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A DESCOBERTA DE DIFERENTES TIPOS DE MUCO CERVICAL - Erik Odeblad

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PAULUS 
ERIK ODEBLAD 
Professor Emérito do Departamento de Biofísica Médica, 
da Universidade de Umea, Suécia. 
A DESCOBERTA 
DE DIFERENTES TIPOS DE 
MUCO CERVICAL 
/ 
E O METODO DE . 
,..., 
OVULAÇAO BILLINGS 
PAULUS 
ANTES DE INICIAR O USO DE QUALQUER 
MÉTODO NATURAL PROCURE UM INSTRUTOR 
CREDENCIADO PARA TIRAR TODAS AS SUAS 
DÚVIDAS SOBRE OS MESMOS, POIS SUA 
EFICÁCIA DEPENDE DA CORRETA APLICAÇÃO 
DE TODAS AS REGRAS.
ÍNDICE 
3 Resumo 
5 Apresentação 
7 Anatomia e fisiologia 
8 O que é o muco? 
11 O início da pesquisa 
12 A existência de três tipos de criptas e muco 
diferentes 
14 Identificação e descrição dos mucos G, L e S 
22 Os mucos G- e G+ 
23 Idade, gravidez, anticoncepcionais 
e microcirurgia 
24 O muco P 
27 O muco F 
35 O papel da vagina 
38 Os diferentes tipos de secreções e o 
Método de Ovulação Billings 
38 Dias não-fértis precoces 
40 Os dias de possível fertilidade 
41 Dias de infertilidade tardios 
'14 Ciclos anovulatórios 
, t15 Lactação 
t15 Doenças e o Método de Ovulação Billings 
47 O futuro 
t17 Agradecimentos 
PAULUS Gráfica, 1996 
Rua Padre Tiago Albcrionc, 290 (São Ciro) 
95057-530 Caxias do Sul, RS 
Título original 
The Discovery of Different Types of Cervical Mucus and the Billings Ovulation 
Method. - Bulletin of the Natural Famlly Plannlng Councll of Victoria - Volume 21, 
number 3, september 1994. - Centro Australiano de Pesquisa e Referência sobre 
o Método de Ovulação 
Tradução 
Lavínia Henderson Cotrim 
Sandra Helena Rocha da Cruz 
Revisão 
Ivone Corbó 
Lúcia Aparecida Vieira 
Márcia Helena Vieira 
Capa 
Visa 
Coleção PLANEJAMENTO FAMILIAR 
• Amar de corpo e alma, Dr. Billings 
•Como planejar sua família naturalmente com sucesso (folheto) 
• Planejamento familiar com o método da ovulação, G. Gibbons e D. 
Santamaria 
• O método Billings, Ora. E. Billings e A. Westmore 
• O método da ovulação (o método Billings) folheto 
• Ensinando o método da ovulação Billings, Ora. Evelyn L. Billings 
• Sexualidade na contramão, Gerson A. Silva e Maria Celina T. Martins 
• A descoberta de diferentes tipos de muco cervical e o método de ovulação 
Billings, Erik Odeblad 
© PAULUS -1996 
Rua Francisco Cruz, 229 
04117-091 São Paulo (Brasil) 
Fax (011) 575-7403 
Tel. (011) 572-2362 
ISBN 85-349-0682-3 
Resumo 
Introdução e novos aspectos anatômicos e fisiológicos 
do cérvix e da vagina, bem como uma explicação da bios-
síntese e da estrutura molecular do muco. 
Aqui segue o relato histórico das minhas descobertas 
dos diferentes tipos de muco. Ao analisar minhas pesqui-
sas microbiológicas suspeitei da existência de diferentes 
tipos de criptas e muco cervical e, em 1959, comprovei a 
existência destes diferentes tipos. 
O método para examinar a viscosidade através da 
ressonância magnética foi aplicado a microamostras de 
muco extraído da parte externa de diversas criptas. Em 
1966, estudos preliminares comprovaram a existência de 
dois tipos de muco e, em 1977, foram descritos os três tipos 
- G, L e S. As células do sêmen eram transportadas pelo 
muco S. O muco L atraía sêmen com ·más-formações e o 
muco G formava um tampão no canal cervical durante o 
· período não-fértil. 
' Em 1990, um novo tipo de muco - o muco P - também 
foi identificado. Uma enzima mucolítica que, provavel-
mente vinha do ístmo do cérvix, se associava a esse muco 
e facilitava o movimento de subida das células do sêmen. 
Ao final de 1993, outro tipo de muco - o muco F - foi iden-
tificado. É provável que esse muco seja produzido por 
células fetais remanescentes na parede do colo uterino. 
Abaixo são apresentadas e discutidas as variações 
desses diferentes tipos de muco no decorrer da vida e 
durante um mesmo ciclo, e sua importância para o Método 
de Ovulação Billings. 
3 
Apresentação 
Estou muito satisfeito em poder apresentar meu 
estudo sobre os diferentes tipos de secreções do cérvix e 
sua relação com o Método de Ovulação Billings (Billings 
et. al, 1972; Billings, 1983; Billings e Westmore, 1992). 
A principal indicação dos dias férteis durante um ciclo 
menstrual é o aparecimento e a sensação de uma subs-
tância úmida (muco) que emana da membrana epitelial 
do cérvix. Esse sinal antecede a ovulação e depende do 
crescimento, no ovário, de um folículo que produz estro-
gênio, geralmente seguido pela ruptura e liberação de um 
óvulo (ovulação). O último dia em que essa substância com 
características férteis é observada se chama "dia ápice". 
Em 80% dos ciclos esse é o dia da ovulação. Em cerca de 
10% dos ciclo, a ovulação ocorre no dia anterior, e em cerca 
de outros 10% do ciclo, nos dias após o "dia ápice". 
Além da secreção cervical há aindá uma maturação e 
um descamamento das células superficiais da vagina. Tam-
bém há algumas contribuições que emanam do ístmo, do 
endométrio e das trompas.Já foi demonstrado que o fluido 
peritoneano e o fluido dos folículos durante a ovulação 
contribuem para o fluxo cervical. 
Geralmente, nos períodos não-férteis, os fluidos vagi-
nais são reabsorvidos pelas bolsas de Shaw, reentrâncias 
situadas na parte inferior da vagina (Odeblad, 1964). O 
elemento manganês (Mn) tem um papel importante nesse 
processo (Rudolfsson e Odeblad, 1971). A proliferação epi-
telial pré-ovulatória reduz a r~absorção, e o fluxo do lado 
externo da vagina aumenta. Como conseqüência, aumenta 
também a sensação de umidade durante a fase fértil. 
Sabe-se desde o início do século XX que o ciclo ovaria-
no causa variações nas secreções da membrana mucosa do 
cérvix. Há referências a isso em Billings (1983). Naquela 
época, acreditava-se que a secreção das glândulas - ou 
5 
criptas -do cérvix mudavam de forma ao se sincronizar com 
o curso do ciclo. Desejo informar que as diretrizes elabora-
das por John e Evelyn Billings não foram influenciadas 
pela minha pesquisa. Suas regras continuam válidas. 
nervos 
simpáticos canal do isbno 
ligamento 
útero-ovariano 
com vasos linfáticos~ 
1misculos d1.1 pe lve 
vceUbulo 
Figura 1. Estruturas anatômicas importantes do sistema genital feminino. Os 
feixes de nervos estão indicados à esquerda e a drenagem linfática à direita. 
