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Rebeka Freitas EMBRIOLOGIA -O estômago se origina do intestino anterior, em uma porção mais caudal; também surge na quarta semana de vida embrionária. - O estômago surge como uma dilatação fusiforme na linha medial ⇾ a porção de trás cresce mais que a anterior depois da quarta semana. - À medida que a porção posterior cresce mais, ela forma a curvatura maior, e a porção anterior forma a curvatura menor. - Em seguida, o estomago gira no sentido horário ⇾ a curvatura menor vai para o lado direito, e a curvatura maior vai para o lado esquerdo. - A curvatura maior, que antes situava-se na porção dorsal, após o giro posiciona-se do lado esquerdo. - A curvatura menor, que antes situava-se na porção ventral, após o giro posiciona-se do lado direito. - A porção que antes posicionava-se do lado direito vira dorsal, e a que posicionava-se do lado esquerdo vira ventral. - Além de girar, torcer, o estômago desce. - Por conta do giro, o nervo vago direito fica atrás do estomago, e o nervo vago esquerdo fica na frente. ANATOMIA - O estômago tem função de armazenamento, de mistura, dentre outras ações. - O estômago não possui um formato nem uma posição fixa; esses componentes variam de indivíduo para indivíduo ⇾ classicamente, é representado em forma de “J”, ocupando a posição em epigástrio (principalmente), mesogástrio, quadrante superior esquerdo e flanco esquerdo (pouco). - O formato e a posição do estômago muda de indivíduo para indivíduo e no mesmo indivíduo, conforme o momento da digestão que se faz presente. - O estômago é um órgão intraperitoneal. - Principais relações da face anterior do estômago: parede anterior do abdome, peritônio parietal, peritônio visceral, lobo esquerdo do fígado e diafragma. - O estômago possui duas curvaturas: pequena curvatura (voltada para a direita); grande curvatura (voltada para a esquerda). - O estômago possui dois ângulos: ângulo que o esôfago faz com a grande curvatura do estomago ⇾ incisura cárdica; ângulo obtido quando a pequena curvatura faz a curva para cima ⇾ incisura angular. - O estômago possui uma abertura de entrada (óstio cárdico ⇾ abertura do esôfago no estomago) e outra de saída (óstio pilórico ⇾ saída do estômago para o duodeno). - Os primeiros centímetros do estômago ao redor do óstio cárdico consistem na cárdia/parte cárdica do estômago. - Da incisura cárdica, traça-se uma linha imaginária perpendicular ao eixo longitudinal do paciente ⇾ dessa linha Embriologia e Anatomia do Estômago Rebeka Freitas para cima, tem-se fundo gástrico; do traço imaginário pra baixo, tem-se o corpo gástrico. - Plano imaginário que vai da incisura angular até a grande curvatura, no ponto em que ela começa a fazer a curva para cima ⇾ dessa linha tracejada para cima: corpo gástrico; da linha tracejada para baixo: parte pilórica. - A parte pilórica se subdivide em duas porções: antro pilórico (porção mais larga) e canal pilórico (porção mais afunilada) - Linha Z: linha em ziguezague; transição entre o esôfago e o estômago ⇾ a cárdia começa na linha Z, após a transição. - As pregas gástricas ficam menos marcadas à medida que o estômago enche; só estão bem marcadas quando o estômago está vazio. - Piloro: esfíncter anatômico e fisiológico ⇾ presença do musculo (liso) do esfíncter pilórico ⇾ o piloro fica fechado para que o estômago armazene seu conteúdo, e abre conforme estimulo. - Teoricamente, posteriormente ao estômago está a bolsa omental, que é composta justamente por uma parte da parede posterior do estômago. - Estruturas que compõem o leito do estômago (relações posteriores, além da bolsa omental): cólon transverso, pâncreas, aorta, vasos esplênicos, baço, rim esquerda e adrenal esquerda. - O estômago, que é proveniente do intestino anterior, é todo irrigado por ramos do tronco celíaco (artéria hepática comum, artéria gástrica esquerda e artéria esplênica). - A artéria gástrica esquerda descreve um arco e desce pela pequena curvatura ⇾ irriga a transição esofagogástrica, a parte superior do estômago (cárdia), e parte do corpo à esquerda da pequena curvatura. - A artéria esplênica, antes de chegar no baço, emite ramos menores em direção ao fundo gástrico ⇾ artérias gástricas curtas. - Artéria gástrica posterior: irriga corpo e fundo gástrico. - Ao longo da grande curvatura está a artéria gastromental esquerda (ramo da a. esplênica) ⇾ irrigação principalmente de corpo