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Cardiologia: Caso Clínico


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Cardiologia | Camyla Duarte 
 
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Caso clinico 
Paciente VDSS, 52 anos, masculino, vaqueiro, 
proveniente de muno novo (BA). Regulado de feira de 
Santana, no dia 20/03 ao hospital couto maia 
Referiu início de quadro clinico no dia 03/03 com 
fortes dores torácicas ventilatório-dependentes, febre 
de 38 graus e cefaleia. Em posto de saúde, paciente 
foi medicado com dipirona sódica e prescrito repouso 
por uma semana quando então deveria retornar para 
avaliação. Em feira de santa, paciente evoluiu com 
diminuição gradual da PA, manutenção da febre e 
cefaleia. 
Ao exame físico chama atenção a linfonodomegalia 
em cadeia axilar direita. A inspeção dos linfonodos 
hipertrofiados, notou-se furúnculo não supurativo de 
aproximadamente 2cm2 
PA 100X60 mmHg; FC 78; Temp 38 graus 
AR: MVBD sem RA Sat: 94% 
ACV: Presença de turgência jugular a 45 graus. Bulhas 
hipofoneticas e sem sopros. 
Abdome: inocente 
Extremidades: perfundidas 
ECG 
Complexos QRS de baixa amplitude em derivações 
precordiais 
ECO 
Derrame pericárdico importante. Liquido pericárdico 
foi drenado com alivio do quadro 
Evolução 
Paciente foi encaminhado ao hospital couto maia para 
avaliação da causa ainda inconclusiva 
Diagnostico diferencial 
o Doença de chagas 
o Leishmaniose visceral 
o Hantavirose 
o Miocardite infecciosa 
Síndrome febril a esclarecer 
Exames complementares 
o Anticorpos IgM anti T.cruzi 
o Gota espessa para chagas 
o Elisa para leishmaniose visceral 
o Elisa IgM para Hantavirose 
o AgHBs 
o Anti-VHC 
Resultados 
o Anticorpos IgM anti T.cruzi positivo 
o Gota espessa para chagas revela parasitas 
T.cruzi 
o Elisa para leishmaniose visceral sem resultado 
para LV 
o Elisa IgM para Hantavirose negativo 
o AgHBs negativo 
o Anti-VHC negativo 
Tratamento 
Benznidazol (100mg) 5mg/Kg/dia 2x dia por 60 dias 
Doença de Chagas 
Infecção humana causada pelo protozoário flagelado 
Trypanosoma cruzi que apresenta curso clinico 
bifásico, com uma fase aguda que pode ou não ser 
identificada e a evolução para as formas crônicas, se 
não for tratada com medicamento especifico 
Introdução 
É uma doença de natureza endêmica, de evolução 
geralmente crônica 
Transmitida ao homem e a outros animais através de 
um inseto hematófago triatomíneo (barbeiro) 
Brasil 
Atualmente predominam os casos crônicos 
decorrentes de infecção por via vetorial (em torno de 
2 milhoes) 
No entanto, nos últimos anos, a ocorrência de casos e 
surtos de DCA tem sido observada em diversos 
estados brasileiros, com maior frequência na região 
amazônica 
 
Cardiologia | Camyla Duarte 
 
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Notificação compulsória imediata 
Comunicados ao serviço de saúde pública 
imediatamente pelos seguintes meios 
Telefone: 0800.644.6645 (CIEVS) ; 3213.8177 
(programa nacional de controle de doença de chagas) 
Email: notifica@saude.gov.br 
Ficha de notificaçao e investigaçao de caso de doença 
de chagas aguda do sistema de informaçao de agravos 
de notificaçao (SINAN) e enviada por fax 
Mecanismos de transmissão 
Vetorial: contato com excretas de triatomíneos 
contaminados, atraves da pele lesada ou de mucosas, 
durante ou logo após o repasto sanguíneo 
Transfusional/ transplante: atraves de doadores 
infectados 
Vertical: passagem de parasitos de mulheres 
chagásicas para seus bebes durante a gestação ou 
parto 
Oral: ingestão de alimentos contaminados com 
protozoários vivos provenientes, na maioria dos casos, 
de triatomíneos parasitados que foram esmagados ou 
triturados com o alimento, ou ocasionalmente, de 
material proveniente de glândulas anais de marsupiais 
(mucura ou gambá) 
Acidental: contato da pele ferida ou de mucosas com 
material contaminado (sangue de doentes, excretas 
de triatomíneos, animais contaminados) durante 
manipulação em laboratório (acidental), em geral sem 
o uso adequado de equipamentos de proteção 
individual 
Período de incubação 
Varia de acordo com a forma de transmissão 
o Vetorial: 4-15 dias 
o Transfusional: 30-40 dias ou mais 
o Vertical: pode ser transmitida em qualquer 
período da gestação ou durante o parto 
o Oral: 3-22 dias 
o Acidental: até aproximadamente 20 dias 
 
