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ECA_Aula 4_Direito à convivência

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AULA 4
DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Dentro da sistemática dos direitos fundamentais, o legislador tratou do direito à convivência familiar de forma abrangente, procurando estabelecer regras que norteiam o cuidado à criança e ao adolescente dentro da família natural, as responsabilidades, os deveres e os direitos dos pais. Para isso, elenca situações recorrentes nesse ambiente e, em seguida, trata, da mesma forma, de responsabilidades, cuidados e deveres na família substituta, cuja modalidade excepcional de constituição se dá mediante guarda, tutela e adoção.
Acesse sua disciplina on-line, entre em Biblioteca da Disciplina e leia os textos "Direitos da criança e do adolescente na convivência familiar e comunitária" e "Guarda, tutela e adoção para os menores de 18 anos".
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
 Art. 19 
- O legislador, de início, deixa bem claro que TODA CRIANÇA DEVE SER CRIADA E EDUCADA NO SEIO DE SUA FAMÍLIA E, EXCEPCIONALMENTE, EM UMA FAMÍLIA SUBSTITUTA, em ambas as situações livre da presença de pessoas envolvidas com substâncias entorpecentes (ou “drogas”, segundo a terminologia da nova Lei 11.343/2006). Da disposição legal, retiramos três pontos importantes: 
1º) A criança ou adolescente, em princípio, deve ser criada(o) sempre por uma família, e não em abrigos; 
2º) Essa criança ou adolescente somente irá conviver em uma família substituta quando seus pais não tiverem condições de garantir essa convivência, excetuando-se o previsto pelo art. 23 do ECA; 
3º) A criança ou adolescente não deverá conviver em lar onde haja o consumo de substância entorpecente (droga), cabendo a retirada do lar do genitor usuário de droga, e não da criança.
 Art. 20 – Este artigo praticamente repete a norma constitucional que iguala os filhos independentemente de sua origem (art. 227, § 6º, da CRFB), ou seja, havidos ou não da relação decorrente de um casamento ou, ainda, se decorrentes de uma filiação civil - adoção.
 Art. 21 – O legislador estatutário pretendeu esgotar o tema relativo à convivência familiar e, neste dispositivo, cuidou da FUNÇÃO CONJUNTA DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS FILHOS tratando do instituto do pátrio poder, hoje PODER FAMILIAR, nos moldes da CF.
 Apesar de esse tema ser tratado pelo direito de família, para uma melhor compreensão, algumas considerações são necessárias a seu respeito (veja o Capítulo V – Do Poder Familiar – art. 1.630 a 1.638 do Código Civil). 
 PODER FAMILIAR = Complexo de DIREITOS E DEVERES PESSOAIS E PATRIMONIAIS DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS FILHOS MENORES, tendo por meta final o melhor interesse destes.
 O art. 6º do ECA contempla esse princípio sem, entretanto, nominá-lo. 
 Vale lembrar que O PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DECORRE DO ART. 3º DO DECRETO Nº 99.710/90, que promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança. 
 A natureza jurídica desse instituto, segundo a ótica do Estado, significa UMA OBRIGAÇÃO OU UM ENCARGO QUE DECORRE DA LEI E ABRANGE A REPRESENTAÇÃO, A ASSISTÊNCIA E A ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS FILHOS MENORES. Pela ótica dos filhos, significa o direito dos pais de determinar as suas vidas, ou seja, onde estudar, com quem andar, que roupas usar etc.
 
O poder familiar possui cinco CARACTERÍSTICAS interessantes:
1. Trata-se de um PODER-DEVER DOS PAIS DECORRENTE DA LEI. Logo, é um múnus publicus.
2. É IRRENUNCIÁVEL, ou seja, não é permitido ao pai dizer “não quero mais”.
3. É INALIENÁVEL, ou seja, não é passível de transação.
4. É IMPRESCRITÍVEL, ou seja, uma vez pai, será pai sempre. Esta obrigação não desaparece pelo não-exercício ou pelo decurso do tempo, embora possa ser extinto ou suspenso. Veja a característica 1.
5. É INCOMPATÍVEL COM O EXERCÍCIO DA TUTELA, ou seja, esses dois institutos não coexistem. Havendo poder familiar, não cabe tutela.
