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Digestão e Absorção dos Triglicerídeos Características Gerais Lipases pré-duodenais (Lingual e Gástrica) – ação no estômago (15%): Todas as outras são secretadas pelo pâncreas no duodeno, as anteriores a isso são chamadas de lipases pré-duodenais Lingual: produzido pelas células serosas da língua e a gástrica A Lipase lingual digere ácidos graxos de cadeias curtas e medias, o indivíduo consegue viver sem ela. Lipases ácidas (pH <4): A lipase lingual e a gástricas podem ser chamadas de lipases ácidas pois possuem ação em pH de estômago, ao contrário das duodenais que precisam está no pâncreas com pH de básico a neutro. Enzimas Lipolíticas (forma ativa), podem ser chamadas de lipases pancreáticas pois trabalham todas juntas. Lipase Pancreática (triacil-ester-glicerol-hidrolase) Colesterol-éster-hidrolase Geram: Glicerol, ácidos graxos livres, diacilgliceróis e colesterol Enzimas Lipolíticas (proenzima) Fosfolipase A2 (resulta em lisofosfolipídeos) Outras substâncias liberadas: Colipase (cofator para que as lipases possam trabalhar) Proteína inibidora da tripsina Fatores importantes O grande problema da gordura é que ela tende a forma uma grande gotícula, ou seja, a área de contato externo de superfície para as enzimas agirem é menor e como a maior parte das enzimas são hidrossolúveis dificulta o acesso do lipídeo. Quando chega no duodeno e a gotícula se quebra mecanicamente, ela é emulsificada pelos sais biliares (evita que forme gotícula grande), além disso eles são anfipáticos o que facilita o acesso das enzimas hidrossolúveis para a gotícula. Logo após, as enzimas quebram as gotículas emulsificadas em monoglicerideo, ácido graxo e lisolecitina para poder atravessar a membrana. Tem-se os produtos da degradação das lipases (a maioria é monoglicerideo e ácido graxo). Quando a gotícula já sofreu a ação da enzima, ela é denominada micela. Para que a lipase tenha acesso, ela precisa de um cofator (Colipase), a Colipase não é uma enzima, ela é um cofator que permite que a lipase tenha acesso a gotícula emulsificada. Absorção Lipídeo atravessa a membrana sem precisar de transportador. As micelas vêm caminhando e próximo da borda em escova tem-se uma área em que o fluxo líquido é lento (estacionária), assim, os fosfolipídeos, ácidos graxos, monoglicerídeos e colesterol podem simplesmente se difundir pela membrana (lipídeo atravessa lipídeo, e a membrana plasmática é lipídica). Reestruturação / Recomposição / Resintetização do triglicerídeo Vai se associar ao retículo e ao golgi para que seja reestruturado; Empacota junta com o triglicerídeo uma proteína carreadora, que vai estar associada a vesícula contendo os lipídeos reestruturados; As vesículas grandes são chamadas de quilomícrons, são grandes demais para seguirem para os capilares. Os quilomícrons provenientes de ácidos graxos de cadeias longas vão seguir pelos capilares linfáticos: A primeira partida formada a partir do metabolismo lipídico é uma lipoproteína chamada de quilomícron, assim, é a primeira proteína da via exógena pois ela é composta basicamente de produtos derivados da alimentação. Assim, vale ressaltar que, tudo que é apolar (respeitando as devidas proporções e peculiaridades de cada molécula) podem estar miscíveis no quilomícron para ser transportado, ex: vitaminas lipossolúveis, antioxidantes, medicações apolares; Os lipídeos de cadeia curta e alguns de cadeia média menor seguem pelos capilares sanguíneos. Resumo: Emulsificação – ação das enzimas – micelas se aproximam – reestruturação As gotículas grandes são emulsificadas pelos sais biliares (aumenta área de acesso e aumenta contato com enzimas lipossolúveis), uma vez que a enzima tenha acesso ao cofator forma as micelas pois já tem os produtos de degradação do triglicerídeos. As micelas vão se aproximando e eles se difundem livremente através da membrana. Quando chega no enterócito, vai haver a reestruturação para triglicerídeos que necessitam está acoplados a uma proteína carreadora na vesícula do golgi. As vesículas quando são provenientes de ácidos graxos de cadeia longa, não cabem nos capilares intestinais, a solução é usar os capilares linfáticos. Aquelas provenientes de capilares de cadeia curta podem usar os capilares sanguíneos. Vale ressaltar que, o destino dos ácidos graxos que entram no enterócito depende do comprimento da cadeia: ➢ Ácido graxo de cadeia média e curta (<10C): são absorvidos principalmente na veia porta do fígado na forma de ácido graxos livres (são absorvidos facilmente). Como eles vão ser transportados para circulação sanguínea, precisam estar ligados a albumina, isso porque, tudo que tem característica apolar não vai ser transportado de forma adequada em um meio polar e o sangue é basicamente composto por água (polar). Ácido graxo de cadeia longa (>12C): são esterificados para a ressíntese em triacilgliceróis. Transporte Sanguíneo dos Lipídeos Constituição das lipoproteínas As lipoproteínas realizam o transporte de lipídeos e derivados em meio aquoso: Lipoproteínas = Lipídeos (lipídeos apolares no centro e lipídeos com características polares na extremidade – ex: fosfolipideos) + Apoproteínas. Apoproteínas (proteínas compostas somente por aminoácidos, ou seja, não possui heteroátomo nem grupo prostético nem cofator): Função estrutural: necessário para que a partícula seja formada. Ex: quilomícron é formado a partir da ApoB48; Função metabólica. Estrutura das Lipoproteínas Partícula quase esférica com núcleo apolar (constituídos de moléculas apolares). A estrutura básica das lipoproteínas é comum a todas, variando o tamanho e a proporção entre seus componentes. Uma partícula lipoproteica é composta por um centro contendo lipídeos apolares (triglicérides e ésteres do colesterol) e uma membrana de fosfolípides que constitui o limite externo da partícula e sua interface com o plasma. Nesta membrana estão inseridas as várias apoproteínas, que diferem segundo o tipo de partícula Tipos de Lipoproteínas Quilomícrons Lipoproteína da via exógena, formada a partir de produtos da alimentação. Características Gerais: São as maiores partículas lipoproteicas, podendo ter diâmetro de 1 mm, e as menos densas, devido à alta proporção de lipídeos (até 99%). Trajetória em condições fisiológicas: boca – estômago – intestino – circulação linfática – circulação sanguínea – fígado. Como o fígado não é um local de armazenamento de gordura, ele utiliza o produto recebido do quilomícron para criar um novo ciclo (endógeno), assim, ele irá começar a secretar VLDL. VLDL (very low density lipoproteins) Têm diâmetro de 30 a 90 nm (no máximo 1/10 dos quilomícrons), é uma lipoproteína de baixa densidade. Características Gerais: Preserva uma característica semelhante ao quilomícron que é a riqueza em triacilglicerol, porém possui várias outras proteínas de superfície e