6 
Anatomia e fisiologia 
Sei que todos conhecem a anatomia e a fisiologia do 
trato genital feminino, mas quero enfatizar alguns fatos 
novos (cf. Figuras 1e14). O ístmo é uma parte do útero que 
se situa entre o corpo e o cérvix, medindo apenas 5-7mm. 
Suas glândulas produzem um fluido - a secreção Z - que 
provavelmente contém diversas enzimas. 
O cérvix tem quatro tipos de criptas diferentes, co-
nhecidas como G, L, Se P, que produzem os quatro tipos 
de muco - G, L, Se P. Além disso, entre as aberturas das 
criptas há algumas células - as células F - que não são 
diferenciadas. Essas células produzem o muco F, prova-
velmente sem qualquer função fisiológica. Já os tipos de 
muco G, L, S e P têm funções específicas no processo 
reprodutivo e são importantes em relação aos sintomas de 
fertilidade e infertilidade. 
Há duas bolsas de Shaw na parte distal da vagina 
(reentrâncias vaginais - Krantz, 1959), que podem absor-
ver água e matéria de baixo peso molecular. O manganês 
tem um papel importante nesse processo. 
A função dos nervos do cérvix não é bem conhecida. 
Mesmo assim, sabemos que o neurotransmissor noradre-
nalina tem um efeito estimulante na secreção do muco S. 
Meus estudos mostraram que algumas criptas estão 
localizadas de forma que dois diferentes tipos de criptas te-
nham uma abertura comum (Figura 1). Uma outra variação 
da anatomia e fisiologia é a fusão de duas criptas vizinhas. 
As criptas se unem para formai uma única cripta, com duas 
aberturas. Essa fusão pode acontecer durante a gravidez. 
O sistema linfático do trato genital, especialmente 
um dos nódulos linfáticos em cada virilha, tem um papel 
especial como indicador da ovulação (Figura 1). Isto de-
pende, em parte, da conexão entre o ovário e a virilha ao 
longo de um cordão fibroso chamado o governáculo, du-
7 
rante o desenvolvimento inicial do embrião (Figura13a). 
Esses problemas serão discutidos em outro trabalho. 
O que é o muco? 
O muco cervical é produzido pela atividade bios-
sintética das células de secreção do cérvix e contém três 
componentes importantes: ( 1) moléculas do muco; (2) 
água; (3) compostos químicos e bioquímicos (cloreto de 
sódio, cadeias de proteínas, enzimas etc.). 
As moléculas do muco têm duas propriedades impor-
tantes: (a) podem se unir para produzir polímeros ou uma 
ampla rede tridimensional (i.e. um gel); (b) como são 
glicoproteínas, suas propriedades podem variar bastante. 
Assim diferentes tipos de muco são produzidos, como por 
exemplo os mucos G, L, Se P, que formam diferentes 
cadeias ou tipos de gel. Além disso, outras substâncias -
íons, cadeias de proteínas e enzimas - podem alterar a 
interação das moléculas de muco e, conseqüentemente, 
suas propriedades biofísicas. O peso molecular do muco é 
cerca de 70.000 daltons, e acreditamos que deve ser de 
vários milhões de daltons para gels. A Figura 2 ilustra a 
estrutura genérica de um gel. 
.Essas estruturas fazem com que o muco não seja um 
fluido normal e sim anormal (i.e., não-N eutoniano - Lofdahl 
e Odeblad, 1980); sua viscosidade não pode ser medida 
utilizando-se a técnica do fluxo líquido. É, portanto, ne-
cessário utilizar outras técnicas, de preferência a Resso-
nância Magnética Nuclear, que não lida diretamente com 
o fluxo, mas que utiliza os movimentos térmicos das 
moléculas no fluido (James, 1975). 
Assim como as glicoproteínas secretadas, as células 
produzem glicoproteínas membranosas, ligadas à mem-
brana das células. Essas glicoproteínas tornam possível a 
8 
identificação imunológica das células. A substância loca-
lizada na membrana basal é um produto semelhante, 
provavelmente secretado pelas células da membrana 
mucosa, assim como as moléculas de ligação ou adesão das 
células. 
Moléculas 
de Água 
Moléculas 
de água 
Figura 2. Estrutura molecular do muco. 1, aderência iônica; H, aderência de 
hidrogênio; D, elos de disulfetos; V. aderência de Van de Walls; E, enrosco de 
moléculas do muco. 
9 
1 
1 
1 
li 
1 
Há três grupos de células na membrana mucosa do 
cérvix: (1) células cilíndricas (colunares) de secreção, que 
são a maioria; (2) células cilíndricas (colunares) ciliadas; 
(3) células "de reserva". A origem das células de secreção 
é conhecida, mas a forma de desenvolvimento dos dois 
outros grupos de células ainda não foi identificada. As 
células da membrana mucosa se soltam lentamente e se 
deslocam com o muco. Novas células surgem para substi-
tuí-las. 
A biossíntense do muco é um processo complexo. As 
células epiteliais são estimuladas por estrogênio (as célu-
las S, L ou P) ou pela progesterona (células G-). O hor-
mônio é ligado a um receptor no citoplasma e a seguir é 
transportado para o núcleo da célula. Em seguida o com-
plexo receptor+ hormônio ativa determinadas partes do 
material genético (DNA), transportado para outro tipo de 
material genético (RNA) que, por sua vez, leva a mensa-
gem genética para o local na célula, onde os aminoácidos 
são armazenados na seqüência correta para formar o 
núcleo de proteína da molécula. Moléculas de carboidratos 
são ligadas, por enzimas, ao núcleo de proteína. É prová-
vel que as instruções dadas à célula de como fazer isso 
sejam diferentes nas células S, L, P e G devi~o a informa-
ções que se acumulam nas células durante o seu período 
de desenvolvimento embrionário. 
A resposta das células a estímulos de estrogênio e 
progesterona é relativamente lenta (de uma a várias ho-
ras). As células S e P também parecem ter acesso a um 
mecanismo de resposta muito mais rápido - o estímulo por 
noradrenalina que age sobre um receptor beta localizado 
em uma membrana da célula. Essa resposta ocorre, pro-
vavelmente, em alguns minutos, e deve ser responsável 
pela descarga "instantânea" que algumas mulheres sen-
tem quando submetidas a alguma grande tensão ou dis-
túrbio emocional repentino. 
10 
Após apresentação de informações básicas, descreve-
rei a descoberta dos diversos tipos de muco. 
O início da pesquisa 
Minha pesquisa sobre o cérvix começou em 1949, 
durante meus estudos de microbiologia que enfocavam 
micoplasmas nos tratos genitais de mulheres saudáveis e 
doentes. Eu era responsável pelos exames ginecológicos e 
pela coleta de amostras microbiológicas. Essa pesquisa foi 
publicada em 1951 e, em 1952 (cfMélen e Odeblad, 1951-
1952). Fizemos algumas observações interessantes nas 
mulheres saudáveis examinadas durante as fases pré e 
pós-ovulatórias. 
(1) Os micoplasmas foram cultivados diversas ve-
zes em 5 de 32 mulheres casadas não-grávidas, 
mas em nenhuma das 13 mülheres virgens ou 
nas outras 11 mulheres virgens estudadas por 
Frisk et al.. (1952) (x2 test,P<0.05). Esse re-
sultado concorda com a transmissão sexual 
dos micoplasmas proposta por Dienes et al. 
(1948). 
(2) Nas mulheres casadas saudáveis, de 17 culturas, 
6 tiveram um resultado positivo na primeira 
parte do ciclo, mas nenhuma deu resultado po-
sitivo na última parte (x2 test,P<0.01), uma indi-
cação que o muco pós-ovulatório pode ter um 
J 
efeito antimicrobiológico (Bartone Wiesner, 1945; 
Pommerenke, 1946). Falarei mais acerca disso 
mais adiante. 
