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Prévia do material em texto

. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SED-MS 
 
 
Leitura, compreensão e interpretação de textos .................................................................................. 1 
Estruturação do texto e dos parágrafos ............................................................................................. 12 
Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores sequenciais .............. 16 
Significação contextual de palavras e expressões ............................................................................. 40 
Equivalência e transformação de estruturas ...................................................................................... 52 
Sintaxe: processos de coordenação e subordinação ......................................................................... 58 
Emprego de tempos e modos verbais ................................................................................................ 65 
Pontuação ......................................................................................................................................... 79 
Estrutura e formação de palavras ...................................................................................................... 87 
Funções das classes de palavras ...................................................................................................... 97 
Flexão nominal e verbal ................................................................................................................... 132 
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação ................................................................. 138 
Concordância nominal e verbal ........................................................................................................ 148 
Regência nominal e verbal ............................................................................................................... 164 
Ortografia oficial ............................................................................................................................... 175 
Acentuação gráfica .......................................................................................................................... 190 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
COMPREENSÃO DO TEXTO 
 
Há duas operações diferentes no entendimento de um texto. A primeira é a apreensão, que é a captação 
das relações que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente 
para entender o sentido integral. 
Uma pessoa que conhecesse todas as palavras do texto, mas não conhecesse o universo dos discursos, 
não entenderia o significado do mesmo. Por isso, é preciso colocar o texto dentro do universo discursivo 
a que ele pertence e no interior do qual ganha sentido. 
Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimento de mundo”, mas chamaremos essa 
operação de compreensão. 
E assim teremos: 
 
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto 
 
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: informativa e de 
reconhecimento. 
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se 
informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, 
passagens importantes; tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. 
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras 
como não, exceto, respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha adequada. 
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia 
do sentido global proposto pelo autor. 
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos parágrafos 
que é composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. 
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. 
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem 
esquerda. 
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira 
clara e resumida. 
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à 
compreensão do texto. 
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um tecido. O fio deve ser trabalhado com muito 
cuidado para que o trabalho não se perca. O mesmo acontece com o texto. O ato de escrever toma de 
empréstimo uma série de palavras e expressões amarrando, conectando uma palavra uma oração, uma 
ideia à outra. O texto precisa ser coeso e coerente. 
 
Coesão 
 
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais elementos de coesão são os conectivos, 
vocábulos gramaticais, que estabelecem conexão entre palavras ou partes de uma frase. O texto deve 
ser organizado por nexos adequados, com sequência de ideias encadeadas logicamente, evitando frases 
e períodos desconexos. 
Para perceber a falta de coesão, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto, procurando 
estabelecer as possíveis relações entre palavras que formam a oração e as orações que formam o 
período e, finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um texto bem trabalhado sintática e 
semanticamente resultam num texto coeso. 
 
Leitura, compreensão e interpretação de textos 
 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 2 
Coerência 
 
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto, ou seja, 
ela é que faz com que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da coerência será levado em 
conta o tipo de texto. 
Em um texto dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os argumentos e de organizá-los 
de forma a extrair deles conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada sua capacidade de 
construir personagens e de relacionar ações e motivações. 
 
Tipos de Composição 
 
Descrição 
É representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos 
característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar aquilo que 
vai ser descrito um modelo inconfundível. 
Não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma 
impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por 
isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas. 
 
Narração 
É um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos constitutivos: 
personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue da 
descrição é a presença depersonagens atuantes, que estão quase sempre em conflito. 
 
Dissertação 
É apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é 
estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é necessário explanar 
e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a fundamentação 
argumentativa, mais brilhante será o desempenho. 
 
Sentidos dos Textos 
 
Sentidos Próprio e Figurado 
Geralmente os exemplos de tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria é uma flor” diz-se que 
“flor” tem um sentido próprio e um sentido figurado. 
O sentido próprio é o mesmo do enunciado: “parte do vegetal que gera a semente”. 
O sentido figurado é o mesmo de “Maria, mulher bela, etc.” 
O sentido próprio, na acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo. 
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre corresponde ao que definimos aqui como sentido 
imediato do enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o sentido preferencial, o que 
comumente ocorre. 
O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a metáfora, e que em leitura imediata leva à 
mesma mensagem que se obtém pela decifração da metáfora. 
 
Sentido Imediato 
É o que resulta de uma leitura imediata que, com certa reserva, poderia ser chamada de leitura ingênua 
ou leitura de máquina de ler. É aquela em que se supõe a existência de uma série de premissas que 
restringem a decodificação, tais como: 
- as frases seguem modelos completos de oração da língua; 
- discurso lógico; 
- se a forma usada no discurso é a mesma usada para estabelecer identidades lógicas ou atribuições, 
então, tem-se, respectivamente, identidade lógica e atribuição; 
- significados encontrados no dicionário; 
- existe concordância entre termos sintáticos; 
- abstrai-se a conotação; 
- supõe-se que não há anomalias linguísticas; 
- abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto modificadores do código linguístico; 
- supõe-se pertinência ao contexto; 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 3 
- abstrai-se icônicas (é a associação harmoniosa entre os efeitos suscitados pela observação do 
significante e seu significado. Essa associação pode derivar de uma relação de semelhança ou de 
contiguidade); 
- abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc.; 
- não se concebe a existência de locuções e frases feitas; 
- supõe-se que o uso do discurso é comunicativo; 
- abstrai-se o uso expressivo, cerimonial. 
 
Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, ininteligível ou compreendido parcialmente. 
Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que se comporte como uma máquina de ler, o 
que faz do conceito de leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. 
O que existe são ocorrências eventuais que se aproximam de uma leitura imediata, como quando 
alguém toma o sentido literal pelo figurado, quando não capta uma ironia ou fica perplexo diante de um 
oxímoro. 
Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de grau zero da escritura, identificando-a como 
uma forma mais primitiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é apenas um pressuposto. Os 
recursos de retórica são anteriores a ele. 
 