cada uma vai ter uma função metabólica importante, por exemplo, a apoCII ativa a lipoproteína lipase para que o conteúdo de triglicérides seja reduzido, a apoCIII inibe a lipoproteína lipase, apoE é uma ligante de receptor importante para remoção celular da partícula remanescente (remove a lipoproteína rapidamente), porém, no momento em que a lipoproteína não possui a apoE ela só será removida pelo receptor de apoB. As VLDL são sintetizadas basicamente no fígado para exportação de triglicérides para os tecidos, especialmente o tecido adiposo. Ao passar pelos capilares, boa parte dos triglicérides são retirados pela enzima lipase lipoproteica, de modo que a partícula fica menor, mais densa, e mais rica em colesterol. Esta forma intermediária é conhecida como IDL (intermediate density lipoprotein). LDL (low density lipoproteins) Resultam da conversão das IDL por perda de uma das apoproteínas. Características Gerais: Partícula pequena comapenas resíduos de triacilglicerol, é praticamente composta por colesterol esterificado e apoB. São ricas em ésteres de colesterol, e são a principal forma de distribuição de colesterol aos vários tecidos, onde é necessário para síntese de membranas e hormônios. As LDL são captadas pelas células mediante receptores de membrana especiais, que a célula produz na medida de sua necessidade de importar colesterol. A falta desta molécula é responsável pela doença hipercolesterolemia familial, caracterizada por aterosclerose intensa e precoce. O que não for captado por outros órgãos o é pelo fígado, onde o colesterol é catabolizado. HDL (high density lipoproteins) Originam-se basicamente do fígado e intestino na forma de bicamadas discoides de fosfolipideos. Características Gerais: No plasma, captam colesterol não esterificado e o incorporam em seu centro hidrofóbico, entregando- o aos hepatócitos para catabolismo. Agem, portanto, como “lixeiros” de colesterol. Ou seja, enquanto o quilomícron, VLDL e LDL estão levando colesterol para as células, a HDL vem no caminho contrário devolvendo de volta para o fígado. A concentração de HDL é inversamente relacionada à incidência de aterosclerose coronária, talvez refletindo sua eficiência em remover colesterol. As HDL são as menores lipoproteínas, com diâmetro da ordem de 10 nm (100 vezes menores que os quilomícrons), chegam a ter 57% de proteínas (contra 1% dos quilomícrons) e densidade 1,210 (contra <0,95 dos quilomícrons). Composta praticamente de apoI e apoaII, além disso, por ser pequena possui a capacidade de se movimentar bastante no campo elétrico. Composição e Mobilidade das Lipoproteínas Se o indivíduo sabe como as partículas se comportam, ele consegue precipita-la e desmonta-la. Uma lipoproteína é constituída de proteínas, assim, é possível explorar as características dessa parte da partícula, tais como: Capacidade de ter carga elétrica: se ela tem carga elétrica, vai ser possível usar eletroforese para separar as partículas; Densidade: se a partícula é basicamente uma composição lipídica, em meio aquoso ela vai flopar, o que vai dá peso será a presença das proteínas. Assim, quanto maior a quantidade de proteínas maior a densidade. Em uma ultracentrifugação, as partículas são separadas por densidade, o que torna possível fazer a comparação entre as lipoproteínas (HDL partícula mais densa). Vale ressaltar que a quantidade de proteínas é comparada com a proporção de lipídeos, por exemplo, o HDL tem muito mais proteínas do que lipídeos, o quilomícron tem mais lipídeos do que proteína, mas isso não significa que o HDL tem mais proteínas do que o quilomícron já que o quilomícron é composto por várias apoproteínas. As partículas que mais transportam colesterol no sangue é LDL e HDL, respectivamente. Características Físico-Químicas das Lipoproteínas Pontos importantes: Na origem vai haver partículas grandes, caracterizadas pelos quilomícrons que é uma betalipoproteína (única que possui apoB48). Pré-beta, Pré-beta lenta e Beta são partículas que irão possuir a apoB100, o que caracteriza a via endógena das lipoproteínas, ou seja, VLDL até LDL, são betalipoproteína. Alfalipoproteína caracteriza a HDL, geralmente constituída por apoAI e apoAII, porém existe algumas que só possuem a apoAI. Além disso, tem a chamada Lp(a) que conferem um risco cardiovascular independente e extremamente agressivo, ela é uma LDL só que pequena e densa, assim, entra facilmente no endotélio vascular, não consegue sair e pode causar um processo inflamatório localizado. Outrossim, compete com o sítio de ligação para o plasminogênio (plasmina é trombolítica) que precisa se ligar aos receptores para ser transformado em plasmina. Dito isso, quanto maior a quantidade de Lp(a) menos plasminogênio vai se ligar e maior será a tendência de trombose Apoproteínas, Proteínas de Transferência, Enzimas e suas Principais Funções na HDL Pontos importantes: LCAT: ativada pela apoAI, responsável pela HDL ter a capacidade de remover o colesterol nas superfícies celulares e levar de volta, no transporte reverso, para o fígado. Sem ela, não há esterificação do colesterol. Dito isso, a HDL entra em contato com a superfície celular e a LCAT esterifica o colesterol que estava livre e bota para dentro da partícula. ABCA-1: proteína de transferência que auxilia no transporte do colesterol esterificado da célula para a superfície celular na forma livre para que a LCAT possa atuar. A presença da apoAI, junto com a LCAT e Paraoxonase, auxiliam a evitar a peroxidação lipídica da HDL e da LDL. apoE: auxilia na remoção das partículas remanescentes de quilomícron, VLDL, etc. CETP: logo que a partícula de HDL está rica em colesterol esterificado, ela vai fazendo a modulação para que HDL diminua de tamanho. Metabolismo Exógeno e Endógeno das Lipoproteínas Ciclo Exógeno Os triglicerídeos da dieta são digeridos no aparelho gastrointestinal para formar monoglicerídeos e gorduras livres. Estes são transformados através de vários processos metabólicos, incluindo ação da lipase gástrica, emulsificação da bile e lipase pancreática. Da mesma forma, os ésteres do colesterol da dieta submetem-se a um processo de esterificação para formar o colesterol livre. Dentro dos enterócitos, são remontados em triglicerídeos e combinados com colesterol para formar grandes lipoproteínas – quilomícron (QM), sendo a principal via pela qual os lipídios entram na circulação sanguínea Os QMs são partículas formadas no intestino, onde a apo B-48 se combina com os lipídios por ação da proteína microssomal de transferência (MTP). Na fase pós-prandial, os QM são despejados nos vasos linfáticos, passam pelo ducto torácico e entram na circulação sistêmica, na altura da veia subclávia. Os quilomícrons são responsáveis pelo transporte de triglicerídeos e do colesterol dietético de enterócitos e sem sistema de circulação. Os QM são as maiores lipoproteínas. Na