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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” (ESPECIALIZAÇÃO) A DISTÂNCIA QUÍMICA QUÍMICA INORGÂNICA Ruy Carvalho Walclée de Carvalho Melo Mário César Guerreiro Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE Lavras - MG Parceria Universidade Federal de Lavras - UFLA Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FAEPE Reitor Antônio Nazareno Guimarães Mendes Vice-Reitor Ricardo Pereira Reis Diretor da Editora Marco Antônio Rezende Alvarenga Pró-Reitor de Pós-Graduação Joel Augusto Muniz Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação “Lato Sensu” Marcelo Silva de Oliveira Coordenador do Curso Walcleé de Carvalho Melo Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE Luis Antônio Lima Editoração Centro de Editoração/FAEPE Impressão Gráfica Universitária/UFLA Ficha Catalográfica preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA Carvalho, Ruy Química inorgânica / Ruy Carvalho, Wlaclée de Carvalho Melo, Mário César Guereiro. UFLA/FAEPE, 2006. . 145p. il Curso de pós-graduação "Lato Sensu" (Especialização) a Distância : Química. Bibliografia 1. Química inorgânica. 2. Complexos. 3. Quelatos. 4. campo cristalino. I. Melo, W.C. II. Guereiro, M.C. III. Universidade Federal de Lavras. IV Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão. V. Título. CDD – 546 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por qualquer meio, sem a prévia autorização da FAEPE. SUMÁRIO PARTE I - QUÍMICA DESCRITIVA DOS ELEMENTOS 1 ELEMENTOS DO BLOCO s ...................................................................................... 10 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 10 1.1 GRUPO I – METAIS ALCALINOS...................................................................... 10 1.1.1 Estrutura Eletrônica ............................................................................... 10 1.1.2 Propriedades Gerais .............................................................................. 11 1.1.3 Propriedades Químicas ......................................................................... 12 1.1.4 Solubilidade e Hidratação ...................................................................... 12 1.1.5 Extração dos Metais .............................................................................. 13 1.2 GRUPO II – METAIS ALCALINOS TERROSOS................................................ 13 1.2.1 Estrutura Eletrônica ............................................................................... 13 1.2.2 Propriedades Gerais .............................................................................. 14 1.2.3 Comportamento Anômalo do Berílio. ..................................................... 15 1.2.4 Propriedades Químicas ......................................................................... 15 1.2.5 Extração dos Metais .............................................................................. 17 1.3 PROBLEMAS (GRUPO I)................................................................................... 18 1.4 PROBLEMAS (GRUPO II).................................................................................. 20 2 ELEMENTOS DO BLOCO p ...................................................................................... 22 2.1 GRUPO III .......................................................................................................... 22 2.1.1 Propriedades Gerais .............................................................................. 22 2.1.2 Caráter Eletropositivo ............................................................................ 23 2.1.3 Extração dos Elementos ........................................................................ 24 2.1.4 Complexos............................................................................................. 24 2.2 GRUPO IV.......................................................................................................... 24 2.2.1 Propriedades Gerais .............................................................................. 25 2.2.2 Caráter Metálico e Não-Metálico ........................................................... 25 2.2.3 Diferenças Entre Carbono, Silício e os Outros Elementos..................... 25 2.2.4 Efeito do par inerte................................................................................. 26 2.3 GRUPO V........................................................................................................... 26 2.3.1 Estrutura Eletrônica e Estados de Oxidação ......................................... 26 2.3.2 Tipo de Ligação ..................................................................................... 27 2.3.3 Caráter Metálico e Não-Metálico ........................................................... 27 2.3.4 Diferenças entre N e os outros Elementos ............................................ 27 2.3.5 Ocorrência e Extração ........................................................................... 28 2.4 GRUPO VI .......................................................................................................... 28 2.4.1 Estrutura Eletrônica e Estados de Oxidação ......................................... 29 2.4.2 Caráter Metálico e Não-Metálico ........................................................... 30 2.4.3 Diferença entre O e os outros Elementos .............................................. 30 2.4.4 Usos dos Elementos .............................................................................. 30 2.4.5 Ocorrência e Extração ........................................................................... 30 2.4.6 Polimorfismo .......................................................................................... 31 2.4.7 Propriedades Gerais dos Óxidos ........................................................... 31 2.5 GRUPO VII – OS HALOGÊNIOS ....................................................................... 33 2.5.1 Estrutura Eletrônica e Estados de Oxidação ......................................... 33 2.5.2 Propriedades Gerais .............................................................................. 34 2.5.3 Poder Oxidante...................................................................................... 34 2.5.4 Reatividade dos Elementos ................................................................... 35 2.5.5 Separação dos Elementos..................................................................... 36 2.5.6 Óxidos Halogenados.............................................................................. 37 2.5.7 Propriedades Básicas dos Halogênios .................................................. 41 2.6 GRUPO 0 – OS GASES NOBRES..................................................................... 42 2.6.1 Estrutura Eletrônica e Propriedades Gerais........................................... 42 2.7 PROBLEMAS ..................................................................................................... 43 2.7.1 Grupo III................................................................................................. 43 2.7.2 Grupo IV ................................................................................................ 44 2.7.3 Grupo V ................................................................................................. 45 2.7.4 Grupo VI ................................................................................................ 46 2.7.5 Grupo VII ............................................................................................... 47 2.7.6 Gases nobres ........................................................................................ 48 3 ELEMENTOS DO BLOCO d ......................................................................................50 3.1 PROPRIEDADES GERAIS................................................................................. 50 3.1.1 Densidade.............................................................................................. 51 3.1.2 Pontos de Fusão e Ebulição .................................................................. 51 3.1.3 Reatividade dos Metais.......................................................................... 51 3.1.4 Cor ......................................................................................................... 51 3.1.5 Propriedades Magnéticas ...................................................................... 51 3.1.6 Propriedades Catalíticas........................................................................ 52 3.1.7 Valência Variável ................................................................................... 52 3.1.8 Capacidade para formar Complexos ..................................................... 54 3.1.9 Não-Estequiometria ............................................................................... 54 3.1.10 Abundância............................................................................................ 54 3.2 GRUPO DO ESCÂNDIO .................................................................................... 55 3.2.1 Introdução.............................................................................................. 55 3.2.2 Ocorrência, separação, obtenção e usos ............................................. 55 3.2.3 Estado de oxidação ............................................................................... 56 3.2.4 Tamanho................................................................................................ 56 3.2.5 Propriedades químicas .......................................................................... 57 3.2.6 Complexos............................................................................................. 