Sentido Preferencial 
Para compreender o sentido preferencial é preciso conceber o enunciado descontextualizado ou em 
contexto de dicionário. Quando um enunciado é realizado em contexto muito rarefeito, como é o contexto 
em que se encontra uma palavra no dicionário, dizemos que ela está descontextualizada. 
Nesta situação, o sentido preferencial é o que, na média, primeiro se impõe para o enunciado. Óbvio, 
o sentido que primeiro se impõe para um receptor pode não ser o mesmo para outro. Por isso a definição 
tem de considerar o resultado médio, o que não impede que pela necessidade momentânea 
consideremos o significado preferencial para dado indivíduo. 
Algumas regularidades podem ser observadas nos significados preferenciais. Por exemplo: o sentido 
preferencial da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para abate”, e nunca o de “indivíduo 
sem higiene”. 
Em outras palavras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se impõe sobre o que teve origem 
em processos metafóricos, alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos o seguinte 
exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido preferencial para a frase dada é o mesmo de “caminhão 
carregado com cimento” e não o de “caminhão construído com cimento”. 
Neste caso o sentido preferencial é o metonímico, o que contrapõe a tese que diz que o sentido 
“figurado” não é o “primeiro significado da palavra”. Também é comum o sentido mais usado se impor 
sobre o menos usado. 
Para certos termos é difícil estabelecer o sentido preferencial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial 
de manga? O de fruto ou de uma parte da roupa? 
 
Questões 
 
01. (TRF 5ª Região - Técnico Judiciário - FCC) Há falta de coesão e de coerência na frase: 
(A) Nem sempre os livros mais vendidos são, efetivamente, os mais lidos: há quem os compre para 
exibi-los na estante. 
(B) Aquele romance, apesar de ter sido premiado pela academia e bem recebido pelo público, não 
chegou a impressionar os críticos dos jornais. 
(C) Se o sucesso daquele romance deveu-se, sobretudo, à resposta do público, razão pela qual a 
maior parte dos críticos também o teriam apreciado. 
(D) Há livros que compramos não porque nos sejam imediatamente úteis, mas porque imaginamos o 
quanto poderão nos valer num futuro próximo. 
(E) A distribuição dos livros numa biblioteca frequentemente indica aqueles pelos quais o dono tem 
predileção. 
 
02. (ALERJ - Especialista Legislativo - FGV/2017) 
 
Comunicação Política na Suíça 
 
Os cidadãos suíços são convocados a se pronunciar periodicamente, de quatro a cinco vezes por ano 
aproximadamente, sobre um total de quinze temas da atualidade política. Além de cada uma dessas 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 4 
votações populares, os cidadãos são convidados a dar suas opiniões (votando simplesmente sim ou não) 
sobre três ou quatro problemas de interesse nacional, aos quais se acrescentam alguns tópicos especiais 
dos cantões e das comunas. Esse sistema repousa sobre a iniciativa popular e sobre o referendum, que 
permitem a uma minoria, respectivamente 100.000 cidadãos, no caso da iniciativa popular, e 50.000, no 
caso do referendum, obrigar o conjunto do país a se interessar sobre o que a preocupa. 
(Argumentação, Hermès. Paris: CNRS Edições. 2011, p. 58) 
 
O texto abaixo que carece de coerência é: 
(A) “Democracia é como nadar. Aprende-se praticando”. (Abdel-Hadi) 
(B) “Todo político em busca de reeleição é um animal perigoso”. (Sanguinetti) 
(C) “A maior contribuição que alguns políticos podem dar ao país é perder as eleições”. (Ciro Pellicano) 
(D) “A ânsia de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para a ânsia de governá-la”. 
(Mencken) 
(E) “Um político honesto é aquele que, quando comprado, permanece comprado”. (Simon Cameron) 
 
03. (Pref. de Teresina/PI - Professor Português - NUCEPE/2016) 
 
SCHULZ, Charles M. Ser cachorro é um trabalho 
De tempo integral. São Paulo, Conrad, 2004. 
 
O quarto quadrinho do texto apresenta o conectivo mas, que normalmente opõe duas ideias contrárias. 
Esse recurso linguístico como fator de textualidade realiza uma 
(A) coesão referencial. 
(B) coerência argumentativa. 
(C) coesão sequencial. 
(D) coerência narrativa. 
(E) contiguidade. 
 
04. (TJ/SP - Agente de Fiscalização Judiciária - VUNESP) No fim da década de 90, atormentado 
pelos chás de cadeira que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes 
cidades de 31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A conclusão 
foi que os brasileiros estão entre os povos mais atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - 
do mundo. Foram analisadasa velocidade com que as pessoas percorrem determinada distância a pé no 
centro da cidade, o número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros 
pontuaram muito mal nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. 
O país dos relógios é, portanto, o que tem o povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking 
são ocupadas por países pobres. 
O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos traços culturais de um país. "Nos 
Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, 
em comparação, dão mais importância às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos", diz 
o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por exemplo, revelou que a maioria considera 
aceitável que um convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de aniversário. 
Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários porque a 
infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no 
transporte público? 
(Veja, 02.12.2009) 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 5 
Há emprego do sentido figurado das palavras em: 
(A) os brasileiros estão entre os povos mais atrasados. 
(B) No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. 
(C) Os brasileiros dão mais importância às relações sociais. 
(D) Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo. 
(E) não se pode confiar no serviço público? 
 
 05. (IF/GO - Auxiliar em Administração - CS/UFG) 
 
Sua excelência, o leitor 
 
Os livros vivem fechados, capa contra capa, esmagados na estante, às vezes durante décadas - é 
preciso arrancá-los de lá e abri-los para ver o que têm dentro [...]. Já o jornal são folhas escancaradas ao 
mundo, que gritam para ser lidas desde a primeira página. As mãos do texto puxam o leitor pelo colarinho 
em cada linha, porque tudo é feito diretamente para ele. O jornal do dia sabe que tem vida curta e ofegante 
e depende desse arisco, indócil, que segura as páginas amassando-as, dobrando-as, às vezes 
indiferente, passando adiante, largando no chão cadernos inteiros, às vezes recortando com a tesoura 
alguma coisa que o agrada ou o anúncio classificado. Súbito diz em voz alta, ao ler uma notícia grave, 
"Que absurdo!", como quem conversa. O jornal se retalha entre dois, três, quatro leitores, cada um com 
um caderno, já de olho no outro, enquanto bebem café. Nas salas de espera, o jornal é cruelmente 
dilacerado. Ao contrário do escritor, que se esconde, o cronista vive numa agitada reunião social entre 
textos - todos falam em voz alta ao mesmo tempo, disputam ávidos o olhar do leitor, que logo vira a 
página, e silenciamos no papel. Renascemos amanhã. 
TEZZA, Cristóvão. Disponível em:imagem-010.jpg Acesso em: 19 fev. 2014. (Adaptado). 
 
Qual das expressões abaixo está empregada em sentido figurado? 
(A) “gritam para ser lidas” 
(B) “capa contra capa” 
(C) “logo viram a página” 
(D) “enquanto bebem café” 
 
Gabarito 
 
01.C / 02.E / 03.C / 04.D /05.A 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
É possível a construção da frase com o “então” substituindo, “razão pela qual”, dando um caráter de 
conclusão na frase e não apenas uma justificativa. 
 
