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Impacto do Fechamento do Enterostoma na Qualidade de Vida

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE 
ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE 
CURSO DE ENFERMAGEM 
 
 
 
 
Ana Cristina Coimbra Lemos 
Jôsy Fernanda Pires de Oliveira 
 Patricia Rodrigues de Paula 
Viviane Gomes Pains 
 
 
 
 
IMPACTO DO FECHAMENTO DO ENTEROSTOMA NA QUALIDADE DE VIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Governador Valadares 
2009 
 1 
ANA CRISTINA COIMBRA LEMOS 
JÔSY FERNANDA PIRES DE OLIVEIRA 
PATRICIA RODRIGUES DE PAULA 
VIVIANE GOMES PAINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPACTO DO FECHAMENTO DO ENTEROSTOMA NA QUALIDADE DE VIDA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso como exigência 
para obtenção do título de bacharel em 
Enfermagem da Área de Ciências Biológicas da 
Saúde pela Universidade Vale do Rio Doce – 
UNIVALE. 
 
 Orientador: Débora Moraes Coelho 
 Co-orientador: Paulo Roberto Rodrigues Bicalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Governador Valadares 
2009 
 2 
ANA CRISTINA COIMBRA LEMOS 
JÔSY FERNANDA PIRES DE OLIVEIRA 
PATRICIA RODRIGUES DE PAULA 
VIVIANE GOMES PAINS 
 
 
 
IMPACTO DO FECHAMENTO DO ENTEROSTOMA NA QUALIDADE DE VIDA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso como exigência 
para obtenção do título de bacharel em 
Enfermagem da Área de Ciências Biológicas da 
Saúde pela Universidade Vale do Rio Doce – 
UNIVALE. 
 
 
 
Governador Valadares, de de . 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Débora Moraes Coelho - Orientadora 
Universidade Vale do Rio Doce 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Ana Carolina de Oliveira Martins Moura 
Universidade Vale do Rio Doce 
 
___________________________________________________________ 
Profª. Késia Salvador Pereira 
 Universidade Vale do Rio Doce 
 
___________________________________________________________ 
Enfª. Danielle Miranda 
Coordenadora do CADEF 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus, Pai 
Onipotente, por tudo aquilo que nos tem legado ao longo 
da vida. Aos nossos familiares que sempre estiveram do 
nosso lado, compreenderam nossa ausência, apoiando-
nos em momentos difíceis e de superação. Aos nossos 
mestres pela contribuição de nosso crescimento 
intelectual e profissional e a todos que contribuíram de 
uma forma direta ou indiretamente e acreditaram que a 
ousadia e os erros são caminhos para as grandes 
conquistas. 
 4 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradecemos a Deus pelo dom da vida, que nos propiciou o alcance de mais um 
objetivo. 
 
A todos os familiares e amigos, pelo amor, apoio, incentivo e por acreditar que 
conseguiríamos chegar até aqui. 
 
Aos colegas da faculdade que, no decorrer do curso, contribuíram para que 
pudéssemos estar agora agradecendo a todos. 
 
Aos mestres que fizeram parte desta história acadêmica. 
 
À nossa orientadora, Débora Moraes Coelho e o co-orientador Paulo Roberto 
Rodrigues Bicalho, por ter nos conduzido e compartilhado os seus conhecimentos, 
com competência e dedicação. 
 
Ao CADEF de Governador Valadares por ter autorizado a coleta de dados deste 
trabalho. Em especial a coordenadora Danielle Miranda e a enfermeira késia 
Salvador por sua contribuição. 
 
Aos pacientes, pela boa acolhida ao serem entrevistados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O que resta daqui pra frente não é apenas fazer a 
diferença, mas conquistar a confiança e o 
reconhecimento profissional com sabedoria e 
discernimento para exercer a arte do cuidar”. 
 
 Autor desconhecido 
 6 
RESUMO 
 
 
O objetivo desta pesquisa foi analisar e comparar o nível da Qualidade de Vida (QV) 
dos pacientes submetidos ao fechamento da ostomia, atendidos pelo cirurgião do 
ambulatório de ostomizados do CADEF - Centro de Apoio ao Deficiente Físico da 
Secretaria Municipal de Saúde do Município de Governador Valadares - MG, no 
período de janeiro a julho de 2008. Para tanto, a pesquisa consubstanciou em dados 
teóricos, destacando-se, Soares et al. 2008; Cesaretti et al. (1997); Cascais; Martini; 
Almeida (2007). Abordou-se sobre dados históricos desse procedimento cirúrgico a 
ostomia - abertura realizada no abdome na qual uma pequena parte do intestino fica 
acima da pele e serve para excretar fezes ou urina -, técnicas aplicadas, função do 
enfermeiro e a QV do paciente ostomizado. A metodologia utilizada foi através de 
uma pesquisa quantitativa, descritiva, analítica e retrospectiva. Participaram da 
pesquisa seis sujeitos, sendo uma mulher e cinco homens, com idade variando entre 
19 e 73 anos. O instrumento de Coleta de dados foi o Short Form-36(SF-36) Health 
Survey ou simplesmente “Questionário Genérico SF-36”. Este questionário foi 
traduzido e validado no Brasil em 1997, por uma pesquisadora da USP/SP. O 
questionário avalia oito dimensões, de modo a se estabelecer um padrão de QV. Os 
resultados obtidos junto aos sujeitos da pesquisa demonstraram que os pacientes 
submetidos ao fechamento da ostomia tiveram uma melhora significativa de QV, 
com base nos questionários subjetivos a que eles foram submetidos e analisados 
nos termos e características próprias do SF-36 Health Survey. 
 
 
 
Palavras-chave: Ostomia. Cirurgia. Qualidade de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7 
ABSTRACT 
 
 
The objective of this research was to analyze and to compare the level of the Quality 
of Life (QV) of the patients submitted to the closing of the ostomy, assisted by the 
surgeon of the clinic of ostomized of CADEF - Centro de Apoio ao Deficiente Físico 
da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Governador Valadares - MG, in 
the period of January to July of 2008. For so much, the research based in theoretical 
data, standing out, Soares et al. 2008; Cesaretti et al. (1997); Cascais; Martini; 
Almeida (2007). it was Approached on historical data of that surgical procedure the 
ostomy - opening accomplished in the abdomen in the which a small part of the 
intestine is above the skin and it is to excrete feces or it urinates -, applied 
techniques, the nurse's function and QV of the patient ostomized. The used 
methodology was through a research quantitative, descriptive, analytical and 
retrospective. They participated in the research six subjects, being a woman and five 
men, with age varying between 19 and 73 years. The instrument of Collection of data 
was the Short Form-36(SF-36) Health Survey or simply " Generic Questionnaire SF-
36 ". This questionnaire was translated and validated in Brazil in 1997, for a 
researcher of USP/SP. THE questionnaire evaluates eight dimensions, in way 
settling down a pattern of QV. The results obtained the close to subject of the 
research demonstrated that the patients submitted to the closing of the ostomy had a 
significant improvement of QV, with base in the subjective questionnaires the one 
that they were submitted and analyzed in the terms and own characteristics of SF-36 
Health Survey. 
 
 
Key-Words: Ostomy. Surgery. Life quality. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1: Idade.................................................................................................... 33 
 
Gráfico 2: Gênero................................................................................................. 34 
 
Gráfico 3: Capacidade funcional.......................................................................... 36 
 
Gráfico 4: Aspectos físicos................................................................................... 36 
 
Gráfico 5: Ausência de dor................................................................................... 37 
 
Gráfico 6: Estado geral desaúde......................................................................... 38 
 
Gráfico 7: Vitalidade............................................................................................. 39 
 
Gráfico 8: Aspectos sociais.................................................................................. 40 
 
Gráfico 9: Aspectos emocionais........................................................................... 41 
 
Gráfico 10: Saúde mental.....................................................................................42 
 
Gráfico 11: Aspectos de saúde da população estudada......................................43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
CADEF - Centro de Apoio ao Deficiente Físico 
 
CEP - Conselho de Ética em Pesquisa 
 
GRS – Gerência Regional de Saúde 
 
HROQL – Saúde Relacionada à Qualidade de Vida 
 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
 