Durante a coleta das amostras observei variações 
características no muco durante o ciclo. Também li três 
trabalhos importantes. O primeiro foi um estudo feito por 
11 
Esselborn ( 194 7) das variações cíclicas das secreções 
cervicais. O segundo foi um trabalho realizado por Rydberg 
(1948) acerca da cristalização do muco cervical. O terceiro 
foi um estudo de Bloembergen et al. (1948) sobre o novo 
método de Ressonância Magnética Nuclear para medir a 
viscosidade. 
A existência de três tipos de criptas 
e muco diferentes 
Já comentei as variações cíclicas das culturas dos 
micoplasmas. Observamos outra situação interessante: 
em três mulheres casadas, saudáveis, que não estavam 
grávidas, os micoplasmas foram recuperados da mesma 
forma cíclica, apesar do fato de não ser possível que essas 
mulheres tivessem sido reinfectadas. Se todas as criptas 
produzem um muco antimicrobiano na fase pós-ovulatória 
do ciclo todos os micoplasmas morreriam e, portanto, não 
reapareceriam. Algum tempo depois, em 1952, imaginei 
que os micoplasmas poderiam sobreviver em criptas ina-
tivas secretórias após a ovulação. 
Para estudar os problemas associados às criptas 
cervicais, estudei biofísica na Universidade da Califórnia, 
especializando-me em técnicas de Ressonância Magnéti-
ca Nuclear e Radioativação. Após voltar para a Suécia, em 
1954, comecei a aplicar esses métodos ao estudo das se-
creções das criptas cervicais. No texto abaixo, descrevi 
apenas a utilização da Ressonância Magnética Nuclear. 
Os estudos de radioativação confirmaram as conclusões 
obtidas através da RMN. 
12 
Em princípio, duas abordagens eram possíveis: 
(1) estudar o muco intracanalicular através de 
macroamostras (Figura 3) que eram, possivel-
Observação .i;pinnbarkheit 
fiabilidade 
s 
L 
G 
p 
Extração da maior parte 
do muco do canal cervical 
Observação, por micróscopio, 
do muco espalhado e ressecado 
L p 
Figura 3. Macroamostra do muco no canal cervical. 
mente, uma combinação de dois ou mais tipos 
(Odeblad and.Bryhnm, 1957); 
(2) estudar o muco obtido de dentro das criptas 
através de microamostras (Figura 4) (Odeblad, 
1966b). 
13 
O estudo das macroamostras não foi difícil, mas o 
estudo das microamostras exigiu um equipamento novo, 
muito preciso, cuja elaboração levou alguns anos. Duran-
te esses anos encontrei na literatura médica, certo apoio 
para a hipótese da existência de diferentes criptas. Obser-
vações por Roland (1958) sobre cristalização e por 
Montgomery (1959) sobre a composição do muco incenti-
varam minha pesquisa e, em 1959, apresentei pela pri-
meira vez os resultados de exames microscópicos que 
demonstravam que o muco cervical era composto por 
vários tipos de muco' diferentes, produzidos por criptas 
diferentes(Odeblad, 1959). 
Em 1966 (Odeblad, 1966b) conseguiu provar, através 
do exame de microamostras, a existência de criptas ("glân-
dulas") que respondiam de forma diferente aos mesmos 
estímulos hormonais. Entre as 70 criptas estudadas, re-
gistros por Ressonância Magnética Nuclear e amostras de 
lâminas indicavam que 38 apresentavam apenas um tipo 
de muco, com diferentes graus de viscosidade (muita e 
pouca). 21 microamostras foram contaminadas durante o 
procedimento de extração. A existência de criptas que 
apresentavam dois tipos de muco foi comprovada mais 
tarde e publicada por meu colaborador (Rudolfsson, 1971). 
É provável que essas criptas tenham duas ramificações, 
com uma abertura comum (Figura 1), sendo que as rami-
ficações têm diferentes funções de secreção. 
Identificação e descrição dos mucos G, L e S 
Ao final de 1968, eu já havia identificado e caracteri-
zado dois tipos de muco, um com muita viscosidade (G) e 
outro com pouca viscosidade (E). O muco E era estimulado 
por estrogênios e o muco G por progesterona. O muco G 
era produzido nas criptas G e o muco E nas criptas E. 
14 
Magneto 
pennanente, 
com espirais de 
modulação elétrica 
• Tempo de rela· 
xamento "spin-
lattice" Tl 
• Viscosidade da 
água do muco 
Figura 5 
Medida de preeisão 
da mudança qulmica 
da água 
• 'l'ipo de ligação da 
água do muco 
Figura 8 
Extração do muco 
de uma única cripta 
do colo do útero 
O muco é transferido 
para um pequeno tubo de 
ensaio para micro-RNM 
Amplificador RF 
Detector 
Amplificador OC 
Gravador 
• Mudança química 
dos prótons de 
mucina 
Composição 
química do muco 
Figura 11 
Figura 4. Microamostra do muco numa cripta cervical 
Também isolamos a fase líquida (ou aquosa 1) do muco. 
Essa fase foi chamada de secreção B porque era seme-
lhante ao soro sangüíneo (Odeblad e Rosenberg, 1968). O 
componente B é secretado temporariamente de forma 
excessiva uma hora após a estimulação mecânica do 
15 
cérvix. Como o muco P (como veremos abaixo), pode 
transportar enzimas da região do ístmo para baixo no 
canal cervical. A secreção B será comentada em mais 
detalhe em um outro trabalho, a ser publicado. 
A descoberta dos mucos G, L e S foi apresentada pela 
primeira vez na Universidade de Surrey, Inglaterra, em 
1976 e depois, em Rottach-Egern, Estocolmo, Nova Delhi, 
Seattle e Sydney, Austrália, em 1977. A maioria dos 
participantes não compreendia como aplicar esses novos 
conhecimentos. O Dr. Max Elstein, da Inglaterra, aceitou 
o modelo G-L-S de imediato, mas o Dr. Kevin Rume, de 
Sydney, Austrália, efetivamente compreendeu o signifi-
cado da descoberta. O Dr. Rume fazia parte do grupo 
Billings. Ele chamou minha atenção para o fato de que o 
muco G poderia estar presente na fase não-fértil do ciclo 
menstrual feminino, e que os tipos de muco L e S estariam 
presentes durante a fase fértil. Também enfatizou que o 
muco S correspondia com o dia ápice. Foi assim que 
comecei a participar, colaborar e me envolver com o 
Método Billings de Ovulação. Seguindo a recomendação 
do Dr. Rume e mostrei em diversos ciclos de diferentes 
durações em mulheres de idades diferentes, que a concor-
dância era estatisticamente significativa. Essa descober-
ta foi apresentada em uma série de conferências em vários 
países, cidades e universidades, tais como Acapulco, 1982 
(publicado em 1983), Melbourne, em 1983 e Paris, 1986 
(Odeblad 1987). 
Diversos estudos (Odeblad et al ., 1984) mostraram 
que o muco Sera muito fluido (Figura 5), e que as células 
do sêmen se movimentavam pelo canal muito rapidamen-
te nesse tipo de muco, chegando às criptas S em 3-10 
minutos. O muco L apresentava uma viscosidade média. 
A estrutura unitária do muco L atraía células do sêmen 
com más-formações ou células que se moviam lentamen-
te, e essa "filtragem" das células do sêmen era eficaz 
16 
I~ 
IL\;, 
1·0 1·5 2·0 2·5 3·0 
Log Tl (tempo de relaxamento "spin-lattice", prótons de água) - > 
100 30 10 3 
<- Viscosidade da fase aquosa do muco Água pura 
Figura 5. Viscosidade das microamostras dos diferentes tipos de muco. 
