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Contestação em ação de indenização

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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DO V JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
Processo nº ..........
	ANTÔNIO PERES, já devidamente qualificado, por seu advogado, com escritório na Rua ... , nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS, que tramita pelo rito especial da Lei 9.099/95, movida por MÁRIO CAVALCANTI DE OLIVEIRA, vem, perante V. Exª, em 
CONTESTAÇÃO
expor e requerer o que se segue:
DAS PRELIMINARES
I - DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO
No caso sub examine, o Autor tinha a opção de propor a presente ação no juízo de seu domicílio ou no do Réu, nos termos do que estabelecem os incisos III e I do art. 4º da Lei 9.099/90, respectivamente.
Contudo, a ação foi proposta em juízo totalmente diverso, motivo pelo qual, nos termos do art. 51, III da Lei nº 9.099/95, deve ser extinto o presente feito.
II - DA INADEQUAÇÃO DO RITO
Verifica-se que o Autor atribuiu à causa valor que ultrapassa o teto estipulado pelo art. 3º, I da Lei nº 9.00/95.
Desta feita, com fulcro no art. 51, II da precitada Lei, é de ser julgado extinto o presente processo. 
DO MÉRITO
DOS FATOS
Tal como narrado na peça exordial, o Autor efetivamente procurou o Réu com o intuito de contratar seus serviços de despachante.
Contudo, como o Autor se propôs a efetuar o pagamento do valor cobrado somente após a conclusão dos serviços, não houve a alegada contratação, posto que o Réu só trabalha mediante o pagamento inicial de 50% (cinqüenta por cento) do valor determinado.
Diante da necessidade de trazer à tona a verdade dos fatos, camuflados pela narrativa fática distorcida da peça vestibular, não restou outra opção ao Réu senão contestar a presente ação.
 
DOS FUNDAMENTOS 
DA AUSÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Na lição do aclamado doutrinador Sérgio Cavalieri Filho (Programa de Responsabilidade Civil. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007), a responsabilidade civil consiste no “dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário”. 
No tocante às espécies de responsabilidade civil, o supra-citado doutrinador traz lições assaz esclarecedoras acerca da matéria como se divisa infra: 
Quem infringe dever jurídico lato sensu de que resulte dano a outrem fica obrigado a indenizar. Esse dever, passível de violação, pode ter como fonte uma relação jurídica obrigacional preexistente, isto é, um dever oriundo de contrato, ou, por outro lado, pode ter como causa geradora uma obrigação imposta por preceito geral de Direito, ou pela própria lei.
É com base nessa dicotomia que a doutrina divide a responsabilidade civil em contratual e extracontratual. Se preexiste um vínculo obrigacional, e o dever de indenizar é conseqüência do inadimplemento, temos a responsabilidade contratual; se esse dever surge em virtude de lesão a direito subjetivo, sem que entre o ofensor e a vítima preexista qualquer relação jurídica que o possibilite, temos a responsabilidade extracontratual, também chamada de ilícito aquiliano ou absoluto.
	
Considerando que na hipótese ventilada nos autos não preexiste entre Autor e Réu uma relação jurídica obrigacional, vale dizer, um dever oriundo de um contrato, lei ou norma jurídica, inconteste que não há que se falar em responsabilidade civil contratual (art. 389 c/c 475 do Código Civil).
Tampouco restam configurados no presente caso a verificação cumulativa dos elementos caracterizadores da responsabilidade extracontratual subjetiva (art. 186 c/c art. 927 do Código Civil), sem os quais resta esvaziada qualquer tentativa de responsabilização: o ato ilícito, o dano, o nexo de causalidade entre eles e a culpa.
DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS FATOS ALEGADOS PELO AUTOR
Como é cediço, a comprovação do proceder com culpa ou dolo para fins de caracterização da responsabilidade civil incumbe a quem de direito busca ver-se ressarcido pelos prejuízos que lhe foram impostos em decorrência da mencionada conduta, nos termos do art. 333, I do CPC, ou seja, ao Autor cabe comprovar que o fato típico ocorreu, in casu, por força da conduta desenvolvida pelo Réu.
Assim, considerando que, no caso sub examine, o ônus da prova não restou atendido por parte do Autor, no momento em que não logrou comprovar o comportamento culposo do Réu e nem mesmo o contrato de prestação de serviços firmado entre ambos, tem-se por ilação lógica que não há que se falar em violação de dever jurídico preexistente e, por conseguinte, em responsabilidade, porquanto esta pressupõe o descumprimento de uma obrigação. 
Por outro lado, o Réu é capaz de comprovar, através das cópias dos extratos de sua conta corrente que seguem acostadas aos autos, que jamais recebeu o valor apontado pelo Autor.
Cristalina, portanto, a pretensão do Autor de acusar levianamente o Réu, alicerçando-se, unicamente, em infundadas deduções, não corroboradas, em momento algum, por qualquer fato ou elemento probatório. 
DO PEDIDO
	Diante do exposto, requer a V. Exª:
1 - Seja acolhida a preliminar de incompetência do juízo, com a conseqüente extinção do processo sem resolução do mérito;
2 - Seja acolhida a preliminar de inadequação do rito, com a conseqüente extinção do processo sem resolução do mérito;
3 - Ultrapassadas as preliminares acima argüidas e caso não seja este o entendimento de V. Exª, seja julgado improcedente o pedido formulado pela parte autora; 
4 - A condenação do Autor em litigância de má-fé.
DAS PROVAS
	Requer a produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente as de caráter documental e depoimento pessoal do Autor, na amplitude do art. 32 da Lei 9.099/90.
Pede deferimento,
Rio de Janeiro, ... de ........ de 2009.
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Nome do advogado – OAB/RJ nº .....

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