QV - Qualidade de Vida 
 
QVRS - Qualidade de Vida Relacionado à Saúde 
 
SF-36 – Short - Form Helth survey 
 
SP - São Paulo 
 
TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido 
 
UNIVALE - Universidade Vale do Rio Doce 
 
USP - Universidade São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................14 
2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................14 
2.2 TÉCNICA CIRÚRGICA........................................................................................16 
2.3 O CUIDAR DO ENFERMEIRO COM O OSTOMIZADO......................................19 
2.4 CONSEQUÊNCIAS DAS OSTOMIAS NA QUALIDADE DE VIDA......................20 
2.5 QUALIDADE DE VIDA ........................................................................................25 
3 MÉTODO................................................................................................................29 
3.1 TIPO DE PESQUISA...........................................................................................29 
3.2 POPULAÇÃO ......................................................................................................29 
3.3 LOCAL DA PESQUISA .......................................................................................29 
3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS............................................................30 
3.5 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................32 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................32 
4.1 IDADE E GÊNERO RELACIONADO AOS 6 PACIENTES SUBMETIDOS À 
RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO DE JANEIRO A 
JULHO DE 2008........................................................................................................33 
4.2 DIMENSÕES DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADO AOS 6 PACIENTES 
SUBMETIDOS À RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO 
DE JANEIRO A JULHO DE 2008..............................................................................35 
4.3 ASPECTOS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO ESTUDADA....................................42 
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................45 
REFERÊNCIAS.........................................................................................................47 
APÊNDICE................................................................................................................53 
ANEXOS ...................................................................................................................55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 Este trabalho trata-se do estudo sobre o impacto do fechamento do 
esterostoma na qualidade de vida (QV) do indivíduo acometido por esse 
procedimento cirúrgico, restringindo-se à consideração das ostomias do tubo 
digestivo, portanto o termo ostomia neste estudo será sinônimo de enterostoma. 
A realização desta pesquisa surgiu do interesse dos acadêmicos que 
participaram de uma reunião no Centro de Atendimento ao Deficiente Físico - 
CADEF, com os pacientes ostomizados para fins de educação, apoio e fornecimento 
de dispositivo para coletas de efluentes. 
Diante desse contexto, o objetivo da pesquisa foi analisar o impacto do 
fechamento da ostomia na QV dos pacientes atendidos pelo cirurgião do CADEF no 
período de janeiro a julho de 2008, Para tanto, o trabalho teve como suporte teórico, 
estudiosos, tais como: Soares et al. 2008; Cesaretti et al. (1997); Cascais; Martini; 
Almeida (2007). 
Com base nisso, o trabalho foi estruturado em capítulos, sendo que o primeiro 
obordou: sobre dados históricos, cujas ostomias remontam uma data 350 a.C; a 
técnica cirúrgica e procedimentos a ela vinculados; a importância do enfermeiro 
especializado em cuidados com os ostomizados, os estomaterapeutas; as 
consequências das ostomias na QV e elucidações sobre a QV. 
Nesse capítulo definiu que a Ostomia é um procedimento cirúrgico que 
consiste na abertura de uma comunicação de uma víscera oca com o meio externo, 
que se designa por estoma, palavra de origem grega que significa “boca”. A 
finalidade desse é o desvio do conteúdo da víscera para o exterior (CASCAIS; 
MARTINI; ALMEIDA, 2007). 
Desde a Segunda Guerra Mundial, as ostomias temporárias vêm sendo 
empregadas de forma rotineira como tratamento para lesões traumáticas colorretais 
(GARBER apud SOUZA et al., 2006). 
A partir de meados do século XX até os dias de hoje, ocorreu uma grande 
evolução nas técnicas cirúrgicas utilizadas na realização de ostomias e nos 
equipamentos e dispositivos disponíveis (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007). 
São varias razões que levam à necessidade da realização de uma ostomia, 
sendo predominantes às neoplasias e os ferimentos por arma de fogo ou branca, 
essas podendo ser temporárias, cujo fechamento se dará em um tempo variável de 
 12
acordo com as condições relacionadas ao portador ou definitivas, permanecendo 
durante toda a vida da pessoa (BELLATO et al., 2006). 
Independentemente de ser temporária ou definitiva, a realização desse 
procedimento acarreta uma série de mudanças na vida do ostomizado e requer um 
cuidado especializado de enfermagem. 
Ao passar do tempo, a pessoa desenvolve estratégias de enfrentamento, com 
as quais passa a lidar em seu cotidiano, mesmo assim a presença de uma ostomia 
pode resultar em problemas físicos, psíquicos, sociais e espirituais contribuindo para 
uma diminuição da sua qualidade de (QV). 
A definição de QV pode ser dada de forma genérica ou relacionada à saúde. 
De maneira geral, a definição mais difundida atualmente é a da Organização 
Mundial da Saúde (OMS) que a define como a percepção que o indivíduo tem da 
sua vida, considerando seu contexto cultural, seus valores e seus sentimentos, 
expectativas e necessidades. Esse conceito engloba dimensões amplas, como o 
bem-estar físico, mental e social, e a relação desses aspectos com o ambiente em 
que vive (KLUTHCOVSKY, TAKAYANAGUI, 2007). 
De acordo com esse conceito, ter boa QV significa não apenas que o 
indivíduo tenha boa saúde física e mental, mas que esteja bem consigo, com a vida 
e com as pessoas com quem convive, capaz de reagir de forma satisfatória frente 
aos problemas e ter controle sobre os acontecimentos do cotidiano (THE WORLD 
apud SOARES et al., 2008). 
Com o fechamento da ostomia acredita-se que o indivíduo terá maior chance 
de regressar a seus hábitos normais, dentre eles, a prática de exercícios físicos, 
retorno do controle fecal e eliminação de gases, o que acarretara uma melhora no 
convívio social contribuindo assim para otimização de sua QV. 
 
 
O fechamento de colostomia em alça é geralmente visto pela maioria dos 
cirurgiões como procedimento de fácil execução,entretanto, a literatura 
relata taxas de morbidade que variam de 10 a 49% (GARNJOBST apud 
SOUZA et al., 2006, p. 02). 
 
 
 
Mas segundo Carreiro et al., (2000) o fechamento de ostomias na prática 
pode ser tecnicamente difícil e, frequentemente, seguida de complicações que 
prolongam a permanência hospitalar, podendo até mesmo levar o paciente a óbito, 
portanto não deve ser considerado como um procedimento simples. 
 13
O método adotado na pesquisa é da ordem quantitativa, descritiva, analítica e 
retropesctiva, aplicado em pacientes atendidos pelo cirurgião do ambulatório de 
ostomizados do CADEF da Secretaria Municipal de Saúde do Município de 
Governador Valadares - MG, no período de janeiro a julho de 2008. Foi realizado 
uma avaliação de QV com intuito de alcançar esses objetivos supra citados, através 
de questionário SF-36, o qual foi utilizado por Ciconelli (1997) para avaliar aspectos 
da QV de portadores de artrite reumatoide e proceder sua tradução e validação. A 
partir desta tradução vários autores têm usado este instrumento para aferir a QV em 
diversas situações. 
No capítulo seguinte, foram apresentados os resultados da pesquisa com os 
pacientes ostomizados e discussão desses através de amostragens gráficas com 
dados como, aspectos demográficos da população estudada: idade e gênero; 
verificou-se o impacto do fechamento da ostomia nos seguintes aspectos: 
capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral de saúde, vitalidade, 
aspectos sociais, emocionais e saúde mental; verificou-se aspectos de saúde da 
população estudada; correlacionou-se aspectos do estado de saúde dos pacientes 
antes e depois da cirurgia, através do Medical Outcomes Study 36-item Short-Form 
Helth Survey (SF-36). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
2.1 HISTÓRICO 
 
 
A história das ostomias é antiga, se estende desde 350 a.C. onde foram 
relatadas as primeiras operações abdominais descritas por Aurelianus Caelius. Na 
idade média não houve crescimento significativo por consequência do conceito 
eclesiástico do corpo sagrado, na renascença houve um impulso maior pela 
utilização da necropsia pelos médicos. Mas é a partir do início do século XVIII, que 
os relatos de colostomias se tornam mais frequentes (CASCAIS; MARTINI; 
ALMEIDA, 2007). 
Segundo Lima e Ferraz (2003) a proposição de uma solução cirúrgica foi do 
médico francês, Alex Lithre, que recomendou a construção de uma colostomia após 
ter realizado a autópsia de um recém-nascido, realizando a intervenção para 
tratamento de um câncer obstrutivo no início do século XVIII. 
Em 1709 Lorenz Heister, um cirurgião alemão, teria realizado operações de 
ostomia em soldados que apresentavam ferimentos intestinais. Com o passar do 
tempo descobriu-se que a técnica de Heister consistia na fixação das feridas à 
parede abdominal e não na realização de verdadeiras ostomias (CESARETTI et al., 
1997). 
Em 1710 Lithre criou a sistematização para realizar uma colostomia. O 
paciente, antes portador de carcinoma obstrutivo, sobreviveu à cirurgia, mas faleceu 
28 dias depois por retenção de mercúrio (utilizado no pré-operatório como laxante), 
sendo, cecostomia inguinal transperitoneal a técnica utilizada. Palfyn (1726), 
sabendo da tendência do peritônio em formar aderências, fez aproximação 
peritônio/intestino lesionado (fístula), cessando o processo infeccioso pela 
cicatrização espontânea (CESARETTI et al., 1997). 
Em 1776, Pillore realizou com sucesso uma cecostomia inguinal. Em 1783, 
Dubois relata a realização de uma colostomia em uma criança recém-nascida de três 
dias com imperfuração anal e em 1793 realiza a primeira colostomia inguinal 
 15
esquerda num paciente com ânus imperfurado (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 
2007). 
Baum, em 1879, deparando-se com uma obstrução neoplásica do cólon 
ascendente realiza a primeira ileostomia para derivação fecal (GORDON; 
MACDONALD; CATALDO, 2007). 
Até 1879, constatavam-se 262 colostomias,165 pela técnica de Amussat e 84 
por Lithre. A mortalidade era em torno de 40%, devido a peritonites causadas por 
obstrução prolongada pré-cirúrgica que levavam à paralisia, caquexia e não pela 
abertura do peritônio durante o ato cirúrgico, como pensava-se antes (CESARETTI 
et al., 1997). 
Em países anglo-saxões, considera-se o método de Allinghan (1887) como a 
primeira colostomia lateral. A forma moderna de ostomia lateral surgiu em 1888, 
com Carel Maydl prolapsando uma alça intestinal sobre um cilindro (CESARETTI et 
al., 1997). 
Em 1893, Amussat baseando-se nos estudos do anatomista Callisen (1798 – 
1817), realizou colostomia lombar extraperitoneal, porém tinha grandes chances de 
prolapsar, pois era muito sensível à pressão e desconfortável, não podendo ser 
limpa pelo próprio paciente devido à localização (CESARETTI et al., 1997). 
 