circulação sistêmica, os QM realizam trocas com as HDL, adquirindo apo C-II, apo C-III, apo E, colesterol livre, colesterol esterificado e fosfolipídios, mantendo assim a estabilidade das partículas de QM. As HDL, por sua vez, recebem partes da apoA-I e IV dos QM. Uma vez adquirida a apo C-II, os QM tornam-se capazes de ativar a lipase lipoproteica (LPL), enzima localizada no endotélio, responsável pela hidrólise dos triacilgliceróis (TAG) nos QM e VLDL. A transferência da apoC-II, aliada ao aumento da inacessibilidade do núcleo dos QMs ao sítio ativo da LPL, resulta na interrupção da remoção de TAG. A apo B48 e a apo E permanecem nas partículas de QMs remanescentes, que são retirados da circulação pelo fígado, através de um receptor próprio, diferente do receptor B100/E, que capta a LDL, ou seja, esgotado da energia, os restos de quilomícrons ricos em colesterol viajam de volta ao fígado para ser cancelado pelo corpo, com um processo negociado pela apoproteína E. Os QM são as maiores lipoproteínas; surgem no plasma por volta de 60 minutos após a ingestão de gordura e são usualmente removidos da circulação nas 6 a 8 horas seguintes. Ciclo Endógeno Dois momentos: Pós-prandial (após a alimentação): Quilomícrons formando remanescentes que vão para o fígado para haver a secreção de VLDL a LDL. Nesse momento, se for fazer um exame, vai ser notado os triglicérides bem altos, por isso para fazer um perfil lipídico é recomendado estar 12 horas de jejum. Jejum: se houver um jejum muito prolongado tem que ser avaliado pois o indivíduo pode estar com hipertrigliceridemia de VLDL, pois como ficou um longo tempo sem alimentar o tecido adiposo secretou ácidos graxos livres e glicerol que foram para o fígado e assim, o fígado secretou novamente o VLDL. Assim, possa ser que o triglicérides tenham sido aumentado em jejum. O metabolismo dos lipídiosendógenos tem início com a síntese hepática da VLDL, onde a enzima MTP combina os lipídios com a apo B-100. Ao captar ésteres de colesterol e apolipoproteínas C-II, C-III e E recebidas da HDL no plasma, as partículas de VLDL se tornam capazes de interagir com a enzima LPL do endotélio capilar, liberando ácidos graxos aos tecidos, a partir de TAG que esta lipoproteína carreava. Outra troca que ocorre entre VLDL e HDL é a transferência de apo C e apo E para a HDL. E, num período de 3 a 6 horas, devido às várias alterações na sua composição que ocorrem com a metabolização dos seus constituintes, as VLDL passam a ser classificadas como IDL, lipoproteínas de densidade intermediária, que têm uma meia-vida curta. Essas partículas seguem dois caminhos: cerca de dois terços das IDL podem ser captados no fígado e degradados em seus componentes; o terço restante sofre ação da lipase hepática, formando a LDL. Tanto a LDL como a IDL são retiradas da circulação pelos receptores celulares B100/E, existentes principalmente no fígado. Essa captação da LDL e a liberação do colesterol, no fígado em particular, tem 3 efeitos importantes: Inibição da síntese endógena de colesterol; Ativação da LCAT, para esterificação Armazenamento do colesterol; bem como a diminuição do número de receptores para apo b-100 na membrana dos hepatócitos, aumentando com isso, seu nível plasmático. O transporte reverso de colesterol é uma via de transporte que remove o colesterol das células extra-hepáticas para o fígado e talvez para o intestino, para excreção. Ainda pela redução do acúmulo de colesterol das paredes das artérias, esse transporte previne o desenvolvimento de aterosclerose. Este processo é determinado parcialmente pela concentração plasmática de HDL, apo A-I e pelo metabolismo entre as subclasses de HDL (pré β1-HDL em pré β2-HDL principalmente). E está negativamente correlacionado com a incidência de doenças cardiovasculares (DCV). O transporte reverso de colesterol segue 5 passos: 1. Retirada do colesterol das células extra-hepáticas por aceptores específicos (efluxo de colesterol); 2. Esterificação do colesterol dentro da hdl por ação da enzima lcat; 3. Transferência do colesterol para lipoproteínas que contêm a apoB; 4. Remodelagem da hdl 5. Captura da hdl pelo fígado, rim e, possivelmente, intestino delgado. O precursor inicial do transporte reverso é uma partícula de apo A-I, sintetizada e secretada pelo fígado, pobre em lipídio que rapidamente adquire colesterol livre e fosfolipídios de tecidos através do receptor ABCA1 (transportador A1 cassete ligante de adenosina trifosfato) na superfície das células, formando a pré β1-HDL. O acúmulo de colesterol nesta partícula promove sua conversão a pré β2-HDL e a esterificação do colesterol pela LCAT e aquisição de mais apoA-I leva à maturação da mesma, formando a α3-HDL. Esta partícula adquire mais colesterol, continua a esterificação do mesmo e assim se transforma na α2-HDL e α1-HDL. Posteriormente, a α1-HDL realiza trocas de colesterol esterificado e triacilgliceróis com outras lipoproteínas através da ação da enzima CETP. Transfere ainda fosfolipídios para essas outras lipoproteínas pela ação da PLPT e, por fim é capturada pelo fígado e tecidos esteroidogênicos através de um receptor varredor chamado de SR-B1. Com essas modificações, a apoA-I se dissocia do colesterol e dos fosfolipídios. Os TAGs e fosfolipídios são hidrolisados pela lipase hepática e o material restante é remodelado para formação da α3-HDL e partícula de apoA-I livre, para recomeçar o ciclo ou catabolizadas no rim pelas proteínas megalina e cubulina. O receptor ABCA1 controla o efluxo de colesterol dos tecidos e dos macrófagos. Ele se localiza na superfície da célula, e está envolvido no reconhecimento da partícula de apo A-I e na sua associação com fosfolipídios e colesterol livre. Evidências sugerem que este receptor é o “porteiro” do efluxo de colesterol, e que sua elevada expressão gênica está diretamente relacionada ao nível de HDL no plasma, diminuindo os riscos de DCV e retirando o excesso de colesterol das células extra-hepáticas. Aproximadamente 9mg de colesterol/kg de peso corporal/dia sintetizados pelos tecidos periféricos vão ser transportados para o fígado para o catabolismo, onde pode ser excretado na bile (principal via para eliminação), ou reabsorvido (circulação enterohepática). 