Determinada: há a manifestação das alterações da 
doença 
Manifestações clinicas 
A manifestação mais característica é a febre, quando 
presente, usualmente prolongada, constante e não 
muito elevada (37,5 a 38,5), podendo apresentar 
picos vespertinos ocasionais 
50% ou mais dos casos o quadro é assintomático ou 
com manifestações muito leves (somente febre), 
podendo passar despercebido 
Sinais e sintomas 
o Prostração, diarreia, vômitos, inapetência 
o Cefaleia, mialgias 
o Aumento de gânglios linfáticos 
o Manchas vermelhas na pele, de localização 
variável 
o Crianças menores frequentemente ficam 
irritadiças, com choro fácil e copioso 
Manifestação da fase aguda 
o Miocardite difusa com vários graus de 
severidade 
o Pericardite 
o Derrame pericárdico 
o Tamponamento cardíaco 
o Cardiomegalia 
o Insuficiência cardíaca 
o Derrame pleural 
Sinal de romaña 
10% dos casos agudos sintomáticos 
Edema bipalpebral unilateral, reação inflamatória a 
penetração e difusão do parasito na conjuntiva e 
adjacências 
 
mailto:notifica@saude.gov.br
Cardiologia | Camyla Duarte 
 
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Chagomas de inoculação 
Podem aparecer nos membros, tronco e face e são 
lesões funculóides levemente elevadas, não 
supurativas, com diâmetro de alguns centímetros, 
hiperemicas e/ou hipercromicas, que se mostram 
descamativas após duas ou três semanas. 
Alteração crônica 
 
Diagnostico diferencial 
o Leishmaniose visceral 
o Malária 
o Dengue 
o Febre tifoide 
o Toxoplasmose 
o Mononucleose infecciosa 
o Esquistossomose aguda 
Atualmente cabe acrescentar tambem entidades 
ictero-hemorrágicas como: leptospirose, febre 
amarela, hepatites infecciosas 
Exames complementares 
Hemograma completo com plaquetas 
o Leucocitose discreta, com desvio a esqueda, 
linfocitose caracteristica, eventual anemia 
hipocromica, VHS moderadamente 
aumentada 
Urina rotina: a verificar a ocorrencia de sangramento 
pelas vias urinarias 
Provas de função hepatica 
RX de torax 
Eletrocardiograma 
Ecocardiograma transtoracico 
Exames laboratoriais 
Exames parasitologicos 
Pesquisa a fresco de tripanossomatídeos: é a primeira 
alternativa por ser rapida, simples, eficaz e 
economica. O ideal é que o paciente esteja febril no 
ato da coleta, ou em coleta posterior 12 a 24h após, 
se a primeira for negativa e a suspeita clinica persistir 
Metodos de concentraçao: metodo de Strout, 
microhemtócrito e creme leucocitario 
Lamina corada de gota espessa ou esfregaço: a 
tecnica é recomendada em terceiro lugar por 
apresentar sensibilidade inferior as anteriores 
Exames sorológicos 
Tem maior utilidade como coadjuvantes dos exames 
parasitológicos 
Hemoaglutinação indireta (HAI), a Imunofluorescência 
indireta (IFI) e o método ELISA 
A utilização de fixação de complemento (reação de 
Guerreiro-Machado) não é mais recomendada 
Escore de Rassi 
Avalia a gravidade da doença 
 
Tratamento de suporte 
Afastamento das atividades profissionais, escolares ou 
desportivas a critério medico 
Dieta livre, evitando-se bebidas alcoolicas 
A internação hospitalar é indicada em casos de maior 
comprometimento geral, cardiopatia moderada a 
grave, quadro hemorrágico e meningoencefalite 
Tratamento especifico 
Benznidazol é a droga dispnonivel 
Cardiologia | Camyla Duarte 
 
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Nifurtimox é uma alternativa em casos de inolerancia 
Na fase aguda, o tratamento deve ser realizado em 
todos os casos e o mais rápido possível após a 
confirmação diagnostica 
O tratamento específico é eficaz em: 
o Casos agudos > 60% 
o Congênitos >95% 
o Casos crônicos: boa eficácia em 50% a 60% 
(geralmente ate os 15 anos de idade) 
Benznidazol 
Comprimidos de 100mg 2x ao diapor 60 dias 
A dose varia de acordo com a idade e o peso do 
paciente 
o Adultos: 5mg/kg/dia 
o Crianças: 5-10 mg/kg/dia 
o Lactentes: 10mg/kg/dia 
o Dose máxima: 300mg/dia 
A doença pode evoluir para IC, arritmias e/ou decisão 
de anticoagulaçao

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