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PAPEL SOCIAL E POLÍTICO DO PODER JUDICIÁRIO 
web aula 5
 
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. PODER JUDICIÁRIO – É o órgão com a atribuição de administrar a Justiça. É formado por um conjunto de autoridades com o poder de julgar. Representa, portanto o Estado, na missão de aplicar as leis, vigiar sua execução e reparar violações às relações jurídicas. A autoridade competente é o JUIZ, também conhecida como Magistrado, pessoa investida no cargo, por concurso público, com competência e jurisdição, limites de sua atuação, com o fim de julgar – dar uma sentença ou ordem judicial. Quando se fala em JUSTIÇA refere-se à organização judiciária que recebe denominações próprias às finalidades. 
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Perfil da Magistratura no Brasil: 1995 –2005
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A magistratura brasileira hoje: Perfil demográfico e sociológico
A recente pesquisa atesta que, em linhas gerais, o magistrado brasileiro típico é do gênero masculino; de cor branca; com média de idade de 50 anos (44,4 anos dentre aqueles em atividade); casado, com filhos; proveniente de família com mais de um filho; filho de pais com escolaridade inferior à sua; formado em Faculdade de Direito Pública.
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	A média de idade dos magistrados em atividade é maior entre os homens (45,3 anos, enquanto a das mulheres é de 42,3 anos). A ampla maioria (80,8%) é casada, sendo que solteiros e separados/divorciados apresentam igual proporção (8,8%). Além disso, em regra, os entrevistados possuem cônjuges com semelhante nível de instrução formal, dos quais 71,6% apresentam diploma superior – número que cresce dentre aqueles em atividade (78,8%). A mobilidade geográfica é baixa: 69,2% dos entrevistados são magistrados na mesma unidade da federação em que nasceram. Menos de um quinto dos entrevistados leciona em faculdades de Direito públicas, faculdades privadas, Escola da Magistratura ou outras instituições.
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 	A pesquisa indica, ainda, mobilidade social e democratização na composição da coletividade de magistrados, em virtude de 32,3% dos pais dos entrevistados não chegarem a ter ensino fundamental completo – embora o corte aposentados / ativos mostre grande aumento no percentual de pais com nível superior (17% versus 38,6%).
	Apenas 17,8% possuíam mães com nível superior, com grande discrepância entre aposentados e ativos (3% versus 23,2%) – assim como ocorre dentre aqueles cujas mães não tinham instrução formal (18,2% versus 6,8%), desta vez no sentido da redução.
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	Quanto à formação acadêmica, 52,7% obtiveram diploma em faculdades públicas, tendo cursado em média 4,3 anos. 36,6% afirmaram cursar ou terem concluído outro curso de graduação superior. A situação funcional se mostrou relevante no que se refere ao interesse por pós-graduação, menor entre aposentados do que entre ativos nas proporções de diplomados em especialização (31,2% versus 47,2%) e mestrado (11,2% versus 13,3%) – o contrário ocorre com o título de doutor (5,5% versus 3,3%).
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	Quase a totalidade dos magistrados em atividade (96,5%) exerceu alguma outra profissão antes do ingresso na magistratura, o que confirma o caráter não elitista do recrutamento. A democratização e abertura na composição da magistratura é observada no recrutamento exógeno: há maior proporção de magistrados que possuem parentes em carreiras jurídicas no contingente de aposentados do que entre aqueles em atividade, especialmente na própria magistratura (31,1% versus 26,1%) e no Ministério Público (19,3% versus 16,3%). De fato, a pesquisa evidencia que a maior parte dos entrevistados não possui parentes em carreiras profissionais públicas ligadas ao Direito.
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	Percepções e avaliações sobre o sistema de justiça
		Quase a metade dos entrevistados (48,9%) considera muito ruim ou ruim o quesito agilidade do Poder Judiciário. Neste item, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho receberam as melhores avaliações, enquanto STF e Justiça Estadual receberam mais notas “ruim” / “muito ruim”. Quanto às custas, a avaliação do Judiciário foi um pouco menos negativa (40,9% definiram como muito ruim) sendo que Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho e Justiça Federal receberam as melhores avaliações, ao passo que as avaliações negativas predominaram a respeito da Justiça Estadual. Quanto ao dever da imparcialidade, Justiça Estadual, Estadual e Federal levaram as maiores proporções positivas (59,4%, 53,4% e 48,8%), enquanto o STF se destacou pelo volume de avaliações negativa (31,7%).
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		No tocante à orientação preponderante na tomada de decisões judiciais, a consideração de “parâmetros legais” (86,5%), superou o “compromisso com as conseqüências sociais” (78,5%) e, principalmente, o “compromisso com as conseqüências econômicas” (36,5%). Ainda que a referência à legalidade apareça sempre em primeiro lugar, observa-se uma considerável maior proporção da categoria “compromisso com as conseqüências sociais” nos seguintes estratos: magistrados da ativa (83,8% versus 64,1% dos aposentados), do gênero feminino (88% versus 75,7% dos homens), do 1° grau (80,3% versus 73,1% daqueles de 2ª instância), com até 5 anos de exercício (90,2% versus 64,9% dentre os magistrados com 21 anos ou mais de exercício.
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		Quanto à avaliação da atuação e composição do STF, a avaliação geral é regular (média 5,1), recebendo a pior nota (3,9) o item independência em relação ao Executivo, ao passo que a relação com tribunais superiores foi o campo mais bem avaliado (média 6,5). Magistrados da ativa, do gênero feminino, de menor tempo de exercício profissional e da região Sul demonstraram as apreciações mais críticas. A única forma de composição aprovada é a de indicação “apenas dentre membros da carreira da magistratura” (média 7,8 em grau de concordância).