02. Resposta. E 
Um político sendo comprado, já é indício que ele não é honesto. Faltou a coerência neste argumento. 
 
03. Resposta: C 
A coesão sequencial sempre estabelece por meio dos conectivos uma relação entre as frases e seus 
sentidos, ligando-as. 
 
04. Resposta: D 
A alternativa D foi utilizada uma metáfora. Linguagem conotativa, o seu significado foi ampliado para 
sugerir que o trânsito é algo difícil a ponto de ser um pesadelo. 
 
05. Resposta: A 
A alternativa tem a frase “gritam para ser lidas” associada as folhas de jornais. A linguagem é figurada 
devido ao fato de as folhas de jornal gritarem, folhas de jornais não gritam e nem falam. A característica 
da figura de linguagem pode ser também algo anormal ao senso comum. 
 
 
 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 6 
INTERPRETAÇÃO 
 
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer 
finalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de 
entender um texto? 
Para se compreender um texto precisa entender o que um texto não é conforme diz Platão e Fiorin: 
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma receita; assim também não é superpondo 
frases que se constrói um texto”.1 
 
Ou seja, um texto não é um aglomerado de frases, ele tem um começo, meio, fim, uma mensagem a 
transmitir, tem coerência, e cada frase faz parte de um todo. 
Na verdade, o texto pode ser a questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E 
como é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se 
imagina. Se na hora da leitura, deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já muda 
a interpretação. Veja a diferença: 
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? 
Qual opção abaixo pertence ao grupo? 
 
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que 
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais 
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. 
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os 
erros que podemos cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso 
que é preciso melhorar a capacidade de leitura e compreensão. 
Texto: conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz 
de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). 
 
Contexto: um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que a 
faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser 
transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases 
é tão grande, que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá 
ter um significado diferente daquele inicial. O contexto pode ser entendido como unidade linguística maior 
onde se encaixa uma unidade linguística menor.2 
 
Intertexto: quando um texto retoma outro, constrói-se com base em outro. 
 
Intertextualidade: é exatamente a relação entre dois textos. 
 
Interpretação de Texto: o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de 
sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as 
argumentações ou explicações que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. 
 
Normalmente, numa prova o candidato é convidado a: 
Identificar: reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma 
época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 
Comparar: descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 
Comentar: relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 
Resumir: concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 
Parafrasear: reescrever o texto com outras palavras. Exemplo: 
 
Título do Texto Paráfrases 
 
“O Homem Unido” 
A integração do mundo. 
A integração da humanidade. 
A união do homem. 
Homem + Homem = Mundo. 
A macacada se uniu. (sátira) 
 
1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011. 
2 PLATÂO, Fiorin, Para entender o texto, Ática, 1990. 
1508153 E-book gerado especialmente para WELITON SILVA MARTINS
 
. 7 
Condições Básicas para Interpretar 
 
Faz-se necessário: 
- Conhecimento histórico/literário (escolas e gêneros literários, estruturado texto), leitura e prática. 
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (significado 
das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia, 
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. 
- Capacidade de observação e de síntese. 
- Capacidade de raciocínio. 
 
Interpretar X Compreender 
 
Interpretar significa Compreender significa 
Explicar, comentar, julgar, tirar 
conclusões, deduzir. 
Tipos de enunciados: 
- através do texto, infere-se que... 
- é possível deduzir que... 
- o autor permite concluir que... 
- qual é a intenção do autor ao afirmar 
que... 
Intelecção, entendimento, atenção ao que 
realmente está escrito. 
Tipos de enunciados: 
- o texto diz que... 
- é sugerido pelo autor que... 
- de acordo com o texto, é correta ou errada 
a afirmação... 
- o narrador afirma... 
 
Erros de Interpretação 
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes 
são: 
Extrapolação (viagem): ocorre quando se sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no 
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. 
Redução: é o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que o texto 
é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. 
Contradição: não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões 
equivocadas e, consequentemente, errando a questão. 
 
Atenção: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas 
numa prova de concurso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. 
 
Coesão 
É o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre 
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (nexos), 
ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. 
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do 
pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode 
esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, um valor semântico, por isso a 
necessidade de adequação ao antecedente. 
 
Vícios de Linguagem 
Há os vícios de linguagem clássicos (barbarismo, solecismo, cacofonia); no dia a dia, porém, existem 
expressões que são mal empregadas, e por força desse hábito cometem-se erros graves como: 
- “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de morte. 
- “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o pronome oblíquo átono correto é “o”. 
- “No bar: me vê um café”. Erro de posição do pronome, que deveria vir após o verbo (vê-me). 
 
Algumas dicas para Interpretar um Texto 
 
- Leia bastante textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de pensar. 
Leia textos de bom nível. 
- Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza que 
estamos prestando atenção na leitura. 
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- Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no final da página, e nem 
lembramos o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a leitura num 
ponto que estávamos prestando atenção, e reler. 
- Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja, nos 
ajuda a compreender melhor o assunto do texto. 
- Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar 
hipóteses e saber sobre o que se fala. 
- Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza tempo 
se no meio da leitura identificar uma possível resposta. 
- Preste atenção nas informações não verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser usado ao 
seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura. 
- Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois cada um 
tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto. 
 
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado 
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, 
mas também um aprendizado. 
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação, 
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria 
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de 
memória. 
 
Organização do Texto e Ideia Central 
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos 
parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. 
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da 
margem esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central 
extraída de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, 
asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto. 
 
Exemplos: 
Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos 
latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da 
indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. 
Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos 
canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-
se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. 
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) 
 
Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: 
(A) os portugueses. 
(B) os negros. 
(C) os índios. 
(D) tanto os índios quanto aos negros. 
(E) a miscigenação de portugueses e índios. 
(Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.) 
 
Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas 
características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto. 
 
- Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir: 
(1) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(2) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(3) Os alunos dedicados passaram no vestibular. 
(4) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. 
(5) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
(6) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
 
Explicações: 
(1) Diego fez sozinho o trabalho de artes. 
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(2) Apenas o Diego fez o trabalho de artes. 
(3) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que 
se dedicaram, restringindo o grupo de alunos. 
(4) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. 
(5) Marcão é chamado para cantar. 
(6) Marcão pratica a ação de cantar. 
 
Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele: 
“Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adolescentes com hormônios em ebulição e 
com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação 
comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor.” 
 
Frase para análise. 
Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das escolas privadas. E esse é o grande 
desafio do professor moderno. 
 