58 3.3 GRUPO DO TITÂNIO......................................................................................... 59 3.3.1 Ocorrência e abundância....................................................................... 60 3.3.2 Obtenção e usos.................................................................................... 60 3.3.3 Estados de oxidação.............................................................................. 62 3.4 GRUPO DO VANÁDIO....................................................................................... 63 3.4.1 Abundância, obtenção e usos................................................................ 63 3.4.2 Estados de Oxidação............................................................................. 65 3.5 GRUPO DO CROMO ......................................................................................... 66 3.5.1 Abundância, obtenção e usos................................................................ 66 3.6 GRUPO DO MANGANÊS................................................................................... 69 3.6.1 Abundância, obtenção e usos................................................................ 70 3.6.2 Estados de oxidação.............................................................................. 71 3.7 GRUPO DO FERRO .......................................................................................... 73 3.8 GRUPO DO COBALTO...................................................................................... 77 3.9 GRUPO DO NÍQUEL.......................................................................................... 78 3.10 GRUPO DO COBRE .......................................................................................... 81 3.11 GRUPO DO ZINCO............................................................................................ 84 3.12 PROBLEMAS (BLOCO D).................................................................................. 88 4. ELEMENTOS DO BLOCO f ....................................................................................... 89 4.1 LANTANÍDEOS .................................................................................................. 89 4.1.1 Configuração eletrônica ......................................................................... 89 4.1.2 Estados de Oxidação............................................................................. 90 4.1.3 Abundância de Isótopos ........................................................................ 92 4.1.4 Obenção e usos..................................................................................... 93 4.1.5 Separação dos Lantanídeos .................................................................. 94 4.1.6 Precipitação ........................................................................................... 95 4.1.7 Reação Térmica .................................................................................... 95 4.1.8 Cristalização Fracionada ....................................................................... 95 4.1.9 Formação de complexos........................................................................ 95 4.1.10 Extração com Solvente .......................................................................... 96 4.1.11 Variação de Valência ............................................................................. 96 4.1.12 Troca Iônica ........................................................................................... 97 4.1.13 Propriedades químicas dos compostos com estado de oxidação (+3) ......................................................................................... 97 4.1.14 Estados de Oxidação (+4) ................................................................... 100 4.1.15 Estados De Oxidação (+2)................................................................... 101 4.1.16 Solubilidade ......................................................................................... 102 4.1.17 Cor e Espectros ................................................................................... 102 4.1.18 Contração Lantanídica......................................................................... 104 4.1.19 Complexos........................................................................................... 105 PARTE - II - COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO........................................................ 107 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 108 1.1 CONCEITOS .................................................................................................... 109 1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS LIGANTES. ........................................... 111 1.3 GEOMETRIAS MAIS COMUNS DOS COMPLEXOS....................................... 112 1.3.1 Número de coordenação 2 .................................................................. 112 1.3.2 Número de coordenação 4 .................................................................. 112 1.3.3 Número de coordenação 6 .................................................................. 113 1.3.4 Quelatos .............................................................................................. 113 1.4 NOMENCLATURA DE COMPLEXOS.............................................................. 114 1.5 QUESTIONÁRIO E EXERCÍCIOS.................................................................... 117 2 LIGAÇÕES QUÍMICAS NOS COMPLEXOS............................................................ 119 2.1 TEORIA DAS LIGAÇÕES DE VALÊNCIA (TLV). ............................................. 119 2.2 TEORIA DO CAMPO CRISTALINO (TCC)....................................................... 124 2.2.1 Fundamentos....................................................................................... 124 2.2.2 Propriedades Magnéticas dos Complexos........................................... 127 2.2.3 PropriedadesEspectrais dos Complexos. ........................................... 128 2.3 TEORIA DOS ORBITAIS MOLECULARES...................................................... 128 2.4 ESTABILIDADE RELATIVA ENTRE ALGUNS COMPLEXOS DE METAIS DE TRANSIÇÃO ................................................................................ 138 2.4.1 Efeito quelato....................................................................................... 138 2.4.2 Isomeria ............................................................................................... 141 2.4.3 Doadores π .......................................................................................... 143 2.4.4 Receptores π ....................................................................................... 143 QUESTIONÁRIO E EXERCÍCIOS. ................................................................................. 143 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 145 PREFÁCIO A demanda por reciclagem por parte dos profissionais da química, notadamente professores do Ensino Médio e Superior da região de Lavras (MG), serviu de base para elaboração do presente texto. Despretensiosa a princípio, esta obra passou, numa segunda fase, a se constituir numa grande motivação para os seus autores. As causas foram (e ainda são) as mais diversas: o aumento da procura, antes regional, para nacional; o desafio de ensinar química à distância sem perder a qualidade, uma característica centenária da Universidade Federal de Lavras; abdicar de transmitir conceitos habitualmente sedimentados através da prática laboratorial de repente substituída por recursos de comunicação como o computador, a postagem e a telefonia; e a interação aluno-professor às vezes invertendo uma lógica tradicional, qual seja, ao invés de “ensinar”, muitas vezes o professor passou a “aprender” com a experiência bem vivenciada pelos pós graduandos e jamais experimentada no intramuros do campus universitário. Por tudo isso, e sempre dispostos a receber e a incorporar críticas e sugestões de enriquecimento deste texto, podemos afirmar sem medo de errar, que a pós graduação à distância em química não é, como os fenômenos físicos, apenas uma transformação material de caráter mais passageiro, mas algo mais profundo, que, como os fenômenos químicos perdura, modifica, se estabelece. os autores. PARTE I QUÍMICA DESCRITIVA DOS ELEMENTOS 1 ELEMENTOS DO BLOCO s INTRODUÇÃO Os metais alcalinos formam um grupo homogêneo de elementos extremamente reativos. Suas propriedades químicas e físicas são facilmente interpretadas em termos de suas configurações eletrônicas, ns1. Compostos de Na e K são conhecidos, desde a antigüidade e são essenciais à vida. Os elementos do grupo II ou alcalino-terrosos exemplificam e continuam as tendências observadas para os metais alcalinos. 1.1 GRUPO I – METAIS ALCALINOS TABELA 1: Símbolos e estruturas eletrônicas de alguns elementos do Grupo I. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Lítio Li [He] 2s1 Sódio Na [Ne] 3s1 Potássio K [Ar} 4s1 Rubídio Rb [Kr] 5s1 Césio Cs [Xe] 6s1 Frâncio Fr [Rn] 7s1 1.1.1 Estrutura Eletrônica Todos os elementos do Grupo I possuem um elétron s em seu orbital esférico. Não considerando as camadas internas, as estruturas eletrônicas podem ser escritas: 2s1, 3s1, 4s1, 5s1, 6s1 e 7s1. Devido às semelhanças nas estruturas eletrônicas desses elementos, Elementos do Bloco s 11 seria de se esperar muitas semelhanças no comportamento químico. Os elementos são tipicamente moles, altamente reativos, metais univalentes, que formam compostos iônicos incolores. 