 
a qualidade das dissertações defendidas em mestrados do Rio de Janeiro, 
observou que 70% das revisões se situaram nos níveis regular e sofrível, 
tendo sido também, dentre os aspectos avaliados, o mais frequentemente 
classificado como péssimo. Igualmente preocupadas com esse problema, 
Castro e Holmesland (1984) avaliaram as revisões apresentadas em 
dissertações de mestrado da PUC-RS e constataram que a maioria não 
se baseava em trabalhos de pesquisa e artigos de revistas nacionais ou 
estrangeiras e, sim, em livros, os quais, sabidamente, refletem com atraso 
o estado do conhecimento numa dada área. 
A má qualidade da revisão da literatura compromete todo o estudo, 
uma vez que esta não se constitui em uma seção isolada, mas, ao contrário, 
tem por objetivo iluminar o caminho a ser trilhado pelo pesquisador. 
desde a definição do problema até a interpretação dos resultados. Para 
isto, ela deve servir a dois aspectos básicos: (a) a contextualização do 
problema dentro da área de estudo; e (b) a análise dõ referencial teórico. 
Esses dois aspectos serão aqui discutidos, procurando-se apontar 
as dificuldades enfrentadas por pesquisadores iniciantes, especialmente 
alunos de pós-graduação, no que se refere à revisão da literatura necessária 
à elaboração de suas teses e dissertações, e sugerir procedimentos que 
possam contribuir para a elevação da qualidade desses trabalhos. Dado 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo 
o fato de que a revisão da bibliografia deve estar a serviço do problema 
de pesquisa, é impossível, além de indesejável, oferecer modelos a serem 
seguidos. Por essa razão, procuramos oferecer apenas orientações gerais. 
Mas, se não se pode especificar como deve ser uma revisão da 
literatura, é possível mostrar o que deve ser evitado. É o que procuramos 
fazer ao apresentar, ao final deste trabalho, os tipos de equívocos mais 
frequentes no que se refere a revisões da bibliografia. Esses tipos são 
apresentados usando o recurso da caricatura, para tomar mais visíveis 
certos traços e amenizar a aridez do tema. 
Finalmente, é importante esclarecer quê aqui trataremos de dois 
tipos de revisão de literatura: (a) aquela que o pesquisador necessita 
pa raseu próprio consumo, isto é, para ter clareza sobre as principai s 
questões teórico-metodológiças pertinentes ao tema escolhido, e (b) 
aquela que vai, efetivamente, integrar o.relatório do estudo. Quanto mais 
eficiente for a primeira, mais funcional e focalizada será a segunda. 
Contextualização do problema 
A produção do conhecimento não é um empreendimento isolado. 
E uma construção coletiva da comunidade científica, um processo 
cont inuado de busca, no qual cada nova investigação se insere, 
complementando ou contestando contribuições anteriormente dadas ao 
estudo do tema. A proposição adequada de um problema de pesquisa 
exige, portanto, que o pesquisador se situe nesse processo,_analisando 
criticamente o estado atual do_conhecimento em sua área de interesse, 
comparando e contrastando abordagens teórico-metodológicas utilizadas 
e avaliando o peso e a confiabilidade de resultados de pesquisa, de modo 
a identificar pontos de consenso, bem como controvérsias, regiões de 
sombra e lacunas que merecem ser esclarecidas. 
Essa análise ajuda o pesquisador a definir melhor seu objeto de 
es tudo e a selecionar teorias, procedimentos e instrumentos ou, ao 
contrário, a evitá-los, quando estes tenham se mostrado pouco eficientes 
28 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
na busca do conhecimento pretendido. Além disso, a familiarização com 
a literatura já produzida evita o dissabor de descobrir mais tarde (às 
vezes, tarde demais) que a roda já tinha sido inventada. Por essas razões, 
uma pr imeira revisão da literatura, extensiva, ainda que sem o 
aprofundamento que se fará necessário ao longo da pesquisa, deve 
anteceder a elaboração do projeto. Durante essa fase, o pesquisador, 
auxiliado por suas leituras, vai progressivamente conseguindo definir 
de modo mais.preciso o objetivo de seu estudo, o que, por sua vez, vai 
permitindo-lhe selecionar melhor a literatura realmente relevante para o 
encaminhamento da questão, em um processo gradual e recíproco de 
focalização. 
