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Principais Arritmias na Infância

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Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
Principais Arritmias na Infância - cardioped 
• As arritmias são os distúrbios do ritmo cardíaco ou da 
frequência cardíaca. 
• Ocorrem por alterações no sistema de condução ou 
devido a lesões do próprio tecido cardíaco. 
As arritmias são frequentes no pós-operatório de cirurgia 
cardíaca e não são apenas decorrentes do ato cirúrgico. 
Podem ser causadas por distúrbios do potássio, hipoxia, 
acidose, hipercapnia ou disfunção ventricular. Quando 
decorrentes do ato cirúrgico, são causadas por 
manipulação do sistema de condução, presença de 
cateteres intracardíacos e processos inflamatórios do 
pericárdio. 
FATORES DE RISCO: 
 
HISTÓRIA: 
→ Sintomas em recém-nascidos e lactentes: Irritabilidade, 
ICC, sudorese, sonolência, cansaço ao mamar (são as 
principais queixas que fazem os pais levarem os bebês 
para investigar). 
→ Sintomas em crianças maiores: Principalmente nas 
taquicardias vai ter palpitações, precordialgia, cefaleia, 
até sintomas de pré-síncope, sendo que as bradicardias 
levam mais à síncope, fadiga e sonolência. 
EXAME FÍSICO: 
• Fora da crise: Exame normal ou sopro da cardiopatia 
congênita, ou alguma coisa da doença de base 
• Durante a crise: Pulsos rápidos ou lentos, a depender 
da arritmia. 
• Sempre checar possíveis sinais de instabilidade 
hemodinâmica. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
- O padrão ouro vai ser o eletrocardiograma, que deve ser 
realizado em todas as crianças com sintomas descritos. É 
um exame simples e acessível, e que pode chegar só com 
uma taquicardia sinusal mesmo, devendo checar a causa 
base. 
- Além do ECG, depois de controlar a arritmia, pode lançar 
mão do ecocardiograma para ver se tem cardiopatia 
estrutural associada, se tem miocardite. Pode fazer 
também o teste ergométrico, a depender especialmente 
nas bradiarritmias (para ver como esse paciente se 
comporta no esforço). O holter de 24 horas, quando é um 
paciente de consultório, eletivo (porque o paciente 
ambulatorial pode ter uma queixa, com exame físico 
normal, ECG normal, mas quando faz o holter vê que faz 
uma arritmia eventualmente. 
- Pede exame de laboratório para investigar intoxicações, 
perfil tireoidiano (tireoidites são uma importante causa de 
taquicardias, especialmente nos adolescentes). 
ELETROCARDIOGRAMA: 
 
- O nó sinusal vai despolarizar os átrios, e essa 
despolarização vai chegar até o nó atrioventricular, e esse 
estimulo elétrico vai despolarizar os ventrículos através dos 
feixes de His até as paredes laterais. 
- O eletrocardiograma normal apresenta onda P, 
complexo QRS e onda T. É importante identificar a 
presença deles, pois a ausência deles vai fazer pensar em 
arritmias. 
 
- A frequência cardíaca vai ser 1500 dividido pelo número 
de quadradinhos entre duas ondas R. 
 
- A duração do intervalo PR é de 0,12 a 0,20 segundos e do 
complexo QRS é de 0,06 a 0,10 segundos. 
 
(Só para informação, não precisa decorar) 
Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
 
Obs: Em V1, geralmente a onda P apresenta plus minus, 
que é quando tem uma fase negativa e outra positiva. 
 
- Exemplo de ECG com ritmo sinusal, com onda P positiva 
em DI, DII e aVF, com morfologia arredondada, com plus 
minus em V1(uma porção positiva e uma negativa da 
onda P) e positiva em V5 e V6. 
CLASSIFICAÇÃO: 
• Taquicardias (pulso rápido) 
• Bradicardias (pulso lento) 
• Ritmos de colapso (sem pulso – PCR): FC < 60 bpm e 
sinais de má perfusão periférica (ritmo com 
comprometimento hemodinâmico) → Geralmente 
palpa o pulso menor que 60, porque as vezes tem 
um batimento tão rápido que faz uma FC rápida, 
mas não consegue gerar pulso (de tão rápida que 
é a frequência) → as vezes no ECG dá 200 bpm, e 
na palpação de pulso dá menor que 60. 
- As taquicardias podem ser a taquicardia sinusal ou a 
taquiarritmia. 
 