- Não é mencionado que a escola seja da rede privada. 
- O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desafiodo magistério. Outra 
questão é que o grande desafio não é só administrar os desafios às regras, isso é parte do desafio, há 
também os hormônios em ebulição que fazem parte do desafio do magistério. 
 
- Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo do sentido original). 
- A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algumas delas: substituição de locuções por 
palavras; uso de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vice-versa; converter a voz ativa 
para a passiva; emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia; o povo lusitano 
= portugueses). 
 
Observe a mudança de posição de palavras ou de expressões nas frases. Exemplos: 
- Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Os alunos determinados pediram ajuda aos professores. 
- Determinados alunos pediram ajuda aos professores. 
 
Explicações: 
- Certos alunos = qualquer aluno. 
- Alunos certos = aluno correto. 
- Alunos determinados = alunos decididos. 
- Determinados alunos = qualquer aluno. 
 
Questões 
 
01. (TRE/GO - Analista Judiciário - CESPE) A ciência moderna teve de lutar com um inimigo 
poderoso: os monopólios de interpretação, fossem eles a religião, o estado, a família ou o partido. Foi 
uma luta travada com enorme êxito e cujos resultados positivos vão ser indispensáveis para criar um 
conhecimento emancipatório pós-moderno. O fim dos monopólios de interpretação é um bem absoluto da 
humanidade. 
No entanto, como a ciência moderna colonizou as outras formas de racionalidade, destruindo assim, 
o equilíbrio dinâmico entre regulação e emancipação, em detrimento desta, o êxito da luta contra os 
monopólios de interpretação acabou por dar lugar a um novo inimigo, tão temível quanto o anterior, e que 
a ciência moderna não podia senão ignorar: a renúncia à interpretação, paradigmaticamente patente no 
utopismo automático da tecnologia e também na ideologia e na prática consumistas. 
 
Depreende-se da argumentação do texto que 
(A) a criação de um conhecimento pós-moderno apoia-se na utopia da ideologia e da prática 
consumista. 
(B) tanto uma interpretação monopolizada quanto a falta de interpretação são prejudiciais à 
humanidade. 
(C) tanto a ciência moderna quanto outras formas de racionalidade prejudicaram a luta contra os 
monopólios de interpretação. 
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(D) o fim dos monopólios de interpretação teve como uma de suas consequências o enfraquecimento 
da religião, do Estado, da família e dos partidos. 
 
02. (CFP - Técnico em Informática - Quadrix) 
 
 
 
Sobre a interpretação dos quadrinhos, assinale a alternativa correta. 
(A) Os quadrinhos não causariam o riso, independentemente do perfil do leitor e da leitura realizada. 
(B) Depois de o marido afirmar ser estéril, não seria possível de maneira alguma a mulher estar grávida. 
(C) Na verdade, pode-se concluir que a mulher mentiu para o marido em relação à gravidez, querendo 
apenas assustá-lo. 
(D) As imagens em nada se relacionam ao texto dos quadrinhos. 
(E) No primeiro quadrinho, a maneira de falar e as imagens mostram que a mulher imaginou que daria 
uma boa notícia ao marido. 
 
03. (MPE/ES - Promotor de Justiça Substituto - FAPEC) 
 
A arte de ser feliz 
Cecília Meireles 
 
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. 
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. 
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. 
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas 
gotas de água sobre as plantas. 
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, pra que o jardim não morresse. 
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros 
e meu coração ficava completamente feliz. 
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. 
Outras vezes encontro nuvens espessas. 
Avisto crianças que vão para a escola. 
Pardais que pulam pelo muro. 
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. 
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. 
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. 
Às vezes, um galo canta. 
Às vezes, um avião passa. 
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. 
E eu me sinto completamente feliz. 
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que 
essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é 
preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. 
Glossário: Félix Lope de Vega y Carpio 
 
A partir da leitura e interpretação do texto acima, assinale a alternativa correta: 
(A) O texto apresenta o modo descritivo-narrativo, trazendo como uma de suas mensagens a ideia de 
que o ser humano precisa aprender a ver com olhos conscientes para poder captar a realidade em sua 
plenitude. 
(B) O texto apresenta o modo dissertativo-argumentativo, porque está baseado na defesa de uma ideia 
visando convencer o leitor de que as pessoas precisam enxergar as coisas e fatos mais singelos do 
cotidiano para alcançar a felicidade. 
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(C) O texto apresenta somente o modo narrativo, trazendo a ideia de que todos devem ter uma só 
visão sobre o mundo. 
(D) O texto apresenta somente o modo injuntivo ou instrucional, pois objetiva, sobretudo, trazer 
explicações sobre a visão do ser humano, sem a finalidade de convencer o leitor por meio de argumentos. 
(E) O texto apresenta somente o modo descritivo ao fazer o retrato minucioso escrito de um lugar, uma 
cena, uma pessoa e alguns animais, identificados como “pequenas felicidades certas”. 
 
04. (Pref. São José/PR - Agente Administrativo - FAUEL/2017) 
 
Cassini faz primeiro mergulho entre Saturno e seus anéis; cientistas esperam dados de 
qualidade inédita. 
 
Após 13 anos em órbita, a sonda CassiniHuygens já está enviando informações para a Terra após ter 
feito seu primeiro “mergulho” entre os anéis de Saturno - são 22 planejados para os próximos cinco 
meses. 
A Cassini começou a executar a manobra - considerada difícil e delicada - na última quarta-feira e 
restabeleceu contato com a Nasa (agência espacial americana) na manhã desta quinta. A sonda se 
movimenta a 110 mil km/h, tão rapidamente que qualquer colisão com outros objetos - mesmo partículas 
de terra ou gelo - poderia provocar danos. 
Um objetivo central é determinar a massa e, portanto, a idade dos anéis - formados, acredita-se, por 
gelo e água. Quanto maior a massa, mais velhos eles podem ser, talvez tão antigos quanto Saturno. Os 
cientistas pretendem descobrir isso ao estudar como a velocidade da sonda é alterada enquanto ela voa 
entre os campos gravitacionais gerados pelo planeta e pelas faixas de gelo que giram em torno dele. 
Fragmento do texto publicado no site da BBC Brasil, por Jonathan Amos, correspondente de Ciência da BBC, dia 27 de abril de 2017. 
 
Quanto ao gênero e interpretação do texto, é CORRETO afirmar que se trata de um trecho de: 
(A) uma biografia dos cientistas Cassini e Huygens. 
(B) uma notícia sobre um avanço científico. 
(C) uma reportagem política sobre a Nasa. 
(D) um artigo científico sobre velocidade. 
(E) um texto acadêmico sobre a Via Láctea. 
 