( Odeblad 1985). Já o muco G tem uma grande viscosidade, 
e forma uma espécie de tampão impenetrável. 
Se tomarmos uma macroamostra do muco cervical e 
permitirmos que ele se espalhe numa lâmina de vidro 
poderemos ver, com o auxílio de um microscópio, alguns 
desenhos interessantes (Figura 6). O muco L mostra 
cristais finíssimos, com a forma de folhas retangulares. 
No muco S vemos cristais com outra configuração - agu-
lhas pequenas e estreitas. O muco G não mostrou nenhum 
cristal, mas apresentou células epiteliais, leucócitos e 
linfócitos. Essas células têm núcleos abundantes (Figura 
7). Estudos através de Ressonância Magnética Nuclear 
indicam que a água do muco S se associa ao muco e forma 
uma estrutura que facilita o movimento das células do 
sêmen para a frente (Figura 8, Odeblad, 196a). 
17 
// 
G-
Figura 6. Todos os tipos de muco presentes em uma amostra do cérvix obtidos 
de uma jovem de 18 anos, virgem. A Figura 6 (a ) mostra os tipos L (x 30), G (x 
80) e G+ (x 160). Observe que os aumentos são diferentes para os diferentes 
tipos de muco. A Figura 6 (b) mostra as secreções P6 ( x 80), Pa ( x80), F (x480) 
e Z (x 320). A secreção F contém alguns leucócitos (células arredondadas) entre 
as células epiteliais (alongadas), porque um pouco de secreção G se sobrepõe ao 
18 
muco F. Na imagem da secreção Z podemos ver (à esquerda) que os ~rânulos da 
enzima tendem a se agregar em estruturas na forma de anéis. A direita os 
grânulos são absorvidos pelo muco Pa. Observem que os aumentos são diferen-
tes nas diferentes fotos. A amostra foi obtida no dia após a ovulação, aproxima-
damente 17 horas após a ovulação ocorrer. A mulher era saudável e a grande 
quantidade de leucócitos e linfócitos na amostra G é um fenômeno normal. 
19 
Em 1983, tive o privilégio de trabalhar com os Drs. 
John e Evelyn Billings, em Melbourne, e também com o 
prof. James Brown e outros pesquisadores do Método de 
Ovulação. As respostas hormonais dos mucos G, L e S 
foram estudadas. Observamos que o muco Lera estimu-
20 
1 
0·502 
ppm 
0·530 
Água 
ppm Muco G+ -0·502 
J.251 ppm 
-----~ 
ppm 3·251 ppm 
Água 
Figura 8. Espectro de muco S, L e G+ obtido por RMN ampliado comparado com 
o espectro da água. Esse estudo demonstrou uma ligação por hidrogênio na fase 
aquosa (A) dos mucos S, L e G+. As ondas H e M são pontos de referência que 
possibilitam a obtenção dos sinais aquosos com quase total precisão. As 
mudanças das curvas indicam que 'à água do muco S tem uma pequena 
resistência a células do sêmen, mas a água do muco G+ tem uma resistência 
muito maior. 
lado por níveis médios que aumentavam, e que o muco s 
era estimulado por altos níveis de estrogênio. Mais tarde, 
demonstrei que o muco S também era estimulado por 
noradrenalina. O muco Gera estimulado por progesterona. 
Na primeira fase não-fértil do ciclo o nível de progesterona 
é baixo, mas suficiente para estimular as criptas G de 
forma fraca (muco G-). Após a ovulação, os níveis de 
21 
11 
1 
progesterona estão altos e estimulam fortemente as crip-
tas G. Nessa fase o muco G é muito denso (muco G+). 
Geralmente não há nenhuma sensação associada ao 
muco G, e nos dias da fase não-fértil não há produção de 
muco.Quando o nível de estrogênio aumenta, o muco L co-
meça a ser produzido, causando, no início, uma ligeira 
sensação de umidade. Mais tarde, quando os níveis de 
estrogênio estão altos e o muco S está sendo produzido, há 
uma sensação escorregadia ou de lubricidade (Figura 15), 
que continua até o dia ápice. Neste dia os níveis de estro-
gênio já estão baixandó, mas a atividade do sistema nervo-
so simpático semelhante à noradrenalina causa uma esti-
mulação do muco S. A Figura 15 mostra as relações tem-
porais das diferentes secreções. Após o dia ápice G, o muco 
é acompanhado por uma volta da sensação seca devido à 
abundante secreção de progesterona pelo corpo lúteo. 
Os mucosG- e G+ 
As duas variações do muco G são produzidas pelas 
mesmas criptas, dependendo dos níveis de progesterona 
no sangue. Meus estudos, em Melbourne, mostraram uma 
correlação positiva entre a quantidade de progesterona e 
o conteúdo de mucina e a quantidade de células no muco. 
É provável que o muco G, especialmente o muco G+, con-
tenha globulinas antimicrobianas, que deve ser a subs-
tância que causou a inativação de micoplasmas nos meus 
estudos microbiológicos, ao passo que os micoplasmas 
puderam sobreviver nas criptas L e S que estavam inati-
vas na fase pós-ovulatória. 
É importante reconhecer que há três tipos de células 
de muco G: (i) células epiteliais, (ii), leucócitos, (iii) 
linfócitos. Sua proporção varia; geralmente há em torno 
de 50% de células, epiteliais, 25% de leucócitos e 25% de 
22 
linfócitos, mas há grandes variações, dependendo de dife-
rentes fatores . Algumas mulheres sempre têm muitos 
linfócitos, outras têm muitos leucócitos. As interleucinas 
podem ter um papel na presença dos linfócitos e leucócitos 
(Cannon e Dinarello, 1985). Inflamações locais ou gerais 
podem influenciar as proporções. 
As viscosidades do muco G- e G+ são apresentadas na 
Figura 5 e na Tabela 2. Os dois tipos são impermeáveis às 
células do sêmen. Em ciclos não-ovulatórios, não há pro-
dução do muco G+. Durante a gravidez, o muco G+ é mais 
viscoso e é chamado de muco Gp (p = pregnancy, ou 
gravidez em inglês). 
Idade, gravidez, anticoncepcionais 
e microcirurgia 
Nas jovens púberes, as criptas S_.,são bastante nume-
rosas. Geralmente são substituídas por criptas L e, na 
pré-menopausa, a quantidade de criptas S é bastante 
reduzida. Essa transformação das criptas L->S é um 
processo normal. Também há uma transformação G-> L. 
Algumas células de secreção, no portio vaginal, são subs-
tituídas pelo epitélio estratificado que avança, de forma 
centrípeta, até a abertura do cérvix. As transformações 
L->S e G->L são parcialmente revertidas por altera-
ções durante a gravidez, mas podem ser parcialmente 
aceleradas por anticoncepcionais. Essas circunstâncias 
podem ser identificadas pela seguinte expressão: uma 
gravidez rejuvenesce o cérvix em 2-3 anos, mas para cada 
ano em que se tome anticoncepcionais, o cérvix envelhece 
um ano. 
Se uma mulher tomar anticoncepcionais durante 10-
15 anos e os suspende para engravidar, pode ter certa 
dificuldade. Diversos estudos indicam que a quantidade 
23 
de criptas S é muito pequena e que, além disso, o canal 
cervical fica muito estreito. Em tais casos, tentei imitar, 
através de microcirurgia, o rejuvenescimento que, geral-
mente acontece durante a gravidez para permitir que as 
células S "tomem" as criptas L. Às vezes (em cerca de 40% 
dos casos) essa microcirurgia não é bem-sucedida. 