- De forma geral, frequências cardíacas maiores que 200 
são taquiarritmias. → Mas em RN, principalmente pré-
termo, pode acontecer de ter uma frequência de 200, 210 
bpm ainda em ritmo sinusal (desidratam muito rápido, 
tudo deles é muito lábil) 
- Em crianças maiores uma frequência maior que 180 já 
levanta suspeita de taquiarritmias. 
 
- Na taquicardia sinusal, geralmente tem uma frequência 
cardíaca até 200 bpm, e dá pra ver todos os componentes 
do eletrocardiograma (ondas P, QRS e T) em ritmo sinusal, 
todos eles com morfologia preservada. Geralmente o QRS 
é mais estreito (> 0,08 segundos). 
- O tratamento da taquicardia sinusal é tratar a causa de 
base (febre, desidratação, anemia, infecções, distúrbios 
psicogênicos, dor, choque, hipertireoidismo). 
A taquicardia sinusal pode ser decorrente de dor, 
ansiedade, febre, hipovolemia, insuficiência cardíaca e 
uso de inotrópicos e geralmente se reverte com o controle 
destes fatores. Em alguns casos excepcionais há 
indicação e controle com digital. 
 
- As taquiarritmias podem ser ventriculares ou 
supraventriculares, mas a mais comum é a taquicardia 
supraventricular, porque a gente tem dentro das 
taquicardias de origem atrial, tem o flutter atrial, fibrilação 
atrial, taquicardia atrial, mas não são comuns na pediatria 
(não vai abordar). 
A manifestação clínica da taquiarritmia em crianças 
depende da faixa etária, da duração e do tipo de arritmia. 
A taquicardia na população pediátrica pode apresentar-
se sob a forma assintomática, com sintomas leves, 
moderados, ou gerar comprometimento significativo do 
débito cardíaco com sinais de insuficiência cardíaca. E 
frequente a taquicardia supraventricular acometer um 
recém-nascido, atingir frequência cardíaca acima de 250 
bpm e o bebê apresentar-se assintomático. Nesse caso, o 
diagnóstico é feito pelos pais ou pelo pediatra, 
observando-se aumento anormal da FC, que pode ser 
esporádico ou persistente. Por outro lado, arritmias 
paroxísticas com frequência cardíaca muito elevada 
podem ocasionar sintomas agudos de baixo débi to 
cardíaco com palidez intensa, tontura, escurecimento 
visual e síncope. Esse quadro deve ser identificado com 
precisão, por estar relacionado com arritmia 
potencialmente fatal. 
Os pacientes portadores de cardiopatia apresentam 
maior comprometimento do débito cardíaco perante 
uma taquiarritmia, quando comparados a uma criança 
com coração normal e, desta forma, manifestam os sinais 
e sintomas com maior intensidade. A síndrome de WPW e 
a TRN habitualmente são arritmias de comportamento 
paroxístico com sintomas agudos. Algumas taquicardias 
como flutter atrial, fibrilação atrial, taquicardia atrial 
ectópica e caótica podem apresentar comportamento 
paroxístico ou incessante. 
Na faixa etária de recém-nascido a dois anos, a criança 
pode suportar uma FC muito elevada, próxima de 300 
bpm, sem comprometimento hemodinâmico significativo. 
Na maioria das vezes, o paciente apresenta-se 
assintomático e o diagnóstico é feito pela ausculta 
Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
cardíaca. Deve-se valorizar a existência de FC persistente 
acima dos limites da normalidade. Quando o paciente se 
apresenta sintomático, é importante avaliar sinais como 
sudorese, cansaço, interrupção das mamadas, recusa 
alimentar e irritabilidade. Baixo débito cardíaco é 
infrequente nessa idade, mas, quando ocorre, deve-se 
estar alerta quanto à presença de disfunção ventricular. 
Os sinais encontrados são palidez cutânea, cianose, 
extremidades frias, taquidispneia, sonolência, 
hepatomegalia e pulsos diminuídos. 
Na taquicardia supraventricular (TSV) de crianças entre 
dois e seis anos, os sintomas são referidos principalmente 
como dor no peito, inquietação e choro, mais raramente 
como palpitação ou taquicardia. Alguns sintomas 
associados devem ser valorizados, como palidez cutânea, 
fadiga, tontura e angústia. Em casos de baixo débito 
cardíaco determinado pela taquicardia, os sinais e 
sintomas serão semelhantes aos encontrados na criança 
menor, citados anteriormente. 
Acimade seis anos de idade, a manifestação clínica é 
semelhante à do adulto, com relato de palpitação, início 
e término súbitos, duração variável e os sintomas 
associados são semelhantes aos citados anteriormente. 
Habitualmente, não há relação com esforços. 
A taquicardia ventricular na infância pode se manifestar 
de forma paroxística ou incessante. Os sintomas serão mais 
proeminentes nas crianças com cardiopatia associada. 
Estudo realizado em taquicardia ventricular idiopática em 
crianças observou que 36% dos pacientes apresentaram 
sintomas. Em um terço dos casos, os sintomas foram 
considerados graves, com síncope e insuficiência 
cardíaca congestiva. No restante, a manifestação foi leve, 
com palpitações, tontura e intolerância aos exercícios. Em 
relação à faixa etária dos pacientes, os sintomas foram 
mais frequentes nas crianças maiores de um ano. 
 
