Buscar

Transações entre Partes Relacionadas em Contabilidade Societária

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Click to edit Master title style
Click to edit Master subtitle style
*
*
*
Faculdade Estácio de Sá 
Campo Grande - MS
Contabilidade Societária I
Transações entre partes relacionadas
Profª Glenda Soprane
*
*
*
Contextualização
Uma das evidentes intenções do legislador, ao regulamentar as atividades das sociedades por ações e as responsabilidades do seu acionista controlador e dos seus administradores (Lei nº 6.404/76 - artigo 117), foi a da proteção do acionista minoritário. 
É neste contexto que se inserem dispositivos tais como: as penalidades ao desvio de poder dos administradores, a figura do conflito de interesses, o direito de dissidência (discordar de um poder instituído) e, sem dúvida alguma, a divulgação das transações entre partes relacionadas. 
*
*
*
Contextualização
Para permitir uma adequada interpretação das demonstrações financeiras por parte de seus usuários e de quem com base nelas vá tomar decisões de caráter econômico-financeiro, é necessário que as transações entre partes relacionadas sejam divulgadas de modo a fornecer ao leitor, e principalmente aos acionistas minoritários, elementos informativos suficientes para compreender a magnitude, as características e os efeitos deste tipo de transações sobre a situação financeira e sobre os resultados da companhia.
*
*
*
Contextualização
As transações entre partes relacionadas está referendado pela CVM através da Deliberação n° 26 de 5/2/86 e támbém pelo CFC através da NBC TG 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas que tem por base o Pronunciamento Técnico CPC 05 (R1) (IAS 24 do IASB). 
*
*
*
Contextualização
	Para poder estabelecer os critérios para identificação das transações que devem ser divulgadas e a extensão dessa divulgação, é necessário definir dois conceitos fundamentais:
partes relacionadas; e
transações que merecem divulgação (ou, ao menos, especial atenção). 
*
*
*
Conceituação
Partes relacionadas: aquelas entidades, físicas ou jurídicas, com as quais uma companhia tenha possibilidade de contratar, no sentido lato deste termo, em condições que não sejam as de comutatividade e independência que caracterizam as transações com terceiros alheios à companhia, ao seu controle gerencial ou a qualquer outra área de influência. 
Os termos “contrato” e “transações” referem-se, neste contexto, a operações tais como: comprar, vender, emprestar, tomar emprestado, remunerar, prestar ou receber serviços, condições de operações, dar ou receber em consignação, integralizar capital, exercer opções, distribuir lucros, etc. 
A comutatividade é a qualidade do contrato oneroso em que as contraprestações estabelecidas entre as partes intervenientes são consideradas certas e equivalentes, ou seja, o preço da transação é fixado livremente entre as partes, estas agindo exclusivamente de acordo com sua conveniência e interesses, de modo que a respectiva troca seja considerada justa por todos os envolvidos. 
*
*
*
Conceituação
	Em geral, a referida possibilidade de contratar em condições que não as de comutatividade e independência, se dá entre entidades nas quais uma delas, ou seus acionistas controladores, detém participação a lhes assegurar preponderância nas deliberações sociais da outra. Mas o conceito de partes relacionadas deve estender-se, também, ao relacionamento econômico:
entre empresas que, por via direta ou indireta, respondam ao mesmo controle societário;
entre empresas com administradores comuns ou que possam influenciar e/ou se beneficiar de determinadas decisões nas referidas empresas, tomadas em conjunto ou individualmente;
de uma empresa com seus acionistas, cotistas e administradores (quaisquer que sejam as denominações dos cargos), e com membros da família, até o terceiro grau, dos indivíduos antes relacionados;
de uma empresa com suas controladas diretas ou indiretas e coligadas, ou com acionistas, cotistas ou administradores de suas controladoras e coligadas e vice-versa; e
de uma empresa com fornecedores, clientes ou financiadores com os quais mantenham uma relação de dependência econômica e/ou financeira, ou de outra natureza que permita essas transações.
*
*
*
Identificação das transações 
	Maior ou menor destaque na divulgação das transações deverá ser dada, considerando os seguintes fatos:
 se a transação foi efetuada em condições semelhantes às que seriam aplicadas entre partes não relacionadas (quanto a preços, prazos, encargos, qualidade, etc.) que contratassem com base em sua livre vontade e em seu melhor interesse; e
se as transações por si ou por seus efeitos afetam ou possam vir a afetar, de forma significativa, a situação financeira e/ou os resultados e sua correspondente demonstração, das empresas intervenientes na operação.