 
Em 1943, é realizada a primeira proctocolectomia com ileostomia definitiva 
em uma jovem também acometida de colite ulcerativa, por Gavin Miller. 
Apesar de nos últimos anos do século XIX, os princípios básicos para a 
realização das colostomias já estivessem estabelecidos, no início da década 
de 1950, a designada "era moderna das ostomias", são alcançados novos 
conhecimentos em especial através dos trabalhos de Patey (enfatizando a 
sutura colo-cutânea) e de Butler (excisão combinada do reto) (CASCAIS; 
MARTINI; ALMEIDA, 2007, p. 03). 
 
 
Observa-se que houve evolução na técnica inicial de ostomia, ocorrendo 
mudanças significativas, principalmente na tentativa de se reduzir a serosite, o risco 
de estenose e infecção. Chegando-se em 1952, através dos trabalhos de Bryan 
Brooke, a técnica de inversão e maturação ainda era utilizada (CESARETTI et al., 
1997). 
Atualmente, existem técnicas cirúrgicas e tecnologias que facilitam e 
melhoram a atenção aos ostomizados, além do que o mercado oferece uma ampla 
 16
gama de produtos a essas pessoas. Sendo assim, esses se beneficiam com maior 
conforto e uma melhora na sua QV (FARIAS; GOMES; ZAPPAS, 2004). 
 
 
2.2 TÉCNICA CIRÚRGICA 
 
 
Ostomia é uma abertura realizada no abdome na qual uma pequena parte do 
intestino fica acima da pele e serve para excretar fezes ou urina. É de cor vermelha, 
parecido com o interior dos lábios. Após a operação fica dilatado, mas reduz durante 
os primeiros meses. Existem três tipos de ostomias de eliminação: colostomias, cuja 
parte do intestino grosso - o cólon - vai até ao exterior para eliminar as fezes, estas 
serão de pastosas a sólidas e consistentes; ileostomias, da qual parte do intestino 
delgado - o íleo - vai até ao exterior para eliminar as fezes, estas serão líquidas e 
abundantes (mais tarde serão pastosas, conforme a alimentação) e urostomias, 
abertura no abdome, feita para escoar a urina procedente dos condutos urinários 
(NETTINA, 2003). 
Independente do tipo de ostomia realizada, o objetivo é a exclusão total do 
trânsito fecal, a fim de evitar a contaminação dos tecidos adjacentes pelo 
extravasamento de fezes e permitir condições locais para a cicatrização completa da 
lesão, podendo o trânsito intestinal ser restabelecido posteriormente em alguns 
casos (CARREIRO et al., 2000). 
São vários os motivos que levam a execução desse procedimento dentre os 
mais frequentes estão os traumas, doenças congênitas, doenças inflamatórias, 
tumores, câncer de intestino e bexiga, podendo essas intervenções ser temporária, 
cuja reconstrução do trânsito intestinal é possível com reversão da defecação pelo 
ânus, ou definitiva, quando essa possibilidade é inexistente. 
A confecção adequada de uma ostomia se dá por diversas técnicas, com 
índices e tipos diferentes de complicações que requerem cuidados específicos, 
devendo ser realizados numa área que assegure boa aderência do dispositivo de 
coleta e seja de fácil visualização para o paciente. Técnicas são fundamentais para 
facilitar os cuidados como ânus artificial (MEIRELLES; FERRAZ, 2001). 
 17
Cabe ao cirurgião explicar ao paciente o motivo da cirurgia, tipo de ostomia 
previsto, cuidados de manejo e as complicações que podem vir a ocorrer 
(BECHARA et al., 2005). 
Segundo Mendonça et al., (2007) na fase pré-operatória das ostomias deve 
priorizar a avaliação do paciente nas esferas física e psicossocial, identificando o 
nível de autocuidado prévio e em vigência da doença. Nessa fase tanto o paciente 
como os seus familiares estão ávidos e receptivos por informações que lhes deem 
subsídios para trabalhar a ansiedade e o medo do desconhecido e ativar os 
mecanismos de enfrentamento. 
As variáveis que devem ser avaliadas durante a consulta pré-operatória são o 
conhecimento do indivíduo sobre o seu diagnóstico e possibilidades de tratamento; 
os antecedentes familiares relacionados ao diagnóstico, buscando um perfil 
epidemiológico; os antecedentes alérgicos principalmente de pele, os hábitos de 
eliminação e respectivas alterações promovidas pela doença e tratamento; as 
atividades de vida diária relacionadas ao autocuidado; as atividades sociais, de lazer 
e trabalho; o estado emocional, identificando o impacto da doença e as expectativas 
quanto à ostomia, além de avaliar o nível de ansiedade e as estratégias de 
enfrentamento; o padrão cultural e respectivas influências étnicas e religiosas, 
observando-se o nível de compreensão, o estado nutricional, as habilidades 
psicomotoras, as condições da parede abdominal e o aspecto da região perineal 
(MENDONÇA et al., 2007). 
Uma das técnicas utilizadas para a realização de uma ostomia é o 
seguimento da alça que deve ser preparada de maneira a permitir mobilidade 
suficiente para ser exteriorizado sem tensão, dobras ou comprometimento da 
irrigação (GORDON; MACDONALD; CATALDO, 2007). 
No local demarcado para exteriorização é feita uma incisão circular na pele de 
cerca de 2 cm, dissecção do subcutâneo e da aponeurose que é aberta em cruz, 
apresentando o músculo reto abdominal que será divulcionado longitudinalmente 
permitindo a abertura do peritônio. A alça é então tracionada e fixada a pele 
respeitando uma altura de 1,5 a 2 cm no caso de colostomias e 5 a 6 cm para 
ileostomias (LIMA; FERRAZ, 2003). 
A colostomia do transverso irá localizar-se no quadrante superior do abdome 
à direita ou à esquerda, a do sigmoide e do ceco nas fossas ilíacas esquerda e 
direita respectivamente, obedecendo a uma distância mínima de 5 cm da linha da 
 18
cintura, crista ilíaca, rebordo costal, região umbilical, púbis e cicatriz cirúrgica em 
adultos (MEIRELLES; FERRAZ, 2001). 
A mobilidade do íleo permite optar-se pelo melhor ponto de fixação 
respeitando as distâncias preconizadas. A posição de uma ostomia pode variar com 
a presença de cicatrizes, obesidade e estilo de vestimenta, devendo-se evitar áreas 
de dobras ou irregularidades da pele (GORDON; MACDONALD; CATALDO, 2007). 
Silva et al., (2006) realizaram um estudo com objetivo de determinar as 
características demográficas dos pacientes submetidos à correção cirúrgica, analisar 
as operações realizadas e as complicações delas decorrentes. Foi feita uma análise 
retrospectiva dos prontuários dos pacientes submetidos à reconstrução de trânsito 
intestinal no Hospital Regional da Asa Norte em um período de 4 anos (2001-2004), 
onde foram incluídos 70 pacientes, com idade média de 42,5 anos. Dentre as 
intercorrências cirúrgicas pôde-se citar a infecção (11,4%) e a deiscência de ferida 
operatória (5,7%), evisceração (2,8%), formação de fístula (2,8%) e o abscesso 
intracavitário (1,4%). Não houve óbitos, no entanto demonstrou que o fechamento da 
ostomia acarreta elevados índices de morbimortalidade, dependente do 
procedimento realizado na operação inicial, da técnica operatória necessária na 
reconstituição do trânsito intestinal e dos fatores de risco inerentes ao paciente. A 
operação para reconstrução do trânsito intestinal não é desprovida de complicações, 
portanto, torna-se necessário uma indicação precisa para a realização de uma 
ostomia. 
Ao programar uma cirurgia de restituição de uma ostomia, é de extrema 
importância aguardar a superação do trauma cirúrgico anterior, que é característico 
de paciente para paciente. Antes de indicar o procedimento deve certificar-se do 
estado geral do indivíduo, e a condição dos segmentos intestinais envolvidos, 
avaliados através de estudos contrastados ou endoscópicos (GHORRA apud 
CASTRO et al., 2004). 
Dependendo do paciente, uma diverticulite aguda complicada, um tumor de 
cólon obstrutivo, uma lesão crônica por projétil de arma de fogo ou arma branca, ou 
ainda uma perfuração durante um exame endoscópico podem provocar respostas 
metabólicas e endócrinas variáveis, promovendo também efeitos diversos no 
processo de cicatrização das feridas (WONG apud CASTRO et al., 2004). 
O tempo de fechamento de uma ostomia é muito relativo podendo variar de 
uma pessoa para outra. Na maioria das literaturas encontra-se um período clássico 
 19
de 8 a 12 semanas, que deve ser analisado com grande senso crítico (CASTRO et 
al., 2004). Destarte, o mesmo cuidado e precaução tida na hora de realizar uma 
ostomia, devem ser seguidos na hora de fechá-la. 
 