- A taquicardia supraventricular é a taquiarritmia mais 
frequente na criança (na dúvida, pensa em taquisupra). A 
frequência cardíaca geralmente é mais alta, giram em 
torno de 250-280 bpm (sempre acima de 220 bpm). 
- O que caracteriza no diagnóstico é que geralmente vão 
ter um QRS estreito (<0,08 s) e uma difícil definição de onda 
P e onda T (quando a gente consegue ver uma onda P, 
ela geralmente não tem uma morfologia normal → 
geralmente não é positiva em DI, DII e aVF e nem 
arredondada). 
Obs: O QRS largo, que é a taquicardia supraventricular 
com QRS aberrante, é raríssima na pediatria. 
Obs: No ECG do exemplo, é difícil identificar uma onda P 
e uma onda T adequada, o que dá pra ver é uma FC 
elevada (1500:5), sem ondas P e T definidas de forma fácil, 
e um QRS estreito. 
A taquicardia atrial paroxística ou supraventricular ocorre 
em cirurgias que envolvam manipulação dos átrios. O 
tratamento consiste em manobras vagais, administração 
de adenosina na dose de 0,1 a 0,2 mg/kg, via 
endovenosa, em bolus, em infusão rápida, cuja dose pode 
ser repetida. Como opções terapêuticas, ainda podem ser 
administradas amiodarona, 5 a 10 mg/kg, via endovenosa, 
infundida em 1 h, ou digital, 10 µg/kg/dia, via oral, em duas 
doses. Nos casos de baixo débito cardíaco ou má 
perfusão periférica, está indicada a cardioversão elétrica 
sincronizada com carga de 0,5 a 1 J/kg, podendo ser 
repetida com carga de 2 J/kg, sob sedação. 
 
- No tratamento da taquicardia supraventricular, se o 
paciente tiver estável, pode considerar a manobra vagal 
com bolsa de gelo ou canudo entupido (pega o canudo, 
pede pro paciente soprar e pega a extremidade distal e 
oclui). De medicamento, se tiver disponível usa a 
adenosina (faz reiniciar o coração, faz uma pausa para 
que o coração possa se reorganizar e voltar a bater em 
ritmo sinusal). A amiodarona também é feita em casos de 
pacientes estáveis. Se não houver resposta com nenhuma 
dessas medidas, pode considerar a cardioversão elétrica 
em pacientes estáveis após sedação (não dar choque 
sem sedar). 
 