80% do colesterol captado e esterificado nas partículas de HDL são transportados para outras lipoproteínas (1500mg/dia), por ação da enzima CETP. Simultaneidade entre os Ciclos Didaticamente os ciclos são separados, mas os processos ocorrem o tempo inteiro, ou seja, é algo muito dinâmico. Quando o quilomícron sofre ação da lipase, ele libera ácidos graxos, uma parte vai para o fígado e a outra para o tecido adiposo para ser armazenado na forma de triacilglicerol. Ou seja, o triacilglicerol sempre é armazenado para reserva. Ex: grávidas têm que armazenar no tecido adiposo tudo aquilo que pode ser utilizado como fonte de energia. O intestino secreta quilomícron que vai sofrer ação da lipase lipoproteica a partir da ativação da apoCII e aí vai haver a liberação de ácidos graxos e glicerol que vão ser armazenados novamente no tecido adiposo ou os ácidos graxos de cadeia curta podem ser queimados automaticamente para gerar energia. Assim, começará a via endógena, o fígado secretará a VLDL sendo que 50% voltará para o fígado e 50% vai virar LDL, vale ressaltar que o receptor da LDL reconhece tanto apoB quanto apoE, porém ele dá prioridade a apoE. Subfrações da LDL Quanto menor o tamanho da LDL mais risco cardiovascular ela confere. Assim, se a LDL vai ficando na circulação, ela vai diminuído de tamanho e se tornando extremamente aterogênica e extremamente nociva para o corpo Classes e Subclasses das Lipoproteínas Segundo a literatura, há pelo menos 6 subclasses de VLDL, 3 de LDL. O HDL tem pelo menos 5 tipos de partículas separadas por ressonância magnética nuclear ou espalhamento de luz mas as que são normalmente comentadas são a HDL2 e a HDL3 sendo que a HDL2 é maior que a HDL3 pois possui um conteúdo maior de colesterol esterificado, o perfil HDL1 não é comentado em humanos Metabolismo do Colesterol Os Esteróis são compostos que apresentam uma cadeia hidrocarbonada de 8 carbonos. Os esteróis apresentam entre 8 e 10 carbonos na cadeia lateral ligada ao C-17 e um grupo hidroxila no C-3 Dentre os esteróis, o mais conhecido é o colesterol. Ele é composto de 4 anéis hidrocarbonados que forma o chamado núcleo esteróide (comum em todos os esteroides). O colesterol é um composto muito hidrofóbico já que é composto por muitos carbonos e possui uma hidroxila no anel A O colesterol pode ser adquirido através da alimentação ou através da síntese pelos tecidos do organismo, principalmente o fígado. A síntese do colesterol é estimulada quando a dieta fornece pouco colesterol Formas do colesterol O colesterol pode ser encontrado em duas formas no organismo: forma livre e esterificada Aproximadamente um terço do colesterol no plasma apresenta a forma livre (ou não-esterificado). Os dois terços restantes existem como colesterol-ésteres. Éster de colesterol (colesterol ligado a um ácido graxo de cadeia longa): ácido graxo de cadeia longa (em geral ácido linoleico) está unido por ligação éster ao grupo hidroxila no C3 do anel A. A Acil-CoA-colesterol-acil-transferase (ACAT) catalisa a formação de ésteres de colesterol a partir do colesterol com a adição de um ácido de cadeia longa Os ésteres de colesterol também são muito hidrofóbicos e são utilizados para o armazenamento e transporte do colesterol Destinos do Colesterol O colesterol oriundo da alimentação ou da síntese pelo fígado é utilizado para diversas funções, tais como: Produção dos hormônios esteroides Produção de sais biliares Composição das lipoproteínas Composição as membranas celulares Local de Síntese do Colesterol O colesterol é sintetizado no retículo endoplasmático e no citosol de quase todos os tecidos do corpo Os principais tecidos que fazem a síntese do colesterol são: Fígado(principal), intestino, glândula adrenal, gônadas masculina e feminina Fonte de Carbono e Energia para Síntese do Colesterol A fonte de carbono é oriunda do Acetil-CoA que é formado através da: Degradação da glicose que forma Acetil-CoA através do Ciclo de Krebs Ou da oxidação de ácidos graxos Ou da degradação de proteínas O poder redutor para síntese de colesterol é oriundo do NADPH: Produzido nas vias das pentoses no metabolismo de carboidratos A fonte de energia é oriunda da hidrólise do ATP: Gerado através do consumo de glicose na dieta Biossíntese do Colesterol Visão Geral A fonte de carbono, que é o Acetil-CoA, forma HMG-CoA que forma mevalonato através da HMG-CoA redutase. O Mevalonato forma vários intermediários até chegar na formação do esqualeno que já tem uma estrutura parecida do colesterol, sendo assim, ele sofre uma reação formando um intermediário que é o lanosterol que em seguida forma o colesterol. A biossíntese do colesterol pode ser dividida em 3 etapas: Formação de HMG-CoA (-hidróxi--metiglutaril-CoA) a partir da Acetil-CoA Conversão do HMG-CoA a esqualeno Conversão do esqualeno em colesterol Etapa 1 Formação de HMG-CoA (-hidróxi--metiglutaril-CoA) a partir da Acetil-CoA Duas moléculas de Acetil-CoA condensam-se para formar Acetoacetil-CoA em uma reação catalisada pela tiolase. Após isso, o Acetoacetil-CoA vai se unir a uma outra molécula de Acetil-CoA e formar o HMG-CoA através da HMG-CoA-sintase. São reações similares aquelas que produzem corpos cetônicos, a diferença é que a formação de HMG-CoA para síntese de colesterol ocorre no citosol e para síntese de corpos cetônico ocorre na mitocôndria (compartimentos diferentes) As células do parênquima hepático possuem duas isoformas de HMG-CoA-sintase. A enzima citosólica participa da síntese de colesterol, enquanto que a enzima mitocondrial é responsável pela síntese de corpos cetônicos Biossíntese de corpos cetônicos (como é possível ver na imagem, ocorrem reações similares só que na mitocôndria,) Etapa 2 e 3 Conversão do HMG-CoA a esqualeno (etapa 2): O HMG-CoA sofre ação da HMG-CoA redutase para formar o mevalonato, essa etapa é muito importante pois é uma etapa regulatória. Vale ressaltar que para ação da HMG-CoA redutase foi necessário o uso de 2 NADPH oriundo das vias das pentoses. O mevalonato vai ser descarboxilado através do uso do ATP como fonte energética, formando o intermediário isopentenil pirofosfato (também chamado de unidade isoprênica) O Isopentenil é um intermediário muito importante, pois ele pode continuar na rota para formação de colesterol ou pode formar outros intermediários essenciais para o funcionamento do organismo O Isopentenil pirofosfato (composto formado por 5 carbonos) vai se unir a outra unidade de isopentenil para formar o geranil pirofosfato (possui 10 carbonos) O Geranil pirofosfato vai se unir a mais uma unidade de isopentenil formando o intermediário farnesil pirofosfato (possui 15 carbonos) Duas unidades de farnesil pirofosfato se combinam para formar o esqualeno (possui 30 carbonos e já possui a estrutura de anel) Conversão do esqualeno em colesterol (etapa 3) O esqualeno sofre ação da ciclase para formar o lanosterol como intermediário Obs.: outras enzimas participam nessa reação, para fazer o fechamento dos anéis e a adição da hidroxila O Lanosterol forma o Colesterol Isopentenil Pirofosfato Conforme a demanda do organismo, o isopentenil pode seguir rotas para formar diferentes moléculas, tais como: Heme A, Ubiquinona, Vitamina A, Vitamina K, Vitamina E, Carotenoides, Colesterol Alguns autores consideram todas essas moléculas como derivadas do colesterol já que é formada por um intermediário do mesmo Transporte do Colesterol LDL-c: 60% do colesterol plasmático; Origina-se da degradação da VLDL: o Nível extra-hepático: trocas com