OmucoP 
Exames de microamostras das criptas, cujas células 
não puderam "tomar" uma cripta L, apresentaram novos 
resultados. Os cristais não tinham a forma de agulhas 
nem extensões retangulares. A ramificação era hexago-
nal (Figura 9) e os cristais eram finíssimos. Um novo 
. exame das lâminas, obtidas durante ciclos completos, 
indica que esse muco costumava estar presente em maior 
quantidade durante o dia ápice. Esse novo muco foi 
chamado de muco P (=pico). 
Nos anos que se seguiram a 1985 diversas jovens, 
entre 15 e 22 anos que estudavam na universidade ou no 
curso secundário quiseram aprender a acompanhar seus 
ciclos. A maior parte delas também queria um exame 
ginecológico. Seu muco foi colocado em lâminas e exami-
nado. Fiquei surpreso com a grande quantidade de muco 
P dessas jovens. Eu já havia observado que uma grande 
área das lâminas ficava coberta pelo muco P, especial-
mente no dia ápice, e no dia antes do ápice. Nesses casos 
as moças descreveram uma sensação de extrema lubri-
cidade durante esses dois dias. 
Após a identificação e caracterização do muco P, em 
1990, percebi ao ler publicações médicas, que os cristais 
desse muco já haviam sido fotografados por diversos 
autores, como por exemplo Roland (1958) e Rydberg 
(1948), sendo que esse último descreveu a cristalização do 
24 
Figura 9. Comparações do muco P6 com o muco Pa em uma amostra espalhada 
rruma lâmina. No muco P6 os cristais estão presentes com uma forma hexago-
nal e de estrela. No muco Pa os cristais se apresentam no feitio de uma pluma 
ou de forma irregular. 
muco pela primeira vez. Em 1991, observei (Odeblad, 1994) 
queomucoPtinhaduasfunções:(i)umaatividademucolítica, 
com uma variante Pa; (ii) a capacidade de conduzir cé-
' lulas do sêmen das criptas S à cavidade uterina - a varian-
te P6. Essas duas variantes são ilustradas na figura 9. 
Observei ainda que a atividade mucolítica é efetuada 
por uma enzima associada aos grânulos (esferas) do 
tamanho de 1 µm de tamanho que aderem ao muco P. Os 
grânulos têm a capacidade de se agregar e tomar formas 
25 
~I 
anulares ou de estrela (Figuras 6b e 10). Essa secreção 
granular se chama secreção Z (cf o z de enzima). Essa 
secreção, produzida pelas glândulas ou criptas do ístmo, 
provavelmente não varia durante o ciclo e pode conter 
outras enzimas ou substâncias bioquímicas. Estudos re-
centes indicam, porém, que as células Z podem estar 
presentes no canal cervical propriamente dito. 
Figura 10. A varredura por Microscopia Eletrônica apresenta uma amostra de muco 
P6(àesquerda)edemucoP4(àdireita)espalhadasnumalâmina. OmucoP6mostra 
ramificações hexagonais e alguns grânulos (esferas brancas arredondadas) x 1000. 
O muco Pa mostra alguns grânulos (esferas escuras arredondadas) x 7500. Fotos 
tiradas pela Dra. Mikaela Menarguez, Departamento de Biologia Celular, Univer-
sidade de Múrcia, Espanha, em colaboração com o autor. 
A espectometria RMN com prótons indica que os 
compostos moleculares dos diferentes tipos de muco tam-
bém são diferentes (Figura 11). Estudos de microamostras 
26 
obtidas de diferentes locais no canal cervical, demons-
tram que os diferentes tipos de criptas têm "locais prefe-
ridos" (Figura 12). Tanto as redes macromoleculares 
quanto a localização das criptas são, portanto, específicas 
para cada tipo de muco. 
OmucoF 
A análise detalhada de cerca de 600 gráficos, vários 
dos quais guardados por um período de 2 a 4 anos (no total 
mais de 12.000 ciclos), mostraram que diversas jovens, 
. geralmente marcavam diversos dias com marcas amare-
las ("dias amarelos") durante a fase não-fértil, apesar de 
seus exames ginecológicos darem re~ultados absoluta-
mente normais. A maior parte dessas jovens eram virgens 
que jamais haviam tido qualquer infecção genital. Um 
estudo cuidadoso de suas lâminas mostrou a existência de 
um muco semelhante ao muco G- ou G+, praticamente 
sem a presença de leucócitos e linfócitos. Uma aspiração 
precisa desse muco, mostrou que ele não era produzido 
nas criptas, mas no epitélio que cobre a parede endocervical 
entre as aberturas para as criptas (Figura 1). 
As células que cobrem as paredes do canal são prova-
velmente, mais originais ou fundamentais que as células 
que diferenciam as criptas. Esse pressuposto é reforçado 
pela observação de que quanto mais jovem a mulher, mais 
abundante é a quantidade de muco desse tipo. Chamei essa 
secreção de muco F ( = fundam~ntal) e as células, de células F. 
A descrição do cérvix maduro e das criptas mostrados 
nas Figuras 1 e 12, é válida para os anos férteis da mulher 
saudável. Para entender o cérvix maduro, é importante 
estudar o desenvolvimento do cérvix durante a vida em-
brionária, a infância e a adolescência e também sua 
regressão durante e após a menopausa. 
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Figura 11. Espectometria RMN de próton de cinco tipos de muco cervical - F, 
P, G+, L e S . Todos os espectros são diferentes, indicando que a composição dos 
cinco tipos de muco é diferente. 
28 
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Figura 12. Distribuição e Composição macromolecular do muco cervical tipos S, 
L, G e P também a secreção Z proveniente do ístmo. 
Há uma grande quantidade de relatórios sobre o 
desenvolvimento embrionário (p.ex., Davies e Kusuma, 
1962; Copplesson et al., 1967 ;: Hiersche, 1970; O'Rahilly, 
1973; Forsberg, 1976; Graham, 1976; Pixley, 1976). A 
seguinte descrição é talvez admissível. 
Os órgãos urogenitais de um embrião com 8-12 mm 
de comprimento (Figura 13 a) são bastante semelhantes 
em ambos os sexos. De cada lado da cavidade abdominal 
há uma prega - a prega urogenital (UGF) - contendo dois 
29 
dutos, desde o início cordões sólidos de células, chamados 
de dutos de Wolffian (W) e de Müller (Mü). O duto .de 
Wolffian está localizado mais perto do plano médio do 
corpo e tem três grupos de ramificações horizontais a três 
órgãos primitivos, denominados pronefros (P), gônada 
primitiva (Ov) e metanefros (K). Os pronefros logo desa-
parecem completamente e a gônada primitiva se desen-
volve, virando um testículo ou um ovário. Os metanefros 
desenvolvem-se e se transformam em rins, deslocando-se 
para cima, enquanto a gônada desloca-se para baixo. Esse 
movimento da gônada para baixo, é sustentado por uma 
estrutura fibrosa chamada gubernáculo (Gu). O testículo 
desce, consideravelmente, através do canal inguinal em 
direção ao escroto, enquanto o ovário desce só um pouco, 
mas conserva a conecção fibrosa via gubernáculo através 
do canal inguinal com vasos sangüíneos e linfáticos. 
