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Biomas X Ecossistemas É muito comum utilizar o termo “bioma” como sinônimo de ecossistema, mas isso não está correto. Os ecossistemas, como já estudado anteriormente, é quando temos a interação dos fatores bióticos (seres vivos) com o fatores abióticos (fatores não vivos). Ou seja, é quando a comunidade interage entre si e com os elementos físicos e químicos do meio (água, pH, solo, minerais, nutrientes). Podem ser de qualquer tamanho, naturais ou não. Podem ser pequenos, tais como as poças de maré, interior de bromélias, aquários, um jardim, ou podem ser muito grandes, como uma floresta, oceanos. Como também já vimos anteriormente, a energia e a matéria circulam pelos ecossistemas através das teias alimentares. E nas próximas aulas veremos como os elementos químicos circulam através dos ciclos biogeoquímicos. Segundo o IBGE, bioma é o “conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria”. Em outras palavras, é uma região geográfica delimitada por seu clima e vegetação. Fonte: gestão educacional Amazônia Está presente em 9 países e ocupa 40% do território nacional, sendo o maior bioma brasileiro. É a maior floresta tropical do mundo. Caracteriza-se pela presença de diversos ecossistemas e por deter grande biodiversidade na fauna e na flora. Esse bioma compreende uma região constituída pela maior bacia hidrográfica do mundo: a Bacia Amazônica. Fauna e vegetação Na Amazônia se encontra a maior biodiversidade do planeta. Os principais representantes da fauna são onça-pintada, boto-cor-de-rosa, arara-azul, capivara, tatu e cobras. A vegetação é dividida em 3 categorias: mata de igapó, mata de várzea e floresta de terra firme - Mata de igapó: estão situadas em terrenos mais baixos.y Estão quase sempre inundadas. Nelas a vegetação é baixa: arbustos, cipós e musgos. É nas matas de igapó que encontramos a vitória-régia, um dos símbolos da Amazônia. - Mata de Várzea: são as que sofrem com inundações em determinados períodos do ano. Na parte mais elevada desse tipo de mata, o tempo de inundação é curto e a vegetação é parecida com a das matas de terra firme. Nas regiões planas, que permanecem inundadas por mais tempo, a vegetação é semelhante a das matas de igapó. - Mata de terra firme - são aquelas que estão em regiões mais altas e por este motivo não são inundadas pelos rios. Nelas estão árvores de grande porte, como a castanheira-do-pará e a palmeira. Solo Mesmo sendo uma floresta tão grande, diversificada e equilibrada, o solo amazônico é pobre em nutrientes. As pesadas chuvas que ocorrem na florestas úmida lavam os materiais orgânicos do solo. Apesar da decomposição acontecer rapidamente em condições quentes e úmidas, muitas das folhas mortas, caídas e outros detritos orgânicos são arrastados antes da liberação de todos os seus nutrientes. Esse é o processo chamado de lixiviação. Mesmo com um solo pobre, como é possível ter tanta vegetação? A alta diversidade de decompositores, tais como bactérias e fungos acelera o processo de decomposição, os poucos nutrientes presentes no solo são rapidamente absorvidos pelas raízes das árvores ao invés de ficarem armazenados no solo. Clima Florestas tropicais úmidas são encontradas próximo ao equador, entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio. O Equador recebe luz solar direta. O fluxo contínuo de radiação produz temperaturas constantemente altas ao longo de todo ano. As chuvas também são constantes, formando o chamado clima equatorial úmido. E esse clima tem uma grande influência sobre a fauna e flora. A região norte é conhecida por ter chuvas constantes, quase que diárias. São as chuvas de convecção. Por ser uma região rica em cursos d'água, vegetação e ter alta incidência de raios solares, há também alta evaporação e evapotranspiração. O ar quente por ser mais leve, sobe carregado de umidade. Esse ar vai se acumulando e formam as nuvens. Quando essas nuvens atingem camadas mais frias, ocorre a condensação e chove. Outro ponto super importante do clima amazônico, é a formação dos rios aéreos. São fluxos aéreos maciços de água sob a forma de vapor que vêm de áreas tropicais do Oceano Atlântico e são alimentados