I - SITUAÇÕES QUE LEVAM À EXTINÇÃO OU À SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR:
1. Aquisição da maioridade civil do filho;
2. Morte dos pais;
 A morte dos pais rompe apenas com o poder familiar, mas não rompe com o vínculo de parentesco. Assim, um pai destituído do poder familiar poderá ser condenado a pagar alimentos para o seu filho. 
3. Emancipação do filho;
4. Sentença judicial que decrete a extinção ou a suspensão do poder familiar.
 
O Código Civil prevê três hipóteses de suspensão do exercício do poder familiar dos pais, em seu artigo 1.637, assim temos as seguintes modalidades : 
descumprimento dos deveres inerentes aos pais; 
ruína dos bens dos filhos; 
      3.     condenação em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. 
O poder familiar também pode ser extinto. Esta extinção é de forma definitiva e não pode ser revogada, são elas: 
        1. morte dos pais ou do filho; 
        2. emancipação do filho; 
        3. maioridade do filho; 
        4. adoção do filho, por terceiros; 
        5. perda em virtude de decisão judicial. 
O Código Penal, em razão da elasticidade do poder familiar, prevê algumas condutas por conta do exercício irregular do poder familiar, como, por ex, nos artigos 244, 245, 246 e 247. 
 Art. 22 – Os ATRIBUTOS previstos na legislação civil QUANTO AOS PAIS, DECORRENTES DO PODER FAMILIAR (art. 1.163, 1.767 e 1.768 do CC), são acrescidos de outros pelo ECA, que, embora anteriores, complementam os do Código Civil. São eles:
1. DEVER DE SUSTENTO – a obrigação de ambos os pais em alimentar seus filhos;
2. DEVER DE GUARDA – ambos os pais têm o DEVER DE TER O FILHO SOB OS SEUS CUIDADOS, exceto quando existe uma decisão judicial que dá a guarda ao outro ou a 3ª pessoa;
3. DEVER DE EDUCAÇÃO – embora a CRFB tenha dado liberdade no exercício de criação dos filhos, ela também exigiu responsabilidade de ambos os pais, na medida em que a primeira fase da educação deve-se dar primordialmente em casa e complementarmente na escola;
4. OBRIGAÇÃO DE CUMPRIR OU FAZER CUMPRIR AS DETERMINAÇÕES JUDICIAIS – decorre da igualdade de direitos conferida aos pais na direção da vida de seus filhos; em caso de discordância, a solução fica a cargo do Poder Judiciário (exemplo: art. 148, parágrafo único, d, do ECA).
II - DESTAQUES NO NOVO TEXTO LEGAL:
1. Se o poder familiar é exercido em igualdade de condições pelos pais, enquanto não houver uma decisão judicial que determine com quem ficará o filho no caso de separação do casal, o filho poderá ficar com um ou com outro.
2. Se houver um acordo entre os pais de que o menor permanecerá com a mãe e caberá ao pai o direito de visitá-lo livremente e, mais tarde, a mãe não mais permitir a visitação do pai, nada impede que o pai pegue o filho e o leve para casa sem o consentimento da mãe, ou vice-versa. Isso porque a guarda é exercida em igualdade de condições.
3. A obrigação de cumprir ou fazer cumprir as determinações judiciais, por ser pouco conhecida sua aplicação, é muito restrita nas varas de família, mas os advogados devem alertar seus clientes do risco do não cumprimento dessa obrigação, na medida em que o próprio ECA, no artigo 24, ao tratar das causas de suspensão ou destituição do poder familiar, elenca as hipóteses do art. 22.
 Art. 23 – O legislador estatutário resgatou uma grande injustiça social que assolava o nosso país, onde os filhos eram separados de seus pais pelo simples fato de serem pobres. Assim, hoje a lei de forma clara determinou que a simples falta de recursos financeiros não é suficiente para se separar uma família. 