- Exemplo de manobra vagal usando bolsa de gelo em um 
lactente. 
A manobra vagai e alguns medicamentos, como a 
adenosina, são específicos para bloquear ou tomar lento 
o nó atrioventricular (AV). As arritmias que dependem do 
nó AV para manter o circuito, como a síndrome de WPW e 
a TRN, beneficiam-se dessa terapêutica, interrompendo a 
taquicardia. Entretanto, arritmias confinadas ao átrio, que 
não dependem do nó AV, como atrial ectópica, flutter e 
fibrilação atrial, transitoriamente apresentam diminuição 
da resposta ventricular e, após passar o efeito da manobra 
ou da medicação, há o retomo do ritmo ao padrão 
anterior, sem efetivamente tratar a arritmia. 
A manobra vagai pode ser realizada na criança com a 
colocação de compressa com gelo na face, durante 5 a 
10 s ou com imersão em água e gelo em apneia 
inspiratória por 5 a 10 s. Em recém-nascidos, a tomada da 
temperatura retal pode ser uma manobra vagai efetiva. 
Manobras como compressão do globo ocular, massagem 
Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
do seio carotídeo e reflexo do vômito devem ser evitadas 
na população pediátrica. 
Para reversão aguda da arritmia, a primeira escolha 
medicamentosa, normalmente, é a adenosina. O 
verapamil é contraindicado para crianças abaixo de um 
ano de idade pelo risco de desencadear colapso 
cardiovascular. O uso da digoxina em pacientes com pré-
excitação ventricular deve ser descartado. Essa 
medicação pode encurtar o período refratário 
anterógrado da via acessória e, nos casos de fibrilação 
atrial, o estímulo pode ser conduzido rapidamente para os 
ventrículos e degenerar em fibrilação ventricular, com 
risco de morte súbita. 
Em casos de taquiarritmias com baixo débito cardíaco, a 
cardioversão elétrica pode ser realizada. O procedimento 
deve ser feito com segurança. E necessário que o 
paciente tenha acesso venoso adequado, uso de 
sedação (diazepam, midazolam, barbitúricos), analgésico 
(fentanila, morfina, meperidina), monitoramento da 
pressão arterial e disponibilidade de marca-passo externo. 
Obs: As taquicardias de duração fugaz ou assintomáticas 
normalmente não requerem tratamento. Aos pacientes 
com crises infrequentes, prolongadas e bem toleradas, 
pode-se orientar uma medicação de rápida ação, 
administrada por via oral pelo próprio paciente, chamada 
de pill-in-the-pocket. As arritmias de difícil término, 
duração prolongada, crises frequentes ou que ocorram 
relacionadas com a atividade física devem receber 
terapêutica medicamentosa, assim como orientação 
quanto à ablação por radiofrequência. A primeira linha de 
tratamento crônico de TSV é com medicação que 
modifica a condução pelo nó atrioventricular, como 
betabloqueador, digoxina e bloqueador de canal de 
cálcio. Exceto na síndrome de WPW, em que a digoxina e 
o bloqueador de canal de cálcio devem ser evitados. Essa 
abordagem proporciona diminuição das crises, tanto em 
número quanto em duração; entretanto, a supressão 
completa da arritmia é rara. 
 
- No paciente instável, com repercussão hemodinâmica, a 
gente vai direto para a cardioversão elétrica, e vai sedar 
se possível. A adenosina pode ser usada, mas se é um 
paciente chocado, provavelmente não vai ter acesso 
venoso no momento para administrar a medicação. A 
amiodarona vai ser utilizada para manutenção desse 
paciente até a avaliação com o especialista 
(acompanhar em conjunto com o arritmologista). 
 
Obs: A adenosina tem uma forma peculiar de ser aplicada 
por ter um tempo de meia vida muito curto. Por isso, 
precisa de um acesso seguro (de preferência central ou o 
mais próximo possível do coração), e a droga vai ser 
minimamente diluída ou pura, dependendo da idade do 
paciente e da dose. Deve ter também uma seringa com 
água destilada ou soro fisiológico, e assim que for injetado 
rapidamente a adenosina, tem que ser feito um bolus 
(flush) com o soro, para empurrar a droga por conta da 
meia vida muito curta. Se faz de forma lenta, acaba 
perdendo a dose. 
 