pela umidade que se evapora da Amazônia. Parte dessa umidade volta para a floresta em forma de chuva, mas a maior parte segue na atmosfera e é carregada pelas correntes de vento. Segue até encontrar a barreira formada pela Cordilheira dos Andes. Nesse momento, parte dessa umidade se precipita nas encostas, formando as cabeceiras (nascentes) dos rios amazônicos. Ou seja, o rio alimenta o próprio rio. O que não precipita segue sendo carregado pelo vento até alcançar outras regiões do país. É um fenômeno que tem muito impacto na só na natureza, mas também na vida humana. Sem toda essa umidade circulando pelo país, o centro-sul brasileiro, principalmente o Cerrado, seria uma região desértica, com seu potencial agrícola reduzido. O mesmo pode ser dito sobre a Floresta Amazônica, que possivelmente não teria se formado sem a presença dos Andes, que retém essa umidade. Cerrado É o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando 22% do território nacional. Conhecido como savana brasileira. É uma área com grande biodiversidade e potencial aquífero, contendo três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata). O cerrado apresenta diversas fitofisionomias (aspecto da vegetação de um lugar) pois tem contato geográfico com outros biomas. Fauna e vegetação O Cerrado possui uma grande variedade biológica. Os principais representantes da fauna do Cerrado são o tucano, tamanduá-bandeira, lobo-guará e onça-parda. É comum que as árvores apresentem troncos tortos, cobertos por uma casca grossa, cujas folhas são geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos para armazenar água e nutrientes. Casca grossa - É o “súber”. É um tecido formado por células mortas e que envolve troncos e galhos. É uma característica de adaptação ao fogo, agindo como isolante térmico, impedindo que a parte viva da planta seja atingida pelas altas temperaturas. Troncos tortos - Solo rico em alúminio não permite que as árvores cresçam muito. Outro fator é o fogo. Os tecidos vegetais mais delicados acabam morrendo, e um deles é um órgão da planta que gera novos galhos, são as chamadas gemas. As gemas que ficam nas extremidades dos ramos e galhos são substituídas por gemas internas, que nascem em outros locais do galho, quebrando a linearidade do crescimento. Solo O solo do Cerrado é pobre em nutrientes, mas rico em ferro e alumínio. Ele é profundo, de cor vermelha amarelada, arenoso, permeável, que permite uma maior infiltração da água, causando baixa fertilidade por conta do processo de lixiviação. A ausência de fertilidade dos solos do Cerrado foi resolvida na agricultura por intermédio da aplicação de técnicas específicas, como a calagem (correção da acidez por meio do calcário), e adubação. Clima O clima do bioma Cerrado é predominantemente tropical sazonal, apresentando duas estações bem definidas: invernos secos e verões chuvosos. No período seco, em alguns locais, a vegetação pega fogo espontaneamente. Esta queimada “natural” das plantas é algo que acontece de forma regular e que passou a condicionar a vida da flora. Existem algumas espécies de vegetais, por exemplo, que só florescem após o período de queimadas. A vegetação se regenera após as queimadas por conta das raízes profundas e caules subterrâneos das árvores, que garantem sua sobrevivência mesmo com a superfície do solo queimada. Caatinga Bioma que se concentra na região nordeste do Brasil. Ocupando cerca de 12% do território nacional. As principais características da vegetação da Caatinga são, solo raso e pedregoso, árvores baixas, troncos tortuosos e que apresentam espinhos e folhas que caem no período daseca Esse bioma encontra-se bastante alterado, com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas são práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudicam a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo. Estima-se que mais de 46% da área da Caatinga já foi desmatada e é considerada ameaçada de extinção. Fauna e vegetação Alguns estudos dizem que a caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, por isso, a maioria das suas espécies é endêmica (ocorre somente numa determinada área). A maioria dos animais da caatinga tem hábitos