 
2.3 O CUIDAR DO ENFERMEIRO COM O OSTOMIZADO 
 
 
Atualmente, existem enfermeiros especializados em cuidados com os 
ostomizados, os estomaterapeutas, que devem ser acionados, se possível, no pré-
operatório quando podem auxiliar na demarcação da ostomia (MEIRELLES; 
FERRAZ, 2001). 
Gemelli e Zago (2002) realizaram um estudo com o objetivo de identificar 
como os enfermeiros interpretam o cuidado com o ostomizado em uma instituição 
hospitalar. Os resultados demonstraram que a inadequação das práticas desses 
processos reflete a falta de conhecimentos atualizados, nos diferentes temas da 
reabilitação do ostomizado. As dificuldades com o cuidado não são apenas de 
ordem cognitiva. As atitudes dos enfermeiros quanto aos pressupostos do cuidado e 
do ensino de pacientes não são coerentes com as suas ações. Assim, o cuidado 
com o paciente é interpretado como especial, considerando que o cuidado e o 
ensino do paciente/família para a alta hospitalar são processos fundamentais para o 
sucesso da reabilitação do ostomizado. 
Explicam os autores que essa reabilitação visa restituir-lhe as atividades do 
convívio social e melhorar a QV diante do impacto da aquisição da ostomia. A 
primeira etapa desse processo deve ser a aceitação da ostomia pelo paciente, 
entendendo que essa, foi confeccionada com o intuito de preservar sua saúde. Os 
profissionais que estão cuidando dos pacientes ostomizados diretamente devem 
prepará-los para uma reabilitação, para que eles possam vencer as dificuldades, 
aceitando seu estado físico e assim reinseri-lo na sociedade. 
Bellato et al., (2006) realizaram um estudo em que apontou a necessidade da 
educação para o autocuidado mais significativamente no período pós-operatório, 
uma vez que nesse momento novos hábitos deverão ser incorporados no seu 
cotidiano, para que o paciente possa vir a ter uma melhor QV após o procedimento. 
 20
A partir daí, os cuidados com higiene e alimentação podem assegurar 
melhoria em sua vida diária, assim como algum tipo de controle sobre as 
consequências da ostomia. 
O enfermeiro deve agir como um mediador, facilitador do processo, devendo 
estar preparado para ajudar o ostomizado ou candidato a ostomia, a resolver seus 
problemas, não só de ordem física como psíquica, social, espiritual, econômica, 
entre outros relacionados ao processo de adaptação. 
Uma das preocupações para o cuidado é na alteração da imagem corporal, 
que leva à sensação de mutilação e rejeição de si mesmo. A realização de uma 
ostomia produz mudanças no corpo das pessoas que irão influenciá-la futuramente e 
os sentimentos resultantes serão os mais diversos (GEMELLI; ZAGO, 2002). 
Associação gaúcha deostomizados, de acordo com Barbutti, Silva e Abreu, 
(2008) concluíram que os enfermeiros, de forma geral, têm noções das estratégias 
de cuidado, como o ensino, apoio, envolvimento da família e trabalho 
multiprofissional. Porém, as estratégias utilizadas precisam ser desenvolvidas 
adequadamente para alcançar suas finalidades. Os autores destacaram ainda, a 
necessidade de se desenvolver atividades que possam contribuir com a capacitação 
dos profissionais, tendo em mente que o conhecimento científico é a base para o 
fazer e as deficiências a serem superadas, considerando os níveis: cognitivo, afetivo 
e psicomotor, relacionados a estomaterapia. 
 
 
2.4 CONSEQUÊNCIAS DAS OSTOMIAS NA QUALIDADE DE VIDA 
 
 
É importante ressaltar que os pacientes ostomizados passam por dificuldades 
físicas, emocionais e psicológicas os quais interferem em sua QV. As alterações 
físicas designam a modificações fisiológicas gastrointestinais, perda do controle fecal 
e da eliminação de gases, odor das fezes, o uso obrigatório de um dispositivo 
aderido ao abdome, realização do autocuidado com a ostomia e a troca de bolsas, 
são implicações decorrentes destas alterações (TRENTINI apud CASCAIS; 
MARTINI; ALMEIDA, 2007). 
 21
A incontinência de fezes e gases resultante da abertura de uma ostomia 
constitui um problema realmente sério para a pessoa ostomizada, dada à 
repercussão física, social e emocional podendo comprometer a sua QV. 
Os aspectos emocionais do paciente ostomizado foram ressaltados por 
Wanderbrook (1998) apud Sonobe, Barichello e Zago, (2002) que define os dois 
impactos enfrentados pelo paciente: a doença e a ostomia. Essa situação implica em 
sofrimento, dor, deterioração do corpo ou da vida, incertezas quanto ao futuro, mitos 
relacionados a ele, medo da rejeição social, dentre outros. 
Ser um indivíduo ostomizado para uma pessoa representa uma agressão a 
sua integridade. É uma situação produtora de desequilíbrios psíquicos através da 
ruptura da estrutura do eu. O ostomizado, assim, precisa adaptar-se a essa nova 
situação em busca da harmonia e da restauração das suas forças. Esses clientes 
necessitam de cuidados específicos para conseguirem sua reinserção social 
(SANTOS, 1996). 
Eysenck (1972) relata que um enfermo que sofre experiências 
desestabilizadoras do seu próprio eu pode enfrentar a situação com negociação, 
ansiedade reativa ou com subsequente depressão. Existe a possibilidade de que 
não se produza resposta emocional alguma, traduzindo-a em formas 
psicossomáticas de agir. 
Segundo Gemelli e Zago (2002) os problemas sociais podem decorrer da 
insegurança causada pela qualidade dos materiais e equipamentos utilizados. 
Muitas vezes o paciente pode se sentir vulnerável e isolar-se tanto do convívio 
familiar quanto social. 
O uso da bolsa coletora pode representar uma mutilação sofrida, pois se 
relaciona diretamente com a perda da capacidade produtiva do paciente, assim 
como ela pode significar a ele uma espécie de denunciadora sobre sua falta de 
controle sobre as eliminações fisiológicas, sobre seu corpo, beleza física e saúde. 
Estar ostomizado implica não só no uso dessa bolsa, mas em uma nova maneira de 
enxergar seu corpo. Esse é um processo ao mesmo tempo subjetivo, coletivo/social, 
e de profundas reflexões sobre a convivência com uma ostomia (BARBUTTI; SILVA; 
ABREU, 2008). 
A ostomia obriga o paciente a realizar grandes transformações pessoais. 
Apesar de manter sua condição encoberta sob as roupas, rompe com os seus 
esquemas anteriores e pode levar o paciente a sentir-se diferente dos outros 
 22
indivíduos do grupo. O impacto da presença da ostomia determina uma alteração de 
sua imagem que possibilita o aparecimento de diversas reações à sua realidade, 
além da perda vivenciada pelo paciente, durante o ato cirúrgico. É aqui que as 
estratégias de enfrentamento pessoal vão ser de importância fundamental para a 
recuperação de possíveis danos psicológicos (BARBUTTI; SILVA; ABREU, 2008). 
As modificações que têm um impacto a nível emocional e psicológico, 
resultam da alteração da imagem corporal e das consequências que daí advém, 
sendo definido o modo como se sente e pensa sobre o corpo e a aparência física 
que formam um conceito fundamental para uma vida social mais adequada 
(PERSSON apud CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007). 
Segundo Pereira (2001), imagem corporal é a ideia que cada pessoa faz de 
seu próprio corpo, é a forma como cada um se vê. Esse é um conceito muito 
subjetivo e pessoal, visto que a imagem corporal que cada um tem de si mesmo nem 
sempre coincide com a sua real constituição. O indivíduo aprende a conhecer seu 
corpo comparando-o com o de outras pessoas. A ostomia desestrutura a imagem 
que o paciente tinha do seu corpo, tornando uma pessoa com sentimentos 
diferentes levando a sensação de mutilação, causando a rejeição de si própria, e 
dificultando a interação na sociedade. 
Sousa (1999) enfatiza que quanto às atividades de lazer/recreação, ocorrem 
também modificações. Relativamente às atividades de lazer que são consideradas 
passivas, como por exemplo, cinema, televisão, leituras entre outras, habitualmente 
não sofre alterações. Contudo, no que se refere às atividades consideradas ativas, 
como viajar, realizar algum tipo de esporte, o mesmo não se verifica. As razões para 
tais restrições prendem-se com a insegurança derivada da qualidade dos 
dispositivos, problemas físicos, dificuldades em higienizar a bolsa, vergonha e medo 
de problemas gastrintestinais. 
Nesse sentido, Bechara et al., (2005) esclarecem que cerca de metade dos 
pacientes, não retomam suas atividades de lazer ou retomam apenas parcialmente, 
devido à insegurança, vergonha, ou problemas físicos. 
Dessa forma, acredita-se que a presença de uma ostomia acarreta não 
somente alteração dos aspectos físicos, como também interfere de modo direto nas 
atividades de vida diária do paciente, atividades sociais de relacionamento, 
envolvendo aspectos econômicos importantes, afetando de algum modo a QV 
desses pacientes. 
 23
A vida sexual da pessoa ostomizada é também afetada, encontrando-se 
intimamente relacionada com o conceito de autoimagem e a consequente 
diminuição da autoestima e da percepção de atração sexual. Contudo, por vezes, 
tais distúrbios podem estar relacionados com complicações decorrentes do ato 
cirúrgico, nomeadamente lesão nervosa. A maioria dos pacientes ostomizados não 
retoma a sua atividade sexual ou retomam apenas parcialmente, devido a problemas 
físicos, problemas com o dispositivo, vergonha ou medo da não aceitação pelo 
parceiro (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007). 
A sexualidade não se resume somente a aspectos físicos, mas também a 
aspectos psicológicos, a nova forma do corpo, o período de adaptação pós-
operatório e a aceitação de um para o outro que influência muito na função sexual. 
O paciente ostomizado muitas vezes se vê como um ser assexuado, diante 
deste fato a enfermagem pode atuar no processo reabilitatório tentando assim 
proporcionar a esse uma melhor QV (SEMINÁRIO, 2009). 
Com relação à atividade sexual, Silva apud Barbutti (2008), observa que essa 
obedece a um forte impulso de natureza biológica, mas sua concretização e sua 
vivência dependem dos aspectos psicológicos, psicodinâmicos e culturais de cada 
indivíduo. O exercício saudável da sexualidade fortalece a autoconfiança, alivia não 
só tensões como também as angústias. 
Coelho et al., (2005) desenvolveram um estudo com o intuito de identificar 
como a mulher portadora de ostomia percebe sua sexualidade e ainda verificar os 
conflitos, sentimentos e mudanças vivenciadas por ela após a cirurgia de ostomia. 
Utilizando-se como método uma seleção de mulheres entre 20 e 60 anos portadoras 
de colostomia ou ileostomia com experiência sexual, sendo aplicado um instrumento 
de coleta de dados contendo uma parte de identificação das colaboradoras, dados 
sócio-demográficose clínicos dos pacientes. Obteve-se como resultado que a 
percepção sobre a sexualidade e o vínculo com o parceiro anterior ao ato cirúrgico 
foram fatores que contribuíram de forma significativa para a ocorrência ou não de 
mudanças no relacionamento. 
Farias; Gomes; Zappas (2004) realizaram um estudo descritivo com o objetivo 
de identificar as alterações causadas por uma ostomia no viver de seus portadores. 
Foram realizadas entrevistas com oito ostomizados de uma cidade do Rio Grande do 
Sul. Verificaram que esses pacientes têm sua perspectiva de vida alterada, precisam 
adaptar-se ao uso de equipamentos, sentem medo da nova situação, têm sua 
 24
imagem corporal desfeita, autoestima diminuída e sexualidade comprometida, 
perdem o controle sobre o corpo e sentem-se estigmatizados. Algumas pessoas 
afastam-se do seu convívio enquanto outras se fazem mais presentes como forma 
de apoio. Verificaram que são complexas as alterações causadas pela ostomia e 
que a compreensão dessas pelo enfermeiro tornam-se importantes no sentido de 
propiciar o planejamento de um cuidado mais efetivo, humano e de qualidade. 
Ao longo do tempo o ostomizado vai se adaptando. Nos primeiros dias de 
pós-operatório, esse não consegue nem mesmo olhar para a ostomia, dependendo 
da evolução da sua doença, e com as possibilidades de adaptação encontradas 
desenvolve estratégias de enfrentamento com as quais passa a lidar com os 
problemas ou modificações cotidianas ocorridas em função da ostomia. Assim, a 
pessoa precisa de um tempo para adaptar-se à sua nova condição, que pode levar 
dias, semanas ou meses (WANDERBROOK 1998 apud SONOBE; BARICHELLO; 
ZAGO, 2002). 
A aceitação da ostomia é um processo lento e conquistado com o passar do 
tempo, após superar as dificuldades iniciais o ser humano percebe que é capaz de 
lidar com a bolsa, no entanto o paciente diante dessa patologia continuará com a 
autoestima baixa, uma vez que, esse não se enquadra nos padrões estéticos da 
sociedade, divide preconceitos e aceitação das diferenças. 
 