1.1.2 Propriedades Gerais Os átomos são os maiores, em seus períodos correspondentes, na tabela periódica, e quando o elétron externo é removido para dar um íon positivo, a carga positiva nos núcleos se torna maior do que o número de elétrons, tanto que os elétrons são atraídos para os núcleos e o íon é menor do que o átomo correspondente. Mesmo assim, os íons são muito grandes e aumentam de tamanho do Li para o Fr, quando elétrons extras são adicionados. Devido ao grande tamanho, estes elementos possuem densidade baixa. Com o aumento do tamanho dos átomos, os elétrons ficam mais afastados dos núcleos e são menos fortemente atraídos, tanto que o potencial de ionização diminui. Estes elementos podem emitir elétrons, quando irradiados com luz – daí o uso do césio e do potássio em células fotoelétricas. Os elétrons podem também ser excitados a um nível de energia superior, por exemplo, no teste de chama. Quando os elétrons voltam para suas posições iniciais, emitem a energia extra obtida. Neste caso, a quantidade de energia é pequena; portanto, ela aparece como luz visível. Isto explica as colorações de chama característica produzidas por estes elementos. Os valores da eletronegatividade para os elementos deste grupo são muito pequenos. Assim, quando estes elementos reagem com outros elementos, para formar os compostos, é provável que se tenha uma grande diferença de eletronegatividade entre os dois átomos, formando-se, portanto, ligações iônicas. A química dos metais alcalinos é mais do que a dos seus íons. TABELA 2: Parâmetros atômicos de alguns elementos do Grupo I. Símbolo Raio Atômico Å Raio Iônico Å Densi- dade g/cc Potencial Ionização eV Eletrone- gatividade P.E. ºC Abundân- cia crosta ppm Li 1,23 0,60 0,54 5,4 1,0 181 65 Na 1,57 0,95 0,97 5,1 0,9 98 28300 K 2,03 1,33 0,86 4,3 0,8 63 25900 Rb 2,16 1,48 1,53 4,2 0,8 39 310 Cs 2,35 1,69 1,87 3,9 0,7 29 7 Os pontos de fusão e os pontos de ebulição são muitos baixos e diminuem com o aumento de dimensão. O ponto de fusão do lítio é bastante diferente dos outros elementos e, em geral, o primeiro elemento de cada grupo difere apreciavelmente do resto de grupo. EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 12 O sódio e o potássio são o sexto e o sétimo elementos mais abundantes na crosta terrestre, mas o frâncio não ocorre apreciavelmente na natureza, pois é reativo e possui um período de meia-vida pequeno. Todos os íons metálicos possuem as configurações de gás inerte; assim, eles não possuem elétrons desemparelhados e são diamagnéticos e incolores. De fato, todos os compostos formados pelos metais do Gupo I são brancos, exceto aqueles cujos radicais ácidos são coloridos, por exemplo cromatos e permanganatos. 1.1.3 Propriedades Químicas Quimicamente estes elementos são muito reativos e perdem o brilho rapidamente ao ar, formando o óxido (ou o nitreto no caso do lítio). Descendo o grupo desde o lítio até o césio, a reação com água aumenta em violência, liberando hidrogênio e formando hidróxidos que são as bases mais fortes conhecidas. O hidróxido de sódio é produzido em grande escala pela eletrólise da salmora (processo de Nelson ou Castner Kellner) ou do Na2CO3 com cal ou óxido férrico (processo de Gossages e Ferrite). Formam-se os óxidos, quando os metais são queimados ao ar; lítio forma o monóxido Li2O; o sódio forma o peróxido Na2O2 e os outros, superóxidos do tipo MO2. O monóxido é iônico 2 Li + e O-2; o peróxido contém o íon [-O-O-]-2 e os superóxidos contêm um terceiro elétron ligante, que o torna paramagnético e colorido. Os outros óxidos são preparados dissolvendo-se o metal em amônia líquida, que O O ... - reage desta forma com a quantidade adequada de oxigênio. Os óxidos típicos M2O são óxidos básicos fortes, que reagem com água, formando bases fortes. Estes hidróxidos alcalinos são as mais fortes bases conhecidas e, exceto o LiOH, são todos muito solúveis em água e são termicamente estáveis, o que ilustra a natureza eletropositiva forte dos metais. Os óxidos e superóxidos são agentes oxidantes e reagem com água e ácido,dando H2O2 e O2. Os metais reagem com hidrogênio, com menos facilidade do Li→Cs, formando hidretos iônicos ou salinos M+H-. Estes contêm o íon H- e o hidrogênio é libertado durante a eletrólise no ânodo. Os hidretos reagem com água, libertando hidrogênio, e o hidreto de lítio é uma útil fonte de hidrogênio, pois possui um baixo peso molecular e libera mais hidrogênio do que o que contém. LiH + H2O → LiOH + H2 1.1.4 Solubilidade e Hidratação Todos os sais são solúveis em água e, embora o lítio, o menor íon, devesse conduzir a eletricidade melhor do que os outros íons maiores, os resultados das medidas Elementos do Bloco s 13 da condutividade em solução aquosa resultam na seguinte ordem Cs+ > Rn+ > K+ > Na+ > Li+ . Isto, porque os íons estão hidratados em solução. O Li+ é facilmente hidratado, portanto se move lentamente, e o Cs+, o menos hidratado, move-se mais rapidamente. A diminuição de hidratação Li → Cs é também demonstrada nos sais cristalinos, pois praticamente todos os sais de lítio são hidratados; muitos sais de sódio, poucos sais de potássio e nenhum sal de rubídio ou de césio são hidratados. Como todos os sais simples são solúveis em água, estes metais são precipitados em análise química como sais menos comuns, como o cobaltinitrito de potássio K3[Co(NO2)6], perclorato de potássio KClO4 ou acetato de uranilo e sódio Na[UO2(Ac)3]. 1.1.5 Extração dos Metais Os metais deste grupo são, dos agentes redutores químicos conhecidos, os mais fortes e não são preparados pela redução de óxidos. Como os metais são tão eletropositivos que reagem com a água, não teria sucesso a tentativa de substituir um elemento da solução por outro mais acima na série eletroquímica. A eletrólise de soluções aquosas para se obter o metal também não dá resultado, a menos que seja utilizado um cátodo de mercúrio, isto quando for possível a formação de amálgamas, mas é difícil a recuperação do metal puro da amálgama. Todos os metais são isolados por eletrólise, geralmente do haleto fundido, com adição de impurezas para abaixar o ponto de fusão. Assim, o sódio é obtido pelo processo Dows (eletrólise do NaCl com adição de CaCl2) ou pelo processo Castner, que utiliza hidróxido de sódio fundido. 1.2 GRUPO II – METAIS ALCALINOS TERROSOS TABELA 3: Símbolos e estruturas eletrônicas de alguns elementos do Grupo II. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Berílio Be [He] 2s2 Magnésio Mg [Ne] 3s2 Cálcio Ca [Ar} 4s2 Estrôncio Sr [Kr] 5s2 Bário Ba [Xe] 6s2 Rádio Ra [Rn] 7s2 1.2.1 Estrutura Eletrônica Todos os elementos do Grupo II possuem dois elétrons s em seu orbital mais externo: não considerando os orbitais internos completos, suas estruturas eletrônicas podem ser escritas 2s2, 3s2, 4s2, 5s2, 6s2 e 7s2. Sendo tipicamente divalentes, formam uma série bem graduada de metais altamente reativos, geralmente formando compostos EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 14 iônicos incolores e menos básicos do que os do Grupo I. O berílio apresenta diferenças consideráveis do resto do grupo e relações diagonais análogas com o alumínio do Grupo III. 1.2.2 Propriedades Gerais O berílio não é muito conhecido, parcialmente porque não é muito abundante e parcialmente porque é difícil de ser extraído. O magnésio e o cálcio são muito abundantes e estão entre os sete elementos mais comuns da crosta terrestre. O estrôncio e o bário são muito menos abundantes, mas são bem conhecidos, pois ocorrem como minerais concentrados e são facilmente extraídos, enquanto que o rádio é extremamente escasso e sua radioatividade é mais importante do que sua química. Os átomos são grandes, mas são menores do que os dos átomos dos elementos correspondentes do Grupo I, pois a carga extra no núcleo atrai os elétrons orbitais. Analogamente, os íons são grandes, mas são menores do que os do Grupo I, especialmente porque a remoção de dois elétrons orbitais aumenta ainda mais a carga nuclear efetiva. Assim, estes elementos são mais densos e mais duros do que os metais do Grupo I e são mais eletronegativos (Tabela 4). TABELA 4: Caracteristicas físico-químicas dos elementos do Grupo II. Símbolo Raio Atômico Å Raio Iônico M+2 (Å) Densida- de g/cc Potencial Ionização 10 (eV) Potencial Ionização 20 (eV) Eletrone- gatividade Abundân- cia crosta ppm Be 0,89 0,31 1,8 9,3 18,2 1,5 6 Mg 1,36 0,65 1,7 7,6 15,0 1,2 20900 Ca 1,74 0,99 1,6 6,1 11,9 1,0 36300 Sr 1,91 1,13 2,6 5,7 11,0 1,0 300 Ba 1,98 1,35 3,5 5,2 10,0 0,9 250 Ra --- 1,50 5,0 5,3 10,1 --- 1,3 x 10-6 Os compostos são sempre divalentes e iônicos. Como os átomos são menores do que os do Grupo I, os elétrons são mais fortemente atraídos pelo núcleo, tanto que a energia necessária para remover o primeiro elétron (primeiro potencial de ionização) é maior do que a do Grupo I. Uma vez removido um elétron, a relação entre as cargas nucleares e os elétrons orbitais aumenta, tanto que os elétrons restantes são mais fortemente atraídos e a energia necessária para remover um segundo elétron é, aproximadamente, o dobro da requerida pelo primeiro. A energia extra para a remoção do segundo elétron é compensada pela energia de retículo nos cristais ou pela energia de solvatação em solução. Os compostos são mais facilmente hidratados do que os do Grupo I, por exemplo, MgCl2.6H2O, CaCl2.6H2O, BaCl2.2H2O. A solubilidade da maioria dos sais diminui com o aumento do peso atômico, embora esta tendência seja invertida Elementos do Bloco s 15 para os fluoretos e hidróxidos. Como os íons divalentes possuem uma estrutura de gás inerte, sem elétrons desemparelhados, seus compostos são diamagnéticos e incolores, a menos que o radical ácido seja colorido. 