noturnos, o que evita que se movimentem em horas mais quentes. Algumas aves são moradoras típicas da caatinga. É o caso do carcará, da asa-branca. A vegetação da caatinga é composta por plantas xerófitas, plantas adaptadas ao ambiente seco. Essas plantas desenvolveram uma série de mecanismos para sobreviverem em um ambiente com poucas chuvas e baixa umidade. No bioma são comuns árvores baixas e arbustos. Espinhos estão presentes em muitas espécies vegetais. Nos cactos, por exemplo, eles são folhas que se modificaram ao longo da evolução, fazendo com que a perda de água pela transpiração seja menor. Ainda para evitar a perda de água, algumas plantas simplesmente perdem suas folhas na estação seca. Por isso, parece que toda a vegetação está morta. As plantas permanecem vivas, utilizando, por exemplo, suas raízes bem desenvolvidas para obter água armazenada no solo. Outras espécies desenvolvem raízes na superfície, o que lhes permite, no período das chuvas, absorver o máximo possível da água. Solo Os solos da Caatinga variam de rasos a moderadamente profundos. São ricos em minerais fazendo com que o solo seja fértil, mas é pobre em matéria orgânica. Isso acontece porque a decomposição da matéria orgânica é prejudicada pelo calor intenso e luminosidade. São também arenosos e pedregosos, retendo pouca água. Fragmentos de rochas são frequentes na superfície, resultando em um solo com aspecto pedregoso. Clima Nas regiões de caatinga, o clima é quente com prolongadas estações secas, é o clima semiárido. São características desse tipo de clima a baixa umidade e o pouco volume pluviométrico, ou seja, uma quantidade reduzida de chuvas. Este clima irregular influencia o curso dos rios, que secam em determinadas épocas do ano, diminuindo a disponibilidade de água. Mata Atlântica A Mata Atlântica ocupa cerca de 13% do território brasileiro e compreende a região costeira do Brasil, indo dos estados do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Esse bioma é composto por variados ecossistemas florestais e por uma biodiversidade semelhante à do bioma Amazônia. Hoje resta menos de 10% da mata nativa, que sofre com o intenso desmatamento, responsável pela extinção de diversas espécies desse bioma. Suas nascentes e mananciais abastecem as cidades, e o desmatamento vem sendo um dos fatores que tem contribuído com os problemas de crise hídrica. Mangues e restingas são ecossistemas presentes neste bioma. Na época da colonização, a mata atlântica foi fortemente desmatada para dar espaço para plantações de cana-de-açúcar e café. A devastação da Mata Atlântica corre paralela à história econômica do Brasil. Cada ciclo econômico correspondeu ao desaparecimento de uma grande parcela da mata. Está na lista de florestas mais ameaçadas do mundo. Fauna e vegetação É uma das florestas com maior biodiversidade. A fauna do bioma Mata Atlântica é semelhante à do bioma Amazônia. Cerca de 39% dos mamíferos desse bioma são endêmicos. Cerca de 55% das espécies arbóreas e 40% das espécies não arbóreas são endêmicas, existindo apenas nesse bioma. A vegetação é diversificada em decorrência de sua extensão. É composta por árvores de médio e grande porte. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Solo O solo desta mata é em geral bastante raso, pouco ventilado, sempre úmido e recebe pouca luz, pois, a maior parte da luminosidade é absorvida pelas folhas das árvores mais altas.É um solo pobre, mas tem os nutrientes necessários graças a serrapilheira, uma camada com restos de vegetação, como folhas, caules e cascas de frutos que cobrem a superfície do solo. A presença dessa cama garante a reciclagem de nutrientes, que são absorvidos pelo solo e acabam retornando às plantas, em um ciclo que garante a vegetação do bioma. Além disso, essa camada também ajuda na retenção de água pelo solo, mantendo a umidade. Clima Espalhada por todo litoral brasileiro, a Mata Atlântica está submetida a climas diferentes, de acordo com cada região. Sendo assim, existem pedaços da mata marcados pelo clima subtropical úmido no sul; outros marcados pelo clima tropical e outros ainda que ocorrem muito próximas à caatinga semiárida no Nordeste. O que marca todas as regiões, é