- A taquicardia ventricular a gente também vai querer 
abordar com pulso, porque tudo o que tiver sem pulso vira 
PCR, vira tratamento de parada. 
- Geralmente as FR são mais baixas, giram em torno de 180 
a 200 bpm, e também vai ter uma definição difícil de onda 
P e onda T, mas o que chama mais atenção é um QRS mais 
largo, maior que 0,08 segundos. A parte positiva do QRS é 
maior que a negativa (se contar a quantidade de 
quadradinhos das partes positivas, tem mais do que se 
contar da negativa). 
- Alguns autores consideram que a onda T, quando é vista, 
ela tem uma polaridade inversa ao QRS (se tem uma 
polaridade maior positiva, a onda T vai ser negativa) → Dá 
pra ver no exemplo, que tem uma área positiva maior e 
uma onda T negativa. Mas de uma forma geral, não dá 
pra diferenciar uma onda P de uma onda T. 
- Para diferenciar um do outro, geralmente não tem uma 
boa resposta com a adenosina, e pela própria frequência 
cardíaca mais baixa, pelaprópria incidência na pediatria, 
se tiver um traçado daquele (com as características 
citadas e QRS largo), vai pensar primeiramente em uma 
taquicardia ventricular, e não em uma taquissupra com 
condução aberrante (já foi dito que é raríssimo na 
pediatria). 
A taquicardia ventricular é uma arritmia caracterizada por 
uma sequência de mais de três batimentos consecutivos 
originados nos ventrículos, com frequência maior que 120 
bpm. Os critérios usados para o diagnóstico de são: 
• O complexo QRS deve ser diferente do observado 
em ritmo sinusal, ou semelhante à extrassístole 
ventricular documentada em ECG prévio. Em 
Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
adultos, o complexo QRS é alargado, mas em 
crianças, em especial com menos de um ano de 
idade, a taquicardia ventricular pode apresentar 
QRS estreito. Em bebês, o complexo QRS durante a 
taquicardia ventricular pode variar de O ,06 a O ,11 
ms e em crianças de maior idade é superior a 0,09 
ms. 
• A frequência cardíaca é um dado difícil de avaliar. 
Em recém-nascidos, observa-se variação da FC de 
160 a 400 bpm. A avaliação da frequência sinusal é 
importante na definição de taquicardia ventricular: 
frequência ventricular menor que 20% da sinusal é 
considerada como ritmo ventricular acelerado e 
somente acima disso como taquicardia ventricular. 
• A dissociação atrioventricular é um critério 
importante no diagnóstico de taquicardia 
ventricular. Entretanto, algumas vezes, a 
taquicardia ventricular apresenta condução 
retrógrada 1:1 e a onda P é dificilmente visualizada 
ou ocorre após o complexo QRS. 
• Batimento de fusão ou de captura sinusal 
 
- O tratamento de eleição para o paciente com 
taquicardia ventricular com pulso que está estável é a 
cardioversão elétrica após fazer a sedação, ou a 
amiodarona. Sempre deve corrigir distúrbios metabólicos 
presentes, principalmente magnésio, que tem uma 
relação grande com uma taquicardia ventricular 
chamada de Torsades de Pointes (a diferença dela para 
a taquicardia citada é porque na taquicardia ventricular 
o QRS é regular, enquanto no Torsades de Pointes o QRS é 
irregular, tem diferentes amplitudes, com aspecto de 
elipse). 
A taquicardia ventricular é mais rara no pós-operatório, 
entretanto, muito grave. A indicação terapêutica é a 
lidocaína na dose de 1 a 2 mg/kg, via endovenosa, em 
bolus, seguida de 20 a 50 µg/kg/min, via endovenosa, 
quando a resposta for favorável. Nos casos refratários ou 
com má perfusão, está indicada a cardioversão elétrica 
sincronizada com carga de 0,5 a 1 J/kg, a qual pode ser 
repetida. Quando associada a baixo débito cardíaco, 
pode se comportar como fibrilação ventricular e, neste 
caso, a indicação é a desfibrilação ou a cardioversão 
assincronizada com carga de 2 J/kg, podendo ser 
aumentada até 4 J/kg, se não houver reversão. 
CONDUTA: 
- A atualização do PALS de 2020 tem um fluxograma para 
conduzir o paciente pediátrico na emergência com 
taquicardia. Primeiro faz o suporte inicial, e sempre com 
um ECG de 12 derivações se possível (se não, parte para 
o monitor mesmo). Se tiver ondas P presentes e normais, 
intervalo R-R variável e frequência aumentada, vai 
suspeitar de uma taquicardia sinusal, devendo investigar a 
tratar a causa. 
- Se não é uma taquicardia sinusal, vai avaliar se tem 
comprometimento cardiopulmonar (avaliando estado 
mental, sinais de choque e sinais de hipotensão). Se não 
tiver esse comprometimento cardiopulmonar, a gente vai 
avaliar a duração do QRS: Se o QRS for largo, é uma 
possível taquicardia ventricular, e o ritmo for regular com 
QRS monomórfico, posso considerar adenosina para ver se 
o paciente responde ou não. Se ele não responder, a 
recomendação é consultar o especialista, mas em outros 
algoritmos (que é o que é feito na prática) indica fazer 
amiodarona, cardioversão elétrica com sedação. Após 
isso, em qualquer um dos casos, vai solicitar 
acompanhamento com um especialista. 
- Se o QRS for estreito sem sinais de choque, vai pensar em 
uma taquicardia supraventricular (ondas P ausentes ou 
anormais, intervalo R-R não variável, em bebês tem FC > 
220 e em crianças tem FC > 180, com um histórico de 
alterações abruptas na frequência) → Considerar 
manobras vagais, e se tiver acesso venoso disponível pode 
fazer adenosina, amiodarona, ou ainda cardioversão 
sincronizada se não responder. 
- Se o paciente tem comprometimento cardiopulmonar, 
vai olhar a duração do QRS. Se tiver um QRS largo, até que 
prove o contrário é uma taquicardia ventricular (cursam 
mais com instabilidade hemodinâmica do que as 
taquissupra) → Vai fazer uma cardioversão sincronizada e 
manter com amiodarona, mas é sempre recomendado 
nos casos de taquicardia ventricular consultar o 
especialista sempre antes de colocar a medicação (mas 
de uma forma geral, a gente não tem esse tempo dentro 
do sistema de saúde, mesmo privado). 
- Se o QRS for estreito, tem uma provável taquicardia 
supraventricular, e aí se houver acesso venoso, administra 
adenosina (eles não consideram amiodarona como parte 
do tratamento), e se o acesso não tiver disponível, faz a 
cardioversão sincronizada. 
 
Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
 
- Outra proposta é que se tem pulso rápido, faz um ECG e 
avalia. Se for taquicardia sinusal, vai tratar a causa de 
base. Se não identificar a onda P, vai avaliar o QRS. Se o 
QRS for estreito com paciente estável, faz manobra vagal; 
se não respondeu, faz adenosina e/ou amiodarona, se 
mesmo assim não responder, faz cardioversão elétrica 
com a sedação prévia. Se o paciente tiver instável, vai 
primeiro pra cardioversão elétrica, e na sequência pode 
fazer adenosina, amiodarona (geralmente vai reverter 
com a cardioversão e usar amiodarona para 
manutenção). 
- Se a taquicardia sem onda P tem QRS largo com pulso e 
o paciente está estável, vai fazer uma cardioversão 
elétrica com sedação, e na sequência faz amiodarona. Se 
o paciente tiver instável, faz a cardioversão elétrica com 
sedação (se possível), e na sequência faz amiodarona 
com sulfato de magnésio a depender de como tenha sido 
o eletro inicial. 
BRADICARDIAS: 
• Bradicardia sinusal 
• Bloqueios atrioventriculares 
 
- Nos fetos, uma frequência cardíaca abaixo de 100 bpm 
já configura uma bradicardia. 
 
- O diagnóstico de uma bradicardia sinusal é quando tem 
uma FC abaixo do esperado para a faixa etária, uma 
onda P positiva em DI, DII, DIII e aVF e uma duração normal 
do PR. → Respeitando os mesmos critérios de um eletro 
normal, mas com uma frequência cardíaca abaixo do 
esperado. 
 
- No paciente assintomático não atleta é uma condição 
benigna, então a gente não faz nada. No assintomático 
atleta, precisa encaminhar ao especialista para avaliar 
como ele se comporta no esforço (avaliar teste de esforço, 
PA, condução cardíaca). Se tiver história de síncope ou 
pré síncope também precisa avaliar, porque pode ser 
patológico. 
- Deve pesquisar hipoxemia, hipotermia e intoxicação 
exógenas, e caso apresente, tratar as causas. 
Nas bradiarritmias, após suspensão de digital e 
betabloqueadores, a indicação é atropina, 0,02 
mg/kg/dose, via endovenosa, ou isoproterenol, 0,1 a 1 
µg/kg/min, via endovenosa, em infusão contínua. Em 
situações de baixo débito cardíaco (caso dos bloqueios 
atrioventriculares totais), está indicado o uso de marca-
passo, conectado aos eletrodos epicárdicos colocados 
no intraoperatório pelo cirurgião, até a reversão do 
quadro. Se não houver resposta, pode-se recorrer ao 
marca-passo transesofágico ou ao marca-passo definitivo, 
em casos de irreversibilidade persistente. 
 