HDL; o Nível hepático: ação da lipase hepática (age bastante nos fosfolipídeos), quando ela está estimulada vai destruir o HDL e faz com que a LDL fique pequena e densa. HDL-c: Transporte reverso do colesterol: o Papel da LCAT o Papel da ApoAI Trocas com outras lipoproteínas: o Apoproteínas o Colesterol/Triglicérides/ Fosfolípides Metabolismo Celular do Colesterol As estatinas vão atuar na HMGCoA redutase, assim, quando essa enzima é bloqueada a célula não terá síntese de colesterol endógeno e aí ela vai mandar um sinal para que haja expressão de receptores. A partir daí, haverá a expressão de receptores LDL para poder captar o colesterol que está na LDL circulante e aí então a célula começa receber colesterol livre que pode ser esterificado a partir da ação da ACAT. Metabolismo da HDL A HDL pode ser biossintetizada tanto no intestino quanto no fígado, ambas serão chamadas de HDL nascentes. Normalmente quando ela sai do intestino está no formato de apoAI pura, já no fígado ela sai um pouco mais formada (como a pré-beta-HDL) isso em função do tipo de mobilidade eletroforética que a partícula vai ter no início da sua formação. A HDL está relacionada ao transporte reverso do colesterol, ou seja, remoção do colesterol dos tecidos extra- hepáticos a partir da ação da LCAT. Assim, ela vai se enchendo de colesterol e vira HDL2 e quando ela cede o colesterol esterificado para a IDL a partir da ação da CETP ela se transforma em uma HDL menor (HDL3) e o IDL se transforma no LDL. Principais Vias do Transporte Reverso do Colesterol e Metabolização do HDL A HDL pode ser inicialmente secretada a partir do intestino ou do fígado, no fígado ela já sai na forma de pré- beta-HDL no qual vai ganhar colesterol esterificado, a partir da LCAT, e se transforma em HDL2 até ficar turgida e daí a CETP entra em ação para auxiliar na remoção do excesso de colesterol esterificado. Dito isso, só quando a partícula diminuir de tamanho que se transformará em HDL3 que vai esterificar mais colesterol a partir da ação da LCAT até voltar a ser HDL2, ou então, ele pode voltar para o fígado para ser diretamente removido Pontos importantes: Muitas proteínas de transferência e enzimas vão ser relacionadas nesse metabolismo. Quanto mais heterogêneo o tamanho das partículas, melhor será o transporte reverso. A LCAT vai auxiliar na esterificação, aumentando o HDL de tamanho, sendo que, vai receber o colesterol livre de outras lipoproteínas e das membranas celulares. Quando a partícula está turgida de colesterol esterificado, a CETP o envia. A VLDL ajuda na diminuição do conteúdo de triglicérides A PLTP auxilia no caminho reverso, ou seja, traz triglicérides e fosfolípides para fazer remodelação da partícula do HDL Papel Fisiológico das Proteínas de Transferências PLTP e CETP Em situações infecciosas, tais como na pelo mycobacterium tuberculosis, a HDLc vai diminuir bastante de tamanho juntamente com a ApoAI (proteína de fase aguda negativa), por outro lado, será secretado uma proteína de fase aguda chamada de SAA (albumina amiloide sérica A). Nesse processo de fase aguda, a PLTP da HDL transfere a-T para superfície celular (vitamina E – antioxidante) ajudando assim na manutenção da célula, além disso também ajuda na neutralização de LPS bacteriano. Por isso, em geral, quando é olhado o perfil lipídico de um indivíduo com uma doença infecciosa é notado um HDLc baixo, assim, o primeiro sinal de melhora da infecção é o aumento da HDLc. Excreção do Colesterol Em humanos, a estrutura cíclica do colesterol não pode ser degradada até Co2 e H20, porém o colesterol tem que ser eliminadode alguma forma. A eliminação do colesterol ocorre +/- 50% através da síntese de sais biliares e +/- 50% através da secreção de colesterol na bile Ácidos Biliares Os ácidos biliares (ex: ácido cólico e ácido quenodesoxicólico – ácidos biliares primários) são formados a partir do colesterol, sendo uma forma de eliminar o núcleo esteroide O núcleo esterol é eliminado intacto pela conversão de ácidos e sais biliares que são excretados nas fezes Os ácidos biliares são compostos anfipáticos (possui lado apolar e polar) Podem atuar como agentes emulsificadores no intestino, auxiliando na digestão dos lipídeos pelas enzimas digestivas pancreáticas Síntese dos Sais Biliares Os ácidos biliares são sintetizados no fígado (ácidos biliares primários) Os grupos hidroxila são inseridos em posições específicas na estrutura do esteróide tornando um lado da molécula bastante polar, ou seja, dá a característica anfipática dos ácidos biliares dando a eles a função de emulsificar gorduras A ligação dupla do anel B do colesterol é reduzida para formar os ácidos biliares Essa reação é inibida pelos sais biliares (se tem muito não é necessário produzir) Sais biliares conjugados Os sais biliares são ácidos biliares conjugados, produzidos pelo fígado. Os ácidos biliares são conjugados por uma molécula de glicina ou de taurina formando os sais biliares. Vale ressaltar que esse processo de conjugação é feito nos canalículos. Ex: o ácido cólico que é um ácido biliar pode ser conjugado com uma glicina para formar o ácido glicocólico que é um sal biliar O ácido quenodesoxicólico que é um ácido biliar pode ser conjugado com a taurina para formar o ácido tauroquenodesoxicólico que é um sal biliar Os sais biliares são detergentes mais efetivos que os ácidos biliares, por terem a sua natureza anfipática aumentada (adição de moléculas de oxigênio através da glicina e da taurina, aumenta a natureza anfipática fazendo com que eles sejam melhores emulsificadores de gordura) Uma vez produzidos no fígado, os sais biliares podem ser utilizados ou podem ser estocados na vesícula biliar e liberados no intestino durante a refeição, na qual servem como um detergente que auxilia na digestão dos lipídeos da dieta. Sendo que, somente as formas conjugadas com taurina ou com glicina, ou seja, os sais biliares, são encontradas na bile. Sendo assim, como as formas mais efetivas são as conjugadas, quem vai promover a emulsificação das gorduras, na maioria das vezes, são os sais biliares que estão nesse formato. Ação da flora intestinal sobre os sais biliares As bactérias intestinais desconjugam e desidroxilam os sais biliares, assim elas formam: Ácido desoxicólico a partir do ácido cólico e ácido litocólico a partir do ácido quenodesoxicólico Sendo assim, as bactérias no intestino podem remover glicina e taurina dos sais biliares, regenerando os ácidos biliares (ácido biliares secundários). Recirculação – Circulação Enterohepática do Colesterol 90% do colesterol que devia ser eliminado nas fezes, vai recircular para o fígado novamente. Por isso, é muito difícil baixar colesterol pois além de 90% ser produzido por via endógena, ainda haverá a recirculação de boa parte do mesmo. Assim, qualquer alteração anatômica, tal como remoção da vesícula, alteração no