 Contudo, deve-se ficar atento para a redação da lei, quando estabelece “o simples fato de ser pobre”. A disposição legal nos leva a concluir que a pobreza seguida do desinteresse, do abandono ou do descompromisso será causa para a destituição ou a suspensão do poder familiar. Logo, aquela mãe que pede para abrigar seu filho e não o visita por falta de dinheiro para passagem não corre o risco de perdê-lo, mas aquela mãe que não o visita sob o pretexto de não ter dinheiro e depois aparece no abrigo fumando, com cabelos e unhas pintados e roupa da moda etc. poderá ser processada civil e, quiçá, criminalmente (art. 244 do CP).Art. 24 – O legislador nesse artigo trata das situações que podem ensejar a perda ou suspensão do poder familiar. A perda do poder familiar se constitui na medida mais grave aplicada aos pais no âmbito civil. A lei condiciona a sua aplicação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, bem como a limita às situações constantes nos artigos 1.637 e 1.638 do Código Civil e no art. 22 do ECA. 
DA FAMÍLIA NATURAL
 Art. 25 – O legislador definiu família natural como sendo a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus filhos. É interessante observar que o legislador estatutário utilizou-se de conceituação própria para indicar o significado de família natural, seguindo o artigo 226, § 4º da CRFB, deixando de lado o conceito tradicional de família do Direito Civil. Esta técnica é muito importante para a conclusão de que os responsáveis diretos pelos menores são seus pais.
 Ao analisar este artigo em conjunto com os demais dispositivos, pode-se concluir que essa lei introduziu uma verdadeira revolução nos nossos hábitos, na medida em que não podemos continuar responsabilizando somente o Estado. Isso porque, na escala de responsabilidades, art. 4º do ECA, o Estado se assenta na quarta posição. Então, há responsabilidade concorrente entre a família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder público, ou seja, o Estado lato sensu (União, Estado, Município). Dessa forma, enquanto os titulares dessa obrigação não assumirem suas responsabilidades, dificilmente os objetivos do ECA serão alcançados.
 Art. 26 – Este dispositivo cuida do reconhecimento voluntário, ou perfilhação, do filho havido fora do casamento. Este reconhecimento pode ser feito no próprio termo de nascimento mediante a declaração de um ou de ambos os pais. Se o filho já houver sido registrado por um dos pais, nada impede que o outro o reconheça no mesmo documento, mediante averbação judicial ou a seu pedido, desde que o outro, ouvido, concorde. O reconhecimento também poderá ser feito por escritura pública, testamento ou outro documento público qualquer. A legitimação pode preceder o nascimento do filho, mas, se ele estiver morto, só poderá ser reconhecido se tiver deixado descendentes (parágrafo único), para evitar a legitimação por interesses, até porque, se ele não deixou descendentes, seus bens irão para aquele que o reconheceu.
 Ressalte-se que: 
1) o reconhecimento de filho não pode estar subordinado à condição ou termo (art. 1.613 do CC); 
2) o filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento e o filho menor reconhecido pode impugnar a legitimação até 4 anos após a maioridade ou emancipação, por intermédio de ação própria (a chamada ação de contestação ou impugnação de reconhecimento, art. 1.614 do CC); 
3) Os efeitos decorrentes da legitimação retroagem à data do nascimento;
4) qualquer que seja a forma de reconhecimento, ela será sempre irrevogável; 
5) Apesar de o testamento ser um ato passível de revogação, ele não poderá ser revogado na parte em que o testador reconheceu um filho extraconjugal.
 Art. 27. O filho não reconhecido, voluntariamente, pode obter o seu reconhecimento de forma judicial, pela propositura de ação de investigação de paternidade. Esta ação tem a natureza declaratória e é imprescritível, por se tratar de uma ação de estado. 
 O DIREITO À LEGITIMAÇÃO DO ESTADO DE FILIAÇÃO é um DIREITO PERSONALÍSSIMO E INDISPONÍVEL. Embora essa ação seja imprescritível, a Súmula 149 do STF se aplica, pois É IMPRESCRITÍVEL A AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE, MAS NÃO O É O DE PETIÇÃO DE HERANÇA.
 Hoje, segundo o disposto no art. 205 do CC, A PRESCRIÇÃO SE DÁ EM 10 ANOS, a contar não da morte do suposto pai, mas do MOMENTO EM QUE FOI RECONHECIDA A PATERNIDADE. Se o filho foi reconhecido e já completou 16 anos de idade, o prazo prescricional começa a fluir a partir do óbito, mas se ainda não alcançou essa idade, a prescrição começa a correr somente a partir da data em que completar os 16 anos (art. 198, I, CC). Como se trata de uma ação personalíssima, a ação terá que ser movida pelo próprio filho. Assim, tratando-se de absolutamente incapaz, a ação será proposta por ele representado pela mãe. Se o filho morrer antes de iniciar a ação, seus herdeiros não poderão dar início à ação, salvo se ele morrer menor e incapaz (art. 1.606 do CC).