Esse trabalho inicial é facilitado quando existem revisões atuais 
publicadas sobre o tema. Infelizmente, são poucas as revisões produzidas 
no Brasil sobre o conhecimento acumulado numa dada área (Schiffelbem 
e Cariola , 1989), o que obriga o pesquisador a um trabalho de 
"garimpagem". Prática tradicional nos países desenvolvidos, a elaboração 
dos chamados estados da arte entre nós fica muito restrita a capítulos 
encontrados em teses e dissertações de mestrado e doutorado. Tal 
contribuição, embora não possa ser desprezada, é insatisfatória. Em 
primeiro lugar, porque estados da arte devem ser elaborados por 
especialistas, pessoas que aliem profundo conhecimento da área e 
capacidade de sistematização, o que, como já foi dito, nem sempre é o 
caso de alunos de mestrado e doutorado. Além disso, teses e dissertações 
são, em geral, pouco divulgadas, só estando disponíveis nas bibliotecas 
das instituições em que foram defendidas. 
De qualquer forma, sempre que houver revisões de bibliografia 
recentes e de boa qualidade sobre o tema é conveniente começar por 
elas e, a partir delas, identificar estudos que, por seu impacto na área, e/ 
ou maior proximidade com o problema a ser estudado, devam ser objeto 
de análise mais profunda. Essas revisões, ainda que constituam precioso 
auxiliar, precisam ser complementadas pela leitura de outros estudos 
que, por terem sido publicados posteriormente, ou por não atenderem 
aos critérios adotados nas revisões, nelas não tenham sido incluídos. 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo - 29 
Quando não houver revisões disponíveis, é recomendável começar pelos 
artigos mais recentes e, a partir destes, ir identificando outros citados 
nas respectivas bibliografias. 
Obras de referência (como os Abstracts e os resumos de teses e 
dissertações publicados pela ANPEd), sistemas de informação (como o 
ESIC-Educational Research Information Center), redes de informação 
por computadores (como aREDUÇ), bibliografias selecionadas,3 também 
são de extrema utilidade na identificação e seleção de estudos para 
revisão. Mais recentemente, programas de busca disponíveis na Internet 
e portais especificamente elaborados para a divulgação de pesquisas, 
como o Prossiga do CNPq e o portal do INEP, facilitam sobremaneira a 
tarefa do pesquisador. Não devemos esquecer, porém, que, à exceção 
dos estados da arte, o pesquisador deve, sempre que possível, basear sua 
revisãoem fontes primárias, isto é, nos próprios artigos, documentos ou 
Tiyros, e não em citações de terceiros. 
Cabe ainda assinalar que, no caso de pesquisas em educação 
realizadas no Brasil, a comparação entre pesquisas é dificultada pelo 
caráter fragmentário dessa produção e pela grande variedade_de 
abordagens teóricas e metodológicas adotadas. Muitas vezes, resultados 
conflitantes que focalizam um mesmo tópico são devidos à utilização de 
diferentes procedimentos, unidades de análise, bem como ao tipo de 
população envolvida. Sempre que for este o caso, tais diferenças devem 
ser avaliadas em termos de adequação do instrumental teórico e 
metodológico utilizado em cada estudo. Tal procedimento frequentemente 
permite relativizar, ou até mesmo anular, a significância de certas 
incongruências entre resultados de pesquisa. 
Mas, se uma certa quantidade de leitura é necessária ao investigador 
na abordagem de um tema, isto não quer dizer que o leitor da tese ou 
dissertação tenha que acompanhá-lo nesta longa e penosa caminhada. A 
Por exemplo, as bibliografias publicadas pelo INEP/MEC no periódico Em Aberto, 
ou os estados da arte elaborados para -a REDUC, publicados pelo INEP e pela 
Fundação Calos Chagas (ver relação anexa ao final das referências deste artigo). 
30 "A BOSSOLA DO ESCREVER 
visão abrangente da área por parte do pesquisador deve servir justamente ' 
para capacitâ-lo a identificar as questões relevantes e a selecionar os 
estudos mais significativos.para a construção do problema_a__ser 
investigado. A identificação das questões relevantes dá organicidade à 
revisão, evitando a descrição monótona de estudo por estudo. Em tomo 
de cada questão são apontadas áreas de consenso, indicando autores que 
defendem a referida posição ou estudos que fornecem evidências da 
proposição apresentada. O mesmo deve ser feito para áreas de 
controvérsia. Em outras palavras, não tem sentido apresentar vários 
autores ou pesquisas, individualmente, para sustentar um mesmo ponto. 
Análises individuais se justificam quando a pesquisa ou reflexão, por 
seu papel seminal na construção do conhecimento sobre o tema, ou por 
sua contribuição original a esse processo, merecem destaque. 