1.2.3 Comportamento Anômalo do Berílio O berílio difere do resto do grupo, em parte porque é extremamente pequeno e, em parte, devido à sua comparativamente alta eletronegatividade. Assim, quando o berílio reage com outro átomo, a diferença em eletronegatividade é raramente grande e o berílio é predominantemente covalente em seus compostos. Seus sais são muito hidrolisáveis. Além disso, os sais de berílio nunca possuem mais do que quatro moléculas de água de cristalização, provavelmente porque existem somente quatro orbitais disponíveis na segunda camada de elétrons, enquanto que o magnésio pode ter um número de coordenação seis pelo uso de alguns dos orbitais 3d tão bem como o 3s e o 3p. 1.2.4 Propriedades Químicas Os metais são menos eletropositivos do que os do Grupo I, mas ainda regem com a água, formando hidrogênio e hidróxidos metálicos. O berílio não é típico e existem algumas dúvidas se reage com vapor d’água, formando o óxido BeO, ou se não consegue reagir totalmente. O magnésio decompõe a água quente e os outros metais regem com água fria. O hidróxido de berílio (Be(OH)2) é anfótero; os outros aumentam em força básica na ordem Mg para o Ba. As soluções de hidróxido de cálcio e hidróxido de bário são usadas como água de cal e de barita para detectar o dióxido de carbono. O excesso de CO2 produz bicarbonatos solúveis, eliminando a turbidez. Ca+2 + CO2 CaCO3 + H2O Ca+2(HCO3)2 -CO2 excesso de solúvelprecipitado branco insolúvel Estes bicarbonatos são somente estáveis em solução e sua decomposição em carbonatos é a razão da formação de estalactite e de estalamagnite. Todos os elementos deste grupo queimam em oxigênio dando óxidos iônicos MO (Tabela 5). Assim, todos os óxidos possuem uma estrutura tipo cloreto de sódio, exceto o berílio, que possui um arranjo do tipo sulfeto de zinco (wurtzita). A deficiência na previsão da relação de raios para o SrO e BaO mostra que a relação de raios não é o único fator envolvido. À medida que os átomos se tornam maiores, o potencial de ionização diminui e os elementos se tornam mais básicos. Assim, o óxido de berílio é insolúvel em água, mas dissolve-se em ácido, dando sais e em álcalis, dando beritatos, que deixados em repouso precipitamo hidróxido. Portanto é anfótero. O óxido de magnésio reage com água dando o hidróxido de magnésio Mg(OH)2, que é fracamente básico. O óxido de cálcio reage muito facilmente com água e o hidróxido de EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 16 cálcio (Ca(OH)2) é uma base moderadamente forte, enquanto que os hidróxidos de estrôncio e de bário são bases mais fortes. Os óxidos são geralmente preparados pela decomposição térmica de carbonatos, nitratos ou hidróxidos. O aumento da força básica é ilustrada pela temperatura na qual os compostos se decompõem; BeCO3 < 100ºC, MgCO3 < 540ºC, CaCO3 < 900ºC, SrCO3 < 1290ºC, BaCO3 < 1360ºC. O óxido de cálcio é preparado em grande escala, aquecendo-se o CaCO3 em fornos de cal, e é utilizado na preparação de Na2CO3, NaOH, CaC2, em pó de branquear, vidro e cimento. A facilidade com que os peróxidos se formam aumenta com o tamanho dos átomos. O peróxido de bário, BaO2, se forma na passagem de ar sobre o BaO à 500ºC. Em altas pressões e temperaturas pode-se formar o peróxido de estrôncio. O peróxido de cálcio não se forma deste modo, mas pode ser obtido com hidrato, aquecendo-se o hidróxido de cálcio com peróxido de hidrogênio e depois desidratando o produto. O peróxido de magnésio tem sido obtido utilizando-se peróxido de hidrogênio, mas não é conhecido o peróxido de berílio. Os peróxidos são sólidos iônicos brancos, formados por íons [O-O]-2 e podem ser considerados como sais do muito fraco ácido peróxido de hidrogênio. Quando tratados com ácido, forma-se o peróxido de hidrogênio. TABELA 5: Óxidos de elementos do Grupo II. Óxido Relação de raios M+2/O-2 Número de coordenação previsto Número de coordenação encontrado BeO 0,22 4 4 MgO 0,44 6 6 CaO 0,56 6 6 SrO 0,81 8 6 BaO 0,96 8 6 Todos os elementos, com exceção do berílio, formam hidretos, MH2, por combinação direta, tendo sido obtido o hidreto de berílio impuro pela redução do cloreto de berílio pelo hidreteo de alumínio e lítio Li[AlH4]. Todos eles são agentes redutores, que reagem com água e liberam hidrogênio, mas o hidreto de berílio e o de magnésio são, provavelmente, polímeros covalentes (estrutura em ponte), enquanto que o hidreto de cálcio, estrôncio e bário são iônicos (salinos). Todos os metais combinam-se diretamente com os halogênios numa temperatura apropriada, formando haletos MX2. Estes também podem ser formados pela ação do ácido halogenídrico sobre o metal, ou sobre o carbonato. Os haletos de berílio são covalentes, higroscópicos e fumegam ao ar devido à hidrólise. Os fluoretos MF2 são quase todos insolúveis. Os outros haletos metálicos são iônicos e facilmente solúveis em água. A solubilidade diminui um pouco com o aumento do número atômico, exceto entre os fluoretos. Os haletos são higroscópicos e formam hidratos. O CaCl2 é um agente Elementos do Bloco s 17 secante bem conhecido e o MgCl2 anidro é importante na extração eletrolítica do magnésio. Em contrate com os elementos do Grupo I, os elementos alcalinos terrosos queimam em atmosfera de nitrogênio, formando os nitretos M3N. O composto do berílio é bastante volátil; os outros não o são. Todos eles são sólidos cristalinos incolores que se decompõem pelo aquecimento e reagem com a água, libertando amônia, e formam o óxido metálico ou o hidróxido. Os carbetos iônicos MC2 formam-se quando aquecemos os metais Mg – Ba ou seus óxidos com o carbono. Todos eles possuem a estrutura do tipo do cloreto de sódio com o M+2 substituindo o Na+ e o CC-2 substituindo o Cl-. O carbeto de cálcio é o mais conhecido: reage com a água, libertando acetileno, e é também chamado de acetileto. CaC2 + 2H2O → Ca(OH)2 + C2H2 O berílio forma o Be2C com o C e BeC2 com o acetileno. O primeiro é um metileno que libera metano com água. O MgC2 por aquecimento forma o Mg2C3 que é um alileto, pois com água liberta alileno (metilacetileno). Todos os metais libertam hidrogênio dos ácidos, embora o berílio reaja lentamente. O hidróxido de sódio também libera hidrogênio, quando tratado com berílio, mas não afeta os outros metais. Este fato ilustra o aumento nas propriedades básicas do anfótero para o básico, descendo pelo grupo. A maioria dos sais é solúvel. Os sulfatos de cálcio, estrôncio e de bário são insolúveis. Este é um fator útil na análise qualitativa. 1.2.5 Extração dos Metais Os metais deste grupo, não são facilmente obtidos por redução química, pois são agentes redutores fortes e formam carbetos. São fortemente eletropositivos e desta forma as soluções aquosas não podem ser empregadas na substituição de um metal por outro, ou por eletrólise, devido à reação do metal com a água. Na eletrólise, pode ser utilizado um cátodo de mercúrio, mas é difícil a recuperação do metal do amálgama. Todos os metais podem ser obtidos na eletrólise do cloreto fundido, com adição de cloreto para abaixar o ponto de fusão, embora o estôncio e o bário tendam a formar uma suspensão coloidal. O berílio é, muitas vezes, extraído na forma de complexo, tetrafluorberilato de sódio, Na2[BeF4], que é transformado no hidróxido e depois no óxido. O mais antigo processo de extração do berílio do silicato não reativo, mineral berílio, envolve tratamento térmico ou fusão com álcali, seguido por tratamento com ácido sulfúrico, resultando BeSO4 solúvel. O berílio muito puro e o óxido de berílio têm sido utilizados em reatores nucleares, sendo o acetato básico obtido por destilação sob pressão reduzida e depois decomposto por aquecimento. O berílio é também usado em ligas. O magnésio é um metal estrutural importante. Forma muitas ligas e também os reagentes de Grignard, EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 18 como o C2H5MgBr. Foi inicialmente preparado, aquecendo-se o óxido de magnésio e carbono a 2000°C e resfriando rapidamente o gás para evitar um estado de equilíbrio: MgO + C ↔ Mg + CO Atualmente, é preparado comercialmente pelo processo Pidgeon por redução do óxido de magnésio com ferrossilício e aqlumínio. O estrôncio e o bário são obtidos a partir de seus óxidos pela redução com alumínio (aluminotermia). 1.3 PROBLEMAS (GRUPO I) 1. Por que os elementos do Grupo I são: a) monovalentes; b) essencialmente iônicos; c) agentes redutores fortes; d) agentes complexantes fracos; e) por que eles apresentam menores valores para a primeira energia de ionização nos respectivos períodos? 2. Por que os metais do Grupo I são moles, têm baixo ponto de fusão e baixa densidade? 3. O lítio é o menor íon do Grupo I. Seria de esperar para ele a maior mobilidade iônica e, portanto, soluções de sais de césio. Explique porque isso não ocorre. 4. Por que motivo o lítio tem maior tendência de formar compostos covalentes que os demais elementos do Grupo I? 5. O raio atômico do lítio é de 1,23 Å. Removendo-se o elétron mais externo, o raio do Li+ passa a ser 0,76 Å. Supondo que a diferença de raios se relaciona ao espaço ocupado pelo elétron 2s, calcule a porcentagem do volume do átomo de lítio que é ocupado pelo único elétron de valência. Essa suposição é razoável? (volume da esfera 4/3 πr3). 6. Por que, e de que maneira o lítio se assemelha ao magnésio? 7. Quais os produtos formados quando cada um dos metais do Grupo I é queimado em oxigênio? O que resulta da reação desses produtos com água? Utilize a teoria dos orbitais moleculares para descrever a estrutura dos óxidos formados pelo sódio e pelo potássio. 8. Explique as diferentes reatividades dos metais do Grupo I com água. 9. As energias de ionização dos elementos do Grupo I sugerem que o césio deve ser o mais reativo, mas os potenciais de eletrodo padrão sugerem que o lítio é o mais reativo. Explique esta observação, aparentemente antagônica. Elementos do Bloco s 19 10. Descreva um método de obtenção de hidreto de lítio. Represente com equações químicas duas propriedades importantes deste composto. O hidreto de lítio pode ser representado isoeletronicamentecomo Li+ e H-. Qual desses dois íons é maior? Explique. 