- Já o bloqueio atrioventricular total, é quando tem uma 
FC abaixo do esperado para a faixa etária, mas tem uma 
ausência da relação entre onda P e o QRS, com diversas 
ondas P para um único QRS (no exemplo, é possível 
visualizar principalmente no DII longo). 
O BAVT congênito foi considerado,até recentemente, 
uma afecção benigna. As incidências de morte súbita, de 
sintomas de baixo fluxo cerebral e de insuficiência 
cardíaca eram consideradas baixas na evolução dos 
pacientes. Acreditava-se que, pela frequente localização 
intranodal da lesão do sistema de condução que provoca 
o bloqueio congênito, essa anomalia somente mereceria 
o cuidado do implante de marca-passo em situações 
especiais. Por ser dotado de cronotropismo, o nó AV 
geralmente confere à criança boa adaptação de FC aos 
esforços físicos e estados hiper dinâmicos. A despeito da 
existência do bloqueio da condução do estímulo 
cardíaco, a incidência de períodos de assistolia ventricular 
é considerada baixa. 
A indicação da estimulação cardíaca artificial 
permanente em crianças com BAVT congênito tem sido 
Luíza Barreto – Medicina 2021.2 
 
estabelecida nos pacientes que se apresentam com 
sintomas de baixo fluxo cerebral, como síncopes, pré-
síncopes, ou tonturas, de insuficiência cardíaca, de 
intolerância aos esforços físicos, ou com baixo 
desenvolvimento ponderai. Nos pacientes assintomáticos, 
o implante de marca-passo tem sido indicado apenas 
quando outras condições patológicas estão associadas 
ao bloqueio, tais como defeitos cardíacos, arritmias 
ventriculares espontâneas ou provocadas pelo esforço, 
presença de complexo QRS maior que 0,12s, intervalo QT 
longo, ausência de resposta cronotrópica aos esforços, FC 
considerada inadequada para a idade e má adaptação 
do miocárdio à FC lenta, verificada pelo aumento da área 
cardíaca ao estudo radiológico ou ecocardiográfico. 
 
- No tratamento, a grande maioria dos casos são 
congênitos ou em pós-operatório de cirurgia cardíaca. 
Quando é no pós-operatório de cirurgia cardíaca, é 
marca-passo em 100% dos casos. 
- Quando em bloqueio atrioventricular total congênito, vai 
avaliar o paciente. A grande maioria dos pacientes a 
longo prazo evolui para uma miocardiopatia dilatada. Se 
preconiza atualmente que se tiver crianças estáveis sem 
cardiopatia congênita, pode tolerar frequências 
cardíacas de até 50 – 55 bpm, e não vai colocar marca-
passo (se não tiver sinais de insuficiência cardíaca, de 
baixo débito, se não tiver cardiopatia congênita estrutural 
e se não apresentar sintomas → só observa o paciente e 
espera algum sinal de baixo débito para implantar o 
marca-passo). 
- No entanto, na vigência de cardiopatia congênita, só 
tolera essa FC em torno de 65-70 bpm (em alguns casos 
até 75, dependendo da doença). 
- No paciente instável pode lançar mão de drogas 
cronotrópicas (como a atropina) ou ainda a adrenalina, 
mas a gente sabe que se tratando de um BAVT 
(especialmente BAVT congênito), vai ter uma baixa 
resposta a esses medicamentos, de forma que o 
tratamento de escolha vai ser o marcapasso mesmo. 
 
- A gente vai avaliar o paciente com bradicardia e ver se 
tem comprometimento cardiopulmonar. Não tendo 
comprometimento, vai manter a sequência de ABC, 
considerar oxigênio, fazer ECG, ver se é BAVT ou 
bradicardia sinusal e identificar e tratar as causas de base. 
- Havendo comprometimento cardiopulmonar, 
instabilidade, vai fazer a avaliação de suporte com vias 
aéreas, respiração, monitor cardíaco para identificar o 
ritmo, monitorar pulso, PA, oximetria e iniciar a RCP se a FC 
for menor que 60, apesar da oxigenação e ventilação, isso 
se for ritmo sinusal. Se for um BAVT, vai seguir a conduta 
para BAVT (já falado). 
- Se a bradicardia não persistir com RCP, a gente vai 
manter a sequência de ABC, considerar oxigênio, 
identificar as causas e tratar. Se a bradicardia persistir, vai 
continuar a RCP, garantir acesso venoso e fazer epinefrina, 
atropina, considerar estimulação transtorácica ou marca-
passo transvenoso, identificar e tratar as causas 
subjacentes. 
- Deve verificar pulso a cada 2 minutos. Havendo pulso, 
volta pra bradicardia, e se não houver pulso, aí inicia o 
algoritmo de parada em pediatria.

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