*
*
*
Exemplos de transações 
Compra ou venda de produtos e/ ou serviços que constituem o objeto social da empresa. 
Alienação ou transferência de bens do ativo.
Alienação ou transferência de direitos de propriedade industrial.
Saldos decorrentes de operações e quaisquer outros saldos a receber ou a pagar.
Novação, perdão ou outras formas pouco usuais de cancelamento de dívidas.
Prestação de serviços administrativos e/ou qualquer forma de utilização da estrutura física ou de pessoal de uma empresa pela outra ou outras, com ou sem contraprestação.
Avais, fianças, hipotecas, depósitos, penhores ou quaisquer outras formas de garantias.
Aquisição de direitos ou opções de compra ou qualquer outro tipo de benefício e seu respectivo exercício. 
Quaisquer transferências não remuneradas. 
Direitos de preferência à subscrição de valores mobiliários.
Empréstimos e adiantamentos, com ou sem encargos financeiros, ou a taxas favorecidas.
Recebimentos ou pagamentos pela locação ou comodato de bens imóveis ou móveis de qualquer natureza.
Manutenção de quaisquer benefícios para funcionários de partes relacionadas, tais como: planos suplementares de previdência social, plano de assistência médica, refeitório, centros de recreação, etc.
Limitações mercadológicas e tecnológicas.
*
*
*
Critérios de divulgação
Os saldos existentes na data do balanço e as transações ocorridas entre as partes relacionadas durante o exercício ou no período que mereçam divulgação devem ser destacados nas demonstrações ou informações contábeis com a identificação das partes relacionadas e a indicação dos seus montantes, natureza e condições.
Transações anormais após o encerramento do exercício ou período também devem ser divulgadas.
A referida divulgação pode ser feita no corpo das demonstrações contábeis e/ou em notas explicativas, o que for mais prático, respeitada a condição de fornecer detalhes das informações para entendimento das demonstrações contábeis.
*
*
*
Critérios de divulgação
Nas demonstrações financeiras consolidadas que incluam as partes relacionadas, como regra geral não será necessária a divulgação da maioria dos saldos e transações com partes relacionadas, já que eles são eliminados no processo de consolidação. 
Entretanto, tanto as transações com a pessoa física dos administradores e/ou controladores, quanto às operações que revelam dependência econômica e/ou financeira, não são eliminadas no referido processo; portanto, esses montantes devem ser revistos, desta vez em relação com a significância dos saldos consolidados. 
*
*
*
Consolidação das Demonstrações Contábeis
Foi uma das importantes inovações introduzidas no Brasil pela Lei das S.A. e, atualmente, os princípios que regem a consolidação de demonstrações contábeis advém do Pronunciamento Técnico CPC 36. Anteriormente, as principais regras de consolidação eram ditadas pela Instrução CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nº 247/96. E porque pela CVM?
*
*
*
CVM
Porque a consolidação das demonstrações contábeis é feita principalmente por empresas abertas, ou seja, que captam seus recursos por meio da emissão de ações ao público pelas Bolsas de Valores e a CVM é o principal órgão legislador e controlador no Brasil de empresas participantes do mercado de capitais.
*
*
*
O Objetivo da Consolidação
É apresentar aos usuários
da informação contábil, principalmente acionistas e credores, os resultados das operações e a posição financeira da sociedade controladora e de suas controladas, como se o grupo econômico fosse uma única entidade. Isso permite uma visão mais geral e abrangente e melhor compreensão do que inúmeros balanços isolados de cada empresa do grupo. 
*
*
*
O controle e a consolidação
De acordo com o CPC 36, grupo econômico é definido como constituído pela controladora e todas as suas controladas e isso independe de o grupo estar ou não constituído.
O controle de uma empresa em relação à outra ao efetuar-se uma consolidação, não abrange apenas o acionário, mas também o da decisão em relação às estratégias e às políticas financeiras e operacionais da entidade controlada.
*
*
*
Obrigatoriedade da consolidação
Companhias abertas;
Grupos de sociedade formalmente constituídos, independente de serem companhias abertas ou não (como empresas limitadas), com raríssimas exceções e independente das atividades de negócios entre elas.
*
*
*
Procedimentos de Consolidação
Tendo em mãos as demonstrações contábeis das empresas que serão consolidadas, a técnica básica é, principalmente, somar todos os saldos das contas do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.
 Mas há outras preocupações que devem ser observadas que veremos a seguir.
*
*
*
Procedimentos de Consolidação
Necessidade de uniformidade de políticas e critérios contábeis. Se há a adoção de critérios e políticas diferentes entre controladoras e controladas, há a necessidade de ajustes, mesmo que extracontábeis.