 
Mesmo quando os pacientes relatam situações de boa adaptação em 
relação ao uso das bolsas de colostomia, estes são continuamente 
desafiados pela possibilidade de ocorrência de complicações ou mesmo da 
recidiva da própria doença. Isto implica que a presença da ostomia passa a 
ter um significado secundário e perpassa por um discurso que dá a idéia 
aparente de aceitação (SONOBE; BARICHELLO; ZAGO, 2002, p. 02). 
 
 
A ostomia não representa, necessariamente, o fim da vida desses pacientes, 
porque poderão adquirir uma melhor QV através da busca de um viver em plenitude, 
participando de atividades que lhes tragam motivação e os estimulem, conduzindo-
os a um viver confortável, seguro e feliz (FARIAS; GOMES; ZAPPAS, 2004). 
 
 
 25
2.5 QUALIDADE DE VIDA 
 
 
Segundo Fleck et al., (1999) a expressão QV foi empregada pela primeira vez 
pelo presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson em 1964, ao declarar que os 
objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos e sim através da 
QV que proporcionam às pessoas. O interesse em conceitos como padrão de vida e 
QV foram inicialmente partilhados por cientistas sociais, filósofos e políticos. O 
crescente desenvolvimento tecnológico da medicina e ciências trouxe como uma 
consequência negativa a sua progressiva desumanização. 
Assim, a preocupação com o conceito de QV refere-se a um movimento 
dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais 
amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da 
expectativa de vida (FLECK et al., 1999). 
Seidl e Zannon (2004) informam que o termo QV relacionada à saúde é muito 
frequente na literatura e tem sido usado com objetivos semelhantes à conceituação 
mais geral. No entanto, parece implicar os aspectos mais diretamente associados às 
enfermidades ou às intervenções em saúde. É possível identificar, nas 
conceituações de Guiteras e Bayés, Cleary et al. e Patrick e Erickson (1993), apud 
Eb Rahim (1995), as definições que ilustram os diferentes usos do termo QV 
relacionada à saúde como referência ao impacto da enfermidade. 
Guiteras e Bayés (1993) afirmam que QV relacionada à saúde é a valoração 
subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, em relação ao seu 
estado de saúde. 
Cleary, et al. (2004) consideram que vários aspectos da vida de uma pessoa 
são afetados por mudanças no seu estado de saúde, e que são significativos para a 
sua QV. 
Portanto Patrick e Erickson (1993) apud Eb Rahim (1995) informam que QV 
relacionada à saúde é o valor atribuído à duração da vida, modificado pelos 
prejuízos, estados funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por 
doença, dano, tratamento ou políticas de saúde. 
De acordo com Sousa (1999), hábitos de vida determinam estado geral de 
saúde, portanto dependendo de seus hábitos será necessário mudá-los para manter 
 26
a saúde do corpo e da mente. Além disso, devem ser levados em consideração a 
história pregressa da pessoa e os fatores de risco que ela apresenta. 
kluthcovsky; Takayanagui (2007) notificaram que o termo qualidade de vida 
relacionada à saúde (QVRS) é uma tradução da expressão inglesa Health Related 
Quality of Life (HROQL) de variada aplicação e significado impreciso. HROQL 
agrega e relaciona os aspectos envolvidos na definição genérica, com a questão da 
doença e das intervenções em saúde. 
O conceito de HROQL é mais específico que a definição de QV apresentada 
pela OMS, pois inclui dentro da percepção de saúde física e mental, outros aspectos 
como, por exemplo, a capacidade funcional, os aspectos físicos, sociais, econômicos 
e outros aspectos relacionados ao processo saúde-doença (KLUTHCOYSKY; 
TAKAYANAGUI, 2007). 
A HROQL pode ser avaliada de forma individual ou de forma coletiva. Ao 
avaliar a HROQL de um indivíduo deve-se considerar a relação da saúde física, 
mental e social com os seguintes fatores: riscos e condições de saúde, exposição à 
doença, predisposição genética, estado funcional, suporte social e condição 
socioeconômica. Ao avaliar a HROQL de uma comunidade deve-se considerar os 
recursos, as condições, as políticas e as práticas que podem influenciar a percepção 
de saúde e a capacidade funcional da população (SOARES et al., 2007). 
Embora não haja consenso sobre o conceito QV, um grupo de especialistas 
da OMS, de diferentes culturas, num projeto colaborativo multicêntrico, obteve três 
aspectos fundamentais referentes ao construto QV: a subjetividade, a 
multidimensionalidade que inclui as dimensões física, psicológica e social e a 
bipolaridade, presença de dimensões positivas e negativas (FLECK et al., 1999). 
Para o paciente ostomizado, a QV será o alcance máximo de bem-estar e 
autonomia, além da sua volta às atividades diárias. O próprio paciente deve avaliar 
essa qualidade a qual, em alguns casos torna-se até melhor do que antes. Sendo a 
reabilitação a meta principal da equipe que assiste o ostomizado, seu alcance 
significa inseri-lo novamente na sociedade, identificando e ultrapassando os 
obstáculos que possam impedir sua adaptação (ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE 
OSTOMIZADOS, 2006 apud BARBUTTI; SILVA; ABREU, 2008). 
A partir da perspectiva de conhecer de forma objetiva o estado de saúde de 
pacientes submetidos ao fechamento da ostomia, utilizou-se o questionário SF-36 
 27
instrumento de avaliação genérica de saúde, originalmente criado na língua inglesa, 
de fácil administração e compreensão (CICONELLI, 1997). 
Ciconelli (1997) desenvolveu uma versão para a língua portuguesa do 
instrumento SF-36 após o processo de tradução, adaptação cultural e suas 
propriedades de medida para avaliar pacientes brasileiros portadores de artite 
reumatoide. O questionário foi administrado por entrevistas, devido ao baixo nível 
socioeconômico e de analfabetismo dos pacientes. O tempo médio de administraçãofoi de 7 minutos. A avaliação da reprodutibilidade intra e interobservador do 
instrumento demonstrada pelo coeficiente de correlação de Pearson foi satisfatória e 
estatisticamente significante para os 8 componentes, variando de 0,4426 a 0,8468 e 
de 0,5542 a 0,8101, respectivamente. A avaliação da validade construtiva foi 
satisfatória e estatisticamente significante, quando os componentes, capacidade 
funcional, aspectos físicos, dor e estado geral da saúde foram correlacionados aos 
parâmetros clínicos como número de articulações dolorosas e edemaciadas, 
avaliação de atividade da doença pelo paciente e pelo médico e avaliação da dor. 
A versão para a língua portuguesa do SF-36 é um parâmetro reprodutível e 
válido, utilizado na avaliação da QV dos pacientes atendidos pelo cirurgião do 
CADEF que passaram pela reconstrução do trânsito intestinal. 
Para facilitar a compreensão do SF-36, apresenta-se, a seguir, cada uma das 
dimensões, segundo Soares et al. (2007): 
a) capacidade funcional é uma dimensão que corresponde à capacidade 
e às dificuldades do indivíduo em executar atividades comuns do seu 
cotidiano; 
b) aspectos físicos, dimensão que reflete a ocorrência de problemas no 
trabalho ou no dia-a-dia do indivíduo, em consequência do seu estado 
de saúde; 
c) dor, dimensão que reflete a presença de dor, bem como a sua 
intensidade e a repercussão dessa experiência no trabalho e em casa, 
experiência sensorial e emocional associada a um trauma ou a uma 
doença; 
d) estado geral de saúde, dimensão que reflete a percepção e as 
expectativas, do indivíduo em relação à sua saúde; 
 28
e) vitalidade, dimensão que reflete a percepção do indivíduo em relação à 
sua energia e disposição para realizar as atividades diárias frente aos 
últimos acontecimentos; 
f) aspectos sociais, dimensão que reflete o quanto à saúde física e/ou os 
problemas emocionais do indivíduo interferem no relacionamento social 
e nas atividades em grupo; 
g) aspectos emocionais, dimensão que reflete a ocorrência de problemas 
no trabalho ou em casa, decorrentes de problemas emocionais como 
depressão ou ansiedade; 
h) saúde mental, dimensão que reflete a percepção do indivíduo em 
relação ao humor e ao seu estado emocional frente aos últimos 
acontecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29
3 MÉTODO 
 