05. (CREF 12ª Região - Assistente Administrativo - QUADRIX) 
 
 
 
 
A interpretação da tirinha, de uma maneira global, permite compreender que: 
(A) As razões pelas quais Ágatha troca Gaturro por um novo namorado são puramente sentimentais. 
(B) Ágatha não consegue apresentar quaisquer razões para ter trocado de namorado. 
(C) Ágatha e Gaturro continuam sendo namorados, apesar de ela afirmar o contrário. 
(D) À medida que Ágatha apresenta suas razões, Gaturro se sente mais e mais humilhado, sentimento 
que tem seu ápice nos dois últimosquadrinhos. 
(E) A relação entre Ágatha e Gaturro sempre foi conturbada, o que se pode comprovar pelas feições 
alternadas de Gato Viga ao longo do desenrolar dos fatos. 
 
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Gabarito 
 
01.B / 02.E / 03.A / 04.B / 05.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
O texto argumenta a dificuldade que a ciência moderna teve em relação a quebrar paradigmas 
estabelecidos, que existe um monopólio de interpretação e que este somente pode ser prejudicial não 
permitindo outras formas de interpretação. 
 
02. Resposta: E 
Em relação as quadrinhos é necessário para uma boa interpretação, prestar atenção nos desenhos e 
na linguagem. No primeiro quadrinho a esposa realmente com um rosto feliz pensa que sua fala será 
impactante e alegre para o seu marido. 
 
03. Resposta: A 
O modo descritivo-narrativo se apresenta no texto, uma vez que existe a descrição de um personagem 
que molha as plantas, e uma narrativa ao mesmo tempo, a descrição é bem sucinta, ou seja, bem rápida 
e leve. 
 
04. Resposta: B 
O texto expõe claramente um tema sobre avanço científico, sobre a sonda que faz 13 anos está em 
órbita enviando informações para a terra. 
 
05. Resposta: D 
Sim, à medida que Ágatha vai mencionando partes do corpo do seu novo namorado, o Gaturro chega à 
conclusão que é melhor inverter o discurso, para não precisar ouvir mais qualidades do seu novo 
namorado, e suas expressões evidenciam isso claramente. 
 
 
 
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase leva-nos a refletir sobre a organização3 das 
ideias em um texto. 
A eficácia do texto dependerá da forma pela qual estas ideias se apresentarão mediante o transcorrer 
do discurso. Partindo deste pressuposto, temos a noção de quão importante é a estruturação do texto 
e dos parágrafos, que permitem que o pensamento seja distribuído de forma lógica e precisa, com vistas 
a permitir uma efetiva interação entre os interlocutores. 
Obviamente que outros fatores relacionados à competência linguística do emissor participam deste 
processo, entre estes: pontuação adequada, utilização correta dos elementos coesivos, de modo a 
estabelecer uma relação harmônica entre uma ideia e outra, dentre outros. 
 
Estruturação 
 
Os elementos essenciais para a composição de um texto são: introdução, desenvolvimento e 
conclusão4. 
Analisemos cada uma das partes separadamente: 
 
Introdução 
Apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. 
Caracteriza-se por ser o parágrafo inicial. 
 
Desenvolvimento 
Estruturalmente, é a maior parte contida no texto. 
 
3 http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estudos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/ 
4 https://www.algosobre.com.br/redacao/a-unidade-basica-do-texto-estrutura-do-paragrafo.html 
Estruturação do texto e dos parágrafos 
 
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. 13 
O desenvolvimento estabelece uma relação entre a introdução e a conclusão, pois é nesta etapa que 
as ideias, argumentos e posicionamento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com o intuito de 
dirigir a atenção do leitor para a conclusão. 
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e capazes de fazer com que o leitor anteceda 
a conclusão. 
 
Os três principais erros cometidos durante a elaboração do desenvolvimento são: 
1. Distanciamento do texto em relação à discussão inicial. 
2. Concentrar-se em apenas um tópico do tema e esquecer os demais. 
3. Tecer muitas ideias ou informações e não conseguir organizá-las ou relacioná-las, dificultando, 
assim, a linha de entendimento do leitor. 
 
Conclusão 
É o ponto de chegada de todas as argumentações elencadas no desenvolvimento, ou seja, é o 
fechamento do texto e dos questionamentos propostos pelo autor. 
Na elaboração da conclusão deve-se evitar as construções padrões como: “Portanto, como já 
dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”. 
 
Sequência Lógica 
 
O texto deve ter uma sequência lógica, que são exatamente as ideias bem estruturadas que vão levar 
ao leitor compreender o sentido do texto; ou seja, o que se pretende transmitir. Por isso, não pode haver 
ideias ambíguas (duplo sentido) e nem contraditórias (expressando oposição) do que já fora declarado 
no texto; também não pode conter frases inacabadas, incompletas ou sem sentido. 
Após a definição da ideia, o parágrafo é o ponto de partida para uma boa redação. Não se faz um bom 
texto sem um bom parágrafo para sustentar as ideias principais e secundárias. Chegou a hora de 
fundamentar sua ideia. 
 
Parágrafo 
 
Parágrafo é cada unidade de informação construída ou formada no texto, a partir de um tópico frasal 
(ideia central ou principal do parágrafo – é a “puxada do assunto”). O parágrafo é um dos mais importantes 
componentes do texto. Ele sempre deverá ser desenvolvido a partir de uma ideia-núcleo, responsável por 
nortear as ideias secundárias. 
 
Parágrafo-padrão: é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que 
se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente 
relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. 
 
Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação 
cultural. A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter 
parágrafos mais longos. O parágrafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio de 
longos parágrafos, ou para enfatizar uma ideia. 
 
Parágrafos médios: comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível médio. Cada 
parágrafo médio construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. 
 
Parágrafos longos: em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três 
razões: os textos são grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem 
várias ideias e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para 
acompanhá-los. 
 
Esteticamente, o parágrafo se caracteriza como um sutil recuo em relação à margem esquerda da 
folha; conceitualmente, o parágrafo completo deve dispor de introdução, desenvolvimento e conclusão. 
Introdução – também denominada de tópico frasal, constitui-se pela apresentação da ideia principal, 
feita de maneira sintética de acordo com os objetivos do autor... 
Desenvolvimento – fundamenta-se na ampliação do tópico frasal, atribuído pelas ideias secundárias, 
com vistas a reforçar e conferir credibilidade na discussão. 
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Conclusão – caracteriza-se pela retomada da ideia central associando-a aos pressupostos 
mencionados no desenvolvimento, procurando arrematá-los. 
 