Em resumo, é a familiaridade com o estado do conhecimento na 
área que toma o pesquisador capaz de problematizar um tema, indicando 
a contr ibuição que seu_ est.udo_pretende trazer à £xpansão_dgsse 
conhecimento, quer procurando esclarecer questões controvertidas ou 
inconsistências, quer preenchendo lacunas._E_são os aspectos básicos 
para a compreensão da "lógica adotada para a construção do objeto" 
(Warde, 1990, p.74) que devem aparecer, de forma clara e sistematizada, 
na introdução do relatório. É ainda a familiaridade com a literatura 
produzida na área que permite ao pesquisador selecionar adequadamente 
as pesquisas que serão utilizadas, para efeito de comparação, na discussão 
dos resultados por ele obtidos. 
Análise do referencial teórico 
A exigência de um referencial teórico nos trabalhos de pesquisa, 
frequentemente um fator de ansiedade para os alunos de mestrado e 
doutorado, merece algumas considerações. A primeira diz respeito à 
ausência de consenso quanto à abrangência do próprio conceito de teoria. 
As definições encontradas na literatura variam desde aquelas que, dentro 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo 
da tradição positivista, adotam o modelo das ciências naturais - o que 
implica um alto grau de formalização - até as que incluem os níveis 
mais rudimentares de interpretação. P rocurando dar conta dessa 
diversidade, particularmente sensível no campo da educação, Snow 
(1973) propõe uma hierarquia entre vários níveis de conceitualização 
que, part indo do nível mais r igoroso (que ele chama de "teoria 
axiomática"), inclui, como construções teóricas, níveis de elaboração 
bem mais modestos, como constructos, hipóteses, taxonomias, ou até 
mesmo metáforas. 
Nesse sentido, podem ser admitidos como pertencendo ao campo 
teórico diversos tipos de esforços para ir além da mera descrição, atribuindo 
significado aos dados observados. O nível de teorização possível em um 
dado estudo vai depender do conhecimento acumulado sobre o problema 
focalizado, bem como da capacidade do pesquisador para avaliar a 
adequação das teorizações disponíveis aos fenómenos por ele observados. 
Esse esforço de elaboração teórica éessencial, pois o quadro referencial 
clarifica o racional da pesquisa, orienta a definição de categorias e 
constructos relevantes e dá suporte às relações antecipadas nas hipóteses, 
além de constituir o principal instrumento para a interpretação dos 
resultados da pesquisa. A pobreza interpretativa de muitos estudos, várias 
vezes apontada em avaliações da produção científica na área de educação 
(Gatti, 1987; Warde, 1990, por exemplo), deve-se essencialmente à ausência 
de um quadro teórico criteriosamente selecionado. 
Vários autores (Goergen, 1986; Tedesco, 1984, entre outros) 
assinalam, entretanto, que a educação carece de um corpo teórico próprio 
e consistente, um problema que está diretamente vinculado às dificuldades 
de definição da natureza e especificidade da própria educação. (Para 
uma discussão sobre estas questões, ver Em Aberto, 1984.) Sem um 
campo claramente definido e teorias próprias, a pesquisa educacional 
frequentemente recorre a conhecimentos gerados em outras áreas, como 
a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia, a História, a Antropologia. Isto 
não constitui necessariamente um problema: essa "tradução" de teorias 
para o campo da educação pode resultar em abordagens originais e de 
3 2 A BÚSSOLA DO ESCREVER ' " 
grande potencial heurístico, desde que não se assuma uma posição 
reducionista (psicologizante, socializante, ou outra), perdendo de vista a 
natureza mais ampla do fenómeno educacional; por outro lado, quando 
se recorre a não apenas uma dessas ciências, mas a várias, em uma 
abordagem inter ou transdisciplinar, o resultado tende a ser altamente 
enriquecedor. O perigo, portanto, é reduzir o âmbito e a complexidade 
da questão investigada, através de interpretações parciais e/ou enviesadas. 
É importante lembrar, ainda, que a utilização de conceitos ou 
cons t ruc tos pe r tencen tes a teorias diversas para dar conta da 
complexidade dos fenómenos observados em um estudo requer cautela. 
Ao se valer de mais de uma vertente teórica para interpretar seus 
resultados, é necessário que o pesquisador esteja seguro de que as teorias 
utilizadas^das quais muitas vezes tomou apenas parte, não apresentam, 
em sua globalidade, contradições entre seus pressupostos e relações. 
Além disso, conforme observa Tedesco (1984), a situação de 
dependência cultural dos países da América Latina faz com que estes 
adotem, de modo acrítico, modelos teóricos gerados nos países 
desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos e na França. Tais 
teorias, por terem sido elaboradas em resposta a situações encontradas 
em outros países, nem sempre são adequadas à compreensão dos 
problemas latino-americanos. Não se trata aqui de defender uma posição 
xenófoba, de rejeição a priori de toda e qualquer teoria que tenha sido 
construída além das nossas fronteiras, até porque sabemos que a produção 
do conhecimento científico se dá em nível internacional, e que a atitude 
segregacionista leva à estagnação ou ao retrocesso. Defendemos, sim, 
uma posição "antropofágica" - que implica um conhecimento profundo 
do contexto focalizado, para que se possa avaliar se uma dada teoria é 
ou não adequada - , o que não exclui um esforço maior no sentido de 
procurarmos gerar nossas próprias teorias. 