trânsito intestinal, perda de função exócrina do pâncreas, vai acarretar em consequências para o organismo. Vale ressaltar que, por exemplo no HIV, os pacientes apresentam um quadro de infecções oportunistas gerando em muita diarreia e muitas isso ocorre por conta da obstrução do ducto biliar e perda da secreção exócrina do pâncreas, por isso muitas vezes é necessária uma análise macroscópica e microscópica das fezes para verificação da digestibilidade. Fatores que reduzem a concentração intracelular de colesterol livre 1. Inibição da biossíntese do colesterol Exemplo, se há uma baixa síntese de colesterol vai reduzir a concentração de colesterol livre 2. Regulação negativa do receptor de LDL Quando há uma regulação negativa desse receptor vai haver uma diminuição da concentração do colesterol livre 3. Esterificação intracelular do colesterol pela ACAT (acil-CoA-colesterol-acil-transferase) 4. Transferência de colesterol para a HDL Já que o HDL tem a função de captar o colesterol livre, também será um fator que reduz a concentração do mesmo. 5. Conversão do colesterol em ácidos biliares ou hormônios esteróides Fatores que aumentam concentração intracelular de colesterol livre 1. Biossíntese de novo Se há uma grande produção de colesterol vai haver muito colesterol livre já que ele é produzido na forma livre 2. Ingestão diária de colesterol e absorção a partir dos quilomícrons Se há uma grande ingestão de lipídeos na dieta vai haver um aumento de colesterol livre 3. Absorção mediada por receptores de lipoproteínas 4. Hidrólise dos ésteres de colesterol intracelular pela enzima colesterol éster hidrolase Avaliação Laboratorial do Perfil Lipídico O perfil lipídico é definido pelas determinações do CT, HDL-c, TG, e conforme avaliação do LDL-c após jejum de 12h; Hoje em dia é permitido fazer os exames de laboratório sem estar em jejum, mas aí se for detectado alguma alteração será necessário o retorno para fazer o jejum de 12 horas. Fórmula de Friedewald LDL-c = CT – HDL-c – TG/5 (válida se TG < 400mg/dL, as distorções da [LDL-c] iniciam-se quando TG > 100mg/dL). O LDL-colesterol pode ser calculado a partir do colesterol total, HDL-colesterol e triglicerídeos ou VLDL (VLDL-colesterol corresponde a TG/5). Entretanto, esta fórmula torna-se imprecisa na vigência de hipertrigliceridemia (triglicerídeos>400mg/dL), hepatopatia colestática crônica ou síndrome nefrótica, quando não deve ser utilizada. Determinação e Cálculo LDL-c e VLDL-c Recentemente, Martin et al. Sugeriram outro método para estimar os valores de LDL-c, utilizando como referência a ultracentrifugação, e por meio de cálculos estatísticos, definiram diferentes divisores para o valor de TG, que permitem estimar com maior fidedignidade os valores de VLDL-c. Para obter estes divisores depende-se das concentrações do colesterol Não-HDL (não HDL-c) e do TG da amostra do paciente. Com este novo divisor (x) aplica-se a fórmula: LDL-c = CT – HDL-c – TG/x, onde x varia de 3,1 a 11,9 (Grau de recomendação: IIa; Nível de eficiência: C). Colesterol não-HDL: A fração colesterol não-HDL é usada como estimativa do número total de partículas aterogênicas no plasma (VLDL + IDL + LDL) e refere-se também a níveis de apoB. O colesterol não-JDL é calculado facilmente pela subtração do HDL-c do CT: Colesterol não-HDL = CT – HDL-c. O colesterol não-HDL pode fornecer melhor estimativa do risco em comparação com o LDL-c, principalmente nos casos de hipertrigliceridemia associada ao diabetes, à síndrome metabólica ou renal. Separação de Lipoproteínas por Ultracentrifugação em Grandiente de Densidade Considerações O perfil lipídico deverá ser realizado em indivíduos com estado metabólico estável. A dieta habitual e o peso devem ser mantidos por pelo menos duas semanas antes da realização das determinações. Levar em consideração que após qualquer doença ou cirurgia em geral, o perfil lipídico do paciente poderá estar temporariamente comprometido. Recomenda-se, portanto, aguardar pelo menos oito semanas para a determinação dos lipídeos sanguíneos. Nenhuma atividade física vigorosa deve ser realizada nas 24h que antecedem o procedimento. Realizar as determinações seriadas sempre que possível no mesmo laboratório para tentar minimizar o efeito da variabilidade analítica. Evitar a ingesta de álcool nas 72h que antecederem a coleta do sangue. Valores de Referência Além de verificar os valores de referência, é necessário fazer uma abordagem de forma diferente: Classificaçãode risco para DCV; Grandes estudos (informações científicas); Análise do estado de vida do paciente. Valores de Referência dos Lipídeos em Indivíduos de 2 a 19 anos O colesterol em geral não muda com o estado de alimentação do indivíduo, o que vai variar bastante são os triglicérides. Valores de Colesterol e Condições para indicação de Tratamento Hipolipemiante em Crianças e Adolescentes Valores de Referência dos Lipídeos em Indivíduos Maiores de 20 anos Clinicamente, o Não-HDL-c é um melhor preditor de risco do que o LDL-c na hipertrigliceridemia. Os valores referenciais desejáveis do colesterol total e HDL-c são idênticos com e sem jejum. Os níveis desejáveis de triglicérides são diferentes no estado com e sem jejum. Os valores de alvo terapêutico de LDL- c e não HDL-c passam a ser categorizados nesta atualizado de acordo com a estimativa de risco. Quem tem um colesterol alto, deve reduzir o consumo de carnes por semana. Redução percentual e Metas terapêuticas absolutas do LDL-c e do colesterol não-HDL para pacientes sem ou com uso de hipolipemiantes Recomendações O colesterol total, o HDL-c e os triglicerídeos devem ser analisados por métodos enzimáticos colorimétricos. Na maioria dos laboratórios, o LDL-c é calculado pela forma de Friedewald, ou analisado por dosagem direta. A utilização de fator de correção para a fórmula de Friedewald aumenta a acurácia na estimativa do LDL-c. A dosagem das apolipoproteínas A1 e B-100 não oferece vantagem ao HDL-c e ao não HDL-c, respectivamente, embora a ApoB e o não HDL-c tenham se mostrado superiores ao LDL-c. A determinação rotineira de ApoAI e ApoB não é recomendada. A dosagem de Lp(a) não é recomendada de rotina na avaliação do risco cardiovascular, podendo ser solicitada na estratificação de risco da hipercolesterolemia familiar e naqueles com alto risco de doença coronária prematura. Dislipidemias Alteração metabólicas lipídicas decorrentes de distúrbios em qualquer fase do metabolismo de lipídeos, que ocasionem em repercussão nos níveis séricos de lipoproteínas Classificação das Dislipidemias As dislipidemias primárias ou sem causa aparente podem ser classificadas genotipicamente ou fenotipicamente por meio de análise bioquímicas. Na classificação genotípica, as dislipidemias se dividem em monogênicas, causadas por mutações em um só gene, e poligênicas, causadas por associações de múltiplas mutações