 A Lei nº 8.560/92 atribui legitimidade ao Ministério Público para mover ação de investigação, desde que os dados sejam fornecidos pelo oficial do registro civil (art. 2º, § 4º).
 
 A partir do artigo 28 o legislador traçou algumas regras que têm por fim orientar ao julgador no momento de sua decisão. Deve ser ressaltado que essas regras não se limitam ao juiz da infância, mas dirigem-se a todos os juízes que estejam decidindo o futuro de um menor. Razão pela qual acabam sendo mais utilizadas pelos juízes das varas de família. Assim, um bom advogado de vara de família, que não esteja inteirado dessas regras, poderá sucumbir. 
DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
 Art. 28 - O legislador informa que existem três modalidades de colocação em família substituta, ou seja, guarda, tutela ou adoção, independentemente da condição financeira da criança ou dos requerentes.
 § 1º - Estabelece que, sempre que possível, o menor deverá ser ouvido e sua opinião devidamente considerada. Esta regra é muito importante na medida em que, hoje, a opinião do menor poderá até mesmo indicar o rumo da decisão no processo. Cabe aqui um questionamento quanto ao fato de a criança ou de o adolescente poder estar sendo induzida(o) por adultos quanto ao deslinde da lide. Vale dizer que a maioria das varas que lidam com questões que envolvem situações de menores possui equipe interprofissional capaz de analisar a postura da criança e do adolescente, em consonância com o contexto, exarando, ao final, um laudo que servirá de suporte para uma decisão mais justa, no interesse do menor (art. 151 do ECA).
 § 2º estabelece que ao apreciar o pedido o juiz deverá levar em conta: o grau de parentesco, a relação de afinidade e a de afetividade. 
Quanto ao grau de parentesco, é claro que O GRAU MAIS PRÓXIMO AFASTA OS MAIS REMOTOS. 
Quanto à relação de afinidade e afetividade, devemos compreender que estas palavras não são sinônimas, na medida em que AFINIDADE ESTÁ VINCULADA À IDÉIA DE UM ELO QUE UNE AS PESSOAS EM RAZÃO DE UM DETERMINADO COMPORTAMENTO OU GOSTO, que pode ser traduzido através de uma música, um esporte etc. Já a idéia do AFETO está vinculada diretamente ao SENTIMENTO DO AMOR.
 Veja, na prática, o quanto estas regras são importantes: muitas vezes, o litígio é travado entre pessoas que possuem o mesmo grau de parentesco (pai e mãe) e, em razão disso, o grau de afeto também deve ser o mesmo. Assim, o grande fator de desempate dessa questão será a relação de afinidade, cabendo ao advogado demonstrar qual deles possui o grau de afinidade maior. Veja que é muito comum os filhos reclamarem que os pais gostam mais de um filho do que do outro. É claro que este tipo de reclamação não pode ser verdadeiro, porque o amor dos pais é o mesmo, o que pode existir é que um pai tenha mais afinidade com um determinado filho, por gostarem do mesmo tipo de música ou do mesmo time de futebol ou outra identificação qualquer.
 Art. 29 – A colocação de família substituta a quem revele qualquer tipo de incompatibilidade com o pedido ou não ofereça um ambiente familiar adequado.
 Exemplo: trata-se de um pedófilo ou o local de moradia se constitui num prostíbulo, ou o requerente é um conhecido traficante de drogas etc.
 Art. 30 - Deferida a colocação em família substituta, não será permitido ao responsável a transferência do menor a um terceiro ou a um abrigo público ou privado. 
 O legislador, ao tecer essa regra, deixou claro que A TRANSFERÊNCIA DO MENOR SOMENTE PODE SER FEITA EM JUÍZO e não de ofício entre as partes. Assim, se alguém é detentor da guarda de um menor e não deseja mais esse encargo, deverá RENUNCIAR EM JUÍZO e não abandoná-lo à sua própria sorte ou entregá-lo para um terceiro. 
