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Ectoparasitoses São infestações, porque os microrganismos não penetram no corpo humano. Esses parasitos são ca- pazes de permanecer fora do corpo humano. ESCABIOSE Popularmente conhecida como sarna, é uma ec- toparasitose causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, variante hominis. É transmitida de pessoa a pessoa, por contato direto (inclusive o sexual), não por outros animais. A fêmea penetra através da camada córnea, geralmente à noite. A transmissão também acontece por meio de fômites (lençóis, toalhas, roupas). • Tempo de incubação: 2 semanas. • Sempre acompanhada de muito prurido, sendo mais intenso a noite. Isso porque a temperatura do corpo aumenta e a pessoa se movimenta me- nos, o que deixa o Sarcoptes mais ativo. • Acomete mais espaços interdigitais, cintura, axilas e genitais (nódulos escabióticos). CICLO EVOLUTIVO: uma vez transmitida à pele, a fê- mea adulta fecundada escava túneis no estrato cór- neo da epiderme e deposita seus ovos neles. Os ovos eclodem em 7 dias, liberando larvas. Larvas, ninfas e formas adultas são encontradas também na superfí- cie da pele, de onde as fêmeas fecundadas podem in- fectar outro ser humano ou se disseminar por outras partes da pele da mesma pessoa. Dificultam o diagnóstico: higiene excessiva, crian- ças, idosos (várias outra situações que levam à pru- rido), iatrogenia, contaminação de familiares e sarna crostosa (norueguesa). Quadro clínico Quadro de prurido intenso, notavelmente mais intenso a noite e ao amanhecer. A lesão mais carac- terística é o túnel, sinuoso e de coloração variável, com uma pápula ou vesícula na extremidade, cha- mada de eminência acariana, onde se encontra o S. scabiei. Podem haver áreas de liquenificação e de ec- zematização pelo ato de coçar. O ácaro tem preferência pelas partes mais quen- tes do corpo, como porção inferior do abdome, ná- degas, genitais, fossas axilares, mamas, mãos (espa- ços interdigitais) e cabeça. DISTRIBUIÇÃO Em crianças menores, é mais comum nas mãos e nos pés: lesões vesiculosas em palmas e plantas. Em crianças maiores e adultos, as localizações mais co- muns são abdome e genitais. SARNA INCÓGNITA: paciente com prurido, mas com pobreza de achados dermatológicos ao exame físico. Ocorre em pacientes tratados de forma parcial ou em uso de corticoterapia tópica. ESCABIOSE NODULAR: lesões nodulares de colora- ção variável localizadas nas regiões axilares e ingui- nais. São muito pruriginosas e podem permanecer mesmo após o tratamento adequado. SARNA NORUEGUESA/ESCABIOSE CROSTOSA: decorre de alteração imunológica do paciente. Geral- mente, é observada em desnutridos, etilistas graves e pacientes institucionalizados. Apresenta-se com graus de descamação e eritema, até eritrodermia e ceratose. A queixa de prurido pode estar ausente. Sarna norueguesa: superinfestação por Sarcoptes, formando crostas. É mais comum em pacientes insti- tucionalizados. Diagnóstico Clínico, não necessita de qualquer exame. A vi- sualização do parasita fecha o diagnóstico e pode ser feita de 2 formas: com fita ou com biópsia. • Infiltrado inflamatório com eosinófilos. Tratamento TRATAMENTO TÓPICO Permetrina 5% ou deltametrina 0,2 mg/mL. • Aplicar em todo o corpo, deixar de 10 a 12h e re- petir por 2-3 noites. • Repetir após 1 semana. Monossulfiram: 1:2 para adultos e 1:3 para crianças. Benzoato de benzila: pode fazer dermatite de con- tato, assim como o Monossulfiram. Enxofre precipitado 5-10%: para crianças. TRATAMENTO SISTÊMICO • Tiabendazol 50 mg/kg/dia por 10 dias (3g/dia) ou ivermectina 200 ug/kg (6mg/30kg). • Normalmente se faz ivermectina associada a per- metrina. Na próxima semana, faz uma nova dose. • Podem ser feitos anti-histamínicos para aliviar o prurido. TRATAMENTO PROFILÁTICO: tratar todos os con- tactantes. Sabonetes escabicidas são inúteis para o tratamento e podem fazer dermatite eczematosa. • Ivermectina 6 mg para cada 30 kg (1 comprimido). • Não há necessidade de ferver roupas, só lavar e passar com ferro. Nas que não é possível lavar nem ferver, colocar no sol. Pode ocorrer prurido pós-escabiótico depois do tra- tamento pelo resto de material (por 1-2 semanas). PEDICULOSE E FITIRÍASE Causadas pelo Pediculus humanus capitis (pio- lho) e pelo Phtirus pubis (dos pelos pubianos), tam- bém chamado de chato. São parasitas hematófagos e não conseguem se