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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PIO DÉCIMO FACULDADE PIO DÉCIMO GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DOENÇAS PARASITÁRIAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS DEREK FAHEL VILANOVA NASCIMENTO BABESIOSE BOVINA ARACAJU/SE 2021 INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PIO DÉCIMO FACULDADE PIO DÉCIMO GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DEREK FAHEL VILANOVA NASCIMENTO BABESIOSE BOVINA Trabalho apresentado à disciplina Doenças parasitárias dos animais domésticos do Curso de Medicina Veterinária, ministrada pela professora Amanda Pedral, como requisito parcial à aprovação na disciplina. ARACAJU/SE 2021 INTRODUÇÃO Em áreas tropicais o carrapato Boophilus microplus é o vetor de uma das doenças mais importantes para animais de produção, a babesiose bovina. Causada por protozoários do gênero Babesia, no Brasil estão envolvidas as espécies B. bigemina e B. bovis (BRACARENSE; VIDOTTO e CRUZ), é considerada uma doença endêmica no Brasil, causa prejuízos econômicos em áreas de instabilidade, especialmente a redução na produção de carne e leite, além de custos indiretos com medidas preventivas e tratamento dos animais (D’ANDREA, 2006). A doença clínica é relacionada a ciclos repetidos de invasão e multiplicação dos protozoários em eritrócitos do hospedeiro, seguidos de lise eritrocitária e invasão de outros eritrócitos (RODRIGUES et al., 2005). Além da importância destacada na pecuária, essas enfermidades constituemse também em zoonoses (RODRIGUES et al., 2005). ETIOLOGIA No Brasil, a babesiose bovina é uma hemoparasitose causada pelos protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina, as quais apresentam como único vetor biológico o carrapato Boophilus microplus. CICLO BIOLÓGICO As babesias são transmitidas aos hospedeiros vertebrados pela picada do carrapato durante seu repasto sanguíneo. No vertebrado, estes hemoparasitos invadem os eritrócitos, transformam-se em trofozoítos e iniciam a multiplicação por divisão binária simples ou esquizogonia. Inicialmente os trofozoítos encontram-se unidos, e posteriormente, se separam, rompendo o eritrócito e partindo para invasão de outros. B. equi ao invés de pares, geralmente forma tétrades, e no caso de B. canis podem ser encontrados inúmeros trofozoítos no interior da mesma hemácia. Este processo multiplicação-invasão pode continuar indefinidamente durante toda a vida do animal. No carrapato, o ciclo de vida acontece de duas formas, que dependem da espécie de babesia e da espécie do carrapato, sendo que estes podem albergar simultaneamente mais de uma espécie de Babesia. Nos carrapatos monoxenos (Boophilus microplus, Dermacentor nitens), que desenvolvem todo seu ciclo em apenas um hospedeiro, há um tipo de desenvolvimento, e nos heteroxenos (Amblyomma sp. e Rhipicephalus sanguineus), que utilizam mais de um hospedeiro para fechar o ciclo, há outro. O ciclo nos monoxenos ocorre da seguinte forma: as babesias ingeridas pelos carrapatos penetram e se multiplicam nas células epiteliais do intestino, ali caem na hemocele, penetram os túbulos de Malpighi, nos ovários, e invadem os oócitos infectando os ovos. Nas larvas infectadas, as babesias se desenvolvem na hemocele ainda dentro do ovo, e posteriormente nos estádios de ninfa e adulto do carrapato migram para as glândulas salivares, onde continuam se multiplicando e são transmitidas aos hospedeiros definitivos. Assim, no ciclo dos monoxenos, a transmissão é transovariana, ou seja, de geração a geração. Nos heteroxenos, a transmissão é transestadial, isto é, de estádio a estádio do ciclo do carrapato. Se a ingestão de babesias ocorrer na fase de larva, as ninfas é que farão a transmissão para o animal, ou se a ingestão ocorrer na fase de ninfa, a fase adulta é que será a transmissora. A multiplicação das babesias nos vetores heteroxenos ocorre na hemocele, onde se reproduzem por divisão múltipla formando pseudocistos que podem abrigar até 200 microrganismos. Posteriormente, os pseudocistos se rompem e há invasão dos músculos do carrapato que permanecem inalterados até a próxima metamorfose, quando as babesias migram para as glândulas salivares. Nas glândulas salivares, elas continuam suas multiplicações por divisão binária, e aguardam serem inoculadas nos hospedeiros