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Pneumonia: Definição, Classificação e Etiologia

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Gabrielle França, CESUPA 2021 
Sobre ela 
Definição 
A pneumonia ocorre quando uma infecção do 
parênquima pulmonar causa sintomas 
respiratórios inferiores e quando se detecta um 
infiltrado pulmonar na radiografia de tórax. Logo, 
a pneumonia pode ser definida do ponto de vista 
histológico como preenchimento do espaço 
alveolar por infiltrado necroinflamatório, assim 
como, do ponto de vista clínico como infecção 
aguda do pulmão decorrente da infecção por 
algum microrganismo. 
Epidemiologia 
A PAC constitui uma das principais causas de 
morte no mundo, com significativo impacto nas 
taxas de morbidade. 
A INCIDÊNCIA de pneumonia é alta entre 
lactentes e crianças, diminui consideravelmente 
durante a infância, permanece relativamente 
incomum em adultos jovens, mas depois começa 
a aumentar após os 50 anos de idade e, em 
especial, após os 65 anos. A pneumonia 
bacteriana não é só mais prevalente entre os 
idosos como também é mais grave, com um risco 
de morte progressivamente crescente com o 
avançar da idade. 
 
 
Classificação 
As pneumonias são comumente classificadas 
como adquiridas na comunidade, associadas aos 
cuidados de saúde e nosocomiais. 
A PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE 
(PAC) se refere à doença adquirida fora do 
ambiente hospitalar ou de unidades especiais de 
atenção à saúde ou, ainda, que se manifesta em 
até 48 h da admissão na unidade assistencial. 
As PNEUMONIAS ASSOCIADAS AOS CUIDADOS 
DE SAÚDE (PACS) ocorrem em pacientes que se 
encontram institucionalizados, que estiveram 
hospitalizados durante mais de 2 dias nos 90 dias 
precedentes, que têm contato frequente com 
instituições de saúde (p. ex. hemodiálise, 
tratamento de feridas, antibióticos intravenosos 
ou quimioterapia) ou que estão 
imunossuprimidos. 
A PNEUMONIA NOSOCOMIAL surge, pelo 
menos, 48 horas depois da admissão ou 
desenvolve-se pouco tempo após a alta 
hospitalar. Essa categoria inclui tanto a 
PNEUMONIA ADQUIRIDA NO HOSPITAL (PAH) 
que se trata da pneumonia adquirida ≥ 48 horas 
após a internação hospitalar, quanto a 
PNEUMONIA ASSOCIADA A VENTILAÇÃO 
MECÂNICA (PAVM) que se trata da pneumonia 
adquirida ≥48 horas após a intubação. 
Etiologia 
Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e 
vírus respiratórios são os patógenos mais 
frequentemente detectados em pacientes com 
PAC. As causas de PAC mais comumente 
identificadas podem ser agrupadas em três 
categorias: Bactérias típicas; Bactérias atípicas; 
Vírus Respiratórios. 
A PAH de início precoce é frequentemente 
ocasionada por microrganismos que são 
associados também à PAC, tais como S. 
pneumoniae, H. influenzae e anaeróbios. A PAH 
de início tardio é causada principalmente por 
Staphylococcus aureus. 
PACS possuem uma epidemiologia única mais 
semelhante àquela observada nas infecções 
adquiridas no hospital. S. aureus (tanto sensível à 
meticilina quanto resistente à meticilina) e P. 
aeruginosa são os microrganismos mais 
frequentemente associados. 
 
Fisiopatologia 
Os microrganismos infectantes podem atingir os 
alvéolos e desenvolver pneumonia devido à 
aspiração de pequenas quantidades de secreções 
nasofaríngeas ou de conteúdos da boca, em 
especial durante o sono. 
A pneumonia também pode ser causada por 
inalação direta de material em aerossóis para os 
pulmões, ou podem atingir os pulmões através 
da corrente sanguínea, ser filtradas pelos 
mecanismos normais do hospedeiro, mas depois 
escapar e causar pneumonia. 
Quando os organismos infecciosos atingem os 
alvéolos, as DEFESAS INATAS e específicas 
entram em ação. Se esses mecanismos de defesa 
falharem, as bactérias podem replicar-se nos 
alvéolos onde estimulam a produção local de 
citocinas e causam extravasamento capilar e 
acúmulo de plasma e CÉLULAS INFLAMATÓRIAS. 
Na pneumonia bacteriana, a resposta 
inflamatória do hospedeiro é responsável pela 
maioria das manifestações da doença. Esse 
exsudado inflamatório progressivo, que é 
detectado na radiografia como uma pneumonia, 
causa um desequilíbrio da ventilação-perfusão, 
gerando hipoxemia. Patogênese da PAC: 
• Passo 1: Chegada do patógeno no espaço 
alveolar. 
• Passo 2: Multiplicação descontrolada do 
patógeno. 
• Passo 3: Produção local de citocitas 
principalmente por macrófagos alveolares. 
• Passo 4: Recrutamento de neutrófilos para o 
espaço alveolar e introdução de citocinas na 
circulação sistêmica. 
• Passo 5: Geração do exsudato alveolar. 
 