Vejamos um exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e 
conclusão): 
 
(Ideia-núcleo) A poluição que se verifica principalmente nas capitais do país é um problema relevante, 
para cuja solução é necessária uma ação conjunta de toda a sociedade. 
(Ideia secundária) O governo, por exemplo, deve rever sua legislação de proteção ao meio ambiente, 
ou fazer valer as leis em vigor; o empresário pode dar sua contribuição, instalando filtro de controle dos 
gases e líquidos expelidos, e a população, utilizando menos o transporte individual e aderindo aos 
programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já ocorre em São Paulo. 
(Conclusão) Medidas que venham a excluir qualquer um desses três setores da sociedade tendem a 
ser inócuas no combate à poluição e apenas onerar as contas públicas. 
 
Quanto aos textos narrativos, os parágrafos costumam ser caracterizados pelo predomínio dos verbos 
de ação, retratando o posicionamento dos personagens mediante o desenrolar do enredo, bem como 
pela indicação de elementos circunstanciais referentes à trama: quando, por que e com que ocorreram 
os fatos.Nesta modalidade, a ocorrência dos parágrafos também se atribui à transcrição do discurso direto, em 
especial às falas dos personagens. 
 
Referindo-se aos textos descritivos, sua utilização está relacionada pela minuciosa exposição dos 
detalhes acerca do objeto descrito, representado por uma pessoa, objeto, animal, lugar, uma obra de arte, 
dentre outros, de modo a permitir que o leitor crie o cenário em sua mente. 
Colaborando na concretização destes propósitos, sobretudo pela finalidade discursiva – visando à 
caracterização de algo –, há o predomínio de verbos de ligação, bem como do uso de adjetivos e de 
orações coordenadas ou justapostas. 
 
Questões 
 
01. (Câmara de Salvador/BA - Analista Legislativo Municipal – FGV/2018) 
 
Quem protege os cidadãos do Estado? 
Renato Mocellin & Rosiane de Camargo, História em Debate 
 
O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas pelos 
países, busca garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no entanto, inúmeras 
situações em que o Estado coloca a população em risco, estabelecendo políticas públicas autoritárias, 
investindo poucos recursos nos serviços públicos essenciais e envolvendo civis em conflitos armados, 
por exemplo. 
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para a vida 
das pessoas nesses casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos sem Fronteiras. 
Por meio de acordos internacionais, essas instituições conseguem atuar em regiões de conflito onde há 
perigo para a população. 
Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em uma 
guerra civil nigeriana, no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu criar uma 
organização que pudesse oferecer atendimento médico a toda população envolvida em conflitos e 
guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma posição política favorável ou contrária aos lados 
envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas e/ou sob forte bombardeio para 
atender os que estão feridos e sob risco de vida. 
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes 
envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização informa a 
localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é proporcionar uma 
atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos profissionais da organização. 
 
Sobre a estruturação geral do texto, é correto afirmar que: 
(A) o final do primeiro parágrafo cita todos os casos em que o Estado interfere com a segurança e 
tranquilidade da população; 
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. 15 
(B) o segundo período do primeiro parágrafo se opõe à ideia central do primeiro período do mesmo 
parágrafo; 
(C) o terceiro e o quarto parágrafos contemplam particularmente as organizações citadas no segundo 
parágrafo; 
(D) o último parágrafo indica um projeto futuro da organização Médicos sem Fronteiras; 
(E) entre o primeiro e o segundo parágrafos há uma relação lógica de causa/consequência. 
 
02. (TRT - 1ª Região - Técnico Judiciário Instituto AOCP/2018) 
 
“Eu era piloto… 
 
Quando ainda estava no sétimo ano, um avião chegou à nossa cidade. Isso naqueles anos, imagine, 
em 1936. Na época, era uma coisa rara. E então veio um chamado: ‘Meninas e meninos, entrem no 
avião!’. Eu, como era komsomolka*, estava nas primeiras filas, claro. Na mesma hora me inscrevi no 
aeroclube. Só que meu pai era categoricamente contra. Até então, todos em nossa família eram 
metalúrgicos, várias gerações de metalúrgicos e operadores de altos-fornos. E meu pai achava que 
metalurgia era um trabalho de mulher, mas piloto não. O chefe do aeroclube ficou sabendo disso e me 
autorizou a dar uma volta de avião com meu pai. Fiz isso. Eu e meu pai decolamos, e, desde aquele dia, 
ele parou de falar nisso. Gostou. Terminei o aeroclube com as melhores notas, saltava bem de 
paraquedas. Antes da guerra, ainda tive tempo de me casar e ter uma filha. 
Desde os primeiros dias da guerra, começaram a reestruturar nosso aeroclube: os homens foram 
enviados para combater; no lugar deles, ficamos nós, as mulheres. Ensinávamos os alunos. Havia muito 
trabalho, da manhã à noite. Meu marido foi um dos primeiros a ir para o front. Só me restou uma fotografia: 
eu e ele de pé ao lado de um avião, com capacete de aviador… Agora vivia junto com minha filha, 
passamos quase o tempo todo em acampamentos. E como vivíamos? Eu a trancava, deixava mingau 
para ela, e, às quatro da manhã, já estávamos voando. Voltava de tarde, e se ela comia eu não sei, mas 
estava sempre coberta daquele mingau. Já nem chorava, só olhava para mim. Os olhos dela são grandes 
como os do meu marido… 
No fim de 1941, me mandaram uma notificação de óbito: meu marido tinha morrido perto de Moscou. 
Era comandante de voo. Eu amava minha filha, mas a mandei para ficar com os parentes dele. E comecei 
a pedir para ir para o front… 
Na última noite… Passei a noite inteira de joelhos ao lado do berço…” 
Antonina Grigórievna Bondareva, tenente da guarda, piloto 
 
* komsomolka: a jovem que fazia parte do Komsomol, Juventude do Partido Comunista da União 
Soviética. 
(Disponível em: ALEKSIÉVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. Tradução de Cecília Rosas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.) 
 
Referente à estruturação do texto II, é correto afirmar que 
(A) o segundo parágrafo está centrado no relato do casamento da narradora e no fato de que ela teve 
uma filha antes da guerra. 
(B) o tipo de narrador presente no texto é o narrador-onisciente, que tem acesso aos pensamentos e 
sentimentos de todas as personagens e a todas as informações do enredo. 
(C) é possível dividir a narrativa em três grandes momentos: como a narradora se tornou piloto; o 
trabalho da narradora durante a guerra; o fim da guerra, em 1941. 
(D) o questionamento “E como vivíamos?”, levantado pela narradora, é uma pergunta retórica, recurso 
argumentativo que consiste em apresentar uma pergunta e não respondê-la, estimulando, assim, que os 
leitores reflitam sobre possíveis respostas. 
(E) todos os parágrafos, com exceção do primeiro, iniciam-se com expressões que têm como função 
localizar temporalmente os eventos narrados. 
 