 
3.1 TIPO DE PESQUISA 
 
 
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, analítica e retrospectiva 
que estudou pacientes submetidos ao fechamento da ostomia atendidos pelo 
cirurgião do ambulatório de ostomizados do CADEF da Secretaria Municipal de 
Saúde do Município de Governador Valadares - MG, no período de janeiro a julho de 
2008. 
 
3.2 POPULAÇÃO 
 
 
A amostra foi composta de todos os pacientes submetidos à cirurgia para 
reconstrução do trânsito intestinal que foram atendidos pelo referido cirurgião no 
período do estudo. Foram incluídos ao estudo indivíduos capazes nas formas legal e 
intelectualmente, em responder verbalmente ao instrumento proposto e aceitar 
participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE) (ANEXO I). Foram excluídos pacientes cujo trânsito intestinal 
não pode ser reconstruído, cujos dados documentais foram perdidos e aqueles que 
não conseguiram completar 50% da entrevista estruturada. 
 
 
3.3 LOCAL DA PESQUISA 
 
 
Para a realização desta pesquisa, os dados documentais foram colhidos nos 
prontuários dos pacientes no CADEF em março de 2009, após aprovação do 
Conselho de Ética em Pesquisa (CEP), conforme resolução 196/96, que do ponto de 
 30
vista ético, foram esclarecidos que os achados nos prontuários são de caráter 
confidencial. 
O CADEF é um órgão municipal vinculado ao estado que tem referência a 
Gerencia Regional de Saúde (GRS) de Governador Valadares que atende no total 
de 142 municípios. Esse local é reconhecido como espaço social e físico que reúne 
os pacientes ostomizados para fins de educação e apoio destacando-se enquanto 
suporte para o fornecimento de dispositivo para coletas de efluentes. Possui equipe 
multidisciplinar composta por: um médico cirurgião e clínico geral, enfermeira, 
psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, técnico de 
enfermagem e apoio administrativo. 
Inicialmente, foi realizada uma reunião com o responsável pela instituição, 
tendo como finalidade esclarecer os objetivos da pesquisa, bem como os 
procedimentos que seriam realizados no estudo e a relevância de estudar o impacto 
do fechamento da ostomia na QV. 
Expediu-se uma carta de autorização da instituição para uso de dados 
documentais. A obtenção dos dados documentais foi realizada somente após a 
autorização do responsável pela instituição (ANEXO II). 
Para a realização da entrevista, os acadêmicos fizeram um contato prévio por 
telefone a partir dos endereços coletados dos dados documentais, no qual 
agendaram uma visita domiciliar segundo a conveniência do sujeito, com intuito de 
explicar os objetivos da pesquisa, sua relevância, bem como esclarecer o TCLE, 
deixando claro seu anonimato e o direito de se desligar da pesquisa caso não queira 
mais continuar. Somente com a compreensão e assinatura desse termo pelo sujeito, 
que os acadêmicos (as) prosseguiram com a aplicação do instrumento de avaliação 
da QV. 
 
 
3.4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS 
 
 
No primeiro momento foi realizada uma coleta de dados documentais 
utilizando o questionário (APÊNDICE I) com as seguintes variáveis: número 
corresponde à ordem de realização da cirurgia; tempo, que corresponde ao 
 31
momento de aplicação do instrumento de avaliação da QV: antes (dados 
documentais) ou depois da cirurgia (no segundo momento); nome, sexo e idade que 
correspondem aos dados pessoais do paciente; capacidade funcional, aspecto 
físico, dor, estado geral de saúde, aspectos sociais, aspectos emocionais, saúde 
mental correspondendo aos dados do instrumento de avaliação da QV. Co-
morbidades clínicas e anatômicas, complicações menores e complicações maiores 
que correspondem à evolução clínica dos pacientes, foram colhidos a partir dos 
prontuários dos pacientes como variáveis categóricas, presentes e ausentes. 
Para fim deste estudo foram consideradas como co-morbidades clínicas 
condições de saúde adversas que podem interferir na evolução do paciente, 
exemplo; senilidade, tabagismo, doenças do aparelho cardiovascular (hipertensão 
arterial, infarto, arritmias etc.), doenças do aparelho respiratório (asma, bronquite, 
enfisema, etc.) doenças metabólicas (principalmente a diabete) e outras com 
características semelhantes. 
Em relação às co-morbidades anatômicas considerou como condições 
adversas que podem interferir na cirurgia; obesidade, aderências, ressecções 
extensas, anastomoses com dificuldades técnicas (próximas ao ânus) e outras com 
características semelhantes; como complicações menores: febre que não atrase a 
alta hospitalar, seroma, deiscência de pele e outras com características 
semelhantes; como complicação maior: íleo adinâmico, fístulas, infecções (ferida 
operatória, pulmonar, urinária, etc.), re-operações e com características 
semelhantes. 
Posteriormente a coleta de dados, foi realizada uma entrevista usando o 
instrumento de avaliação da QV (ANEXO IV), a saber: SF-36, validado e disponível 
para a utilização no Brasil e que fez parte da avaliação pré-operatória para 
reconstrução de trânsito intestinal do referido cirurgião, portanto constante dos 
dados documentais do CADEF. 
A aplicação desse instrumento foi realizada por acadêmicos (as) do 8º 
período de enfermagem da UNIVALE, diretamente com o sujeito em uma visita 
domiciliar previamente marcada por telefone. Optou-se pelo SF-36 por ser um 
instrumento amplamente usado em vários países, sendo encontrado na literatura em 
vários idiomas. 
O instrumento é constituído de 36 itens,agregados em oito domínios, a saber: 
capacidade funcional (dez itens), aspectos físicos (quatro itens); dor (dois itens); 
 32
estado geral de saúde (cinco itens); vitalidade (quatro itens), aspectos sociais (dois 
itens); aspectos emocionais (três itens); saúde mental (cinco itens). 
Além desses, existe um item (o segundo) do SF-36, que corresponde à 
questão nº 2, que não está relacionada à avaliação das dimensões apresentadas 
anteriormente, e sim à percepção do paciente em relação ao seu estado de saúde 
atual quando comparado há de um ano atrás. Cada dimensão é analisada 
separadamente e recebe um escore que pode variar de 0 a 100, sendo 0 o pior 
estado de saúde/QV, e 100 o melhor. 
Para correlacionar os aspectos antes e depois da cirurgia foi usado o 
questionário SF-36, aplicado pelo cirurgião no pré operatório para reconstrução do 
trânsito intestinal, colhido nos dados documentais do paciente e o questionário SF-
36 reaplicados pelos acadêmicos. 
 