manter no corpo em áreas não pi- losas. A transmissão é por contato interpessoal ou por compartilhamento de fômites, nos quais o parasito pode permanecer vivo por poucos dias. Pediculus corporis: vive nas dobras das roupas dos in- divíduos infestados, alcançando a pele humana ape- nas para repasto sanguíneo. INCUBAÇÃO: 7 dias a 3 semanas. Quadro clínico Prurido: pela movimentação ou alimentação dos pa- rasitas. A coçadura pode fazer escoriações e culminar em piodermites secundárias. Presença de ovos (lêndeas) ou do parasito (visível a olho nu). O Phtirus pubis é um pouco menor, mas é possível visualizar. • Couro cabeludo: principalmente região occipital. Mácula cerulae: mancha levemente azul-acizentada na região pubiana. É a região de coagulação pela pi- cada. Podem ocorrer lesões eritematosas no couro cabe- ludo. Mácula cerulae Tratamento Shampoo de permetrina 1%: deixar 5-10 minutos e enxaguar e repetir após 1 semana. O shampoo mata o piolho vivo, mas as lêndeas eventualmente não. Retirar as lêndeas com pente fino com solução de vinagre e água morna 1:1. Ivermectina 6 mg/30kg DU. Depilação na fitiríase. Raspar cabelo. Examinar e tratar contactantes. MIÍASE Miíase primária: berne. A larva é inoculada na pele. Miíase secundária: bicheira. As larvas são deposita- das na pele em área de lesão preexistente ou em ca- vidades corporais, geralmente úlcera. O principal agente é a larva da mosca Dermatobia hominis. O tempo de incubação é de 30-70 dias. Quando as larvas são inoculadas no hospedeiro, po- sicionam-se com a extremidade posterior voltada para fora (contém o aparelho respiratório). A transmissão é feita pela deposição das larvas da Dermatobia hominis na pele do homem, sendo essas larvas carregadas por outros insetos dípteros, como a mosca doméstica ou mosquitos. Quadro clínico MIÍASE PRIMÁRIA FURUNCULOIDE (BERNE) Aparece como um nódulo furunculoide com ori- fício, que é por onde a larva respira. O paciente pode sentir o movimento da larva e dor em ferroada. Pode haver adenite satélite. Ao fim de algumas semanas, o berne pode ser expelido espontaneamente ou com- plicar com celulite e abscesso. MIÍASE SECUNDÁRIA: larvas em feridas ou cavida- des mucosas, destruindo tecidos locais e causando desfigurações. Tratamento MIÍASE PRIMÁRIA • Espremedura da lesão, extraindo a larva com uma pinça. • No caso da morte do parasita, extrair como corpo estranho. Quando morre, a larva aumenta de vo- lume e dificulta a remoção. • Pode ser feita aplicação de pedaço de toucinho sobre o orifício com penetração do parasita após algumas horas. MIÍASE SECUNDÁRIA: retirada cuidadosa das larvas após matá-las com éter ou clorofórmio 5% em óleo de oliva. Pode ser necessário desbridamento. LARVA MIGRANS Também chamada de bicho geográfico, é cau- sada pelo Ancylostoma braziliensis. A penetração da larva ocorre a partir de um solo contaminado com fezes de animais, principalmente de cães. É mais comum no verão pois a contaminação é maior em terreno arenoso úmido e quente. É uma lesão papulosa, linear e serpiginosa, com eritema. Cursa com prurido moderado a intenso. Al- gumas vezes, pode ser um quadro eritemato-papu- loso. Tratamento Albendazol 400 mg 3 dias. Ivermectina DU 6 mg/30kg. Tiabendazol 5% creme 2x. Profilaxia: proibida permanência de cães e gatos nas praias, parques e caixas de areia. TUNGÍASE Causada pela Tunga penetrans, popularmente conhecida como pulga da areia ou bicho-de-pé.A fê- mea é hematófaga e consegue fazer penetração da camada córnea. A fêmea fecundada penetra nos teci- dos do hospedeiro após a cópula (o macho morre), onde se alimenta e enche de ovos. Os hospedeiros mais frequentes são o homem, o porco, o cão e o gato. Geralmente, é encontrada em lugares secos e arenosos, sendo o parasita usual o porco. O parasita mantém sua cabeça e o seu corpo mergulhados na epiderme, deixando para fora apenas a porção posterior. Os ovos são expelidos direta- mente para o meio ambiente. O ciclo dura 17 dias. Quadro clínico Pápula amarelada pruriginosa e dolorosa, com um ponto escuro central (parte posterior do para- sita). Pode ser única ou em múltiplas lesões. Geral- mente, na planta do pé ou nas pregas interdigitais. Tratamento Enucleação do bicho-de-pé com agulha estéril após desinfecção local. Pode ser feito tiobendazol 25 mg/kg 2x/dia por 3-5 dias se infestação múltipla.
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