definitivos. SINAIS CLÍNICOS A patologia causa destruição dos glóbulos vermelhos e, consequentemente, uma hemorragia conhecida como subtecidual. A hemorragia interna aumenta as chances de anemia, provocando a desnutrição e perda de peso do animal, mas existem outras complicações prováveis. Os eritrócitos são destruídos pelos parasitas e liberam a hemoglobina na corrente sanguínea que, por sua vez, divide-se em dois componentes, a “heme” e a “globina”. A globina é fagocitada por macrófagos, enquanto a heme é rica em ferro e protoporfirina. Essa segunda se oxida e resulta na pigmentação bilirrubina, resultando em uma alta concentração no sangue do animal que pode intoxicá-lo por não ser expelida na velocidade necessária. Essa pigmentação resulta em uma coloração amarelada, em especial nas mucosas, sendo essa uma das formas de identificar a tristeza bovina ou babesiose. Outros sintomas incluem: • Anorexia; • Taquicardia e taquipneia devido à anemia; • Hipertermia em decorrência ao parasitismo; • Hemoglobinúria, que consiste em sangue na urina; • Diminuição dos movimentos de ruminação; • Prostração; • Diminuição ou suspensão da lactação; • Efeitos neurológicos como agressividade, movimentos de pedalagem e andar cambaleante. DIAGNÓSTICO Os testes sorológicos são ferramentas importantes na realização destes estudos epidemiológicos, uma vez que os anticorpos gerados na resposta imune à Babesia sp podem ser detectados no soro de bovinos por longos períodos (MADRUGA et al., 2000). Os estudos sorológicos são importantes não só para o monitoramento da babesiose, como para a adoção de estratégias adequadas de controle e a detecção de anticorpos anti- Babesia spp pode ser realizada por diferentes testes sorológicos, sendo a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e o ELISA métodos sensíveis e específicos, que colaboraram para o avanço dos estudos epidemiológicos (JULIANO et al., 2007). PROFILAXIA A profilaxia se baseia principalmente em quatro estratégias que visam ao combate aos carrapatos. A primeira é através de carrapaticidas usados em banhos de imersão levando- se em consideração a dose e concentração corretas, fazendo-se sempre o rodízio do princípio ativo afim de que seja evitada a resistência por parte dos carrapatos; a segunda é a premunição, que é a exposição do animal ao agente, seguidos de correto tratamento para que sejam ativadas as células de defesa; a terceira é a vacinação utilizando-se protozoários vivos, apesar de esta técnica apresentar a desvantagem de muitos animais morrerem devido a infecção causada pela vacina ou pela intoxicação através do babesicida usado para controlar uma possível superinfecção, valendo lembrar que os esquemas de vacinações geralmente são feitos com vacinas atenuadas que contêm parasitas menos virulentos e incapazes de infectar os carrapatos vetores, estas fazem com que os animais fiquem menos expostos a infecção, ou ainda podem ser feitos com vacinas mortas, estas já um pouco desacreditadas em virtude de sua fraca imunogenicidade; e a quarta estratégia é a quimioprofilaxia através de drogas como o imidocarb que possuem um efeito residual que permite ao animal adquirir a infecção de forma mais branda a proporção que a ação da droga vai diminuindo. REFERÊNCIAS BRACARENSE, A. P. F. L.; VIDOTTO, O.; CRUZ, G. D. Transmissão congênita de Babesia bovis. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.53, n.4, ago. 2001. EMBRAPAGADO DE CORTE. Babesiose bovina. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/naoseriadas/babesia/babesia.html>. Acesso em: 16 out. 2021. JULIANO, R. S. et al. Soroepidemiologia da babesiose em rebanho de bovinos da raça Curraleiro. Cienc. Rural, v.37, n.5, Santa Maria set./out. 2007. LIMA, W.S. et al. Seasonal variation of Boophilus microplus (Canestrini, 1887) (Acari: Ixodae) in cattle im Minas Gerais State, Brazil. Tropical Animal Health and Production, Edimbrugh, v.32, p.375-380, 2000. MADRUGA, C. R., ARAUJO, F. R., MARQUES, A. P. C. et al. Desenvolvimento de uma prova de imunoadsorção enzimática para detecção de anticorpos contra Babesia bovis. Pesq. Vet. Bras. 2000, v. 20, n. 4, p. 167-170. MARTINS, J. R. De olho na babesiose. Revista Cultivar Bovinos, n.3, dez. 2004. RODRIGUES, A. et al. Cerebral babesiosis in cattle: 20 cases. Cienc. Rural, Santa Maria, v. 35, n. 1, 2005.
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