Numa atitude mais radical, alguns autores ligados à vertente 
qualitativa (como por exemplo Lincoln e Guba, 1985) questionam a 
adoção de qualquer esquema teórico a priori, defendendo a ideia 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos Inesquecíveis - o retomo 
proposta por Glaser e Strauss (1967) de que este deveráe m e r g i r i a 
análise dos dados. Argumentam que a escolha de um quadro teórico a 
p r /on jbca l i za prematuramente a visão do pesquisador, levando-o a 
enfatizar determinados aspectos e a desconsiderar outros, muitas vezes 
igualmente relevantes no contexto estudado, mas que não se encaixam 
na teoria adotada. Observam esses autores que, dada a natureza 
idiográfica dos fenómenos sociais, nenhuma teoria selecionada a priori 
é capaz de dar conta das especificidades de um dado contexto. Sem 
entrar na discussão sobre as vantagens e desvantagens de tal posição,4 
cabe assinalar que, quer o pesquisador se valha de teorias elaboradas 
por outros autores, quer construa suá própria, com base nas observações 
feitas, utilizando-se ou não de teorias preexistentes, a teorização deve 
estar sempre presente no relatório final. Deve-se esclarecer, entretanto, 
que a construção teórica não é tarefa simples, exigindo profundo 
conhecimento do campo conceituai per t inente , além de grande 
capacidade de raciocínio formal. 
Finalmente, quanto à forma de apresentação do quadro teórico na 
_tese ou<lissertação, HàcTfiá consenso: alguns pesquisadores preferem uma 
apresentação sistematizada em um capítulo à parte, enquanto outros 
consideram isto desnecessário, inserindo a discussão teórica ao longo da 
análise dos dados. Esta última alternativa^ embora exi ja maior competência, 
tendea tomar o relatório mais elegante. Em qualquer circunstância, porém, 
a literatura revista deve formar com os dados um todo integrado: o 
referencial teórico servindo à interpretação e as pesquisas anteriores 
orientando a construção do objeto e fornecendo parâmetros para 
comparação com os resultados e conclusões do estudo em questão. 
A seguir, serão brevemente descritos alguns tipos de revisão de 
literatura frequentemente encontrados em relatórios académicos. A caricatura, 
como foi mencionado, é utilizada como recurso didático, não apenas para 
facilitar o reconhecimento dos tipos focalizados, como para induzir a rejeição 
As vantagens e desvantagens de uma teoria a priori são analisadas em publicação 
recente {Alves-Mazzotti e Gewandsznajder, 2000). 
34 A BOSSOLA DO ESCREVER 
a esses modelos. Os tipos descritos não pretendem ser exaustivos nem 
tampouco são mutuamente exclusivos. Muitos outros poderiam ser 
acrescentados, e inúmeras combinações entre eles são encontradas. 
Tipos de revisão a serem evitados 
Swnma 
Pesquisadores inexperientes frequentemente sucumbem ao fascínio 
representado pela ideia (ilusória) de "esgotar o assunto". De origem 
medieval, a summa é aquele tipo de revisão em que o autor considera 
necessário apresentar um resumo de toda a produção científica da cultura 
ocidental sobre o tema (em anos recentes, passando a incluir também 
contribuições de culturas orientais), bem como suas ramificações e 
relações com campos limítrofes. Por essa razão, poderia ser também 
chamado "Do universo e outros assuntos". 
Arqueológico 
Imbuído da mesma preocupação exaustiva que caracteriza o tipo 
anterior, distingue-se daquele pela ênfase na visão diacrônica. No que se 
refere à educação, começa pelos jesuítas mesmo que o problema diga 
respeito à politecnia; se o assunto for de educação física, considera 
imperioso recuar à Grécia clássica, e assim por diante.5 
Patchwork 
Este tipo de revisão se caracteriza por apresentar uma colagem de 
conceitos, pesquisas e afirmações de diversos autores, sem um fio 
É certo que, muitas vezes, torna-se necessário um breve histórico da evolução do 
conhecimento sobre um tema para apontar tendências e/ou distorções, marcos 
teóricos, estudos seminais. Estes casos, porém, não se incluem no tipo arqueológico. 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo 3 5 
condutor capaz de guiar a caminhada do leitor através daquele labirinto. 
(A denominação "Saudades de Ariadne" talvez fosse mais apropriada.) 