 
3.5 ANÁLISE DOS DADOS 
 
 
A organização, armazenagem e a distribuição de frequência foram realizadas 
utilizando-se o programa Epi Info, versão 3.5, 09 junho de 2008, no primeiro 
momento foi transformado o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios 
que é chamado de raw scale, pois o valor final não apresenta nenhuma unidade de 
medida. Para análise dos dados SF-36 e comparação intragrupo, avaliações antes 
e depois em relação ao período de intervenção, foram utilizadas a prova de teste U 
de Mann-Whitney/ Wilcoxon. Considerou-se significativo p < 0,05. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
A pesquisa teve como amostra seis pacientes que se submeteram ao 
fechamento da ostomia atendidos pelo cirurgião do ambulatório de ostomizados do 
CADEF de Governador Valadares no período de janeiro a julho de 2008. 
Os seis convidados aceitaram o convite e participaram do estudo. A maior 
parte desta amostra, quatro pacientes (64%) foram submetidos à derivação por 
trauma (arma de fogo), um (17%) por diverticulite e outro (17%) por câncer. 
Foram realizadas três (50%) ileostomias, uma (17%) colostomia no cólon 
transverso e duas (33%) colostomias no cólon esquerdo. Dois (33%) pacientes 
apresentaram co-morbidades clínicas: senilidade e neoplasia, um (17%) com co-
morbidade anatômica: hérnia na parede lateral esquerda do abdome que não foi 
corrigida na cirurgia. Um paciente (17%) apresentou complicação menor: abscesso 
de parede e dois (33%) apresentaram complicações maiores: uma fístula de 
fechamento espontâneo e uma re-laparotomia por obstrução intestinal 
precocemente. Não houve óbito nessa série. 
 
4.1 IDADE E GÊNERO RELACIONADO AOS 6 PACIENTES SUBMETIDOS À 
RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO DE JANEIRO A 
JULHO DE 2008 
 
 
19 23
25
57
70 73
n: 6
Idade
19 anos
23 anos
25 anos
57 anos
70 anos
73 anos
 
Gráfico 1 - Idade 
Fonte: Formulário de coleta de dados aplicado em domicílio 
 
n: 6 
 34
O gráfico 1 mostra as idades dos 6 pacientes submetidos à reconstrução do 
trânsito intestinal, sendo a idade média de 24,5 ± 44,5 anos, cujos três pacientes 
com idade entre 19 e 25 tiveram como causa o trauma e dos três com idade entre 57 
e 73, podê-se observar que apenas um teve o trauma como causa. 
Quando se compara à idade com o que levou a realização da ostomia esse 
resultado pode ser entendido de acordo com as considerações estatísticas segundo 
Naemt (2004) afirma que os traumas matam ou acometem pessoas de todas as 
idades, mas afetam os jovens e adultos jovens de maneira desproporcional, estando 
mais frequente que o câncer e doenças cardiovasculares. 
A nossa amostra corrobora com um estudo realizado por Curi et al., (2002) 
onde o trauma foi à causa mais comum de indicação das ostomias. As maiorias dos 
pacientes submetidos a ostomia, foram devido a um trauma abdominal, 
considerando os altos índices de violência nos dias de hoje, como era de se esperar. 
 
 
17%
83%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Feminino
Masculino
 
 
Gráfico 2 - Gênero 
Fonte: Formulário de coleta de dados aplicado em domicílio 
 
 
O Gráfico 2 mostra que havia um paciente (17%) do sexo feminino e cinco 
pacientes (83%) do sexo masculino. Obteve-se uma grande diferença de gênero 
entre a amostra da pesquisa, resultado que reflete com a literatura, pois Aquino, 
Menezes, Amoedo (1992) informam que os homens adoecem mais do que as 
mulheres, dentre as explicações para esse fato estariam de um lado, diferenças 
biológicas, com as mulheres apresentando maior resistência a doenças, conferida 
 35
por fatores genéticos e hormonais. O diferencial encontrado tem sido em parte 
atribuído à exposição diferenciada a fatores de risco. Podendo ser confirmado pelo 
presente estudo ao ter o trauma como causa prevalente da ostomia (AQUINO; 
MENEZES; AMOEDO, 1992; ROUQUAYROL, 2003). 
Dessa forma, nos países desenvolvidos e também no Brasil, onde a 
esperança de vida assume valores elevados, é sabido que atualmente as mulheres 
vivem mais do que os homens (AQUINO; MENEZES; AMOEDO, 1992; 
ROUQUAYROL, 2003). 
Esta amostra correlaciona com o estudo de Curi et al. (2002), já que a maioria 
dos pacientes submetidos à ostomia eram do sexo masculino, em uma faixa etária 
economicamente ativa, trazendo assim, um custo social muito importante para a 
sociedade. 
 Para verificar o impacto do fechamento da ostomia nos aspectos: 
capacidade funcional, aspecto físico, dor, estado geral, vitalidade, aspectos sociais, 
emocionais e saúde mental, foi aplicado o questionário SF-36 de forma subjetiva. 
Após a marcação de cada item, passa-se à interpretação dos escores. 
Os dados, depois de respondidos pelos sujeitos da amostra, foram 
transformados os valores das questões anteriores em notas de 8 domínios que é 
chamado de raw scale, pois o valor final não apresenta nenhuma unidade de 
medida. 
Utilizou-se o programa Epi Info para análise dos dados SF-36 e comparação 
intragrupo, avaliações antes e depois em relação ao período de intervenção, foram 
utilizadas a prova de teste U de Mann-Whitney/ Wilcoxon, disponível apropriado, e 
os resultados já saem prontos, em uma escala de 0 a 100. Cada dimensão é 
analisada separadamente e recebe um escore podendo variar, ratificando-se 0 o pior 
estado de saúde e quanto mais próximo da escala de 100, melhor a QV dos sujeitos. 
 
4.2 DIMENSÕES DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADO AOS 6 PACIENTES 
SUBMETIDOS À RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO INTESTINAL NO PERÍODO 
DE JANEIRO A JULHO DE 2008 
 
 
 36
55
90
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
 
Gráfico 3 - Capacidade funcional 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
De acordo com o gráfico 3 verificou-se que a mediana da capacidade 
funcional antes da reconstrução do trânsito intestinal foi de 55, após o fechamento 
teve uma melhora para 90. Quando comparado os questionários não houve 
diferença significativa p= 0,1689. 
Segundo Ramos (2003) a saúde não é mais medida pela presença ou não de 
doenças, e sim pelo grau de preservação da capacidade funcional. Isso explica o 
resultado desse domínio não ser significativo. 
 
1
100
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 4 - Aspectos físicos 
 Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
 37
Observa-se, no gráfico 4, que os aspectos físicos representou uma das 
dimensões mais comprometidas nos pacientes que foram submetidos à ostomia, 
com pontuação da mediana igual a 1. Com o fechamento a mediana subiu para 100. 
Quando comparado os 2 questionários nota-se um impacto significativo na QV com 
o fechamento da ostomia p=0,0030. 
De acordo com Bellinaso e Silva (2006), aspectos físicos avaliam limitações 
quanto ao tipo e quantidade de trabalho, bem como e quanto essas limitações 
dificultam a realização do trabalho e das atividades da vida diária. 
Esta dimensão reflete nas citações de Nahas (1997), este afirma que as 
atividades físicas do serhumano podem ser classificadas como atividade de trabalho 
e lazer, o que interferiu diretamente no cotidiano do ostomizado a ponto de ter um 
aumento exacerbado para melhora nos aspectos físicos do paciente após o 
fechamento. 
69,5
91
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 5 - Ausência de dor 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
Em relação ao domínio da dor o questionário mostra que a mediana dos 
pacientes ostomizados foi de 69, 5, passando para 91 após o fechamento. Ao 
comparar os questionários antes e depois se verifica uma melhora significativa onde 
p = 0,0029. 
A dor possivelmente é o mais comum dos sintomas de uma alteração da 
função física, que costuma ser sinal de alerta no que diz respeito à saúde, é 
subjetiva, incapacita e aflige mais pessoas do que qualquer quadro patológico e, 
cada pessoa constrói o significado que tem para si, a partir de suas próprias 
experiências dolorosas, sendo elas físicas ou não (BRASIL et al., 2008). 
 38
 
66
91
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 6 - Estado geral de saúde 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
Quanto ao estado geral de saúde, ou seja, como o sujeito sente-se em 
relação a sua saúde global, identificou-se a mediana de 66, o que indica que as 
pessoas ostomizadas têm a percepção real de suas limitações físicas. Ao aplicar o 
questionário após o fechamento da ostomia a mediana subiu para 91. Embora se 
perceba uma melhora dos valores atribuídos a esse domínio pela amostra, não 
houve diferença significativa p = 0,1962. 
Os resultados vão de encontro com Bellinaso e Silva (2006), quando afirmam 
que a QV inclui qualquer estímulo que afeta direta ou indiretamente, como o ar que 
se respira e os relacionamentos pessoais, por exemplo, ter controle para mudar 
alguns desses estímulos, outros não. Na simplicidade do cotidiano é que se 
encontram as maneiras mais eficazes para adquirir QV. 
No entanto, a QV após um procedimento grave, como passar por uma 
reconstrução do trânsito intestinal, sofre modificações, de conformidade com a 
escala de valores de vida de cada paciente. Os indivíduos, em sua ampla maioria, 
entendem o contexto saúde/doença de forma mais complexa (SIVIERO 2003). 
 