No homem, o duto de Müller sofre uma regressão, 
enquanto os dutos de Wolffian se desenvolvem, transfor-
mando-se no uas deferens e no epidídimo. Na mulher, os 
dutos de Wolffian sofrem uma regressão e os dutos de 
Müller se transformam nas trompas, no útero (com o 
cérvix) e na parte superior da vagina. Porém, em algumas 
mulheres, resíduos dos dutos de Wolffian podem ainda 
estar presentes. 
No embrião feminino, o gubernáculo e o duto de 
Müller se cruzam (emx na Figura 13 a) e aderem no ponto 
de cruzamento. O duto de Müller, acima do ponto de 
cruzamento, torna-se um tubo. Abaixo do ponto de cruza-
mento os dois dutos de Müller se fundem em uma única 
estrutura, formando o útero e a parte superior da vagina. 
A parte inferior da vagina (incluindo as bolsas de Shaw) 
se desenvolve a partir do seio urogenital (UGS). 
A parte fundida dos dutos de Müller é, desde o início, 
um cordão de células sólidas, mas ela se liquefaz central-
mente e forma o canal cervical com seu revestimento 
30 
epitelial. Estruturas glandulares são visíveis no cérvix 2-
3 meses antes do nascimento. O epitélio do cérvix é, 
porém, muito diferente da membrana mucosa madura. 
Antes do nascimento é composta de duas ou mais camadas 
de células (Figura 13b ). As células superficiais têm a 
aparência das células secretoras do cérvix maduro e uma 
atividade secretória pode ser demonstrada por métodos 
histoquímicos. (Nonnis-Marzano e Zinelli, 1959). As célu-
las basais são claras e transparentes. Reid et al. (1967) 
propuseram que essas células podem se originar de 
monócitos que passam através das paredes capilares e se 
movem para suas posições epiteliais. 
As células claras ou transparentes estão sujeitas a 
regressão, e finalmente são encontradas somente em 
certos lugares. O significado fisiológico dessa distribuição 
não é conhecido até hoje. Minha sugestão é que essas ilhas 
de células basais produzem substâncias indutoras, levan-
do à diferenciação das células F em·· células P, S, e L 
(Figuras 13a e 13b ). 
As primeiras estruturas secretoras podem ser desig-
nadas por criptas primordiais G, L, Sou P. Mais tarde, são 
estimuladas hormonalmente para se desenvolverem e se 
transformarem nas criptas maduras G, L, Se P (Figura 
l3b ). Um estímulo transitório, que depende da produção de 
estrogênio placentário, acontece no último mês antes do 
nascimento. Após o nascimento, esse estímulo cessa e as 
criptas atrofiam, "a crise genital do recém nascido" (Courrier, 
1945). Novas proliferações começam antes e durante a 
puberdade. No início, as criptas L, S, e P são estimuladas; 
após alguns anos as criptas G são estimuladas, por 
progesterona, quando do início dos ciclos ovulatórios. 
Os mecanismos através dos quais as células F são 
transformadas em células G, L, Sou P ainda são desco-
nhecidos. Provavelmente, chegar-se-á a uma conclusão 
através dos estudos da biologia molecular, pela introdu-
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·I • 
1. 
ção de células fetais transparentes no grupo de cultura de 
célula F in vitro. 
Durante a infância, a membrana mucosa do cérvix é 
chata ou dobrada, ou algumas vezes granulosa, mas há 
poucas criptas. Produzem somente quantidades mínimas 
de muco. As células são provavelmente, mais freqüen-
temente células F. Da mesma forma, após a menopausa, 
as células diferenciadas incomuns e as células F são mais 
freqüentes, sendo que as células G, L, Se P diferenciadas 
se esfoliaram ou degeneraram. 
É provável que o·muco F seja formadopor um excesso 
de glicoproteínas membranosas das células F que são 
esfoliadas e visíveis no muco. Leucócitos e linfócitos são 
raros. Os cristais da secreção F são poucos e, indistintos 
ou não estão presentes de modo algum e geralmente, os 
núcleos das células F são somente visíveis em lâminas 
depois que o muco F seca. Muitas vezes quantidades 
mínimas de muco Festão misturadas com secreções G, L, 
Sou P, e os cristais L, Se P estão alterados e formam 
padrões irregulares. Nas mulheres em idade de reprodu-
ção, o muco F chega a 1-4% do muco cervical total (Figura 
14b). 
Já foi proposto por J ost ( 194 7) que poderia haver 
um fator, mais tarde chamado de substância de inibição 
de Müller (MIS) ou fator de Jost, que auxilia na regres-
são do duto de Müller, no feto masculino. Estudos 
posteriores (Takahashi et al 1986; Vigier et al 1989) 
mostraram que o MIS também está presente na mu-
lher, e que pode inibir a meiose do oócito na puberdade 
e reduzir a atividade de aromatase ovariana, um passo 
bioquímico na bio síntese de estrogênios. No feto mas-
culino e em meninos jovens, o MIS promove a descida 
dos testículos no escroto. Bioquimicamente, o MIS pa-
rece ser uma glicoproteína com uma atividade geral 
"anti-Müller" e "pro-Wolffian". Funcionalmente, é elas-
34 
sificada como transformando o fator de crescimento 
beta (TGF-b). 
Sugeri que o MIS pode estar envolvido no desenvol-
vimento do "sintoma do muco perdido", uma doença rara, 
mas interessante que foi apresentada em público pela 
primeira, vez durante o Congresso Anual do Conselho de 
Planejamento Familiar Natural de Victoria, em Melbour-
ne, Austrália. Mulheres nessa condição, freqüentemente 
procuram ajuda por causa de infertilidade. Suas tabelas 
revelam que algumas vezes elas perdem seu sintoma do 
muco, aparentemente devido a um fechamento temporá-
rio do osso externo. Isso, por sua vez, se deve à contração 
dos dois ligamentos sacro-uterinos que contêm feixes 
musculares estimulados por contraçõe? pelos hormônios 
estrogênicos. A tensão na contração é mediada para a 
região do osso externo por cordões fibrosos, remanescen-
tes dos dutos de Wolffian, um de cada lado do cérvix. 
Essas mulheres podem ter outros sinais da atividade 
"anti-Müller" tais como, quantidade de mucosa cervical 
e função ovariana prejudicada. 
O papel da vagina 
Não só as células do cérvix, mas também as células da 
vagina produzem um muco que é feito de glicoproteínas 
membranosas. Na vagina há células intermediárias que 
podem contribuir para a pres;ença de muco nos dias não-
férteis. Uma razão para o aparecimento muito freqüente 
de um fluxo fora da vagina, durante esses dias é a redução 
da reabsorção pelas bolsas de Shaw (Figuras 1 e 14). As 
bolsas estão situadas na parte inferior da vagina, e a 
contribuição do muco vaginal emana da parte superior. 
Nesse caso, o resultado do exame ginecológico é bastante 
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normal, e um exame citológico mostra mais células inter-
mediárias. O exame de uma lâmina pelo microscópio tam-
bém mostra quantidades de muco F nas amostras cervicais 
"expandidas". 
Normalmente, a reabsorção pelas bolsas de Shaw é 
reduzida na fase fértil por causa do espessamento do 
epitélio pré-ovulatório vaginal (Odeblad, 1989). A capaci-
dade de reabsorção durante a adolescência pode ser re-
tardada, e pode não haver dias secos. Se uma mulher 
jovem começa a tomar anticoncepcionais a maturação das 
bolsas é ainda mais retardada. Novos estudos apresenta-
rão maiores detalhes sobre o papel da vagina no Método 
de Ovulação. 
