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Victor Chklovski, no artigo "A arte como procedimento", de 1917, esclarece como a linguagem poética é um "desvio" da linguagem objeto (a linguagem do cotidiano). Como a linguagem cotidiana visa à comunicação, ao entendimento entre as pessoas, deve evitar distanciar o significante do significado, isto é, não deve ser criativa ou inovadora, apenas utilizar as relações já estabelecidas pelo signo linguístico para que o discurso seja claro e preciso. Em suma, a conceituação de Chklovski utiliza conceitos linguísticos que relembramos aqui: O Signo Linguístico é uma totalidade que reúne, não uma coisa e uma palavra, mas uma imagem acústica e um conceito e ou: significante + significado. O significante é a forma, a parte concreta da palavra, suas letras e fonemas que criam a imagem acústica. Já o significado é o conteúdo abstrato, o conceito transmitido pela palavra. Veja que nas frases as duas palavras em negrito têm o mesmo significante, mas dois significados diferentes: 1. Desenhei uma camisa de manga curta. 2. Minha fruta preferida é manga. Assim, temos: Significante: M /A /N /G /A (letras + fonemas) e significados: A partir da definição dos elementos da comunicação (emissor, receptor, código, referente, canal e mensagem) e das funções da linguagem a eles ligadas (emotiva, conativa, metalinguística, referencial, fática e poética) Roman Jakobson define o que faz de determinada obra uma obra literária. Segundo ele, "a poesia é linguagem em sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra em obra literária. (Apud SCHNAIDERMAN, 1976, p.X). Dessa forma, a análise deve usar o método linguístico para revelar a literariedade, ou estranhamento, entendido como um conjunto de traços específicos do fato literário, revelado por uma comparação entre a linguagem poética e a linguagem objeto (do cotidiano). Na função poética o significante congrega diversos significados provocando o estranhamento pelo procedimento (priom) que se desvia do utilitarismo pragmático da linguagem cotidiana. A polissemia da linguagem poética provoca a dúvida, a ambiguidade e a surpresa. Nas palavras de Chklovski (1976, p.45): 15