11. Represente através de equações as reações entre sódio e: a) H2O, b) H2, c) Grafite, d) N2, e) O2, f) Cl2, g) Pb e h) NH3. 12. Os elementos do Grupo I formam geralmente compostos muito solúveis. Apresente e denomine compostos insolúveis ou pouco solúveis. Como esses elementos podem ser detectados e identificados através de análises qualitativas? 13. Descreva a cor e a natureza das soluções dos metais do Grupo I em amônia líquida. Dê uma equação que mostre como essas soluções sofrem processos de decomposição. 14. Qual dos seguintes métodos poderia ser utilizado para extinguir fogo provocado pelos metais lítio, sódio e potássio, quando reagem com as seguintes substâncias? a) água, b) nitrogênio, c) dióxido de carbono, Explique porque alguns desses métodos são inadequados para essa finalidade, e escreva as equações que representam cada um dos processos envolvidos. 15. Os quatro métodos gerais de obtenção de metais são: decomposição térmica, deslocamento de um elemento por outro, redução química e redução eletrolítica. Como podem ser obtidos os metais do Grupo I, e por que os demais métodos não são adequados? 16. 0,347 g de um metal (A) foram dissolvidos em HNO3 diluído. Essa solução apresentou uma coloração vermelha numa chama não luminosa de um bico de Bunsen, e por evaporação formou 0,747 g do óxido do metal (B). (A) também reage com nitrogênio, formando um composto (C), e com hidrogênio, formando (D). A reação de 0,1590 g de (D) com água libera um gás (E) e um composto pouco solúvel (F), que apresentou EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 20 sensibilidade a uma reação fortemente básica e consumiu 200 mL de HCl 0,1000 M para sua determinação. Identifique as substâncias de (A) até (F) e explique os processos químicos envolvidos. 1.4 PROBLEMAS (GRUPO II) 1. Por que os elementos do Grupo II são menores do que seus correspondentes presentes no Grupo I? 2. Por que motivo os compostos de Be são mais covalentes do que os compostos dos demais elementos do Grupo II? 3. Por que os metais do Grupo II são mais duros, e por que apresentam pontos de fusão mais elevados que os metais do Grupo I? 4. Qual a estrutura do BeCl2 no estado gasoso? E no estado sólido? Por que o BeCl2 é ácido quando dissolvido em H2O? 5. Descrever as diferenças entre as estruturas do BeH2 e do CaH2. 6. Por que os haletos e os hidretos do Be sofrem polimerização? 7. Que precauções são necessárias durante o manuseio de compostos de Be? 8. Quais são os números de coordenação mais comuns para os íons Be2+ e Mg2+? Qual o motivo desta diferença? 9. Compare o grau de hidratação dos haletos do Grupo I e II. Por quê os sais de berílio raramente contêm mais que quatro moléculas de água de cristalização? 10. Apresente as equações que representam as reações entre o Ca e: a) H2O, b) H2, c) C, d) N2, e) O2, f) Cl2 e g) NH3. 11. Compare as reações dos metais do Grupo I e do Grupo II com água. Como a força básica dos hidróxidos do Grupo II varia dentro do Grupo? Essa tendência é típica do restante da tabela periódica? 12. A “dureza” da água pode ser “temporária” ou “permanente”. a) Quais as causas de cada uma destas condições como a dureza pode ser eliminada em cada um dos casos? 13. Os íons dos metais alcalinos-terrosos formam complexos? Os elementos do Grupo II formam complexos com mais ou menos facilidade que os do Grupo I? Qual o motivo Elementos do Bloco s 21 da diferença? Qual dos íons metálicos do Grupo II forma complexos com maior facilidade? Quais são os melhores agentes complexantes? Cite um complexo de um elemento do Grupo II que tenha importância biológica. 14. Esquematize a preparação, propriedades, estrutura e usos do acetato básico de berílio. 15. Em que condições os íons dos metais do Grupo II formam complexos estáveis com EDTA? Como a quantidade de íons Mg2+ e Ca2+ presentes numa amostra de água pode ser determinada por reação com EDTA?. Os complexos de EDTA são mais ou menos estáveis que aqueles da maioria dos outros íons metálicos? Por que a titulação é efetuada em pH elevado? Qual o indicador usado? 16. Um elemento (A) reage moderadamente quando tratado com água, liberando um gás inodoro e incolor (B), e uma solução (C). O lítio reage com (B) formando um produto sólido (D), que com água mostra efervescência formando uma solução fortemente básica (F). Borbulhando gás carbônico através da solução (C), observa-se a formação inicial de um precipitado branco (G), que forma uma solução (H), juntamente com moléculas de CO2. O Precipitado (G) apresenta efervescência quando tratado com HCl concentrado, e dá uma coloração vermelha intensa na chama do bico de Bunsen. Quando (G) é aquecido com C a 1.000 °C dá um composto sólido (J) de certa importância comercial. Identifique as substâncias de (A) a (J) e escreva a equação balanceada para cada uma das reações. 2 ELEMENTOS DO BLOCO p 2.1 GRUPO III TABELA 6: Símbolos e estruturas eletrônicas de elementos do Grupo III. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Estado de Oxidação Boro B [He] 2s22p1 3 Alumínio Al [Ne] 3s23p1 (1) 3 Gálio Ga [Ar} 3d104s24p1 1 3 Índio In [Kr] 4d105s25p1 1 3 Tálio Tl [Xe] 4f145d106s26p1 1 3 2.1.1 Propriedades Gerais O boro é um não-metal, mas os outros elementos deste grupo (Tabela 7) são positivamente metais reativos. O alumínio é o terceiro elemento mais abundante da crosta terrestre e é o metal mais abundante, mas os outros elementos são muito menos comuns. Todos os elementos apresentam um estado de oxidação igual a +3. A pequena dimensão dos íons, suas altas cargas e o valor elevado da soma dos três primeiros potenciais de ionização sugerem que os elementos são muito covalentes. O boro é sempre covalente e muitos compostos simples como AlCl3 e GaCl3 são covalentes quando anidros. Entretanto, em solução, a grande quantidade de energia de hidratação envolvida compensa o elevado potencial de ionização e todos os íons metálicos existem no estado hidratado. Elementos do Bloco p 23 TABELA 7: Parâmetros atômicos de elementos do Grupo III. Símbolo Raio Iônico M+3 (Å) Soma dos três primeiros potenciais Ionização M →→→→ M+3 (eV) Eletronega- tividade Abundância crosta ppm B 0,20 70,1 2,0 3 Al 0,52 53,0 1,5 81300 Ga 0,60 57,0 1,6 15 In 0,81 52,5 1,7 0,1 Tl 0,95 56,1 1,8 ~2 Ao contrário dos elementos do bloco s, alguns dos elementos deste grupo apresentam estados de valência menores, além da valência do grupo. Os elementos mais pesados apresentam um aumento da tendência para formar compostos univalentes e, de fato, os compostos univalentes do tálio (talioso) são os mais estáveis. A monovalência é explicada pelos elétrons s emparelhados da última camada, que não participam de ligações, pois a energia para os desemparelhar é muito grande. Este fato ocorre, particularmente, entre os elementos pesados do bloco p e é chamado de efeito do par inerte. O gálio é aparentemente divalente em uns poucos compostos, como o GaCl2, mas cuja estrutura mostra ser Ga+[GaCl4] -, que contém Ga(+1) e Ga(+3). O boro amorfo finamente dividido é geralmente impuro e queima ao ar formando o óxido e o nitreto e, em atmosfera de halogênios, formando os trialetos. Reduz os ácidos nítrico e sulfúrico e liberta hidrogênio com o hidróxido de sódio. O boro cristalino puro, em contraste, não é reativo, exceto em temperaturas muito elevadas ou por aquecimento com reagentes, como o ácido sulfúrico concentrado ou peróxido de sódio. Os metais Al, Ga, In e Tl são branco-prateados. O alumínio é estável ao ar, devido ao desenvolvimento de um filme de óxido que protege o metal de ataques posteriores. Quando o óxido que recobre o metal é removido e não confere proteção ao metal, por exemplo, por amalgamação com mercúrio, o metal é rapidamente oxidadoe decompõe a água fria. O gálio e o índio são estáveis ao ar e não são atacados pela água, exceto na presença de oxigênio livre. O tálio é um pouco mais reativo e sofre oxidação superficial ao ar. 2.1.2 Caráter Eletropositivo A natureza eletropositiva dos elementos aumenta do boro para o alumínio e depois diminui do alumínio para o tálio. O aumento em eletropositividade do B para o Al é a tendência geral associada com o aumento de dimensão. Entretanto, B e Al seguem imediatamente após os elementos do bloco s, enquanto que o Ga, In e Tl seguem após o bloco d. Estes elétrons d extras não protegem a carga nuclear muito efetivamente, tanto que os elétrons orbitais são mais firmemente atraídos pelo núcleo e os metais são menos EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 24 eletropositivos. Este fato é ilustrado pelo aumento de potencial de ionização entre o Al e Ga, quando seria de se esperar que o átomo maior tivesse um valor menor. 2.1.3 Extração dos Elementos O boro é obtido pela redução do B2O3 com magnésio ou sódio, ou utlizando-se um filamento de tungstênio na redução do BCl3 pelo hidrogênio. O boro muito puro é obtido pelo método de Van Arkel (pirólise do BH3) e é utilizado para aumentar a facilidade de têmpera dos aços (profundidade até a qual os aços são temperados),. O ácido bórico e o boro possuem grande emprego. O alumínio é obtido do minério bauxita (Al2O3). Adiciona- se hidróxido de sódio ao minério, formando-se aluminato de sódio que se dissolve no hidróxido de sódio, separando-se, desta forma, o Al do óxido de ferro. O hidróxido de alumínio é reprecipitado pelo CO2 e calcinado a Al2O3, fundido com criotila Na3AlF6 e eletrolisado. O alumínio é produzido em grande escala e é muito utilizado em ligas, pinturas, fogos de artifícios e utensílios de cozinha. O gálio, o índio e o tálio ocorrem somente em quantidades pequenas e são, geralmente, obtidos na eletrólise de soluções aquosas de seus sais. A grande diferença entre o boro (não-metal, sempre covalente, ácido, alto ponto de fusão) e o alumínio era de se prever, pois o Al+3 é 2,5 vezes maior do que o B+3. 