 Esteartigo evidencia a NATUREZA PESSOAL DA MEDIDA e lhe confere responsabilidades (veja artigos 33 e 36, parágrafo único, do ECA). 
 Atenção: ESTE PRINCÍPIO É APLICÁVEL À ADOÇÃO, ENQUANTO NÃO OCORRA O TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE A CONFERIU, pois em razão dos artigos 48 c/c 20, 47, § 3º, todos do ECA.
 Art. 31 – Seguindo as orientações da convenção internacional dos direitos da criança, o legislador estatutário excepcionou, ainda mais, a colocação em família substituta estrangeira. Partindo da interpretação sistemática, conclui-se que a colocação em família substituta já é exceção e a colocação em família substituta estrangeira é a exceção da exceção, ou seja, a criança somente irá para um lar estrangeiro quando não houver nenhuma família brasileira interessada nela. 
 É claro que ESTA REGRA DEVE TER POR PRESSUPOSTO MAIOR O MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA e não o das famílias (veja art. 6º do ECA). Assim, como as crianças não esperam para crescer, as soluções devem ser tomadas de forma a permitir que elas cresçam no seio de uma família e não à espera de uma.
 Art. 32 – A lei denomina Termo de Compromisso o documento que serve de prova do exercício da guarda e da tutela. Aqui, a lei não se reporta ao documento que comprova a adoção, porque este se faz por meio da certidão de nascimento (artigo 47 do ECA).
GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO PARA OS MENORES DE 18 ANOS
GUARDA
A primeira modalidade de COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.
É o instituto pelo qual ALGUÉM, PARENTE OU NÃO, ASSUME A RESPONSABILIDADE SOBRE UM MENOR DE 18 ANOS, passando a dispensar-lhe todos os cuidados próprios da idade. 
No direito brasileiro a guarda de menores pode advir de 2 situações distintas e sujeitas a diferentes disciplinas jurídicas: 
1) A guarda de menores em decorrência da SEPARAÇÃO DOS PAIS e 
2) Guarda de menores na SITUAÇÃO CONTIDA NO ARTIGO 98 DO ECA. 
As regras relativas à guarda decorrentes da separação dos pais estão contidas no CC dentro do capítulo da proteção da pessoa dos filhos (artigos 1.583 e seguintes).
 Art. 33 - A guarda contida no ECA visa a regularizar uma situação de fato (§1º), por questões as mais diversas, é possível que o menor não esteja em companhia dos pais. A GUARDA NÃO AFETA O PODER FAMILIAR EXERCIDO PELOS PAIS BIOLÓGICOS, por isso pode ser confiada a terceiro. O ECA reflete este entendimento nesse dispositivo, bem como prevê três modalidades de guarda:
1) PROVISÓRIA (art. 33, § 1º): PRELIMINAR E INCIDENTAL, vai depender do momento em que for concedida, porque a liminar é concedida no início e a incidental, no curso do processo.
2) PERMANENTE (art. 33, § 2º, 1ª hipótese): Destinada a atender SITUAÇÕES PECULIARES, FORA DOS CASOS DE ADOÇÃO OU TUTELA, que são mais benéficas para o menor. É medida estimulada pelo art. 34 do Estatuto. Vale lembrar que, pelo art. 35 do ECA, a guarda pode ser revogada “a qualquer tempo”.
3) PECULIAR (art. 33, § 2º, 2ª hipótese): Novidade introduzida pelo Estatuto. VISA A SUPRIR UMA FALTA EVENTUAL DOS PAIS, permitindo que o guardião represente ao guardado em determinada situação e fora do processo. Na petição de guarda há que ser requerido no pedido o deferimento do direito de representação para o exercício específico. Ex: Para acompanhar menor por ocasião da rescisão de um contrato de trabalho.
 Observe que não se deve confundir a falta eventual dos pais com a morte deles, já que A FALTA DECORRENTE DA MORTE, EM PRINCÍPIO, NÃO GERA A GUARDA PECULIAR, MAS A GUARDA DEFINITIVA, TUTELA E ATÉ ADOÇÃO com as ressalvas do art. 42 do ECA 
- Efeitos da guarda: Art. 33. Como a lei ressalta entre os efeitos o direito à previdência no caso de morte do guardião, alguns autores classificaram esse efeito como sendo uma quarta modalidade de guarda.