Gabarito 
 
01.B / 02.E 
 
 
 
 
 
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. 16 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
a) É aquela alternativa que não tem lógica se você ler o texto, até porque ao final do primeiro parágrafo 
diz que o Estado põe em risco a população, e não que interfere com segurança e tranquilidade. 
b) Gabarito, realmente o segundo período se opõe ao primeiro, sendo que o primeiro diz que o Estado 
busca garantir aos cidadãos acesso pleno aos direitos, e logo após no segundo período diz que o próprio 
Estado põe em risco a população com políticas públicas autoritárias, pouco investimento etc. 
c) o 2º parágrafo cita 3 organizações (anistia internacional / cruz vermelha / médicos sem fronteiras), 
nos 3º e 4º parágrafos fala somente do médico sem fronteiras; 
d) não é um projeto futuro, é a realidade que acontece, é algo presente. 
e) Não há relação de causa e consequência. 
 
02. Resposta: E 
O narrador-onisciente conta a história em 3ª pessoa e, às vezes, permite certas intromissões narrando 
em 1ª pessoa. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo 
das personagens, conhece suas emoções e pensamentos. 
 
 
 
COESÃO 
 
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de frases é a relação existente 
entre os elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação entre palavras, expressões ou frases 
do texto. Ela manifesta-se por elementos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os 
componentes e dar articulação do texto. Observe: 
 
“O iraquiano leu sua declaraçãonum bloquinho comum de anotações, que segurava na mão.” 
 
Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão entre as duas orações. 
Se tivermos: “O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de anotações e segurava na mão, 
retomando na segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relativo é um elemento coesivo, 
e a conexão entre as duas orações, um fenômeno de coesão. Leia o texto que segue: 
 
Arroz-doce da infância 
 
Ingredientes 
1 litro de leite desnatado 
150g de arroz cru lavado 
1 pitada de sal 
4 colheres (sopa) de açúcar 
1 colher (sobremesa) de canela em pó 
 
Preparo 
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de sal e mexa sem parar até cozinhar o 
arroz. Adicione o açúcar e deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, polvilhe a 
canela. Sirva. 
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. São Paulo, InCor, agosto de 1999,. 
 
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes e modo de preparar. As informações 
apresentadas na primeira são retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primeira vez 
na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido, o qual exerce, entre outras funções, a de 
indicar que o termo determinado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica já fizera 
menção. 
Articulação do texto: pronomes e expressões referenciais, nexos, operadores 
sequenciais 
 
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No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o açúcar, o artigo relaciona ao açúcar 
citado na primeira parte. Se dissesse apenas adicione açúcar, deveria adicionar mais além do citado 
anteriormente, pois se trataria de outro açúcar, diverso daquele citado no rol dos ingredientes. 
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada ou antecipação de palavras, 
expressões ou frases e encadeamento de segmentos. 
Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra gramatical (pronome, verbos ou advérbios) 
 
“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total igualdade entre homens e mulheres: estas 
ainda ganham menos do que aqueles em cargos equivalentes.” 
 
Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o termo mulheres, enquanto “aqueles” 
recupera a palavra homens. 
 
- Os termos que servem para retomar outros são denominados anafóricos; os que servem para 
anunciar, para antecipar outros são chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa 
abandonar a faculdade no último ano: 
“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último ano?” 
 
- São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os pronomes relativos, certos advérbios 
ou locuções adverbiais (nesse momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os pronomes pessoais 
de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes indefinidos. Exemplos: 
 
- O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre. 
“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na cátedra de Sociologia na Universidade 
de São Paulo.” 
 
- O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal “o” retoma o nome 
Machado de Assis. 
“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como um descrente do amor e da amizade.” 
 
- O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens. 
“Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando roupa escura.” 
 
- O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema. 
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado com a fila.” 
 
- A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugurar e seu complemento. 
“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos funcionários do palácio, e o fará para 
demonstrar seu apreço aos servidores.” 
 
- Em princípio, o termo a que “o” anafórico se refere deve estar presente no texto, senão a coesão fica 
comprometida, como neste exemplo: 
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários meses.” 
 
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafórico, pois não está retomando nenhuma 
das palavras citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudicado: não há 
possibilidade de se depreender o sentido desse pronome. 
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a nenhuma palavra citada anteriormente no 
interior do texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que se inscreve 
o texto. É o caso de um exemplo como este: 
“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava desesperado, porque eram 21 horas e ela não 
havia comparecido.” 
 
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” é um anafórico que só pode estar-se 
referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso 
da noiva (representada por “ela” no exemplo citado). 
 
- O artigo indefinido (um, uma, uns, umas) serve geralmente para introduzir informações novas ao 
texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser precedidas do artigo definido (o, a, os, as), pois este é 
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que tem a função de indicar que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor referencial, 
a um termo já mencionado. 
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala de espetáculos. Curiosamente, a carteira 
tinha muito dinheiro dentro, mas nem um documento sequer.” 
 
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de 
coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o 
leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico. 
 
- O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor. 
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por causa da sua arrogância.” 
 
- Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado no exemplo 
abaixo. Permutando o anafórico “que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita. 
“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que trabalha na mesma firma.” 
 
Retomada por palavra lexical - (substantivo, adjetivo ou verbo) 
 
Uma palavra pode ser retomada, quer por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo, 
hiperônimo, hipônimo ou antonomásia. 
Sinônimo: é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido 
bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente. 
Hiperônimo: é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido; 
Hipônimo: é uma palavra que mantém com outra uma relação do tipo está contido/contém. O 
significado do termo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma flor, 
mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hipônimo daquela. 
Antonomásia: é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou de um comum por um 
próprio. Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma característica 
notória ou quando o nome próprio de uma personagem famosa é usado para designar outras pessoas 
que possuam a mesma característica que a distingue: 
 
“O rei do futebol (=Pelé) só podia ser um brasileiro.” 
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa recente minissérie de tevê.” 
*Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América. 
 
“Ele é um Hércules.” (=um homem muito forte). 
*Referência à força física que caracteriza o herói grego Hércules. 
 
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho extremamente carregada. Deve receber 
ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo o momento tomar graves 
decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e 
no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas 
da noite.”A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período e o que vem antes dele. 
 
“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros sempre o atraíram.” 
 
Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas, 
planetas, satélites. 
 