Nesses t r aba lhos , não se consegue v is lumbrar um mínimo de 
planejamento ou sistematização do material revisto: os estudos e 
pesquisas são meramente arrolados sem qualquer elaboração comparativa 
ou crítica, o que frequentemente indica que o próprio autor se encontra 
tão perdido quanto seu leitor. 
Suspense 
No tipo suspense, ao contrário do anterior, pode-se notar a 
existência dé um roteiro; entretanto, como nos clássicos do género, alguns 
pontos da trama permanecem obscuros até o final. A dificuldade aí é 
saberaonde o autor quer chegar, qual a ligação dos fatos expostos com o 
leitmotiv, ou seja, o tema do estudo. Em alguns casos, o mistério se 
esclarece nas páginas finais. Frequentemente, porém, como nos maus 
romances policiais, o autor não consegue convencer. E em outros, ainda, 
numa variante que poderíamos chamar de "cortina de fumaça", tudo 
leva a crer que o estudo se encaminha numa direção e, de repente, se 
descobre que o foco é outro. 
Rococó 
Segundo o "Aurélio" (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 
1. ed., p. 1.253), o termo rococó designa o estilo ornamental surgido 
na França durante o reinado de Luiz XIV(1710-1774) e caracterizado 
pelo excesso de curvas caprichosas e pela profusão de elementos 
decorativos (...) que buscavam uma elegância requintada, uma graça 
não raro superficial. 
Impossível não identificar a definição do mestre Aurélio com 
cer tos t r aba lhos académicos nos quais conce i tuações teóricas 
rebuscadas (ou tratamentos metodológicos sofisticados) constituem 
36 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
os "elementos decorativos" que tentam atribuir alguma elegância a 
dados irrelevantes.6 
Caderno B 
Texto leve que procura tratar, mesmo os assuntos mais complexos, 
de mod"o~ ligeiro, sem apxofundamentos cansativos. A predileção por 
fontes secundárias, de preferência handbooks, onde o material já se 
encontra mais digerido, é uma constante, e as Coleções do tipo "Primeiros 
Passos", auxiliares preciosos. 
Coquetel teórico 
Diz-se daquele estudo que, para atender à indisciplina dos dados, apela 
parat r^s_^sautores disponíveis. Nestes casos, Marx, Freud, Jtieidegger, 
Bachelard, Gramsci, Habermas, Bourdieu, Foucault, Morin, Lyotard e muitos 
outros podem unir forças na tentativa de explicar pontos obscuros. 
Apêndice inútil 
Este é o tipo em que o pesquisador, após apresentar sua revisão de 
literatura, organizada em um ou mais capítulos à parte, aparentemente 
exaurido pelo esforço, recusa-se a voltar ao assunto. Nenhuma das 
pesquisas, conceituações ou relações teóricas analisadas é utilizada na 
interpretação dos dados ou em qualquer outra parte do estudo. O 
fenómeno pode ocorrer com a revisão como um todo ou se restringir a 
apenas um de seus capítulos. Neste último caso, o mais frequentemente 
acometido desse mal é o que se refere ao "Contexto Histórico". 
6 Isto não quer dizer que se deva passar por cima de complexidades teóricas ou 
metodológicas, e sim que teorizações e metodologias complexas não conferem 
consistência a dados superficiais e/ou inadequados ao estudo do objeto. Além disso, 
cabe lembrar que o rigor teórico-metodológico inclui a obediência ao princípio da 
parcimônia. 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo 37 
Monástico 
Aqui parte-se do princípio de que o estilo dos trabalhos 
académicos deve ser necessariamente pobre, mortificante, conduzindo, 
assim, o leitor ao cultivo das virtudes da disciplina e da tolerância. Os 
estudos desse tipo nunca têm menos de trezentas páginas e, à semelhança 
de sua fonte de inspiração, estão destinados ao silêncio e ao isolamento. 
Cronista social 
É aquele em que o autor dá sempre um "jeitinho" de citar quem 
está na moda, aqui ou no exterior. Esse tipo de revisão de literatura é o 
principal responsável pelo surgimento dos "autores curinga", que se 
tomam referência obrigatória, seja qual for o tema estudado. 
Colonizado versus xenófobo 
Optamos aqui por apresentar esses dois tipos em conjunto, pois 
um éexatamente o reverso do outro, ambos igualmente inadequados.O 
colonizado é aquele que se baseia exclusivamente em autores 
estrangeiros, ignorando a produção científica nacional sobre o tema. O 
xenófobo, ao contrário, não admite citar_^eratoaj;stra£geira, mesmo 
quando a produção nacional sobre o tema é insuficiente. Quando é 
Indispensável recorrer a alguma formulação feita por autor estrangeiro, 
prefere o similar nacional, isto é, a fonte secundária, ou ainda, o que diz 
a mesma coisa sem citar a fonte original. 