a grande quantidade de chuva, resultado da proximidade do mar e dos ventos que sopram do oceano em direção ao continente, fazendo o clima quente e úmido. Pantanal Pantanal é considerado uma das maiores planícies alagadas do mundo, compreendendo os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É o menor bioma em extensão territorial do Brasil, ocupando cerca de 2% do território nacional. É um bioma com grande biodiversidade, que vem sendo ameaçado pela ação antrópica (ação humana). Por sua rica biodiversidade, o pantanal é considerado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) um Patrimônio Natural Mundial. As principais atividades econômicas são a pecuária, a pesca e o turismo. As maiores ameaças ao Pantanal são o desmatamento e o manejo inadequado de terras para agropecuária, a construção de hidrelétricas e o crescimento urbano e populacional. Esse sistema de exploração tem causado impactos externos que ameaçam a biodiversidade e, por consequência, coloca em risco a sustentabilidade dos ecossistemas presentes no bioma. Fauna e vegetação Região com grande biodiversidade, sendo as aves e os peixes os mais diversos. Para vocês terem uma noção, existem mais espécies de peixes no pantanal do que nos rios de toda a Europa. A vegetação é na verdade um conjunto de diversas paisagens. Dependendo da altitude, envolve as gramíneas, árvores de médio porte, plantas rasteiras e arbustos. A proximidade com o bioma amazônia e cerrado faz com que o pantanal apresenta algumas formações vegetais próximas às da Amazônia, como as que aparecem em terrenos alagados, e outras parecidas com as do cerrado, como nos campos não inundados ou nas matas de galeria. Nas matas de galeria (mata que cresce na margem dos rios) cresce uma floresta mais densa. Solo O solo da planície pantaneira foi formado a partir de fragmentos vindos de terrenos mais altos e é predominantemente arenoso. É uma superfície pouco permeável. As características deste solo são resultado das constantes inundações: como há excesso de água, a decomposição de matéria orgânica se dá de forma mais lenta e difícil, o que diminui a fertilidade. A fertilidade só chega às regiões que foram alagadas quando elas voltam a secar. As primeiras chuvas caem sobre um solo poroso e são facilmente absorvidas, com o umedecimento da terra várias espécies de vegetais rebrotam e a planície se torna verde. Em poucos dias o solo não consegue absorver a água que passa a se acumular nas áreas mais baixas. O nível dos rios e lagoas aumenta provocando enchentes e o Pantanal se torna um enorme alagado. Durante a seca, a água fica restrita aos leitos dos rios e lagoas. Quando as chuvas param e os terrenos secam, ficam sobre a superfície uma mistura de areia, restos de animais e vegetais, sementes e húmus, uma camada que torna o solo mais fértil. Clima No Pantanal, o clima é classificado como tropical, tendo temperaturas elevadas. É marcado por duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno seco. As chuvas fortes são um fator determinante da paisagem pantaneira.Elas propiciam as cheias, que mudam a cara da vegetação e também alterações no comportamento dos animais. Pampas ou Campos Sulinos O bioma Pampa, conhecido também como Campos Sulinos, ocupa cerca de 2% do território brasileiro, abrangendo o território do estado do Rio Grande do Sul. O nome “pampa” tem origem indígena e designa uma região plana. A paisagem desse bioma é composta, em sua maioria, por campos nativos. Fauna e vegetação Se caracteriza por apresentar um relevo pouco acidentado, e sua vegetação é composta por plantas herbáceas, arbustos e árvores de pequeno porte, e campos temperados que cobrem a região. Solo Na região dos pampas o solo é fértil. Por isso, estes campos são normalmente procurados para desenvolvimento de atividades agrícolas. Algumas áreas dos pampas estão sofrendo processo de desertificação, devido à retirada da vegetação nativa e sua substituição por monoculturas ou pastos. Clima O clima da região é o subtropical úmido. Os verões são quentes, os invernos são frios e chove regularmente durante todo o ano. No inverno a temperatura chega a 0º C. É a região com a maior amplitude térmica do país.