DOENÇAS DAS ADRENAIS As principais patologias relacionadas às glândulas suprarrenais (adrenais). V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O REVISÃO: CICLO BÁSICO • Localização: As adrenais se localizam no retroperi- tônio, sobre a face medial dos polos superiores dos rins. • Morfologia: Cada glândula possui uma cápsula e duas camadas: córtex periférico e medula central. o Adrenal direita: Formato triangular, se encontra próximo à veia cava inferior. o Adrenal esquerda: Maior, localizada entre o rim esquerdo e a aorta, próximo à cauda do pâncreas e à artéria esplênica. VASCULARIZAÇÃO • Suprimento arterial: Deriva das artérias frênicas inferiores, aorta e artérias renais. A microvasculatura é crucial, permite a comunicação entre o córtex e a medula. o Capilares corticais: Ricos em cortisol, drenam para a medula, onde estimulam a conversão de norepinefrina em epinefrina. • Drenagem venosa: À direita pela veia cava inferior e a esquerda pela veia renal esquerda. INERVAÇÃO DAS ADRENAIS • Córtex não possui inervação! • Medula → Nervos simpáticos pré-ganglionares: Oriundos dos gânglios esplâncnicos maior e celíaco EMBRIOLOGIA • Córtex: Derivado do mesoderma próximo à prega urogenial, surge por volta da 4ª-7ª semana. • Medula: Originária da crista neural, pelas células cromafins da crista neural. HISTOLOGIA → CAMADAS! 3 CAMADAS DO CÓRTEX (FORA PARA DENTRO) • Zona glomerulosa: Produz aldosterona e deoxicor- ticoesterona. (15% do córtex) → PARA LEMBRAR: Glomerulosa lembra glomérulo, que lembra rim, que lembra aldosterona. o Função: Reabsorve Na+ (e consequente água) e excreta K+ e H+. • Zona fasciculada: Produtora dos glicocortiocoides cortisol e corticosterona. (75% do córtex) → PARA LEMBRAR: Fasciculada é a mais fácil de lembrar. o Função: Inúmeras! Tem ação catabólica, aumento da glicemia e imunodepressão. • Zona reticular: Mais profunda, produtora dos androgênios DHEA e androstenediona. (10%) o Função: Sexual, principalmente pilificação feminina e libido. *A medula adrenal é sempre menor que o córtex, é a produtora de catecolaminas e contribui com 10% do peso total da glândula (que tem em média 4g). • Função: As catecolaminas tem função importante no tônus vascular e na frequência cardíaca. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-SUPRARRENAL • Hipotálamo: Produção de CRH, que estimula a secreção de ACTH. • Hipófise: Produz ACTH (ou corticotrofina), é um hormônio produzido a partir do precursor POMC e que vai atuar principalmente nas zonas fasciculada e reticular, promovendo a secreção de cortisol e androgênios. • Adrenal: O ACTH se liga a um receptor de membra- na, ativando a primeira enzima da esteroidogênese (StAR), essa enzima vai clivar colesterol e converter ele em pregnolona. o O colesterol provém do LDL plasmático, mas também pode ser produzido dentro da própria adrenal o Efeito trófico do ACTH: Na sua ausência ocorre atrofia e no seu excesso ocorre hipertrofia. • Feedback negativo: O cortisol em excesso inibe a síntese de ACTH e CRH pelo hipotálamo-hipófise. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O BIOSSÍNTESE DE ESTERÓIDES HIPERALDOSTERONISMO CLASSIFICAÇÃO • Primário: Aumento de aldosterona e queda no resto do eixo (renina). • Secundário: Aumento de todo o eixo, tendo como principal causa a estenose de artéria renal. HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO ETIOLOGIA: • Adenoma Produtor de Aldosterona (APA): ou doença de Conn • Hiperplasia Adrenal Idiopática (HAI, causa mais comum). QUADRO CLÍNICO: 3 principais sintomas! • Hipertensão arterial refratária: A aldosterona puxa muito sódio e água, causando hipervolemia e aumento da pressão SEM EDEMA PERIFÉRICO. • Hipocalemia: Excreta muito potássio, pode