gástrico. - Antes de chegar no fígado, a artéria hepática comum emite vários ramos; o primeiro ramo é a artéria gastroduodenal ⇾ passa posteriormente ao duodeno, e depois faz uma curva ⇾ gastromental direita. - A gastromental direita faz um arco subindo pela grande curvatura, irrigando a parte pilórica e o corpo gástrico ⇾ essa artéria se anastomosa com a gastromental esquerda, formando um arco arterial contínuo ⇾ objetivo: mecanismo de redundância (se uma artéria ou parte dela for perdida, a outra Rebeka Freitas consegue suprir as áreas irrigadas pelas porções perdidas, para que não haja isquemia). - Antes de chegar no fígado, a hepática comum dá a artéria gástrica direita, a qual sobe a pequena curvatura, irrigando a parte pilórica e o corpo gástrico ⇾ a gástrica direita se encontra com a gástrica esquerda ⇾ arco arterial continuo na pequena curvatura. - O vaso formado pela junção da veia esplênica com a mesentérica superior é a veia porta. - Da mesma forma que o tronco celíaco irriga todo o estômago, a veia porta drena todo o estômago, direta ou indiretamente. - Pequena curvatura: veias gástrica esquerda (atrás) e gástrica direita (frente) ⇾ as duas veias são paralelas, e não um arco. - A veia gástrica direita drena direto para a veia porta; a veia gástrica esquerda geralmente drena para a esplênica, que depois drena para a porta ⇾ podem existir variações anatômicas. - As veias gástricas posteriores (às vezes chamadas de médias) drenam fundo e corpo, e tributam na veia esplênica. - Veias gástricas curtas ⇾ veia esplênica ⇾ veia porta. - Veia gastromental esquerda ⇾ veia esplênica ⇾ veia porta. - A veia gastromental direita segue pela parte de baixo da grande curvatura, drenando corpo e parte pilórica ⇾ faz uma curva para baixo e tributa na veia mesentérica superior, para depois tributar na veia porta. - A drenagem linfática de qualquer órgão é sequencial e hierárquica ⇾ cada área é drenada por um conjunto de vasos linfáticos, que drenam para os linfonodos que estiverem mais perto daquela área (linfonodos X); que depois drenam para linfonodos um pouco mais longes (Y), que depois drenam para os linfonodos que estão distantes (Z). - O fundo gástrico drena para linfonodos que estão próximos a ele, que drenam para outros linfonodos que estão mais próximos a esses últimos, e assim sucessivamente. - Inervação parassimpática: nervo vago ⇾ o estômago é inervado pelo tronco vagal anterior e posterior. - Inervação simpática: gânglios paravertebrais simpáticos, que emitem ramos de acordo com o nível específico. DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA - Doença ulcerosa péptica: solução de continuidade da mucosa do TGI proveniente do efeito corrosivo do HCL e da pepsina. - Para ser ulcera, a lesão tem que ultrapassar a muscular da mucosa, e atingir pelo menos a submucosa, podendo ou não ultrapassar a muscular própria; deve ter também mais de 5mm de extensão/largura. - Lesões que não atingem a submucosa são chamadas de erosões e não deixam cicatrizes, ao contrário das úlceras. - Epidemiologia: 10% da população brasileira possui DUP, sendo a ulcera duodenal a mais frequente. - O duodeno é dividido em quatro porções ⇾ as ulceras duodenais ocorrem, em 95% dos casos, na primeira porção do duodeno, pois é a primeira a receber o conteúdo gástrico ⇾a úlcera duodenal acomete indivíduos mais jovens (30-55 anos); - A úlcera gástrica acomete indivíduos de 50-70 anos ⇾ local mais comum: antro, na pequena curvatura. - A ulcera é mais comum no sexo masculino; tendência mundial: queda da incidência, mas não das complicações da úlcera. - O surgimento de DUP resulta da interação entre fatores genéticos e ambientais (de agressão). - Nem sempre é necessário o aumento de secreção ácida para se ter úlcera ⇾ o que ocorre é um desequilíbrio entre fatores de defesa e de agressão. - Às vezes a agressão pode estar baixa, mas se comparativamente a defesa estiver mais baixa ainda que a agressão, pode ocorrer lesão, por conta desse desequilíbrio. - Fatores de proteção que inibem a formação de ulcera: a mucosa não está em contato com o pH super ácido da luz por conta do muco rico em bicarbonato na parede; as células da parede se renovam constantemente (vascularização alta). Rebeka Freitas - Se a produção de HCl aumenta muito (hipercloridria) ⇾ pode ser suficiente para vencer a barreira natural. - Quando algum fator impede os mecanismos de defesa da mucosa, a lesão pode