2.1.4 Complexos Os elementos do Grupo III formam complexos mais facilmente do que os elementos do bloco s, devido às suas dimensões menores e ao aumento de carga. Além do hidreto tetraédrico e do haleto complexo Li[AlH4] e H[BF4], já mencionados, são conhecidos muitos complexos octaédricos como o [GaCl6] -3, [InCl6] -3 e [TlCl6] -3. Os complexos octaédricos mais importantes são os que contêm grupos quelatos, por exemplo, acetilacetona, oxalatos e 8-hidroxiquinoleína. O último complexo é comumente utilizado na determinação gravimétrica do alumínio. 2.2 GRUPO IV TABELA 8: Símbolos e estruturas eletrônicas de elementos do Grupo IV. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Estado de Oxidação Carbono C [He] 2s22p2 (2) 4 Silício Si [Ne] 3s23p2 (2) 4 Germânio Ge [Ar] 3d104s24p2 2 4 Estanho Sn [Kr] 4d105s25p2 2 4 Chumbo Pb [Xe] 4f145d106s26p2 2 4 Elementos do Bloco p 25 2.2.1 Propriedades Gerais Todos os elementos são tetravalentes. Os potenciais de ionização são muito elevados e a existência de íons +4 é improvável. Os valores da eletronegatividade não diminuem de forma completamente regular no grupo (C = 2,5, Si = 1,8, Ge = 1,8, Sn = 1,8 e Pb = 1,8), possivelmente, devido ao preenchimento dos orbitais d e, por último, dos orbitais f. Os valores de eletronegatividade são baixos e os íons –4 normalmente não existem, embora o carbono forme íons C2 -2 nos carbetos salinos com metais eletropositivos, como no Ca+2C-2. Todos os elementos mostram uma covalência de quatro, o que necessita de uma promoção de elétrons do estado fundamental para um estado excitado e da hibridação sp3 dos orbitais resulta uma estrutura tetraédrica. Estrutura eletrônica do átomo de Carbono – Estado normal 1s 2s 2p (dois elétrons desemparelhados que podem formar duas ligações covalentes) Átomos de Carbono – estado excitado 2p2s1s (quatro elétrons desemparelhados que formam quatro ligações e da hibridação sp3 resulta numa estrutura tetraédrica) 2.2.2 Caráter Metálico e Não-Metálico A passagem de não-metal a metal, devido ao aumento de número atômico, está bem ilustrada no Grupo IV, onde o carbono e o silício são não-metais, o germânio possui algumas propriedades metálicas e o estanho e o chumbo são metais. 2.2.3 Diferenças Entre Carbono, Silício e os Outros Elementos Em geral, o primeiro elemento de um grupo difere do resto do grupo, devido à sua menor dimensão, alta eletronegatividade e a não disponibilidade dos orbitais d. O carbono difere dos outros elementos em suas limitações pelo número de coordenação quatro (pois não existem orbitais d na segunda camada), em sua capacidade única de formar ligações múltiplas, como C=C, C≅C, C=O, C=S e C≅N e em sua facilidade de formar cadeias (catenação). A tendência para catenação está relacionada com a força da ligação (Tabela 9). EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 26 TABELA 9: Energias de ligações entre elementos do Grupo IV. Ligação Energia de ligação Kcal/mol Observações C-C 83 Forma muitas cadeias Si-Si 53 Forma poucas cadeias Ge-Ge 40 Tendência muito pequena para formar cadeias O carbono e o silício possuem somente elétrons s e p, mas os outros elementos seguem um série completa de transição com dez elétrons d. Assim, é de se esperar algumas diferenças e o carbono e o silício diferem um do outro e do restante do grupo, enquanto que o germânio, estanho e chumbo formam uma série separada. 2.2.4 Efeito do par inerte O efeito do par inerte intensifica-se nos elementos mais pesados do grupo. Existe uma diminuição na estabilidade do estado de oxidação +4 e um aumento de estabilidade do estado +2, quando descemos pelo grupo. Assim, Ge(+2) é um forte agente redutor e Ge(+4) é estável. O Sn(+2) existe como íons simples, mas é redutor enérgico e Sn(+4) é covalente. O Pb(+2) é iônico, estável e mais comum do que o Pb(+4) que é oxidante. As menores valências são mais iônicas, pois os raios do M+2 são maiores do que M+4 e, de acordo com as regras de Fajans, o íon menor possui maior tendência para a covalência. 2.3 GRUPO V TABELA 10: Símbolos e estruturas eletrônicas dos elementos do Grupo V. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Estado de Oxidação Nitrogênio N [He] 2s22p3 1, 2, 3, 4, 5 Fósforo P [Ne] 3s23p3 3, (4), 5 Arsênio As [Ar} 3d104s24p3 3, 5 Antimônio Sb [Kr] 4d105s25p3 3, 5 Bismuto Bi [Xe] 4f145d106s26p3 3, 5 2.3.1 Estrutura Eletrônica e Estados de Oxidação Todos os elementos deste grupo possuem cinco elétrons em sua camada eletrônica mais externa. Apresentam um estado de oxidação máximo de cinco em relação ao Elementos do Bloco p 27 oxigênio, quando utilizam todos os cinco elétrons externos na formação de ligações. A tendência de par de elétrons s permanecer inerte (efeito do par inerte) aumenta com o aumento do peso atômico. Assim, somente os elétrons p são utilizados na ligação, resultando a trivalência. Valências iguais a 3 e 5 são mostradas com os halogênios e com o enxofre e os hidretos são trivalentes. No caso do nitrogênio, existe um intervalo muito amplo de estados de oxidação, de +1 no N2O até +5 no HNO3 e no N2O5. 2.3.2 Tipo de Ligação Potenciais de ionização elevados impedem a formação de íons altamente carregados. Exceto com o F, a diferença em eletronegatividade não é suficiente para permitir uma ligação iônica, embora em alguns casos o Sb e o Bi percam elétrons e formem o íon M+3; estes íons, entretanto, na água , são rapidamente hidrolisados a SbO+ e BiO+. A tendência para ganhar três elétrons e dar M+3 ocorre somente como o N. Na maioria dos casos, as ligações são covalentes e esta tendência aumenta com o aumento do número de oxidação. 2.3.3 Caráter Metálico e Não-Metálico Dentro do grupo existe um aumento do caráter eletropositivo (metálico). O N e o P sãonão metais, o As e o Sn são metalóides que apresentam muitas propriedades metálicas e o Bi é um metal verdadeiro. Portanto, os óxidos do N e do P são fortemente ácidos, enquanto que o As e o Sb são anfóteros e o Bi é fortemente básico. 2.3.4 Diferenças entre N e os outros Elementos Como no grupo anterior, o primeiro elemento difere dos restantes. Assim, o nitrogênio é gasoso e diatômico. Isto envolve nitrogênio triplamente ligado, que neste caso, é muito estável. Os outros elementos são sólidos e possuem formas alotrópicas, incluindo formas tetraatômicas, como o P4 e o As4, e arranjos mais complicados, como o fósforo vermelho e o negro (Figura 1). FIGURA 1: Arranjo dos átomos nos planos ondulados encontrados no fósforo preto cristalino. EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 28 Exceto o NF3, os haletos do nitrogênio são instáveis e, muitas vezes, explodem, embora os haletos dos outros elementos sejam estáveis. Muitos óxidos e íons oxigenados, como o N2O3, N2O5, NO2 +, NO3 -, são monoméricos, embora os trióxidos e pentóxidos dos outros elementos sejam dímeros. Como a segunda camada de elétrons está limitada a um octeto, o N não pode formar complexos por recepção de pares de elétrons. Os elementos seguintes possuem orbitais d vazios adequados e podem formar complexos, aumentando, desta forma, seu número de coordenação máximo para seis. Além disto, o N forma óxidos (N2O, NO e N2O4) que não possuem correspondentes nos outros elementos. 2.3.5 Ocorrência e Extração O nitrogênio compreende 78% da atmosfera terrestre; é importante constituinte essencial das proteínas e é, também, utilizado em fertilizantes e explosivos. É obtido comercialmente pela destilação fracionada do ar líquido, mas, quando obtido desta forma, contém traços de oxigênio. O nitrogênio obtido pela remoção de outros componentes do ar contém traços dos gases inertes. No laboratório é obtido pelo aquecimento do nitrito de amônio ou pela oxidação da amônia pelo hipoclorito. NH4Cl + NaNO2 → NaCl + NH4NO2 → N2 + 2H2O 4NH3 + 3Ca(OCl)2 → 3CaCl2 + 6H2O + 2N2 O nitrogênio muito puro é obtido pelo aquecimento cuidadoso do nitreto de sódio, NaN3. O fósforo é o décimo elemento mais abundante da crosta terrestre e é importante no metabolismo biológico, pois ocorre nos ácidos nucléicos, em ossos, como Ca3(PO4)2, e em fertilizantes;possui também uma série de outros usos. É obtido pela redução do fosfato de cálcio num forno elétrico. O arsênio, o antimônio e o bismuto não são muito abundantes, mas são bastante conhecidos, pois são obtidos como subprodutos metalúrgicos, e são facilmente extraídos por redução de seus óxidos pelo carbono. 2.4 GRUPO VI TABELA 11: Símbolos e estruturas eletrônicas dos elementos do Grupo VI. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Estado de Oxidação Oxigênio O [He] 2s22p4 2 Enxofre S [Ne] 3s23p4 2, 4, 6 Selênio Se [Ar} 3d104s24p4 2, 4, 6 Telúrio Te [Kr] 4d105s25p4 2, 4, 6 Polônio Por [Xe] 4f145d106s26p4 2, 4, 6 Elementos do Bloco p 29 2.4.1 Estrutura Eletrônica e Estados de Oxidação Todos os elementos possuem a estrutura eletrônica s2p4 e tendem a alcançar uma configuração de gás inerte, ganhando ou compartilhando dois elétrons. A eletronegatividade do oxigênio sugere que a maioria dos óxidos metálicos são iônicos e contêm o íon O-2, dando, assim, um estado de oxidação –2. Até mesmo com os elementos mais eletropositivos, o S, Se e Te formam poucos compostos que são mais do que 50% iônicos, pois são menos prováveis os íons S-2, Se-2 e Te-2 (Tabela 12). TABELA 12: Eletronegatividade dos elementos do Grupo VI. Símbolo Eletronegatividade O 3,5 S 2,5 Se 2,4 Te 2,1 Os elementos também formam compostos contendo ligações (covalentes) de dois pares de elétrons, tais como, H2O, Cl2O, H2S, SCl2. Nas moléculas onde o átomo calcogênio é o menos eletronegativo, ele apresenta um estado de oxidação +2. O oxigênio nunca é mais do que divalente, pois a segunda camada está limitada a oito elétrons e requer muita energia para excitar um elétron para a camada superior. Entretanto, os elementos S, Se, Te e Po possuem orbitais d disponíveis para ligações e podem formar quatro a seis ligações por desemparelhamento de elétrons. Os compostos do S, Se e Te com oxigênio são tipicamente tetravalentes, mas o flúor conduz ao estado de máxima oxidação +6. Os estados de oxidação maiores tornam-se menos estáveis ao descermos pelo grupo. O estado +4 apresenta propriedades oxidantes e redutoras, mas no estado +6 os compostos são somente oxidantes. Estes compostos são tipicamente voláteis, pois são covalentes. Estado normal s p d Estado excitado dps Estado mais excitado s p d EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 30 2.4.2 Caráter Metálico e Não-Metálico Os quatro primeiros elementos possuem caráter não-metálico e são coletivamente chamados de calcogênios ou elementos formadores de minérios, pois muitos minérios metálicos são óxidos ou sulfetos. O caráter não-metálico é mais forte no O e S, mais fraco no Se e Te, enquanto que o Po, que é radioativo e tem vida curta, é marcantemente metálico. 2.4.3 Diferença entre O e os outros Elementos O oxigênio difere dos outros elementos do grupo por ser mais eletronegativo e, portanto, mais iônico em seus compostos. A ligação hidrogênio é muito importante nos compostos do oxigênio, mas, só recentemente, foi provada a existência de fracas ligações hidrogênio envolvendo o S. Outras diferenças, tais como a ausência de estados de oxidação maiores e a limitação ao número de oxidação em quatro, são conseqüências da limitação da segunda camada de oito elétrons, enquanto que os outros elementos podem ter número de coordenação seis, utilizando os orbitais d. 2.4.4 Usos dos Elementos Praticamente todos os elementos, exceto os gases inertes, reagem com o oxigênio, sendo as reações, em geral, fortemente exotérmicas. O oxigênio é essencial na respiração e, portanto, para a vida. O S, Se e Te são moderadamente reativos e queimam ao ar formando dióxidos. Combinam-se com muitos metais e não-metais, mas não são atacados pelos ácidos, exceto aqueles que são agentes oxidantes. Este fato está de acordo com seu caráter não-metálico. O polônio se dissolve em H2SO4, HF, HCl e HNO3, o que é uma nova evidência do aumento do caráter metálico. O enxofre e o selênio podem desidrogenar os hidrocarbonetos saturados. O enxofre reage com as olefinas e forma ligações cruzadas que são importantes na vulcanização da borracha. O enxofre é também utilizado em grandes quantidades na fabricação de H2SO4 e outros usos incluem os fungicidas e a pólvora. 2.4.5 Ocorrência e Extração O oxigênio, o mais abundante de todos os elementos, ocorre na forma livre e constitui 20,9% em volume da atmosfera. Como minério, constitui cerca de 46,6% da crosta terrestre e, como água, constitui 89% dos oceanos. O enxofre, que ocorre nos sulfetos e sulfatos e naturalmente como um elemento, constitui 0,05% da crosta terrestre. Os outros elementos são muitos raros. O oxigênio é produzido ou por eletrólise da água, contendo traços de ácido sulfúrico, ou pela destilação fracionada do ar líquido. É preparado no laboratório pela decomposição térmica de agentes oxidantes, tais como, o KClO4 (com MnO2 como catalisador), KMnO4, PbO2, HgO, H2O2 ou nitratos. Elementos do Bloco p 31 Depósitos de enxofre são encontrados em Sicily e Louisiana, USA. O enxofre elementar é obtido como subproduto do gás de carvão e o dióxido de enxofre é obtido como subproduto na extração de metais dos minerais sulfetos. O selênio e o telúrio ocorrem em mistura com os minerais sulfetos e são obtidos, na forma concentrada, a partir da lama anódica do eletrorrefino do cobre e das cinzas produzidas na ustulação do FeS2. 2.4.6 Polimorfismo Todos os elementos ocorrem em mais de uma forma alotrópica: isto é, eles são polimórficos. O oxigênio ocorre em duas formas não-metálicas, O2e ozona, O3. O enxofre possui duas formas cristalinas comuns, α ou rômbico, que é estável à temperatura ambiente, e β ou monoclínico, que é estável acima de 95,5ºC. Uma terceira modificação, conhecida como enxofre Engel, é instável e é obtida vertendo-se solução de Na2S2O3 em HCl e extraindo com tolueno. O enxofre plástico ou amorfo é obtido vertendo-se enxofre líquido em água. Todas essas formas são não-metálicas. O selênio ocorre em forma não- metálica vermelha e em forma metálica cinza; e no caso do telúrio, a forma metálica é mais estável do que a não-metálica. O polônio ocorre nas formas metálicas α e β. Portanto existe um aumento no caráter metálico dentro do grupo. 2.4.7 Propriedades Gerais dos Óxidos Os óxidos podem ser classificados de acordo com a estrutura geométrica em: 1. Óxidos Normais. Nestes, o número de oxidação de M pode ser deduzido da fórmula empírica MxOy, admitindo-se que o oxigênio é divalente e que tem número de oxidação –2. Estes óxidos, por exemplo, H2O, MgO e Al2O3, possuem somente ligações M-O 2. Peróxidos. Estes óxidos contêm mais oxigênio do que seria de se esperar, a partir do número de oxidação de M. Possuem ligações O-O além das ligações M-O, por exemplo, H2O2, (H-O-O-H) e BaO2. Os superóxidos também contêm mais oxigênio do que o esperado. 3. Subóxidos. Nestes, a fórmula contém menos oxigênio do que seria de se esperar do número de oxidação de M. Temos ligações M-M, além das ligações M-O, por exemplo, O=C=C=C=O. Sem levar em conta a estrutura, óxidos podem ser classificados de forma diferente, dependendo de suas propriedades ácido/base. Os óxidos são, geralmente, classificados como ácido, básico, anfótero ou neutro, dependendo da natureza dos produtos formados quando reagem com a água. Assim, os óxidos metálicos são, geralmente básicos e os óxidos de não-metais, usualmente, são ácidos. Na2O + H2O → 2NaOH EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 32 SO3 + H2O → H2SO4 Mais importante do que a reação de um óxido com a água são suas inter-relações e as reações com outros óxidos. Ordenando os óxidos em série, desde o mais básico até o mais ácido, quanto mais afastados estiverem dois óxidos nesta série, mais estável será o composto formado quando eles reagirem entre si. Este fato pode ser verificado em base quantitativa, considerando-se a variação da energia livre normal. Energia livre normal Na2O(s) + -90 H2O(l) → -56 2NaOH(s) 2(-90) ∆G = -34gcal/mol Energia livre normal CaO(s) + -144 H2O(l) → -56 Ca(OH)2(s) -214 ∆G = -14gcal/mol Energia livre normal Al2O3(s) + -376 H2O(l) → -56 2Al2(OH)3(s) 2(-272) ∆G = 0 Pelos valores de ∆G, o Na2O é o mais básico e o Al2O3, o menos básico. Considerando os valores da energia livre dos hidróxidos, temos que o NaOH, quimicamente, é mais reativo e o Al(OH)3 é o mais estável. Este fato também é verdadeiro para as seguintes reações: Energia livre normal CaO(s) + -144 CO2(l) → -94 CaCO3(s) -270 ∆G = -32 kgcal/mol Energia livre normal CaO(s) + -144 N2O5(g) → +32 Ca(NO)3(s) -177 ∆G = -65 kgcal/mol Energia livre normal CaO(s) + -144 SO3(g) → -88 CaSO4(s) -315 ∆G = -83 kgcal/mol Pelos valores de ∆G, temos que o SO3 é o óxido mais fortemente ácido, N2O5 é o seguinte em força e o CO2 é o mais fraco. Considerando os valores da energia dos sais formados, Ca(NO3)2 é o menos estável e o mais reativo, enquanto que o CaSO4 é o mais estável e o menos reativo. A ordem de força ácida dos ácidos pode ser obtida como segue: K2O, CaO, MgO, CuO, H2O, SiO2, CO2, N2O, SO3 ←mais básico mais ácido → É possível prever os produtos de uma reação. Quando o CaO é adicionado à mistura de H2O e SO3 (H2SO4) forma-se o CaO.SO3 (CaSO4) mais estável, isto é: H2SO4 + CaO → CaSO4 + H2O Elementos do Bloco p 33 mas CuSO4 + CaO → não reagem Embora os dados termodinâmicos e a força de acidez estejam, evidentemente, relacionados e seja possível prever os produtos de uma reação, não é possível prever a velocidade de uma reação. Assim, a reação: CaO + SiO2 → CaSiO3 é extremamente lenta na temperatura ambiente, ainda que seja mais rápida num autoforno. Muito da química inorgânica consiste em memorizar quais compostos reagem entre si e comparar as diferentes solubilidades dos hidróxidos, silicatos, carbonatos, nitratos, sulfatos, etc. O uso de uma série dada acima, minimiza este trabalho de memória. 2.5 GRUPO VII – OS HALOGÊNIOS TABELA 13: Símbolos e estruturas eletrônicas dos elementos do Grupo VII. Elemento Símbolo Estrutura Eletrônica Estado de Oxidação Flúor F [He] 2s22p5 -1 Cloro Cl [Ne] 3s23p5 -1, +1,+3, +4, +5, +6, +7 Bromo Br [Ar} 3d104s24p5 -1, +1,+3, +4, +5, +6 Iodo I [Kr] 4d105s25p5 -1, +1,+3, +5, +6, +7 Astato At [Xe] 4f145d106s26p5 --- 2.5.1 Estrutura Eletrônica e Estados de Oxidação Os halogênios apresentam muitas semelhanças de grupo. Todos os elementos possuem sete elétrons em sua camada mais externa e ganham um elétron, formando uma ligação iônica (dando X - ) ou formando uma ligação covalente, de forma a completar seu octeto. O flúor é sempre univalente. Como é o elemento mais eletronegativo, sempre apresenta número de oxidação –1. Para os outros elementos são possíveis os números de oxidação de +1, +3, +5 e +7. Os estados de valência superiores são atingidos pelo uso dos orbitais d e são encontrados nos inter-halogênios e nos óxidos halogenados. Os estados de oxidação +4 e +6 ocorrem nos óxidos e nos oxiácidos. EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 34 2.5.2 Propriedades Gerais Os pontos de fusão e de ebulição dos elementos aumenta com o aumento do número atômico. O flúor e o cloro são gasosos, o bromo é líquido e o iodo é sólido. Todos os elementos formam moléculas diatômicas. A energia de ligação na molécula do flúor é muito baixa, cerca de 38 kcal/mol. Este fato é devido à repulsão entre os elétrons não ligantes. No Cl2, Br2 e no I2 existe a possibilidade de ligação múltipla envolvendo os orbitais d. Isto explica o aumento da energia de ligação do Cl2, Br2 e do I2. Os potenciais de ionização dos halogênios são todos muito elevados, o que indica que existe pequena tendência de perder elétrons. O valor para o F- é mais elevado, pois os elétrons são fortemente atraídos num átomo pequeno e o potencial do I é o menor, pois o I possui átomo grande (Tabela 14). As moléculas dos halogênios são coloridas, devido à absorção de luz visível, que resulta na excitação de elétrons externos para níveis de energia superiores. As energias de excitação seguem a mesma tendência dos potenciais de ionização, isto é, a excitação do átomo pequeno de F requer uma grande quantidade de energia e a excitação de um átomo grande de I requer menos energia. O F absorve luz violeta (alta energia) e aparece, portanto, amarelo, enquanto que o I absorve luz amarela (baixa energia) e aparece violeta. 