Tabela 1. Células detectadas em; e estruturas cristalinas de; várias 
secreções mucosas 
O, não presente; ( +) presente algumas vezes em pequena quantidade; ++ 
quantidade moderada; +++ grande quantidade muco 
Células e cristais 
observados no muco G- G+ L s P6 Pa F 
Células 
Leucócitos ++ +++ (+) o (+) (+) (+) 
Linfócitos ++ +++ o o o o (+) 
Células epiteliais ++ +++ o o (+) (+) (+) 
Células do sêmen 12-24 
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Cristais 
Retangulares o o +++ o o o o 
Hexagonais o o o o +++ +++ o 
Agulhas paralelas o o o +++ o o o 
Irregular (+) (+) o o o + (+) 
37 
Os diferentes tipos de secreções e o método 
de ovulação Billings 
As características mais importantes dos cinco tipos 
de secreções de muco são apresentadas nas Tabelas 1e2. 
As secreções das glândulas do ístmo também são apresen-
tadas nessas tabelas. Gostaria de explicar agora o ciclo 
ovulatório normal baseado em nosso conhecimento desses 
tipos de muco cervical (Tabela 3). Explicarei a situação em 
geral, para mulheres maduras de 23-37 anos de idade e 
explicarei, (através de exemplos), a situação de mulheres 
jovens de 13-22 anos de idade, bem como de mulheres 
alcançando a menopausa (38-4 7 anos). Também chama-
rei a atenção para alguns fatores que surgem durante a 
lactação. 
Dias não-férteis precoces 
Geralmente, após a menstruação, há alguns dias de 
secura nas partes genitais fora da vagina, e carimbos 
(marcadores) marrons que são usados para o registro. O 
muco G e quantidades mínimas de muco F e fluido vaginal 
são produzidos (Figura 15). São viscosos e não fluem 
rapidamente na vagina. Há uma reabsorção ativa nas 
bolsas de Shaw e todos os fatores contribuem para uma 
sensação de secura. Algumas vezes, na mulher jovem, o 
muco F é muito abundante e como os processos de 
reabsorção ainda não se desenvolveram tem-se a sensa-
ção de fragmentação ou secura; nesse caso usam-se carim-
bos amarelos. Em mulheres mais velhas uma situação 
semelhante prevalece, já que a reabsorção diminui após a 
menopausa. Não só o muco F, mas também contribuições 
vaginais levam ao uso de carimbos amarelos. A expressão 
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"Padrão Básico de Infertilidade" é usada por Billings et al 
(1989) para a situação durante a primeira fase não-fértil 
antes do início da maturação do folículo, e em outras 
situações onde há uma ausência ou retardamento do 
crescimento folicular. Anteriormente, nesse texto, co-
menta-se que o Padrão Básico de Infertilidade pode ser 
tanto: (i) dias secos, indicados por carimbos marrons, (ii) 
um padrão contínuo do muco sem mudança (carimbos 
amarelos), ou (iii) um padrão combinado (carimbos mar-
rons para dias secos, carimbos amarelos para dias de 
muco sem alteração). Nessa mesma publicação (Odeblad, 
1989) são feitas algumas considerações acerca do papel 
combinado da vagina e do colo com a descarga vaginal. Em 
um trabalho futuro essas considerações serão ampliadas 
à luz de novas descobertas sobre o muco P, o fator 
mucolítico, o muco F e a secreção B. 
Os dias de possível fertilidade 
Níveis aumentados de estrogênio extraem uma se-
creção do muco nas criptas L. A reabsorção pelas bolsas de 
Shaw está reduzida (Figura 14) e começa uma sensação de 
umidade, viscosidade. Nessa época, usam-se carimbos 
brancos na tabela. Com freqüência, e sobretudo em mu-
lheres jovens, há uma secreção do muco P que tem uma 
atividade mucolítica (os grânulos); o tampão de muco G é 
desalojado e expelido. Após 1-3 dias há uma mudança, os 
altos níveis de estrogênio estimulam as criptas Se há uma 
sensação de umidade e melado (Odeblad et al. 1986), 
dependendo da presença do muco L e S. Essa fase é 
geralmente mais longa em mulheres jovens (Tabela 3) e 
também em mulheres maduras que já tiveram filhos. A 
sensação de umidade e de melado é muito mais curta em 
40 
mulheres atingindo a menopausa ou que tomaram anti-
concepcionais por vários anos. 
O último dia da sensação escorregadia é o dia ápice, 
que coincide com o dia da ovulação em 80% dos casos. A 
probabilidade de engravidar nesse dia é maior. É muito 
importante saber que a quantidade de muco, geralmente 
não está no seu máximo no dia ápice. A quantidade e 
também o período são maiores no dia anterior ao ápice. 
Uma exceção são as mulheres mais idosas. Para elas a 
fase fértil é muito curta, somente um ou dois dias, e nesse 
caso, a quantidade e o período são máximos durante o dia 
ápice. 
Em mulheres mais jovens, o muco P aumenta mais 
uma vez, próximo da época da ovulação e a atividade 
mucolítica idem. Há dois efeitos desse fenômeno: (i) a 
sensação lubrificante aumenta; (ii) se for desejada a 
gravidez, ocorre a lise do muco acima das criptas S e os 
espermatozóides movem-se para cima da cavidade uterina. 
Algumas vezes, essa sensação lubrificante aumenta-
da dura até dois dias em mulheres jovens. 
Após o dia ápice há 3 dias de fertilidade possível, mas 
decrescente. Carimbos marrons são usados na tabela, a 
menos que alguns traços de descarga estejam presentes, 
quando serão utilizados carimbos amarelo-claros. 
Dias de infertilidade tardios 
A fase de infertilidade tardia (Figura 15) começa no 
quarto dia após ápice. O muco G+ é produzido e forma 
uma barreira impenetrável no cérvix. Geralmente, a 
sensação é de secura, e utilizam-se carimbos marrons. 
Normalmente há uma preponderância de muco G+ e 
muito menos muco F no cérvix, e a secreção de muco 
vaginal é mínima. Há uma reabsorção ativa pelas bolsas 
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Tabela 3. As fases dos ciclos ovulatórios normais explicados em termos de 
quantidade de secreções do muco cervical para mulheres com idades entre 13 
e 22, 23 e 37, e 39 e 47 anos 
(+) 0,5 a 1,5%; O,< 1% + 2 a 6%; ++ 7 a 30 %, +++ > 31%* 
Fase do ciclo Duração média (dias) Muco presente(%) 
(Intervalo 95% ) 
p s L F G 
Mulheres entre 13 e 22 anos 
Menstruação 4.5 
Primeiros dias não-férteis 8 (2 a 13) o o + + +++ 
Dias de possível fertilidade 7.5 (5 a 10) 
Início (dias úmidos 
e melados) ++ o ++ o O,+** 
1 o + +++ o o 
1 + ++ +++ o o 
Dia ápice (muito 
escorregadio) ++ ++ +++ o o 
Dia1 pós-ápice 1 + (+) = (+) ++ 
Dia 2 pós-ápice 1 o o o o +++ 
Dia 3 pós-ápice 1 o o o o +++ 
Ciclo inteiro 8 (6 a 14) o o o + +++ 
Mulheres entre 23 e 37 anos 
Menstruação 4 
Primeiros dias não-férteis 6 (4 a 10) o o + o +++ 
Dias de possível fertilidade 6 (4 a 8) 
Início (dias úmidos e melados) + o ++ o O,+** 
1 o + +++ o + 
1 o ++ +++ o o 
Dia ápice (muito 
escorregadio) + +++ +++ o o 
Dia 1 pós-ápice 1 + o + o +++ 
Dia 2 pós-ápice 1 o o o o +++ 
Dia 3 pós-ápico 1 o o o o +++ 
Ciclo inteiro 10 (~a 14) o o o o +++ 
Mulheres entre 38 e 47 anos 
Menstruação 5.5 
Primeiros dias não-férteis 5.5 (2 a 9) o o o + +++ 
Dias de possível fertilidade 3.5 (1a 5) 
Início (dias úmidos e 
melados) o o ++ o + 
1 o o +++ o o 
1 o + +++ o o 
43 
Dia ápice (muito 
escorregadio) + ++ +++ o o 
Dia 1 pós-ápice 1 o o + o +++ 
Dia 2 pós-ápice 1 o o o + +++ 
Dia 3 pós-ápice 1 o o o + +++ 
Late infertile dias 10.5 (8 a 16) o o o + +++ 
Ciclo inteiro 
de Shaw e a situação é muito semelhante à da primeira 
fase de infertilidade. Em algumas ocasiões - raras - algum 
muco viscoso ou descarga vaginal pode fluir; utiliza-se um 
carimbo amarelo na' tabela. No primeiro dia após ápice é 
comum achar numa lâmina os tipos de muco G, L, S, P e 
F , bem como a secreção Z, especialmente em mulheres 
Jovens. 