Obs. 1: GUARDA PREVIDENCIÁRIA (art. 33, § 3º): Deve ser negada, salvo se o menor EFETIVAMENTE viver sob os cuidados do guardião. Vale indicar a leitura da Lei da Previdência Social para observar a impossibilidade da guarda para “efeitos previdenciários”.
Obs. 2: O fato de os genitores carecerem de recursos materiais para arcar com as despesas inerentes à criação dos menores NÃO JUSTIFICA A COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA (art. 23, ECA).
TUTELA
A segunda modalidade de COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.
Regulamentação – CC, art. 1.728 a 1.766; ECA, art. 36 a 38; CPC art. 1.187 a 1.198. 
Visa a SUBSTITUIR O PODER FAMILIAR 
Só é cabível a colocação de criança/adolescente em família substituta mediante a modalidade tutela QUANDO ESTIVER DESPIDA DE PODER FAMILIAR (morte de seus pais, ausência ou estarem decaídos do poder familiar). 
A tutela é um ENCARGO PESSOAL, isto é, deve ser EXERCIDA PESSOALMENTE PELO TUTOR. A tutela não pode ser concedida a mais de uma pessoa (Leoni), não havendo nenhum empecilho de ordem legal ou prática em que o cônjuge do tutor exerça determinadas atividades sem que a ele tenha sido, também, deferido o munus. O encargo deve ser exercido pelo próprio tutor, não podendo delegar seus poderes a outras pessoas, mas pode delegar algumas atividades executivas da tutela, sem que com isso transfira sua responsabilidade ou divida o exercício do encargo, o que não pode é querer se fazer substituir por outrem.
MODALIDADES DE TUTELA:
1. TESTAMENTÁRIA: Decorre de ato de última vontade do testador (art. 1.729 e § único, CC) 
2. ATRAVÉS DE DOCUMENTO AUTÊNTICO: Aquela que é feita por qualquer outro ato ou documento, que não o testamento;
3. LEGÍTIMA: Decorre do rol indicado pelo legislador (art. 1.731 do CC);
4. DATIVA: Tem CARÁTER SUBSIDIÁRIO; na falta dos tutores acima, o juiz indica um de sua confiança. Na vara da infância o juiz costuma nomear o conselheiro tutelar para essa função (art. 1.734 do CC).
Da leitura dos art. 36 a 38 do ECA pode-se observar que o legislador estatutário não objetivou regulamentar o instituto da tutela, até porque esse está muito bem detalhado no novo Código Civil, que manteve a linha do Código revogado e protege os órfãos com patrimônio, tanto que dos 40 artigos do Código Civil apenas um se reportava ao abandonado. 
 Assim, dentro desse propósito, o ECA previu 4 situações em que o juiz pode dispensar o tutor da especialização da hipoteca legal, já que o maior óbice da tutela sempre decorreu da obrigação imposta ao tutor de ser obrigado a indicar bens para serem penhorados. Como o novo texto da lei se reporta à caução, e não à hipoteca, devemos adequar o ECA aos dispositivos do novo Código Civil e, por conta disso, no lugar de ler a dispensa da especialização de hipoteca
legal, deve-se ler a DISPENSA DA CAUÇÃO.
Obs.1: No Código Civil, art. 1.765, a tutela será exercida pelo prazo de 2 anos. Veja-se também o § único do mesmo dispositivo.
Obs. 2: No ECA, art. 36 a 38, NÃO HÁ PRAZO, pois é forma de colocação em família substituta.
Obs. 3: Onde se lê no art. 36 do ECA é possível requerer a tutela de adolescente com 18 anos incompletos por força do art. 5º do Código Civil. Vale lembrar que o Código Civil não revogou o ECA em nada como se vê no art. 2.045 do Código Civil.
ADOÇÃO PARA OS MENORES DE 18 ANOS 
- Terceira modalidade de colocação em família substituta. 
- A adoção do Estatuto é JUDICIAL: institui-se através de SENTENÇA, e tem NATUREZA CONSTITUTIVA.