2.5.3 Poder Oxidante A eletroafinidade, ou tendência dos átomos de ganhar elétrons, atinge um máximo para o cloro. A oxidação pode ser considerada como a remoção de elétrons, tanto que um agente oxidante ganha elétrons. Portanto, os halogênios atuam como agentes oxidantes, isto é, seu potencial de oxidação depende de diversos termos energéticos e é melhor representado por um ciclo tipo Haber-Born. 1/2 X2 (sólido) (líquido)X21/2 (gás)X21/2 X (gás) (gás)X --X (hidratado) 1/2 c. de fusão 1/2 c. de evaporação 1/2 calor de dissociação calor de hidratação eletroafinidadepotencial de oxidação Para o flúor e cloro, que são gasosos à temperatura ambiente, são omitidos os calores de fusão e evaporação e seus potenciais de oxidação dependem somente da soma do calor de dissociação, eletroafinidade e calor de hidratação. (Os calores de fusão, evaporação e dissociação são positivos, pois a energia deve ser fornecida, e o fator 23,06 transforma eV em kcal). Desta forma, apesar da eletroafinidade docloro ser a mais elevada (Tabela 14), o F- é o agente oxidante mais forte, devido ao seu baixo calor de dissociação e alto calor de hidratação. O F é um agente oxidante, o gás cloro pode substituir o Br- das soluções e este fato é utilizado na preparação de bromo. Em geral, Elementos do Bloco p 35 qualquer halogênio de menor número atômico oxidará os íons-haletos de maior número atômico. TABELA 14: Propriedades físico-químicas de moléculas diatômicas de halogênios. ½ calor de fusão ½ calor de sublimação ½ calor de dissociação Eletro- afinidade Calor de hidratação Total Kcal F2 --- --- +38/2 -3,62 x 23,06 - 122 - 186,5 Cl2 --- --- +58/2 -3,79 x 23,06 - 89 - 147,4 Br2 --- +7,4/2 +46/2 -3,56 x 23,06 - 81 - 136,4 I2 +3, 6/2 10,4/2 +36/2 -3,28 x 23,06 - 72 - 122,6 A diminuição do poder oxidante ao descermos pelo Grupo VIII é ilustrada pela reação dos halogênios com a água. O flúor é um agente oxidante tão forte, que a água é oxidada a oxigênio. A grande variação negativa da energia livre indica uma reação exotérmica e espontânea. F2 + H2O → 2H + + 2F- + ½ O2 ∆G = -190 kgcal/mol A oxidação da água pelo cloro é termodinamicamente possível, mas como a energia de ativação é elevada, esta reação não ocorre. De fato, ocorre outra reação: Cl2 + H2O → HCl + HOCl O iodo é um agente oxidante muito fraco e a variação de energia livre indica que devemos fornecer energia para que ocorra a oxidação da água. I2 + H2O Ö 2H + + 2I- + ½ O2 ∆G = +25 kgcal/mol De fato, ocorre a reação inversa e o oxigênio pode oxidar os íons-iodetos a iodo. 2.5.4 Reatividade dos Elementos Todos os halogênios reagem com os metais e também com muitos não-metais. O flúor é o mais reativo e a reatividade diminui com o aumento do número atômico. O flúor e o cloro, frequentemente, oxidam os elementos mais do que o bromo e o iodo, desta forma ressaltando as valências superiores, por exemplo, PBr3, PCl5, S2Br2, SCl2 e SF6. EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 36 A grande reatividade do flúor é devida à pequena energia de ligação F-F, ao poder oxidante extremamente elevado, ao pequeno tamanho dos átomos ou dos íons e alta eletronegatividade. A pequena dimensão dos íons origina um alto número de coordenação e, portanto, numa energia reticular elevada do cristal. Da alta eletronegatividade resulta a formação de ligações muito fortes com a maioria dos outros elementos. 2.5.5 Separação dos Elementos A principal fonte do flúor é o mineral fluorita, CaF2. Este é tratado com ácido sulfúrico concentrado e destila-se a seguir, obtendo-se uma solução aquosa e HF anidro. O flúor é, então, obtido, eletrolisando-se uma mistura de KHF2 e HF a 100°C. A água deve ser rigorosamente eliminada, pois senão será oxidada pelo flúor a oxigênio. O hidrogênio formado no cátodo é impedido por um diafragma de se misturar com o flúor libertado no ânodo, pois estes dois elementos reagem entre si violentamente. Devido à reatividade do flúor, a aparelhagem foi originalmente construída de platina. Esta mostrou-se desnecessária, pois o cobre ou o metal Monel (liga Cu/Ni) são protegidos de ataques futuros por uma película de fluoreto, que se forma após um pequeno tempo. Os cátodos são de aço, os ânodos de carbono e é utilizado teflon para a isolação elétrica. Os ânodos de grafita foram originalmente utilizados, mas são atacados pelo flúor, formando o composto lamelar CF. Este composto força a separação das camadas de grafita, aumentando a resistência elétrica, resultando ser necessário um aumento de corrente, produzindo-se mais calor e, eventualmente, uma explosão. Para prevenir esta ocorrência, é utilizado como ânodo o coque impregnado de cobre. A produção de flúor tornou-se importante, quando foi descoberto que os isótopos de urânio podiam ser separados pela difusão gasosa do UF6. Devido à ligação F-F ser muito fraca e o átomo de flúor ser um agente oxidante altamente exotérmico, o flúor pode ser utilizado como combustível de foguete. O cloro é produzido pela eletrólise de soluções aquosas de cloretos ou cloretos fundidos. É um subproduto da fabricação do NaOH e do sódio metálico. 2NaCl + 2H2O → 2NaOH + Cl2 + 2H2 2NaCl → 2Na + Cl2 O cloro é utilizado em grande escala como alvejante e, como destrói as bactérias, é utilizado para purificar a água. Entre seus muitos empregos industriais, temos a manufatura do policloreto de vinila. Inicialmente, o bromo era obtido pela eletrólise de seus sais, mas é agora obtido da água do mar. Quando o cloro é passado pela água do mar, oxida os íons-brometos presentes a bromo. Elementos do Bloco p 37 Cl2 + 2Br - → 2Cl- + Br2 O bromo é absorvido em solução de Na2CO3, dando uma mistura de NaBr e NaBrO3, que, quando acidificada e destilada, dá origem ao bromo. HBrO3 + 5HBr → 3Br2 + 3H2O O iodo é obtido do Salitre do Chile, que é, principalmente, KNO3, mas contém traços de iodato de potássio e periodato de potássio. O iodato concentrado é reduzido a iodo pelo NaHSO3. 2IO3 - + 5HSO3 - → 3HSO4 - + 2 SO4 -2 + H2O + I2 Não se encontra ocorrência de astato, que é obtido sinteticamente, bombardeando- se o bismuto com partículas α de alta energia, Bi At 209 83 211 85 α,2n A química do 211At somente é estudada pelo método traçante, pois ele se decompõe por captura de elétron orbital e por emissão α e possui um período de meia-vida de 7 ½ horas. Parece se assemelhar muito de perto ao iodo. 2.5.6 Óxidos Halogenados Numerosos compostos têm sido relacionados, embora muitos deles sejam instáveis e apresentados entre colchetes. As ligações são largamente covalentes devido às semelhanças de eletronegatividade (F = 4,0; Cl = 3,0; Br = 2,8; I = 2,5; O = 3,5). O flúor é mais eletronegativo que o oxigênio; portanto, os compostos de F e O são fluoretos de oxigênio em vez de óxidos de flúor (Tabela 15). O iodo forma o I2O4 e o I4O9, que são iônicos e salinos. Destes compostos, os mais importantes são o ClO2, I2O5 e o OF2. TABELA 15: Óxidos de elementos do Grupo VII. Fluoretos Óxidos Número de -1 OF2 +1 Cl2O +1 Br2O Oxidação - 1 O2F2 +2 (ClO) - 2 (OF) +4 ClO2 +4 BrO2 +5 I2O5 (O2F3) +6 Cl2O6 +6 BrO3 +7 Cl2O7 +7 (Br2O7) +8 (ClO4) EDITORA – UFLA/FAEPE – Química Inorgânica 38 O OF2 é um gás incolor e tem sido utilizado como combustível de foguetes. Reage energicamente com os metais, S, P e halogênios, formando fluoretos e óxidos. É obtido passando-se F2 em solução diluída de NaOH. 2F2 + 2 NaOH → 2NaF + H2O + OF2 O OF2 dissolve-se em água, dando uma solução neutra, e com o NaOH, dando íons fluoreto e oxigênio. Não é um anidrido de ácido. O Cl2O é um gás e o BrO é líquido, sendo preparados aquecendo-se precipitados recentes de óxido de mercúrio com o gás halogênio. 2Cl2 + 2HgO 300°C HgCl2.HgO + Cl2O Os dois são coloridos e explodem na presença de agentes redutores ou por aquecimento. O Cl2O dissolve-se em água, formando o ácido hipocloroso, HOCl. Com o NaOH, o Cl2O e o Br2O formam hipocloritos e hipobromitos. Estes óxidos são, portanto, ácidos. Os óxidos podem, a seguir, oxidar estes produtos. NaOBr → NaBrO3 hipobromito bromato As estruturas dos três óxidos estão relacionadas com um tetraedro com duas posições ocupadas por pares isolados de elétrons. Estrutura eletrônica do átomo de oxigênio – estado normal 2p2s Dois elétrons desemparelhados que formam ligações com dois átomos de halogênio – hibridização sp3 – tetraedro com dois pares isolados de elétrons. O F F105o o111 O Cl Cl ? O Br Br Os ângulos de ligação estão distorcidos devido aos pares de elétrons isolados. No OF2, os elétrons ligantes estão mais perto do F devido à sua maior eletronegatividade. Portanto, a repulsão entre os pares isolados é maior do que entre os pares ligantes; assim, o ângulo de ligação é menor do que 109°28’. No Cl2O, os elétrons ligantes