“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do homem era regido por humores (fluidos 
orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram 
quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram 
também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido), 
ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.” 
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18. 
 
Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores; 
entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos. 
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É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um 
efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo. 
No trecho transcrito a seguir por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras 
parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária 
que um provável flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente: 
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda. 
Faltam-me provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.” 
 
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi-
vice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no 
Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem. 
 
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 2000. 
 
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode ser facilmente recuperado pelo contexto. 
Também constitui um expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria repetido, e o 
preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça 
correlação com outros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que se desenrola a 
fala. 
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Machado de Assis: 
 
(...) 
Mas a lua, fitando o sol, com azedume: 
 
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela 
Claridade imorta, que toda a luz resume!” 
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, VIII, 
 
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas, 
fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível. 
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que 
vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou: 
 
“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no peito e parou.” 
 
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é 
complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo: 
 
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preterido. Afinal, queria muito, desejava ardentemente 
aquela promoção.” 
 
Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm regência diferente, a coesão é 
rompida. Por exemplo, não se deve dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege 
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, portanto teríamos 
uma preposição indevida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e dispenso sem dó os 
estranhos palpiteiros”, diferentemente, no complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo 
verbo implicar. 
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é colocar o complemento junto ao primeiro 
verbo, respeitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acrescentando a 
preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico com estranhos 
palpiteiros e os dispenso sem dó). 
 
Coesão por Conexão 
Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela concatenação ou relação 
entre segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por 
exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja. 
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas 
de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações 
exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados 
indiscriminadamente. 
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Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcançou a vitória”, por exemplo, o conector 
“mas” está adequadamente usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumentativa contrária. 
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resultado seria um paradoxo semântico, pois esse 
operador discursivo liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sendo o segmento 
introduzido por ele a conclusão do anterior. 
- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para 
uma mesma conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de 
uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais 
fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito. 
 
“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem articulado, conhece bem o assunto de que 
fala e é até sedutor.” 
 
Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista; 
dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte. 
 
“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da 
empresa.” 
 
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande 
capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que 
ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se 
está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo. 
 
“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo grau.” 
No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ter muita dificuldade de aprender; 
supõe que há uma escala argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está usando o 
argumento menos forte da escala no sentido de provar a afirmação anterior; no máximo e quando muito 
estabelecem ligação entre argumentos de valor depreciativo. 
 
- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam uma conjunção argumentativa, ou seja, 
ligam um conjunto de argumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, ainda, nem, 
não só... mas também, tanto... como, além de, a par de. 
 
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor da escola, é muito respeitado pelos 
funcionários e também é muito querido pelos alunos.” 
 
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão. 
O último deles é introduzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma direção 
argumentativa dos precedentes. 
Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição 
do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que 
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e 
continuou seu discurso”, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria 
cabimento usar operadoresdesse tipo para ligar dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o 
assaltaram e escondeu o choro que tomou conta dele”. 
 
- Disjunção Argumentativa: há também operadores que indicam uma disjunção argumentativa, ou 
seja, fazem uma conexão entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orientação 
argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, caso contrário, ao contrário. 
 
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a briga, para que ele não apanhasse.” 
 
O argumento introduzido por ao contrário é diretamente oposto àquele de que o falante teria agredido 
alguém. 
 
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou 
mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita, 
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por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois 
(o pois é conclusivo quando não encabeça a oração). 
 
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por 
conseguinte, não é moralmente defensável.” 
 
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período. 
 
- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação 
de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária 
ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que. 
 
“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves quanto maior for a corrupção entre os 
agentes penitenciários.” 
 
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argumentativa: mostrar que o problema da fuga 
de presos cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por isso, os 
segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do ponto de vista 
argumentativo, pois não há igualdade argumentativa proposta: 
 
“Tanto maior será a corrupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da 
fuga de presos”. 
 
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o 
seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol: 
 
“__Precisamos promover atletas das divisões de base para reforçar nosso time. 
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os do time principal.” 
 
Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das 
divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não 
primam exatamente pela excelência em relação aos outros. 
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala: 
 
“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das divisões de base.” 
 
Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que 
os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base. 
 
- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem uma explicação ou uma justificativa em 
relação ao que foi dito anteriormente: porque, já que, que, pois. 
 
“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autorização da ONU, devem arcar sozinhos com 
os custos da guerra.” 
 
Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam 
arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque. 
 
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que 
ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas, 
contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar de, apesar de que, 
conquanto, ainda que, posto que, se bem que). 
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se tanto umas como outras ligam 
enunciados com orientação argumentativa contrária? 
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento introduzido pela conjunção. 
 
“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta mais decidido a vencer.” 
 
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Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negativa sobre um processo ocorrido com o 
atleta, enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segunda 
orientação é a mais forte. 
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. 
No primeiro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no segundo, 
que a falta de beleza perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as conjunções adversativas, 
introduz-se um argumento com vistas à determinada conclusão, para, em seguida, apresentar um 
argumento decisivo para uma conclusão contrária. 
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa que predomina é a do segmento não 
introduzido pela conjunção. 
 
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramática, trata-se de capacidades diferentes.” 
 
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação argumentativa no sentido de que saber 
escrever e saber gramática são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção 
argumentativa contrária. 
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia argumentativa é a de introduzir no texto um 
argumento que, embora tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com orientação contrária. 
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é de estratégia argumentativa. Compare 
os seguintes períodos: 
 
“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argumento mais fraco), a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).” 
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumento mais fraco), mas a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).” 
 
- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que introduzem um argumento decisivo para 
derrubar a argumentação contrária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se fosse 
apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, além de tudo, além disso, ademais. 
 
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido 
na empresa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ganhou uma bolada 
na loteria.” 
 
O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais forte de que “Ele está num período 
muito bom da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma. 
 
- Generalização ou Amplificação: existem operadores que assinalam uma generalização ou uma 
amplificação do que foi dito antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que. 
 
“O problema da erradicação da pobreza passa pela geração de empregos. De fato, só o crescimento 
econômico leva ao aumento de renda da população.” 
 
O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes. 
 
“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que atualmente militam no nosso futebol. 
 
O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso 
futebol são retranqueiros. 
 
- Especificação ou Exemplificação: também há operadores que marcam uma especificação ou uma 
exemplificação do que foi afirmado anteriormente: por exemplo, como. 
 
“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas entre as camadas mais pobres da 
população. Por exemplo, é crescente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em toda 
sorte de delitos, dos menos aos mais graves.” 
 
Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica, exemplifica a afirmação de que a violência 
não é um fenômeno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”. 
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- Retificação

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