 
 
 
 
 
 
Achados clínicos 
A apresentação clínica da PAC varia 
amplamente, desde uma pneumonia leve, 
caracterizada por febre, tosse e falta de ar, até 
uma pneumonia grave, caracterizada por sepse e 
dificuldade respiratória. A gravidade dos 
sintomas está diretamente relacionada à 
intensidade da resposta imune local e sistêmica 
em cada paciente. 
O exame físico normalmente evidencia 
prostração, taquipneia, taquicardia e hipertermia. 
Os achados do exame do aparelho respiratório 
podem variar de simples estertores até a 
síndrome de consolidação pulmonar e/ou a 
síndrome de derrame pleural. 
A síndrome de consolidação pulmonar é 
caracterizada pela presença de som bronquial, 
aumento do frêmito toracovocal, submacicez e 
broncofonia. Já a síndrome do derrame pleural é 
identificada pela abolição do murmúrio vesicular 
e do frêmito toracovocal, submacicez e egofonia. 
 
Exames de Imagem 
A radiografia de tórax, em associação com a 
anamnese e o exame físico, faz parte da tríade 
propedêutica clássica para PAC. 
Os ACHADOS RADIOGRÁFICOS consistentes 
com o diagnóstico de PAC incluem: 
consolidações lobares, infiltrados intersticiais 
e/ou cavitações. O infiltrado alveolar do tipo 
broncopneumônico é o achado radiológico mais 
frequente na pneumonia bacteriana, 
independente do agente etiológico. 
 
A ULTRASSONOGRAFIA DE TÓRAX (UST) 
apresenta maior sensibilidade e maior acurácia 
do que a radiografia de tórax na identificação de 
alterações parenquimatosas. Os principais 
achados ultrassonográficos na PAC são: 
consolidações, padrão intersticial focal, lesões 
subpleurais e anormalidades na linha pleural. 
A tomografia de tórax é o método mais sensível 
na identificação de acometimento infeccioso do 
parênquima pulmonar, porém trata-se de um 
método de alto custo e alta exposição à radiação, 
demonstrando opacidades em vidro fosco 
multifocais e bilaterais, com predomínio 
periférico e posterior, que são achados 
pulmonares típicos em COVID e outras doenças. 
 
 
Tratamentos 
O tratamento antibiótico inicial é definido de 
forma empírica devido à impossibilidade de se 
obter resultados microbiológicos logo após o 
diagnóstico da PAC, o que permitiria escolher 
antibióticos dirigidos a agentes específicos. 
A escolha do antibiótico deve levar em 
consideração: 1) patógeno mais provável no local 
de aquisição da doença; 2) fatores de risco 
individuais; 3) presença de doenças associadas; e 
4) fatores epidemiológicos, como viagens 
recentes, alergias e relação custo-eficácia. 
Macrolídeos 
Os antibióticos macrolídeos são agentes 
bacteriostáticos, que inibem a síntese de 
proteínas através de sua ligação às subunidades 
ribossômicas 50S de microrganismos sensíveis, 
no local de ligação do cloranfenicol e da 
clindamicina ou muito próximo dele. 
Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a um 
local na subunidade 50S do ribossomo 
bacteriano, inibindo, assim, etapas de 
translocação na síntese de proteínas. Eles 
também podem interferir em outras etapas, 
como a transpeptização. 
 
betalactâmicos 
O grupo dos antibióticos beta lactâmicos é 
formado pelas penicilinas, cefalosporinas, 
cefamicinas, carbonêmicos, monobactâmicos 
dentre outros. A estrutura química característica 
desses compostos é o núcleo beta lactâmico. 
O mecanismo de ação desses medicamentos se 
dá mediante a inibição da síntese da parede 
celular das bactérias, impedindo a ligação
cruzada dos peptideoglicanos, substância que 
confere proteção ao microrganismo. 
Os betas lactâmicos são medicamentos 
indicados para tratamento de infecções causadas 
por cocos gram positivos em pacientes não 
alérgicos, em condições infecciosas do aparelho 
respiratório dentre outras. 
Quinolonas 
Esta classe possui ação bactericida. 
Normalmente, o DNA bacteriano encontra-se 
fortemente condensado e espiralado no interior 
celular. Para se multiplicarem, é preciso que as 
bactérias passem pelo processo de divisão 
celular, com replicação cromossomal. Para isso, é 
necessário que haja a descondensação 
cromossômica, permitindo sua duplicação. 
Esses processos são controlados através de 
enzimas denominadas topoisomerases. Dentre 
elas a topoisomerase II, também denominada 
DNA-girase. 
As quinolonas atuam inibindo a ação das 
subunidades “A” da topoisomerase II nas 
bactérias gram-negativas. Já nos estafilococos e 
pneumococos, o local primário de ação é a 
topoisomerase IV, e, a DNA-girase se torna um 
local secundário. A partir dessa atuação, o DNA 
bacteriano deixa de se manter condensado e se 
torna relaxado, ocupando um espaço maior do 
que o contido nos limites do corpo bacteriano, 
conduzindo à morte celular.

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