Off the records 
Este termo, tomado do vocabulário jornalístico, refere-se àqueles 
( casos, como o citado acima, em que o autor garante o anonimato às suas 
fontes. O anonimato é frequentemente garantido pela utilização de 
38 A BOSSOLA DO ESCREVER 
expressões como "sabe-se", "tem sido observado",7 "muitos autores", 
"vários estudos" e outras similares, impedindo seu leitor de avaliar a 
consistência das afirmações apresentadas, além de negar o crédito a quem 
o merece. 
Ventríloquo 
É o t i pode revisão na qual o autor só fala pela boca dos outros, 
quer citando-os litgralmenfò^querparafra^ando suas ideias. Em ambos 
os casos, a revisão torna-se uma sucessãQ_monótona de afirmações, sem 
comparações entre elas, sem análises críticas, tomadas de posição ou 
resumos conclusivos. O estilo é facilmente reconhecível: os parágrafos 
se sucedem alternando expressões como "Para Fulano", "Segundo 
Beltrano", "como Fulano afirma", "Beltrano observa", "Sicrano pontua", 
até esgotar o estoque de verbos.8 
7 O uso do sujeito indeterminado é pertinente nos casos em que a conclusão veiculada 
já é de "domínio público", isto é, consensual ou quase consensual entre os autores 
que trataram do tema, não cabendo, portanto, destacar apenas um ou dois. 
* Citações literais devem ser usa^s_com_cautela, uma vez que, por serem extraídas de 
outro contexto conceituai, raramente se adequam perfeitamente ao fluxo da exposição, 
além de, através dessa extração, correr-se o risco de desvirtuar o pensamento do 
autor. E imperioso respeitar a "ecologia conceituai", indicando a que tipo de situação, 
preocupações e condições a afirmação se refere. Consideramos que citações literais 
se íustihcãm em trêssituações básicas: (a) Quando o autor citado foi tão feliz e 
acurado emsuafonnulação da questão que qualquer tentativa de parafraseá-la seria 
empobrecedora; (b) quando sua posição em relação ao tema é, além de relevante, 
tão idiossincrática, tão original, que o pesquisador julga conveniente expressá-la 
nas palavras do próprio autor, para afastar a dúvida de que a paráfrase pudesse ter 
traído o pensamento do autor; e (c) quando, no que se refere a autores cujas ideias 
tiveram considerável impacto em uma dada área, se quer demonstrar que a 
ambiguidade de suas formulações, ou a inconsistência entre definições dos mesmos 
conceitos, quando se considera a totalidade de sua obra, foram responsáveis pela 
diversidade de interpretações dadas a essas afirmações (o conceito de narcisismo 
em Freud e o conceito de paradigma em Kuhn são exemplos desse tipo de 
ambiguidade). 
A "revisão da bibliografia' em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo 
Considerações finais 
A importância atribuída à revisão critica de teorias e pesquisas no 
processo de produção de novos conhecimentos não é apenas mais uma 
exigência formalista e burocrática da academia. É um aspecto essencial 
à construção do objeto de pesquisa e como tal deve ser tratado, se 
quisermos produzir conhecimentos capazes de contribuir para o 
desenvolvimento teórico-metodológico na área e para a mudança de 
práticas que já se evidenciaram inadequadas ao trato dos problemas com 
que se defronta a educação brasileira. 
Acreditamos, entretanto, que o que aqui foi dito com referência à 
revisão da bibliografia pode ter parecido, a alguns, excessivo, ou mesmo 
fruto de uma mente obsessiva. Esclareçamos: supõe-se que uma pessoa, 
ao se propor a pesquisar um tema, não seja leiga no assunto, isto é, supõe-
se que já o tenha trabalhado em cursos ou pesquisas anteriormente 
realizados. Consequentemente, o que se exige é apenas um esforço de 
atualização e integração desses conhecimentos. No que se refere 
especificamente a alunos de pós-graduação, é necessário assinalar que o 
papel do orientador é aí fundamental: ele deve, portanto, ser um 
especialista na área, e, como tal, capaz de indicar as leituras necessárias 
ao desenvolvimento da questão de interesse, evitando que o aluno parta 
para um "vôo cego". 