ser manifesta por uma fraqueza/paralisia muscular. • Alcalose metabólica: Excreção de H+ exacerbada pelo excesso de aldosterona. DIAGNÓSTICO: Laboratório + Exame de imagem. • Laboratório: Dosamos a Concentração de Aldosterona Plasmática (CAP) e a Atividade de Renina Plasmática (ARP) entre 8-10h da manhã, vamos encontra uma aldosterona alta e renina baixa, razão aldesterona/renina alta (>50 confirma o diagnóstico sem mais nenhum exame). • Imagem: TC de abdome! Serve para localizar em qual glândula é o problema e se é uma hiperplasia ou um tumor. o Lesão > 4cm: Sugestiva de carcinoma TRATAMENTO: Difere nas duas patologias. ADENOMA ADRENAL • Adrenalectomia unilateral videolaparoscópica • Corrigir potássio no pré-operatório • Iniciar espironolactona em altas doses HIPERPLASIA ADRENAL IDIOPÁTICA • Espironolactona: 100-400 mg/dia, atua como um antagonista específico da aldosterona, tem ação antiandrogênica, podendo causar disfunção erétil e queda da libido. • Eplerenona: 100-200 mg/dia, usado na intolerân- cia à espironolactona. SÍNDROME DE CUSHING/HIPERCORTISOLISMO INTRODUÇÃO • Definição: Conjunto de sinais e sintomas decorren- tes da exposição crônica do organismo a um excesso de glicocorticoide. • A causa mais comum é a iatrogênica: Exógena! Pelo excesso do uso de corticoide. REVISÃO DO CICLO E CLASSIFICAÇÃO V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O ETIOLOGIA • Exógena: Causa mais comum! O indivíduo faz uso de corticoide em excesso (doses > 7,5 mg/dia), suprime os níveis séricos de cortisol, ACTH e CRH. • Primário: Adenoma de adrenal (principal causa), vindo o carcinoma logo atrás. Para diferenciar, precisamos lembrar que geralmente os carcino- mas são grandes (> 6 cm), além de tenderem a secretar androgênios além do cortisol (virilização). • Secundário: Doença de Cushing (corticotropinoma é o nome dado ao tumor da hipófise que causa a patologia), é muitas vezes benigno e de pequenas dimensões (<10 mm), é a principal causa endóge- na de Síndrome de Cushing. QUADRO CLÍNICO • Obesidade central: O tecido gorduroso é redistri- buído da periferia (catabolismo) para o centro, constantemente. • Hiperglicemia/diabetes mellitus: Pelo mesmo mecanismo de aumento da gliconeogênese, a obesidade e o excesso de cortisol induzem também a resistência insulínica periférica. • Fáscies em lua cheia e giba: Toda a gordura perifé- rica vai pro meio. • Estrias violáceas: A pele também vai sendo consumida e ficando fica na região abdominal, causando estrias. • Fragilidade capilar: A pele fina (por atrofia do estrato córneo da epiderme e subcutâneo) expõe os vasos sanguíneos, com tendência a formação de equimoses em traumas mínimos. • Eosino/Linfopenia: Pela imunodepressão do excesso de glicocorticoides. • HAS: Pelos efeitos mineralocorticoides do cortisol, através da saturação da enzima 11b-HD2, o que justifica também a alcalose metabólica hipocalêmica. • Osteoporose: O cortisol diminui a absorção de cálcio no intestino e aumenta a excreção nos rins. • Fraqueza muscular proximal: Pelo consumo de glicogênio muscular e da própria musculatura (catabolismo proteico). DIAGNÓSTICO 1. Suspeita clínica: Presença desses sinais típicos. 2. Dosagem de cortisol: Diferentes testes, respeitan- do os picos do cortisol ao longo do dia.! a. Cortisol salivar noturno: Dosar o cortisol à noite pela saliva, espera-se que o cortisol esteja baixo (meia noite o cortisol deve estar baixíssimo ou indetectável). b. Cortisol urinário 24h: Coleta o cortisol na urina o dia inteiro, é um bom marcador pois é composto por quase 100% da fração livre. Para o teste ser positivo, deve dar acima de 3x o limite superior da normalid. c. Teste da DEXA (manhã): Ao contrário do salivar noturno, só que na noite