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1 As mudanças no ambiente escolar ao longo do tempo Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional: Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Além das condições de acesso e permanência na escola, temos o maior desafio da educação brasileira, que é a qualidade, pois para ter a população durante mais tempo na escola tem que se primar pela qualidade da escola, que vai das condições físicas até a formação dos recursos humanos. Estas questões nos dão indicativos dos paradigmas atuais da gestão das escolas no Brasil. Vamos conferir como LÜCK aborda a questão da qualidade do ensino: (...) A qualidade do ensino, tão necessária e preconizada para que nossa população possa alcançar melhores níveis de qualidade de vida e maior competência no enfrentamento de seus anseios de desenvolvimento, passa pela garantia de variados processos e condições interligados, envolvendo múltiplos aspectos internos à escola e aos sistemas de ensino. Esses processos e condições existem – embora insuficientes – e são mobilizados, porém ainda atuam e são empregados de forma desarticulada e descompassada ou permanecem desmobilizados de modo a se desgastarem gradualmente.(LÜCK, p. 28, 2006) A citação anterior nos coloca as dificuldades da atuação da gestão escolar dentro de uma visão de democrática que atenda aos anseios atuais da educação brasileira, porém a autora nos dá pistas de como fazer possível uma escola que atenda a esses anseios atuais, com a seguinte fala: Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas para implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da democracia e com métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências) de participação e compartilhamento (tomada conjunta de decisão e efetivação de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações) e transparência (demonstração pública de seus processos e resultados). (LÜCK, p. 36, 2006) A nossa intenção é que você perceba que a escola tem que estar no mesmo tempo cronológico da sociedade onde está inserida, cabendo à gestão desvendar os desafios desse tempo. Vamos refletir e aprofundar esta questão por meio da seguinte contribuição: 2 Para a escola, a esfera do cotidiano vem indicando a necessidade da crítica radical à organização dominante: Internamente, tanto quanto à estrutura de poder quanto ao fazer pedagógico, como quanto a sua estrutura curricular; Externamente, quanto aos limites e relações de poder existentes na sociedade, quanto às relações da educação com a sociedade (o mundo do trabalho, os movimentos sociais, etc.), na busca da identificação/caracterização/análise crítica/proposição dos conhecimentos da prática, nas suas múltiplas construções teóricas (racionais, imaginárias, artísticas etc.). Desta maneira, ao mesmo tempo em que se cria teoria, se busca criar soluções – sempre parciais e aproximativas, porque se trata de processos humanos, que tentam responder a problemas existentes, localizados e datados. (ALVES, p.117, 2000) O convite à reflexão, feito anteriormente, se deu pelo fato de acreditarmos que, é importante (re) pensar as questões que permeiam o cotidiano social para chegarmos aos anseios da nossa escola contemporânea. O gestor não pode perder esta questão de vista, pois não deve ser uma postura solitária do gestor e sim coletiva, “patrocinada” pela gestão da escola. Quando nos reportamos ao social, não estamos esquecendo das pessoas que fazem parte da escola, por isso enfatizamos que a reflexão das questões escolares têm que ser feita coletivamente, por todos os que dela “participam”. Vamos conferir uma citação que contempla esta nossa abordagem: Assim, o que está na sala de aula não é alguém que sabe que ensina a outros “alguéns” que não sabem, mas sim tantos “alguéns” que ensinam tanta coisa a outros “alguéns”, quer saibamos e estimulemos o que a postura de admitir a transversalidade admitiria, quer não o façamos. Conosco, ou apesar de nós, as coisas acontecem na sala de aula e fora da escola. Será melhor que participemos desse fascinante processo de criação coletiva, fazendo uma alegre aventura de conhecer o mundo e propor mudanças ao que percebemos de equivocado. (ALVES e GARCIA, p.106, 2000) Vimos até aqui, as mudanças ocorridas no ambiente escolar ao longo do tempo e suas implicações no processo educacional e lembramos que isto significa mudanças no contexto da gestão escolar. Temos que refletir neste momento sobre que sociedade temos e quais as necessidades da escola contemporânea, ou seja, qual o paradigma de gestão escolar atual. Vamos compreender melhor esta questão, por meio de mais uma contribuição, a seguir: (...) Um novo paradigma emerge e se desenvolve sobre a educação, a escola e sua gestão – como, aliás, em todas as áreas de atuação humana: não existe nada mais forte do que uma idéia cujo tempo chegou em vista do que se trata de um movimento consistente e sem retorno (...). No contexto da escola, há de se dar conta, da multiculturalidade de nossa sociedade, da 3 importância e riqueza dessa diversidade, associados à emergência do poder local e reivindicação de esforços de participação. Em decorrência da situação exposta, muda a fundamentação teórico-metodológica necessária para a orientação e compreensão do trabalho da direção da escola, que passa a ser entendido como um processo de equipe associado a uma ampla demanda social por participação. (LÜCK, p. 14, 2000) Neste momento, queremos fortalecer a ideia de que pensar em novos paradigmas de gestão escolar significa buscar soluções para atender as demandas de mudanças exigidas pela sociedade atual, em relação à escola. A citação a seguir contempla esta questão: A implementação de mudanças na escola tem sofrido constantes resistências, mas, ao que tudo indica as demandas por mudanças devem ainda continuar intensas, passando a ser a tônica de uma sociedade em constante “evolução” e quebra de paradigmas. A postura crítica na adoção de mudanças deve somar-se a novas formas de facilitar sua introdução no sistema escolar, o que vem a exigir uma cultura que esteja em constante processo de auto- organização, um estado constante de experimentação, pesquisa e análise de novos processos e, ao mesmo tempo, a consolidação, via resolução consistente, de problemas encontrados no dia-a-dia. O desenvolvimento de uma estrutura organizacional adequada, que facilite adaptações rápidas e o desenvolvimento de uma cultura favorável à mudança, são condições necessárias para que a mudança da escola possa ocorrer. (VIEIRA, p. 16, 2002)