Um outro ponto que merece comentários é a distinção, no que se 
refere ao nível esperado, entre estudos realizados para a obtenção dos 
títulos de mestre e de doutor. É evidente que as exigências deverão ser 
diferenciadas, uma vez que a tendência dominante é garantir, aos mestres, 
uma iniciação à pesquisa, enquanto, dos doutores, espéra-se uma 
formação que lhes permita futura a tuação como pesquisadores 
autónomos. Especificar em que consiste essa diferenciação é, entretanto, 
praticamente impossível, uma vez que, em termos concretos, as 
exigências variam segundo a instituição e, dentro de cada instituição, de 
um orientador para outro. Podemos dizer que visamos aqui, precisamente, 
4 0 A BOSSOLA DO ESCREVER 
àquilo que é desejável para uma pesquisa competente. Se, para os alunos 
de doutorado, isto deve ser visto como uma exigência, para os de mestrado 
deve ser visto como uma direção para a qual deverá caminhar. 
Finalmente, muito se tem lamentado que o destino de grande maioria 
das teses e dissertações é mofar nas prateleiras das bibliotecas universitárias. 
Uma das causas desse fato é, sem dúvida, a qualidade dos relatórios 
apresentados, particularmente no que se refere às revisões da bibliografia: 
textos repetitivos, rebuscados, desnecessariamente longos ou vazios afastam 
rapidamente o leitor não cativo, por mais que o assunto lhe interesse. 
Referências 
ALMEIDA, Rizoleta A. Avaliação das teses de mestrado na área de 
educação no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1977. Dissert. 
(mestr.) UFRJ. 
ALVES-MAZZOTTI, Alda I ; GEWANDSZNAJDER. O método nas 
ciências naturais e sociais: Pesquisas quantitativa e qualitativa. São 
Paulo: Pioneira, 2000. 
CASTRO, Marta L.S.; HOLMESLAND, Içara S. A revisão da 
literatura nas dissertações de mestrado da PUC/RS. Educação, (8):94-
116, 1984. 
EM ABERTO. Brasília, na 22, jul./ago. 1984. 
GATTI, Bernardete A. Retrospectiva da pesquisa educacional no 
Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, 
(159):279-88, maio/ago. 1987. 
GLASER, Barney, G.; STRAUSS, Anselm, L. The discovery of 
grounded theory. Chicago: Aldine, 1967. 
GOERGEN, Pedro. A pesquisa educacional no Brasil: dificuldades, 
avanços e perspectivas. Em Aberto. Brasília, MEC/INEP, (31): 1-18, 
set. 1986. 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno 
LINCOLN, Ivonna S.; GUBA, Egon G. Naturalistic inquiry. Beverly 
Hills: Sage Publ., 1985. 
SCHIEFELBEIN, Ernesto; CARIOLA, Patrício, lnvestigación y 
políticas educativas en América Latina: síntesis de reunión de 
expertos. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, 
(165):265-77, maio/ago. 1989. 
SNOW, Richard E. Theory construction for research on teaching. In: 
TRAVERS, R.M. (ed.) Second handbook of research on teaching. 
Chicago: Rand Mc Nally, 1973. 
TEDESCO, Juan Carlos. Os paradigmas da pesquisa educacional na 
América Latina. Em Aberto. Brasília, MEC/INEP, (20):1-11, abr. 1984. 
WARDE, Mirian J. O papel da pesquisa na pós-graduação em 
educação. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, (73):67-75, maio 1990. 
4 2 A BÚSSOLA DO ESCREVER 
ANEXO 
Relação de bibliografias temáticas em educação da 
REDGC* e na coleção Em aberto 
BIBLIOGRAFIAS TEMÁTICAS \ - V " ~V ( gjggjgg* 
EDUCAÇÃO POPULAR 1989 1987 
ESTADOS D A A R T E :.:.í;'ií; ] - J * ' r C-í * £ ; \ 
ALFABETIZAÇÃO 
Magda B. Soares 1989 
EDUCAÇÃO E TRABALHO 
Acácia Z Kuenzer 1987 
ENSINO SUPLETIVO 
Sérgio Haddad 1987 
FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
Rose Neubauer da Silva et al 1991 
LIVRO DLDÁTICO 
BarbaraFreitag et al 1987 
MULHER E EDUCAÇÃO FORMAL 
Fúlvia Rosemberg et al 1990 
RESUMOS ANALÍTICOS TEMÁTICOS -
ALFABETIZAÇÃO (2v.) v.l : 1989 
ALFABETIZAÇÃO v.2 1991 
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA 1990-1998,..: 2000 
Elba S. de S. Barreto e Regina Pahim Pinto, (Coord.) 
FORMAÇÃO DE PROFESSORES (v.3) 1987 
RESUMOS ANALÍTICOS EM EDUCAÇÃO 1997 
Elba S. de S. Barreto (Coord.) 
RESUMOS ANALÍTICOS EM EDUCAÇÃO 1998 1999 
Elba S. de S. Barreto (Coord.) 
* REDUC (Centros associados INEP, Brasília, FCC, São Paulo) 
A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retomo 
Coleção Em aberto (Brasília, INEP/MEC) 
Tema Vol. N1 Data 
ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO 6 36 OutVdez. 1987 
ARTE E EDUCAÇÃO 2 15 Maio 1983 
AVALIAÇÃO EDUCACIONAL 15 66 AbrVjun. 1995 
CURRÍCULO: REFEENCIAIS E TENDÊNCIAS 12 58 AbrVjun.-1993 
CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO 
Contribuição da Filosofia 9 45 Jan./mar. 1990 
Contribuição da História 9 47 JulVset. 1990 
Contribuição da Psicologia 9 48 OutVdez. 1990 
Contribuição da Sociologia 9 46 AbrVjun. 1990 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 10 70 AbrVjun. 1996 
1 EDUCAÇÃO: NATUREZA E ESPECIFICIDADE 3 22 JulVago. 1984 
1 EDUCAÇÃO COMPARADA 3 24 Nov./ago. 1984 
EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA ' 2 17 Jul.1983 
TENDÊNCIAS NA INFORMÁTICA EM EDUCAÇÃO 12 57 JanVmar. 1993 
1 EDUCAÇÃO ESPECIAL 2 13 Fev. 1983 
1 EDUCAÇÃO INDÍGENA 3 21 • Maio/jun. 1984 
' EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA 14 63 OutVdez. 1994 
l EDUCAÇÃO NÃO FORMAL 2 ÍST Ago./nov. 1983 
' TENDÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 11 56 OutVdez. 1992 
. EDUCAÇÃO RURAL 1 9 SeL 1982 
; EDUCAÇÃO BÁSICA: A CONSTRUÇÃO DO SUCESSO 
! ESCOLAR 11 52 OutVdez. 1991 
EDUCAÇÃO E IMAGINÁRIO SOCIAL: REVENDO A 
ESCOLA 14 61 Jan./mar. 1994 
EDUCAÇÃO E TRABALHO 3 19 Mar. 1984 
do jovem 4 28 OutVdez. 1985 
EDUCAÇÃO, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO 15 65 JanVmar. 1995 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 10 49 JanVmar. 1981 
1 EDUCAÇÃO NO MUNDO PÓS-GUERRA FRIA 14 64 OutVdez. 1994 
ENSINO DE 1*GRAU 
Aprendizagem da língua materna 2 12 Jan. 1983 
Ensino de Ciências 7 40 OutVdez. 1988 
Ensino de Estudos Sociais 7 37 JanVmar. 1988 
Pontos de estrangulamento 6 33 JanVmar. 1987 
ENSINO SUPLETIVO 2 16 Jun. 1983 
ESPORTE NA ESCOLA 1 5 Abr. 1982 
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 3 23 SetVout. 1984 
44 A BOSSOLA DO ESCREVER 
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL 
Educação e Constituinte 5 30 Abr./jun. 1986 
Educação na nova Constituição (1988): 
Ensino de 2a grau 8 41 JanVmar. 1989 
Qualidade e democratização 8 44 OutVdez. 1989 
Recursos para educação 8 42 AbrVjun. 1989 
Universidade 8 43 JulVset. 1989 
Lei de Diretrizes e Bases 7 38 AbrVjun. 1988 
LIVRO DIDÁTICO 6 35 JuIVseL 1987 
Livro didático e qualidade de ensino 16 69 JuIVmar. 1996 
MERCOSUL 15 68 OutVdez. 1995 
MERENDA ESCOLAR 15 67 JulVset. 1995 
PESQUISA EDUCACIONAL NO BRASIL 5 31 AgoVset. 1986 
PESQUISA PARTICIPANTE 3 20 Abr. 1984 
POLÍTICA EDUCACIONAL 
Educação e política 14 26 Abr./jun.1985 
Governo e cultura 1 11 Nov. 1982 
Municipalização do ensino 5 29 JanVmar. 1986 
Perspectivas da educação brasileira 4 25 JanVmar. 1985 
Política social e educação 4 27 JulVset. 1985 
Universalização do ensino básico 7 39 JulVset. 1988 
Plano decenal de educação para todos 13 58 JulVset. 1993 
Balanço da atual política educacional e ações educativas: 
iniciando a discussão 10 50/51 AbrVsel 1991 
PROFESSOR 
Formação, carreira, salário, organ. pol. 6 34 AbrVjul. 1987 
Leigo 5 32 OutVdez. 1986 
Tendências na formação de professores 11 54 AbrVjun. 1992 
TENDÊNCIAS NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA 14 62 AbrVjun. 1994 
TENDÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS 11 55 JulVset. 1992 
VESTIBULAR 1 3 Fev. 1982

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