acontecer mesmo se não houver aumento nem diminuição da acidez (normocloridria). - Diminuição da produção de ácido (hipocloridria) ⇾ mesmo que com pouco HCl, a úlcera pode se instalar, devido à mucosa lesada, deficiente. - O AAS reduz a produção de prostaglandina ⇾ ausência de prostaglandina ⇾ ausência de defesa na mucosa. - H. Pylori: infecção bacteriana mais comum no mundo; apenas cerca de 10-15% dos indivíduos com H. pylori desenvolvem úlcera. - H. pylori ⇾ altamente especializado; bactéria móvel; age principalmente no antro; se desloca até ficar embaixo da camada de muco. - O H pylori é toxico por si só; é inflamatório ⇾ destruição dos fatores de defesa ⇾ atrofia de mucosa ⇾ suscetibilidade ao ácido. - O H. Pylori pode reduzir a quantidade de HCl ⇾ gastrite atrófica ⇾ o estômago fica “careca” ⇾ inflamação tão intensa que pode causar câncer. - Destruição de célula D pelo H. pylori ⇾ não há produção de somatostatina ⇾ aumento da produção de gastrina por ausência de inibição pela somatostatina ⇾ aumento da produção de ácido pela gastrina. - A bactéria adquire uma forma cocoide para se proteger do ácido ⇾ extremamente especializada. - Etiologia das úlceras gastroduodenais: - O H.Pylori é responsável por 50-70% das úlceras duodenais, e por 30-60% das úlceras gástricas. - AINEs: inibem COX1 e COX2 ⇾ queda de prostaglandina - Síndrome dispéptica: dor ou desconforto no andar superior do abdome associada ou não à má digestão ⇾ dor geralmente em queimação ⇾ sintomas de má digestão: empachamento pós prandial, saciedade precoce, gases. - Dispepsia pode ser causada por estresse, câncer ⇾ etiologia ampla, incluindo úlcera. - “Fome que dói” ⇾ forma muito clássica dos pacientes descreverem uma ulcera. - O quadro clínico muitas vezes não permite diferenciar entre gástrica e duodenal; a DUP pode ser assintomática. - A clínica da úlcera pode ser completamente inespecífica, como a dor em queimação no epigástrio. - A úlcera possui ritmicidade, ou seja, relação com a alimentação, seja para melhor ou para pior. - Úlcera duoedenal: dói ⇾ come ⇾ passa. - Úlcera gástrica: alimentos podem piorar ou desencadear a dor. - A distensão por conta do alimento, seja no estômago ou no duodeno, piora a dor. - Úlcera é uma doença inflamatória ⇾ pode dar uma “acalmada” e parar de doer espontaneamente (meses ou anos) ⇾ periodicidade. - 23h-02h da manhã: pico na produção de ácido ⇾ clocking: piora noturna/ acordar noturno. - Não é obrigatório que uma ulcera tenha ritmicidade, periodicidade e clocking ⇾ quando esses fatores estão presentes, porém, deve-se investigar. - Complicações da DUP: • Sangramento: complicação mais frequente; 15-20% dos casos; mortalidade 5-10%; maioria em idosos; causa mais comum de HD; Rebeka Freitas • Perfurações: complicação mais grave; 5% dos casos; 2/3 das mortes por úlcera; • Estenoses: 2% dos casos. - Diagnostico de úlcera: EDA (Endoscopia Digestiva Alta) ⇾ exame de escolha. - Úlcera benigna não se torna câncer ⇾ entretanto, o fator de risco para úlcera é o mesmo para câncer. - O câncer de estômago pode se disfarçar de úlcera benigna ⇾ a biopsia é feita para revelar se é um câncer ulcerado ou uma ulcera benigna. - Uma úlcera necrosada é indicativa de ulcera maligna, de um câncer que desde o início nasceu com cara de ulcera, mas que na verdade é um tumor. - Pesquisa de H. Pylori: testes invasivos (histologia, cultura, urease); testes não invasivos (sorologia, teste respiratório, antígeno fecal). - O H pylori produz urease ⇾ quebra a ureia e produz amônia e hidrogênio ⇾ o hidrogênio é analisado pelo teste respiratório. - Tratamento: terapia antissecretora; antibioticoterapia se H. Pylori presente; remoção de fatores de risco; cirurgia(?). - Terapia antissecretora ⇾ IBP (Inibidores da Bomba de Proton). - Café, laranja, alimentos ácidos, não causam a úlcera, mas uma vez que a úlcera existe, tais alimentos, como frutas cítricas, café, chocolate, podem piorar, causar mais dor. - Secção de nervo vago tornou-se obsoleta; o uso de IBP é o tratamento de primeira escolha. - O tratamento cirúrgico é indicado em intratabilidade clínica: • Vagotomia troncular ⇾ retirada de um dos estímulos para produção de ácido ⇾ menos recorrência e maior complicação; • Vagotomia seletiva/super seletiva ⇾ secção dos ramos do nervo vago específicos que se destinam para as células parietais ⇾ mais recorrência e menos complicação.
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