- Finalidade da adoção: Dar uma família aos desamparados ou a quem não tenha família – art. 28 e 43 do ECA. Também o art. 21 da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança preceitua a observância da PRIMAZIA DO MELHOR INTERESSE PARA O ADOTANDO. A paternidade é uma função social, pois só existe quando efetivamente exercida.
- Com relação à adoção e à paternidade social, consulte Rodrigo da Cunha Pereira (indica-se o site do IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito de Família no endereço http://www.ibdfam.com.br – Nos itens Artigos, biblioteca, boletim, estudos etc.). 
- O ato de adotar é um ato personalíssimo, não admitindo representação – art. 39, § único, ECA.
Nos artigos subseqüentes, o legislador traçou regras quanto à legitimidade das pessoas que podem adotar, incluindo impedimento parcial do tutor e curador, impedimento totaldos avós e irmãos e adoção por separados ou divorciados. 
Também definiu os REQUISITOS para a concessão da adoção, como: idade mínima e estabilidade familiar, diferença de 16 anos, consentimento, dispensa e desnecessidade de consentimento, revogabilidade do consentimento, concordância do adotando, reais benefícios para o adotando, estágio de convivência, efeitos pessoais e patrimoniais.
MODALIDADES DE ADOÇÃO: 
Unilateral (§ 1º do art. 41)
Póstuma (§ 5º do art. 42),
Intuito personae (a mãe é quem escolhe para quem vai dar o filho) e
Internacional (art. 51). 
 Art. 50: O ECA, além de prever o cadastramento das crianças e adolescentes passíveis de serem adotados, prevê ainda a habilitação das pessoas que pretendem adotar perante o Juízo da Infância e Juventude. 
 A habilitação não confere aos pretensos adotantes o direito sobre determinada criança só pelo fato de estar na vez da chamada para adoção. 
 A adoção internacional se diferencia da adoção nacional no processo de habilitação, na medida em que este é processado pela Ceja - Comissão Judiciária de Adoção e não perante o juiz da infância. Também é importante ressaltar que estrangeiro, para efeitos da Lei nº 8.069/90, não está vinculado à nacionalidade das pessoas, mas sim ao domicílio. Assim, se um brasileiro residente na França desejar adotar uma criança aqui no Brasil, terá que se habilitar primeiro na França para em seguida habilitar-se no Brasil. De posse do certificado de habilitação, o processo de adoção segue o trâmite normal dos art. 165 a 170 do ECA, isto é, perante o juiz da infância e da juventude.
Cumpre ressaltar que o CC trata também da adoção e não revogou o disposto no ECA (art. 39 a 52 e art. 2.045 do Código Civil). Assim, com base na Lei de Introdução ao Código Civil, §§ 1º e 2º do art. 2º (Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942), ambas as normas estão em vigor e se complementam. Diante de tal observação, mister se faz a compatibilização entre as normas legais
referidas:
Assim, a partir de 2002, TANTO A ADOÇÃO DO MAIOR COMO A DO MENOR SÃO CONCEDIDAS POR MEIO DE SENTENÇA JUDICIAL, e ambas têm CARÁTER IRREVOGÁVEL.
Saiba mais: livro Adoção: doutrina e jurisprudência, de Libórni Siqueira, 10ª edição, Rio de Janeiro: Folha Carioca, 2004, página 413, que se refere ao fluxo do procedimento de adoção, tutela e guarda sob o título “Colocação em Família substituta” (art. 165 a 170).
Amplie seus conhecimentos nos livros:
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - Aspectos Teóricos e Práticos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. 
ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. São Paulo: Atlas, 1994.
Nestes livros, abordam-se pontos muito interessantes sobre o tema desta aula.
Sites:
1. www.abmp.org.br - Você terá oportunidade de saber sobre:
a) Rede de Justiça
b) Biblioteca dos Direitos da Criança;
c) Centro de Boas Notícias;
d) Links Úteis e Muito Mais.
2. www.terradoshomens.org.br/script/principal.asp - Veja os itens projetos, notícias ou, ainda, publicações. Obs.: Essa organização não-governamental desenvolve um programa de atendimento nos moldes do Art. 90 do ECA, para a reintegração familiar e comunitária de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social (referência: art. 98 do ECA).

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