Ainda deve haver uma preocupação maior com controladas que operam no exterior, pois seguem normas específicas daqueles países, estando mais sujeitas às divergências de critérios e requerendo um processo de ajustamento às práticas contábeis no Brasil e da controladora antes da consolidação e claro a conversão das moedas.
*
*
*
Procedimentos de Consolidação
 Ainda serão excluídas das demonstrações consolidadas:
As participações de uma sociedade em outra;
Os saldos de quaisquer contas entre as sociedades;
As parcelas de resultado do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo não circulante que corresponderem a resultados ainda não realizados, de negócios entre as sociedades.
 O CPC 36 ainda dá mais orientações além dessas eliminações .
*
*
*
Papéis de Trabalho
A consolidação das demonstrações contábeis normalmente é feita por meio de papéis de trabalho, elaborados em planilhas eletrônicas.
Faz de primeiro a consolidação do balanço, do resultado do exercício, do resultado abrangente total (lucros ou prejuízos acumulados, avaliação de instrumentos financeiros, ganhos ou perdas de conversão, etc...) e das mutações do patrimônio líquido e também são elaborados os lançamentos de eliminações na consolidação
*
*
*
Consolidação das Demonstrações Contábeis 
*
*
*
Investimentos
O subgrupo investimentos tem a classificação das contas em função da natureza e da intenção que levou administração a adquiri-los e também dos critérios (métodos) de avaliação desses investimentos.
São 3 os métodos de avaliação de investimentos: método da equivalência patrimonial; método de custo e método de valor justo.
*
*
*
Investimentos
INVESTIMENTOS
PARTICIPAÇÕES PERMANENTES EM OUTRAS SOCIEDADES
A. Avaliadas por equivalência patrimonial:
a) Valor da equivalência patrimonial
1) Participações em controladas (conta por empresa)
2) Participações em controladas em conjunto (conta por empresa)
3) Participações em coligadas (conta por empresa)
b) Mais-valia sobre os ativos das investidas
c) Ágio (Goodwill) sobre os investimentos (conta por empresa)
d) Perdas estimadas (conta credora)
B. Avaliadas pelo valor justo
a) Participações em outras sociedades (conta por empresa)
C. Avaliadas pelo custo
a) Participações em outras sociedades (conta por empresa)
b) Perdas estimadas (conta credora)
*
*
*
Investimentos
É a empresa investidora é quem decidirá pela classificação dos investimentos em outras empresas, como ativo circulante ou não-circulante, subgrupos realizável a longo prazo ou investimentos em seu Balanço Patrimonial.
*
*
*
Critérios pra avaliação de Participações Societárias Permanentes
Os investimentos em participações no capital de outras sociedades podem ser avaliados sob dois critérios: 
Método de Custo; e
Método de equivalência Patrimonial.
*
*
*
Método de Equivalência Patrimonial
É utilizado para a avaliação de investimentos em coligadas e controladas, bem como para investimentos em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou que encontrem-se sob controle comum.
*
*
*
Método de Equivalência Patrimonial
A avaliação deve se dar pela equivalência de participação no valor de patrimônio liquido ou da coligada ou controlada. Por esse método, as empresas investidoras devem reconhecer os resultados em suas empresas investidas no momento da geração desses resultados, e não no momento da distribuição dos dividendos ou de sua alienação.
*
*
*
Método de Equivalência Patrimonial
Também denominado Valor de Patrimônio Liquido, é instituído pela Lei n. 6.404/1976, que sofreu atualizações da Lei 11.941/2009 com o objetivo de adaptá-la às normas internacionais de contabilidade. Esse embasamento legal é aplicável à todas as sociedades, exceto as sociedades anônimas de capital aberto, que devem ser regidas pela Instrução n. 247/96 emitida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
*
*
*
Método de Equivalência Patrimonial
No mesmo sentido, o Pronunciamento Técnico CPC – 18, denominado “Investimento em Coligada e em Controlada”, emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, com base na Norma Internacional de Contabilidade – IAS 28, também trata dos conceitos básicos e dos critérios de classificação e avaliação dos investimentos em participações societárias por intermédio do Método da Equivalência Patrimonial. 
*
*
*
CPC 18
Método de equivalência patrimonial é o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida.
*
*
*
Instrução n. 247/1996, emitido pela CVM 
Deverão ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial:
I – o investimento em cada controlada; e
II – o investimento relevante em cada coligada e/ou em sua equiparada, quando a investidora tenha influência na administração ou quando a porcentagem de participação, direta ou indireta da investidora, representar 20% (vinte por cento) ou mais do capital social da coligada.
