Leia o texto a seguir e reflita: A legislação jurídico-penal brasileira, por determinações constantes no Código Penal, na Lei de Execução Penal e,...

Leia o texto a seguir e reflita:

A legislação jurídico-penal brasileira, por determinações constantes no Código Penal, na Lei de Execução Penal e, até mesmo, na própria Constituição Federal, dispõe de regras mínimas para o tratamento dos presos e a execução da pena privativa de liberdade. Essas regras envolvem o direito à saúde, à higiene, à alimentação, à educação, ao trabalho, ao lazer. Ainda, dispõe que os apenados devem ser recolhidos, em regra, em celas individuais, respeitando um limite mínimo de 6 metros quadrados para cada pessoa. Tais garantias são consideradas como as necessidades mínimas a serem concedidas aos presos, para que sua dignidade seja protegida, mesmo durante o cumprimento da pena de privação de liberdade. Afinal, a punição do sujeito só deve ser feita retirando os direitos que a condenação determinou, porém, respeitando a todos os demais. Desta forma, na privação de liberdade, apenas a liberdade do sujeito deve ser cerceada, mas todos os seus demais direitos, especialmente aqueles definidos como “direitos humanos” básicos, devem continuar a ser garantidos pelo Estado.

Ainda, a pena deve cumprir com sua função especial de recuperar o indivíduo, reeducando-o antes de devolvê-lo novamente ao convívio social. Sem o cumprimento à tal função penal, a punição se configuraria como injusta e desproporcional, pois instrumentalizaria o corpo humano.

No entanto, de acordo com o Departamento Penitenciário Nacional, o sistema penitenciário brasileiro alberga 679.577 mil pessoas, em uma estrutura que está preparada para abrigar, apenas, 467.569 mil presos. Ou seja, o sistema penitenciário brasileiro apresenta grave quadro de superlotação, com 30% de déficit de vagas. Dentre os detentos, ao menos metade volta a delinquir quando colocados novamente em liberdade.

Considerando as reflexões apresentadas, assinale a opção correta.

Considerando as reflexões apresentadas, assinale a opção correta.

Grupo de escolhas da pergunta

Há um abismo entre o “dever ser” do sistema penitenciário brasileiro previsto em lei e a “realidade” sobre o que, de fato, ele é; a experiência prática da privação de liberdade no Brasil configura-se como uma afronta aos direitos humanos, e seu resultado prático configura-se como injusto e desproporcional.

A superlotação carcerária brasileira não pode ser considerada um grave problema que invalide toda a estrutura do sistema penitenciário, sendo justificável que a realidade prática não obedeça às disposições da lei, pois o fato de o legislador penal não ter previsto a escalada da criminalidade no Brasil não torna, por si só, o sistema injusto e desproporcional.

Apesar da diferença existente entre previsão legal e realidade prática acerca das regras de funcionamento do sistema penitenciário brasileiro, sua manutenção é justificável em razão da necessidade social de punição dos sujeitos que cometem crimes, não existindo outra alternativa punitiva, senão, a privação de liberdade.

A privação de liberdade no Brasil pode ser entendida como um “mal necessário”, pois, apesar de sua prática não condizer com as regras determinadas pela legislação, sua funcionalidade permanece intacta, já que é apenas através da experiência da dor e do sofrimento que os sujeitos delinquentes aprenderão a não mais cometer crimes.

A privação de liberdade, tal como ocorre na realidade brasileira através do sistema penitenciário, não serve, em absoluto, para nenhuma finalidade, já que não respeita o que dispõe a legislação acerca das regras mínimas de tratamento dos detentos, apresentando-se injusta, desproporcional e, logo, ineficiente a qualquer intenção estatal.