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 Com relação à atitude frente a temas diversos, o nepotismo é amplamente rejeitado (67,9%), embora mais tolerado dentre homens, magistrados de 2° grau, de maior tempo de atividade (21 anos ou mais), da região centro-oeste e na proporção médio-alto no IDH. Os segmentos mais favoráveis à proibição da contratação de parentes foram mulheres, de 1º grau, com até 5 anos de exercício. 73,4% dos entrevistados concordam com poderes de investigação do Ministério Público, sendo mais a favor aqueles na ativa, mulheres, atuantes no 1° grau e em tribunais, da região sul e do quartil alto. 89,8% apóiam o monopólio da prestação jurisdicional por parte do Poder Judiciário. 
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	A atuação de advogados no âmbito processual é avaliada por aproximadamente metade dos entrevistados como regular nas três áreas questionadas: conhecimento técnico, ética e celeridade processual. A avaliação é mais crítica dentre os que estão na ativa, do gênero feminino e do 1° grau, especialmente nos critérios de ética.
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Considerando-se apenas os magistrados em atividade, a média de idade observou um pequeno acréscimo (de 42,4 anos, em 1995, para 44,4 anos, em 2005), contrariando a tendência de juvenilização anteriormente observada. O relativo envelhecimento do corpo de magistrados também se observou pela queda no contingente abaixo dos 30 anos (de 11,6% para 5,4%).
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	Em 1995, 83% dos juízes apontavam que o “Poder Judiciário não é neutro” e que “em suas decisões, o magistrado deve interpretar a lei no sentido de aproximá-la dos processos sociais substantivos e, assim, influir na mudança social”. Porém, quase a metade dos entrevistados (46,6%) associava a opção pela não-neutralidade à defesa do Estado de Direito.
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	Diante de todo o exposto, o perfil da magistratura obtido em 2005 ratifica, de um modo geral, a marca da heterogeneidade observada desde a origem social até percepções, opiniões e atitudes dos atores em destaque. Os indícios de estancada na tendência de juvenilização, crescente feminização, sutil incorporação de grupos não brancos e disparidades nas origens familiares, de um lado, além de avaliações bastante críticas de diversos setores do sistema judicial brasileiro e baixo número de propostas consensuais, de outro, constatam mais uma vez o traço dinâmico de uma identidade corporativa
em claro processo de abertura (ainda que retardatária) em relação às fortes demandas da sociedade brasileira contemporânea por mudanças e reformas no sentido da consolidação democrática.
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CASO 1 - TJ do Rio instaura procedimento administrativo disciplinar contra juíza de São Gonçalo. O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, por unanimidade de votos, instaurou ontem procedimento administrativo disciplinar para apurar o envolvimento da juíza Sônia Maria Garcia Leite Machado, titular da 4ª Vara de Família de São Gonçalo, com o inspetor da Polícia Civil Marco Antônio dos Santos Bretas, o Marcão. Apontado como intermediário de propinas pagas pela máfia dos bingos, Marcão foi preso em maio de 2007 durante a Operação Hurricane, da Polícia Federal. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Federal registraram conversas entre a juíza e o policial. No trecho interceptado, a magistrada teria cobrado o empréstimo prometido. 
A representação judicial foi encaminhada ao Órgão Especial pelo presidente do TJ, desembargador José Carlos Schmidt Murta Ribeiro. O prazo de conclusão do procedimento administrativo disciplinar é de 90 dias e, durante este período, também por decisão do Órgão Especial, a juíza não será afastada das suas funções na Vara de Família de São Gonçalo. Em sua defesa, a juíza Sônia Maria disse que mantém uma relação de amizade com o policial civil, mas que não tinha conhecimento da sua ligação com a máfia dos bingos. Segundo ela, o dinheiro tratava-se de um empréstimo, uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras. A magistrada afirmou também que, entre 2000 e 2002, ficou à frente da Vara Criminal de Bangu e, durante esse período, julgou crimes comuns, concedeu autorização para escutas telefônicas, mas nunca proferiu decisão em favor de bingos. O desembargador Marcus Faver, primeiro a votar pela instauração do processo disciplinar, disse que a apuração dos fatos será feita com total garantia de defesa da magistrada (www.tj.rj.gov.br, 19/08/2008). 
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Diante da notícia, responda as seguintes questões:
a) Quais são as garantias constitucionais inerentes aos magistrados? A magistrada em questão faz jus às mesmas? Em que hipótese pode perdê-las? 
b) Quais são os objetivos sociais das referidas garantias?
c) A juíza em questão exerce a magistratura de 1º ou 2º grau? Como são escolhidos os magistrados deste grau de jurisdição?  
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CASO 2
TEXTO 1 - A extinção do quinto constitucional e a resistência da OAB.  Ao mesmo tempo em que o STJ não vota a lista tríplice dos advogados indicados pela OAB para o preenchimento do quinto constitucional naquele Tribunal, é apresentado Projeto de Emenda Constitucional propondo a extinção do sistema de escolha dos ministros do STF pelo Presidente da República e do sistema do quinto constitucional em todos os Tribunais, além de alterações significativas em todos Tribunais, inclusive no TSE, TREs, TCU e no Ministério Público. Esta investida contra o quinto constitucional foi denunciada pelo presidente da OAB Federal, Cezar Britto, em carta dirigida a todos os advogados brasileiros, na qual afirma: “o gesto do STJ está em grave contradição com o papel institucional elementar de um tribunal, que é o de guardião das leis. A advocacia está perplexa e preocupada com este impasse, que expõe e desgasta o ambiente judiciário(...). A PEC tem um cunho oportunista... O quinto constitucional é um dos maiores patrimônios do Judiciário” (Disponível em: http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica/news/313767/, 19/07/2008). 
 
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TEXTO 2 -O Professor DALMO DE ABREU DALLARI, em sua obra “O Poder dos Juízes” considera, in verbis: “Seria mais razoável, e mais condizente com a democracia, permitir que entidades representativas de advogados, juízes e do Ministério Público, bem como os tribunais superiores federais e estaduais, apresentassem sugestões de nomes. Entre os três que obtivessem maior número de indicações, o Presidente da República escolheria um nome para ser submetido à aprovação do Senado. Esse procedimento daria publicidade ao processo de escolha, evitando a premiação de “amigos do rei”, assegurando a legitimidade do escolhido.” (O Poder dos Juízes. São Paulo, Ed. Saraiva, 1996, p. 115).
 
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TEXTO 3 – Prática do Quinto Constitucional vira argumento para nepotismo. Uma corrente de magistrados considera que a raiz do tráfico de influência política e de nepotismo no Judiciário (...) é legitimada pelo artigo 94 da Constituição. (...) Na última eleição municipal, o TER anulou a eleição em Campos, absolveu o ex-governador Anthony Garotinho e Rosinha (de um processo por compra de votos que os tornariam inelegíveis), num voto de Minerva (desempate, decidido pelo ministro Marlan de Moraes Marinho, presidente do TER). em seguida, o irmão dele, Lindolpho de Morais Marinho, foi nomeado desembargador do TJRJ, escolhido por Rosinha Garotinho, conforme a legislação do Quinto Constitucional (Jornal do Brasil, 23/08/2008, p. A11).
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A existência do quinto pode enfraquecer a atuação profícua dos membros do Ministério Público e da advocacia, na medida em que a perspectiva próxima de acesso a um tribuna pode vir a arrefecer um espírito mais combativo no exercício independente daquelas funções, postura essencial ao ideal funcionamento da Justiça.  
 
a) Mediante o que os textos apresentam, explique as vantagens e desvantagens  decorrentes da extinção do sistema de escolha dos ministros do STF pelo Presidente da República e do sistema do quinto constitucional em todos os Tribunais. 
b) As mesmas críticas relativas ao sistema de escolha dos magistrados que compõem a Corte suprema do país (STF), também pode ser percebida na escolha dos magistrados de 1ª instância?

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