Ciclos anovulatórios 
Esses ciclos variam enormemente. Freqüentemente, 
há uma regressão de um folículo por uma semana e 
secreção cervical assemelha-se à situação nos primeiros 
dias de infertilidade. No dia após o folículo alcançar seu 
tamanho máximo, todos os tipos de muco são visíveis na 
lâmina do microscópio (Figuras 6a e 6b ). Algumas vezes, 
o folículo persiste por 2-3 semanas após a regressão 
começar; em outros períodos, a regressão é muito rápida, 
até 2-3 dias antes da menstruação. 
44 
Lactação 
Alguns meses após o nascimento um número muito 
pequeno de folículos começa a crescer. Mas eles não 
alcançam a maturidade. Durante essas tentativas, o au-
mento e a redução dos níveis de estrogênio são evidentes, 
e dias úmidos são detectados. No final, um nível de 
estrogênio é suficiente para levar à maturação e ovulação 
quando do dia ápice. É importante que esses eventos 
sejam explicados pelo professor. 
Eu tive acesso apenas a um pequeno número de 
amostras obtidas durante a amamentação. Mas parece 
notável que haja uma grande quantidade inesperada de 
muco, durante o retorno de um episódio de crescimento do 
folículo, não levando à maturação. Essa questão deverá 
ser investigada futuramente. 
Doenças e o método de ovulação Billings 
Esse é um assunto muito amplo, e só posso citar alguns 
exemplos. As doenças podem ser gerais ou específicas 
Doenças gerais 
Anemias - Anemias são geralmente acompanhadas 
por uma quantidade aumentada de muco L e S. Após 
tratamento, esses sintomas cessam. 
Asma - Essa doença não altera as secreções, mas 
tratamentos onde usam-se medicamentos semelhantes à 
adrenalina, levam a um aum~nto da sensação de lubrifi-
cação. 
Icterícia - A icterícia é acompanhada por um mau-
funcionamento do fígado, inclusive do metabolismo dos 
hormônios esteróides. Irregularidades na menstruação e 
na secreção de muco são comuns. 
45 
Doenças específicas 
Infiamação do Cérvix e da Vagina -Essas doenças são 
acompanhadas por uma descarga e alterações elevadas 
na qualidade de fluxo. Fases férteis e não-férteis são, 
algumas vezes, indistinguíveis. Após tratamento, essa 
1 1 imprecisão melhora. 
Anticoncepcionais - É muito freqüente aparecerem 
complicações devido ao uso de anticoncepcionais. A não-
fertilidade após seu uso por 7-15 anos é um problema 
muito sério. As criptás S são muito sensíveis à estimulação 
normal e cíclica por estrogênios naturais, e os anticoncep-
cionais causam a atrofia dessas criptas. A fertilidade é 
prejudicada, já que o movimento do espermatozóide até o 
canal, é reduzido. O tratamento é difícil. Em alguns casos, 
um tratamento hormonal é possível. Em outros casos não-
tratáveis, tenho tentado reconstruir as criptas S através 
de microcirurgia, com resultados aceitáveis, mas o trata-
mento é difícil, e consome tempo. Como já foi mencionado, 
*As anotações semi-quantitativas O, (+), +, ++ e +++ tem o mesmo 
significado que na Tabela 1, ou seja: O, não presente; (+)algumas vezes presente 
em pequenas quantidades; ++ quantidade moderada, +++ grande quantidade. 
Eles são importantes para o diagnóstico médico de, por exemplo, a causa de 
infertilidade. Para a mulher colocar na tabela a sensação qualitativa na vulva 
é muito importante, e para isso são utilizados marcadores coloridos (veja Figura 
15) e trabalhos suplementares. 
++ algumas vezes um tampão 
46 
um estudo cuidadoso de microcirurgia sem sucesso levou 
à descoberta das criptas P e do muco P. 
O futuro 
Acredito que as secreções principais do cérvix Jª 
foram identificadas e caracterizadas. Mesmo assim espe-
ram-se ainda várias novas descobertas, especialmente as 
enzimas produzidas no ístmo do cérvix. Outro campo 
importante é o dos mecanismos celulares envolvidos na 
diferenciação e proliferação das células do muco no cérvix 
do feto. Os processos de reabsorção dos fluidos vaginais 
constituirá objeto para investigação posterior ao nível de 
biologia molecular. 
Sabemos que o Método de Ovulação Billings tem sido 
usado por, provavelmente, mais do que 50 milhões de 
mulheres e famílias no mundo, mas também sabemos que 
muitas mulheres tem dificuldade em aplicá-lo. Hoje, mu-
lheres jovens estão sob uma pressão cada vez maior para 
tomarem anticoncepcionais e outros contraceptivos hor-
monais (injetáveis, DIU's com progesterona ou implantes). 
Para responder a essas pressões é necessário conhecer e 
entender a fisiologia cérvico-vaginal da adolescente. As-
sim, seremos capazes de tratar de mulheres jovens de modo 
que elas não sejam iludidas e, por causa disso deixem de 
usar o Método de Ovulação Billings. Elas irão superar as 
dificuldades e usar o método pelo resto de suas vidas. 
Também é importante a propagação do Método de Ovula-
ção para a próxima geração de mulheres e famílias 
Agradecimentos 
Gostaria de agradecer em particular a meus colabo-
radores, o Professor Axel lngelman-Sundberg e o Dr. 
Bertil Melén, de Estocolmo; Astrid Hõglund, Unto 
47 
1r • 
Leppãnen, Carin Rudolfsson-Asberg, Carol Sjorgren e 
Lena Bergstrõm, de Umea; os Doutores John e Evelyn 
Billings, Professor James Brown e Mrs Kath Smyth, de 
Melbourne, além do Dr. Kevin Rume, de Sidney. Gostaria 
também de agradecer a ajuda dada a mim pela minha 
família e agradecer à Dra. Mikaela Menarguez-Carreno 
da Universidade de Múrcia, Espanha, pelo trabalho de 
microscopia eletrônica, assim como à Sra. Susan Freyer 
de Calgary, Canadá, pela tradução de trabalhos do fran-
cês para o inglês. Também gostaria de expressar meus 
agradecimentos ao Professor Lars-Eric Thornell pela per-
missão de usar o TV-fotomicroscópio do Departamento de 
Anatomia, de Umea. 
48 
férteis . Trata-s l u mn · 
diretament n ss ump 111 1u111 111111111 ,

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