*
*
*
Vantagens de utilização do Método de Equivalência Patrimonial 
A vantagem da aplicação do Método de Equivalência Patrimonial reside no reconhecimento dos resultados auferidos pela empresas investidas, ou seja, os resultados auferidos pelas empresas investidas devem ser reconhecidos no momento em que eles são apurados, passando, dessa forma, a integrar os resultados da investidora, independentemente de ocorrência de distribuição de dividendos pelas empresas investidas. 
*
*
*
Vantagens de utilização do Método de Equivalência Patrimonial
Desse modo, a vantagem em se utilizar o Método de Equivalência Patrimonial para avaliar os Investimentos Permanentes é a observância ao princípio da competência, devendo o resultado ser reconhecido no momento de sua apuração, já tendo sido distribuídos ou não, ou seja, constitui-se como uma simplificação do processo de consolidação, mediante um único registro no ativo da investidora e, em contrapartida, de uma conta de resultado operacional.
*
*
*
Método de Custo
É utilizado para avaliar os investimentos em outras sociedades que não sejam coligadas e controladas, assim como que não façam parte de um mesmo grupo ou que não estejam sob controle comum.
*
*
*
Método de Custo
Esse método é a base
para a avaliação de demais investimentos e deve ser calculado mediante a consideração do custo de aquisição deduzidos da provisão para perdas estimadas permanentes. Os investimentos em participação no capital de outras sociedades devem ser avaliados levando em conta o valor que a empresa efetivamente gastou para adquiri-los, ou seja, através do seu valor histórico (seu preço de custo). 
*
*
*
Entendendo...
A avaliação de investimentos pelo Método de Custo de Aquisição consiste em atribuir ao investimento o valor originalmente pago por ele, devidamente ajustado quando for o caso: pela variação positiva ou negativa em função do valor justo (mercado), pelo acréscimo de correção monetária, pela variação cambial, pelos juros, etc., deduzido de provisão para redução ao valor de mercado ou de Provisão para Perdas. 
*
*
*
Formas de Contabilização - Receitas
Através do Método de Custo, a empresa investidora somente deve registrar as operações e transações que forem baseadas em atos formais. 
Atos formais quer dizer que os dividendos devem ser registrados como receita apenas no momento em que forem declarados e distribuídos, ou reconhecidos pela empresa investida.
*
*
*
Formas de Contabilização - Perdas
No Método de Custo, os investimentos devem ser avaliados e registrados pelo seu custo de aquisição, ou seja, ao seu preço de custo.
 Porém, para a realização de seu valor, devem ser deduzidas as provisões para perdas estimadas de natureza permanente.
*
*
*
Formas de Contabilização - Perdas
A identificação de ocorrência de perdas na realização de investimentos em outras sociedades é possível mediante a análise da situação da sociedade na qual foi investida e acompanhamento de seu desempenho.
*
*
*
Formas de Contabilização - Perdas
Deve a sociedade investidora analisar as Demonstrações Contábeis da sociedade investida, mensurar qual é o valor patrimonial das ações de propriedade e participação da investidora na investida e comparar com o saldo contábil da conta representativa do investimento na investidora. Se constatada redução, durante a comparação entre o valor patrimonial das ações em cada período e o valor de investimento, deve ser constituída a Provisão para Perdas, em conformidade ao percentual de perda verificada.
*
*
*
Explicando....
Se a empresa onde foi feito o investimento está operando com prejuízos, o valor de seu patrimônio fica reduzido e a comparação acima constitui uma evidência de que o valor realizável possa estar afetado, indicando a necessidade de reconhecimento da perda estimada. A diferença entre o saldo contábil e o valor patrimonial da participação da investida pode ser entendida como uma perda permanente em muitas circunstâncias
*
*
*
Explicando....
Desse modo, a identificação de ocorrência de perdas estimadas na realização do valor do investimento, e a consequente provisão para Perdas deve ocorrer nos seguintes casos: redução, a cada ano, do lucro apurado; apuração de prejuízos por vários exercícios, sem indícios de recuperação a curto prazo; desativação de projetos, fechamento de filiais, pedido de falência ou concordata, entre outros.
*
*
*
Formas de Contabilização - Dividendos
Os valores recebidos das investidas em forma de dividendos, decorrentes de lucros por elas apurados, serão contabilizados pela investidora como receita operacional, classificada no subgrupo das Outras Receitas Operacional e deve ocorrer no próprio exercício em que forem distribuídos.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais