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de alguns segmentos. E, se temos consciência dos segmentos, é porque os vemos como feixes, sem visibilidade dos traços que os compõem. PARADA OBRIGATÓRIA De fato, traços, essas menores entidades, fones, fonemas e arquifonemas (descubra o que é isso) são abstrações, conceitos estabelecidos pelos linguistas, que os postularam na tentativa de decifrar esse mistério que é a linguagem verbal. E não se insurja contra os estudiosos da linguagem por isso. No outro lado dessa história, estão conceitos considerados “pré-teóricos”, como os de palavra: pessoas comuns falam dessas coisas e acham que sabem, mas quem tenta estudar isso criteriosamente não consegue explicar com clareza e facilidade. E não fique triste. Nem os professores, o orientador, os construtores deste texto compreendem, nem Saussure compreendia bem os fenômenos naturais correspondentes ao que ensinamos. Não estivemos presentes na hora em que as línguas começaram a existir. Nem o esperanto [1], a língua internacional completamente planejada, explica isso, porque foi construída com as características naturais de línguas menos planejadas como o latim e o grego, o francês, o inglês, o alemão, o polonês. Veja os traços da sequência de segmentos /'pabu/. Note que, por serem, cada um dos segmentos, um FEIXE de traços, sua cognição os toma como unidade na maior parte do tempo, e você não tem consciência dos traços atados juntos. As abreviaturas à esquerda são para MODO de Articulação, PONTO ou zona de Articulação, cavidades de RESSONÂNCIA e VOZEAMENTO: [p] [a] [b] [u] MODO [Oclusivo] [Livre] [Oclusivo] [livre] PONTO [Bilabial] [Central, Baixo] [Bilabial] [Posterior, alta] RESSONÂNCIA[Oral] [Oral, - Arredondado + Nasalizado] [Oral] [Oral, + Arredondado - Nasal] VOZ [-Vozeado] (Vozeado) [Vozeado] (Vozeado) SE VOCÊ QUER EXPLICAÇÃO SOBRE OS TERMOS Diferenças entre esses termos e outros que você conhece devem-se a tentativa nossa de reduzir as incoerências nas descrições tradicionais, que repetem informações e obrigam à memorização, sem pensamento. Uma dessas incoerências vem do tratamento de consoantes e vogais com critérios diferentes e incomparados. Quanto ao MODO de articulação, que é inerente ao ser “vogal”, as vogais se opõem às consoantes por serem articuladas de forma livre, sem impedimento que produza ruído. Quanto ao VOZEAMENTO, espera-se que as vogais (de vocale, de vox, voz) sejam vozeadas, embora com frequência esse traço mude, não sendo distintivo, como na maior parte das consoantes, em português. Em muitos textos tradicionais e modernos, os 28