que isoladamente não seriam de grande repercussão. A classificação fenotípica ou bioquímica considera os valores de CT, LDL-c, TG e HDL-c e compreende quatro tipos principais bem definidos. Dislipidemias primárias (classificação genotípica) Origem genética: A menos rara e que já levanta vários estudos é a hipercolesterolemia familiar Dislipidemias secundárias Causadas por outras doenças ou uso de medicamentos: Ex: hipotireoidismo, diabetes mellitus, síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, obesidade – se houver síndrome metabólica, alcoolismo, icterícia obstrutiva, uso de doses altas de diurético, betabloqueadores, corticoesteróides, anabolizantes. Classificação das Dislipidemias – Fenotípica/Laboratorial Classificação de Friedrickson: Hoje em dia não é utilizada para pesquisa, mas as vezes é necessário recorrer a essa classificação para entender algum perfil metabólico, principalmente das causas secundárias. Principais Causas de Dislipidemias na Infância e Adolescência Correlação Clínica – Aterogênese Em humanos, o balanço entre o influxo e o efluxo de colesterol não é meticuloso, resultando em sua deposição nos tecidos, particularmente no endotélio vascular. Essa ocorrência se torna um fator potencial de risco, quando a deposição de lipídeos leva ao estreitamento dos vasos, com formação de placas (aterosclerose), aumentando o risco de doença arterial coronariana (DAC) Dislipidemia X Aterosclerose Aterosclerose, ou doença aterosclerótica, é uma afecção de artérias de grande e médio calibre, caracterizada por lesões com aspecto de placas. Essas placas são conhecidas como ateromas. A doença cardiovascular aterosclerótica é responsável pela metade da morbidade e mortalidade em todo o mundo. A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular devido a diversos fatores de riscos como elevação de lipoproteínas aterogênicas (LDL, IDL, VDL, remanescentes de quilomícrons), hipertensão arterial ou tabagismo O papel da dislipidemia na deflagração da aterosclerose coronariana está bem estabelecido. Em especial, níveis elevados do colesterol total e LDL, redução nos níveis do colesterol HDL e aumento dos níveis de triglicérides, podem induzir à doença coronariana. O risco de aterosclerose coronariana aumenta, significativa e progressivamente, em indivíduos com níveis de colesterol total e LDL acima dos patamares de normalidade. Para o colesterol HDL, a relação é inversa: quanto mais elevado seu valor, menor o risco. Níveis de colesterol HDL maiores do que 60 mg/dL caracterizam um fator protetor. Níveis de triglicérides maiores que 150 mg/dL aumentam o risco de doença aterosclerótica coronariana. Correlação Clínica – Hipercolesterolemia Hipercolesterolemia é o aumento da concentração de colesterol no sangue. É uma forma de hiperlipidemia (concentração elevada de lipídeos no sangue) e hiperlipoproteinemia (concentração elevada de lipoproteínas no sangue). A provastatina, a lovastatina, a compactatina e sinvastatina são utilizados no tratamento da hipercolesterolemia, por inibirem a HMG-CoA redutase e estimularem a síntese do receptor LDL (APOB- 100, APO-E) Vale ressaltar que essa enzima faz parte da etapa limitante de colesterol a partir do Acetil-CoA (etapa que sofre regulação). Esses compostos inibem essa enzima por possuir uma estrutura semelhante ao mevalonato que é o produto da ação da mesma. Ou seja, vai haver uma inibição alostérica negativa pois como vai ter muito mevalonato, esses compostos com estruturas parecidas vão entrar e atuar para substituir o mesmo (produto inibe reação) Tratamento Farmacológico das Dislipidemias Hipercolesterolemia isolada: Os medicamentos recomendados são as estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, à colestiramina e, eventualmente, aos fibratos ou ao ácido nicotínico o Estatina (inibe a HMG-CoA-redutase) – mais validada por estudos clínicos para diminuir a incidência de eventos cardiovasculares o Ezetimiba (inibe a absorção de colesterol) o Colestiramina (sequestradores dos ácidos biliares) Síndrome Metabólica A síndrome metabólica ou plurimetabólica, chamada anteriormente de síndrome X, é caracterizada pela associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares (ataques cardíacos e derrames cerebrais), vasculares periféricas e diabetes. Ela tem como base a resistência à ação da insulina, o que obriga o pâncreas a produzir mais esse hormônio. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/infarto-do-miocardio/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/avc-acidente-vascular-cerebral-ou-derrame/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/diabetes/ https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/pancreas/ É uma doença da civilização moderna, associada à obesidade, como resultado da alimentação inadequada e do sedentarismo. A federação internacional de diabetes (IDF) estabeleceu critérios diagnósticos de síndrome metabólica: A obesidade central é definida em função da circunferência da cintura, aproximadamente na altura do umbigo. Essa medida é atrelada com alguns valores étnicos em relação as populações. Além do diâmetro da cintura é somado com pelo menos mais dois fatores, tais como, aumento dos triglicérides, redução do HDL-c, aumento da pressão arterial, observação da glicemia em jejum. Os indivíduos com diabetes tipo 2 obesos, provavelmente sãoindivíduos com síndrome metabólica, apresentam a chamada dislipidemia diabética. Valores de referência da Circunferência da Cintura: Se os indivíduos têm características europeias ou são europeus nativos, para homens é considerado o diâmetro ≥ 94cm e para mulheres ≥ 80cm. Se forem asiáticos, chineses ou japoneses, para homens é considerado o diâmetro ≥ 90cm e para mulheres ≥ 80cm Os indivíduos que não foram citados acima, são incluídos em outros grupos conforme suas características. https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/obesidade/ Tríade Lipídica da Síndrome Metabólica Em pacientes com dislipidemias diabética, é notório: HDL-c baixo: o colesterol HDL é diminuído porque a HDL vai diminuir LDL pequena e densa Hipertrigliceridemia Mudança nos níveis pós-prandiais do TG em relação ao status de jejum na DM tipo 2 Ao fazer uma sobrecarga glicídica em um indivíduo diabético e com hipertrigliceridemia, além de seu triglicérides subir vai levar mais tempo alto, com isso vai formar várias partículas de tamanho intermediário que vão ficar muito mais tempo na circulação podendo gerar ateroma. Um indivíduo com diabetes controlada e que não tem hipertrigliceridemia vai responder praticamente igual a um saudável. Esquema Hipotético da Relação entre a Alteração no Metabolismo das Lipoproteínas Ricas em TG e Desenvolvimento das Lipoproteínas com Fenótipo Aterogênico Em uma situação lipídica normal onde o metabolismo lipídico está adequado, normalmente é formado VLDL no tamanho adequado que vão sofrer o catabolismo através da lipase hepática para se transformar em remanescentes e depois formar LDL grandes que se acoplam facilmente aos receptores de LDL para serem removidas. Numa situação em que o individuo está tendo um aporte de ácidos graxos tal como na síndrome metabólica, vai haver a formação de VLDL muito grandes que vão ser rapidamente catabolizadas pela ação da LPL formando vários remanescentes que vão sofrer uma ação maior da lipase hepática dando então origem as LDL pequenas e densas. Além disso, várias partículas de tamanho intermediário podem ser modificadas já que ficam mais tempo no compartimento circulando. Dislipidemias em Adultos com Diabetes (Framingham Heart Study) Um estudo muito importante que avaliou as dislipidemias em adultos diabéticos e risco cardiovascular. Com isso, foi notório que os fatores que mais alteram no diabetes é o HDL-c e o Triglicérides. Características notáveis na dislipidemia diabética: Correlação entre Resistência Insulínica e Hipertrigliceridemia Ao fazer uma avaliação da resposta da glicose oral, é possível observar que quanto maior o recebimento de glicose maior a quantidade de triglicérides e maior a secreção de insulina. Associação entre Hiperinsulinemia e HDL-c Baixo Independente de ser obeso, o indivíduo hiperinsulinêmico vai ter menos HDL-c isso ocorre porque a lipase hepática estará mais ativa e por isso ela irá catabolizar mais o HDL. Ou seja, na Hiperinsulinemia vai ser notório o HDL-c baixo e a formação de LDL pequeno e denso, basicamente em função do aumento da lipase hepática. Importante ressaltar as duas lipases que geralmente estarão aumentadas nessa patologia são: Hormônio-sensível presente no tecido adiposo e por isso é liberado uma alta quantidade de ácido graxo que juntamente com o glicerol vai para o fígado para ser reempacotado e sair como VLDL; Lipase hepática que gera o aumento do catabolismo do HDL-c e aumento da formação da LDL pequena e densa. Mecanismos Relacionados a Resistência Insulínica e Dislipidemias Há o aumento de ácidos graxos livres e isso impacta no aumento de insulina já que a glicose não conseguirá entrar na célula; Assim, esses ácidos graxos vão para o fígado, porém como esse órgão não é um local de armazenamento de gordura, vai haver a secreção de lipoproteínas da via endógena, com isso será secretado uma VLDL muito rica em triglicérides (como há muito VLDL, haverá muito apoB); Então, a VLDL vai formar vários remanescentes que vão interagir com o HDL em função da atividade da CETP que também estará aumenta na Hiperinsulinemia. A lipase hepática vai começar a atuar fortemente no HDL em função do catabolismo dos fosfolipídeos fazendo com que a HDL seja destruída e se torne basicamente apoAI que vai recircular e ser eliminada nos rins; Outro ponto importante é que quando as partículas estão muito ricas em triglicérides, vão ser catabolizadas ao ponto de ser transformadas em LDL pequeno e denso. Fenótipos de Subclasses de LDL na Diabetes Mellitus Notório que, por exemplo, em uma população de 29 indivíduos homens e for analisado o fenótipo A (normal) e o fenótipo B (aterogênico), vai ser perceptível que nessa pequena população o individuo diabético vai possuir 51% de fenótipo B, 28% terá o fenótipo normal e 21% o fenótipo intermediário. Assim, há uma maior quantidade de pessoas doentes do que saudáveis, Já nos indivíduos não diabéticos, há uma maior normalidade. LDL Pequena e Densa e DAC Mecanismo potencialmente aterogênicos: Susceptibilidade aumentada a oxidação; Aumento da permeabilidade vascular; Mudança na conformação da apoB; Afinidade diminuída ao receptor de LDL; Associação com a síndrome de resistência insulínica; Associação com TG (VLDL) alto e HDL-c baixo. Efeito das Estatinas no LDL-c O principio básico das estatinas é a inibição da HMG-CoA-redutase que é uma enzima muito importante na biossíntese do colesterol. Para escolha da prescrição de uma estatina é necessário avaliar o risco-benefício, tolerabilidade, custo-benefício, adesão terapêutica. A principal função da estatina é baixar o colesterol total, principalmente de LDL. Efeito dos Fibratos sobre o HDL-c e TG Se um paciente está com HDL-c baixo e tem triglicérides alto, vai ser feito a tentativa de uma terapia com fibrato analisando a característica de cada fármaco. Vale ressaltar que em algumas situações esse medicamento pode causar dano muscular. Vale ressaltar que as cápsulas de ômega 3 têm uma resposta fenomenal para esse caso, assim, pode ser uma ótima alternativa terapêutica a ser tentada antes do fibrato. Aterogênese e Aterosclerose Processo dinâmico, evolutivo, a partir de dano endotelial de origem multifatorial, com características de reparação tissular. Características: Possui influência genética; Sítios de propensão à lesão; Papel da LDL e da LDL modificada: como ela é muito pequena, vai entrar na parede do vaso, não vai conseguir sair e vai começar lesionar a camada muscular. Aterogênese X Aterosclerose: Aterogênese é a formação de placas locais ou difusas. Aterosclerose é o enrijecimento dos vasos, algo que acontece ao longo da vida. Aterosclerose: É uma doença multifatorial, assim quanto maior o número de fatores de riscos maior será a incidência de casos A maior parte dos infartos não ocorrem com níveis elevados de colesterol. Ou seja, não é só o colesterol que está associado com evento isquêmico. Fatores e Marcadores de Risco da Doença Arterial Coronária Marcadores de risco é aquilo possível de determinar, fator já está relacionado a um indivíduo como todo (informações clínicas). Os marcadores de risco são extremamente importantes porque eles vão ser produzidos, a partir do processo inflamatório, e vão estimular mudanças no leito vascular e mudanças no padrão de secreção de proteínas de fase aguda hepáticas, tais como proteína-C-reativa. Túnicas Vasculares. Na aterosclerose, as lipoproteínas passam pelas fenestras celulares, assim, na camada média no qual possui os fibroblastos, células da musculatura lisa, células polimorfonucleares e etc. Dai então a placa de ateroma começa a ser formada da camada muscular para dentro da luz vascular. Papel da LDL- Oxi no Processo Aterogênico A Aterogênese se dá pelapassagem das lipoproteínas nativas para o endotélio. No subendotélio e na camada muscular, células vão fazer a captação da LDL modificada através dos receptores Scavenger. Processo Aterogênico O processo aterogênico se inicia na camada muscular e há uma formação de uma estria lipídica e em algumas situações antes de haver a obstrução completa do vaso há uma instabilidade de placa que pode levar aos eventos isquêmicos. O processo aterogênico não é apenas um processo central cardíaco, pode ocasionar em doenças cerebrais, gangrenas em extremidades e aneurisma das artérias. Progressão da Aterosclerose:
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