 39
50
80
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
 
Gráfico 7 - Vitalidade 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
Quanto à dimensão vitalidade (força, energia e disposição do paciente para 
realizar suas atividades habituais), identificou-se na presença da ostomia uma 
mediana de 50 no SF-36. 
De acordo com Silva e Shimizu (2007), a ostomia impõem limitações, cujos 
indivíduos sentem-se obrigados a passar a maior parte do tempo em casa e ociosos. 
Como consequência, perde o prazer de viver e vivenciam sentimentos de medo, 
angústia, solidão, dentre outros. 
Com a reconstrução do trânsito intestinal ocorreu um aumento da mediana 
para 80. Ao correlacionar os dois questionários verifica-se uma melhora significativa 
com o fechamento da ostomia p = 0,0152. 
O paciente que antes ficava grande parte do seu tempo em casa, agora 
começa a reintegrar na sociedade, retomando as atividades que antes não se 
permitia por incômodo ou por estigma social, devido a sua imagem corporal alterada, 
como viajar, visitar família e amigos. 
 
 
 40
 
50
87
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 8 - Aspectos sociais 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
 
Os resultados apresentados no gráfico mostram que os aspectos sociais nos 
ostomizados também estão prejudicados, interferindo de forma negativa na QV do 
indivíduo, tendo uma mediana de 50. Esses resultados refletem o comprometimento 
do sujeito ostomizado que apresenta dificuldades em seu relacionamento familiar, 
vizinhos e amigos, podendo constituir fator de risco para quadros depressivos. 
Resultado que vai ao encontro com Sousa (1999) que informa que a nível 
social, constata-se que existe uma preocupação por parte da pessoa ostomizada em 
manter secreta a sua ostomia. Algumas percebem o afastamento de "amigos" pós-
ostomia, enquanto outras se afastam, por se sentirem "estigmatizadas" nas relações 
sociais. 
Após o fechamento da ostomia obteve-se a mediana de 87. Ao comparar os 
dois gráficos identifica-se uma melhora significativa após a reconstrução do trânsito 
intestinal p = 0,0264. 
Tendo um olhar holístico, pode-se associar essa dimensão com a anterior, o 
ser ostomizado foge da sociedade, consequentemente privando de suas atividades 
habituais, ou seja, diminui também sua vitalidade. 
Com a reconstrução da ostomia, o paciente retoma suas relações sociais, 
pois o que antes o incomodava agora não existe. Não é mais necessário esconder 
ou se sentir excluído. 
 
 
 41
 
1
100
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 9 - Aspectos emocionais 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
 
Um dos codificadores mais impactuante da pesquisa foi os aspectos 
emocionais, que de acordo com o gráfico a mediana dos pacientes ostomizados foi 
de 1. 
Segundo Silva e Shimizu (2006), a maioria dos pacientes, após a realização 
da ostomia, vivencia os estágios emocionais de negação, ira, barganha, depressão e 
aceitação. Além das dificuldades emocionais, a ostomia gera uma série de 
alterações de ordem física que prejudica o convívio social, principalmente aquelas 
relacionadas à falta do ânus e à presença de um orifício no abdome por onde passa 
a eliminar as fezes. Como consequência, a pessoa sente-se muito diferente das 
outras e até mesmo excluída. 
A partir do momento em que se passa a evacuar numa bolsa coletora, para 
muitos representa uma situação de constrangimento e ameaça à sua integridade, 
gerando desequilíbrio emocional, que interfere na aceitação de sua nova condição 
de vida (DELAY, 2007). 
Após o fechamento da ostomia a mediana cresceu para 100. Nesse resultado 
também se pôde observar uma melhora significativa do domínio onde p = 0,0019. 
Essa análise pode ser melhor entendida ao pensar que com a reconstrução 
do trânsito intestinal o que fazia da pessoa diferente das outras agora não existe. 
 42
É relevante também mencionar que esse resultado confirma a necessidade 
do indivíduo ser aceito pelo meio, e que uma diferença na maneira de pensar ou 
física – no caso ostomia – pode levar sua exclusão do ambiente desejado. 
 
 
64
84
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 10- Saúde mental 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
 
Em relação a variável saúde mental, ao abordar o paciente ostomizado a 
mediana referente à percepção desse domínio foi de 64, subindo para 84 após o 
fechamento. Na comparação do questionário antes e depois da reconstituição do 
trânsito intestinal houve uma diferença significativa onde p=0,024. 
A ostomia reflete uma mudança na imagem corporal e alterações 
psicológicas, gerando estresse no paciente, podendo ameaçar a segurança e a 
sensação de perda do controle, a integridade e a autonomia do mesmo (DELAY, 
2007). 
Os resultados corroboram com Pereira (2001), ao explicar que a imagem 
negativa de si pode levar a uma desordem mental e dificuldades no relacionamento 
interpessoal. 
 
 
4.3 ASPECTOS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO ESTUDADA 
 
 43
Essa análise corresponde à questão nº 2 do questionário, que não está 
relacionada à avaliação das dimensões apresentadas anteriormente, e sim à 
percepção do paciente em relação ao seu estado de saúde atual quando comparado 
ao de um ano atrás. 
 
40
90
n: 6
Mediana
Antes
Depois
 
Gráfico 11 - Aspectos de saúde da população estudada 
Fonte: Questionário aplicado em domicílio 
 
 
 
O gráfico 11 demonstra o resultado dos pacientes que passaram pelo 
processo de constituição da ostomia com mediana de 40, após o fechamento 
obteve-se uma mediana de 90. Ao correlacionar os 2 questionários, considera-se 
uma melhora significativa em sua saúde atual, em relação ao do último ano. 
p=0,0289. 
Segundo Araújo e Araújo (2000), a QVRS representa a parteda QV ligada 
diretamente à saúde do indivíduo. Fatores externos e internos afetam a percepção, a 
função e a sensação do bem-estar de uma pessoa. Com o fechamento da ostomia 
afasta-se do indivíduo o que o afetava, sem o incômodo, ele percebe melhor sua 
QV. 
A comunidade científica americana tem procurado definir o que eles 
entendem como QVRS sem, contudo, encontrar um consenso absoluto entre os 
pesquisadores. Para uma grande maioria, a QVRS reflete os efeitos funcionais de 
uma doença e seu consequente tratamento sobre um paciente tal como é percebido 
por ele. Essa percepção do paciente passa pela sua autoavaliação sobre atributos 
tais como conforto resultante, sensação de bem-estar, capacidade de manter 
 44
funções físicas emocionais e intelectuais razoáveis e nível de habilidade para 
participar de atividades com a família, no local de trabalho e na comunidade. Com 
relação aos atributos, fica claro que a QVRS envolve a avaliação de função subjetiva 
pelo paciente (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 45
5 CONCLUSÃO 
 
 
A presente pesquisa permite concluir que o fechamento da ostomia trouxe um 
impacto positivo na QV dos pacientes operados pelo cirurgião do CADEF no período 
de janeiro a julho de 2008. 
Com os resultados deste estudo foi possível demonstrar que o fechamento da 
ostomia promoveu melhora nos seguintes aspectos: social, dor, vitalidade, saúde 
mental, físicos e emocionais. Dentre esses, as dimensões que tiveram maior impacto 
foram aspectos físicos e emocionais. Todavia, o método empregado foi incapaz de 
detectar melhora significativa na capacidade funcional e no estado geral de saúde 
da população estudada. 
O indivíduo submetido à reconstrução intestinal deixa de se ver 
estigmatizado, sendo isso importante passo para sua reintegração na sociedade, 
levando-o assim ao aumento na sua QV. Na análise foram submetidos ao 
procedimento mais homens que mulheres e os adultos jovens foram maioria entre os 
pacientes estudados. A maioria dos pacientes submetidos a ostomia, foi devido a um 
trauma abdominal, considerando os altos índices de violência nos dias de hoje, 
como era de se esperar. 
Nesse percentual foi percebido que os homens adoecem mais do que as 
mulheres, dentre as explicações para esse fato estariam de um lado, diferenças 
biológicas, com as mulheres apresentando maior resistência a doenças. Os 
aspectos físicos representaram uma das dimensões mais comprometidas nos 
pacientes que foram submetidos à ostomia, com pontuação da mediana igual a 1. 
Com o fechamento a mediana subiu para 100, dado esse considerado muito 
relevante para o estudo. 
Em relação ao domínio da dor a pesquisa mostrou que a mediana dos 
pacientes ostomizados foi de 69, 5, passando para 91 após o fechamento, com isso 
o estado geral de saúde das pessoas ostomizadas foram satisfatórias depois do 
procedimento cirúrgico de fechamento da ostomia. 
Com isso, é importante que os profissionais da saúde saibam que com a 
ostomia a QV do indivíduo fica prejudicada, para que entendam a necessidade de 
suporte psico-socio-emocional dessa população. 
 46
A educação continuada e permanente aos enfermeiros e os profissionais de 
saúde que lidam diretamente com o ostomizado é de grande relevância, 
capacitando-os quanto aos cuidados, enfatizando o olhar holístico a esse paciente, 
evitando complicações e promovendo condições clínicas adequadas para que a 
restituição do trânsito intestinal ocorra o mais rápido. Lembrando-se sempre que 
esse ato permite a esse ser a otimização de sua QV. 
Enfim, o estudo propõe uma nova pesquisa sobre o tema com um número de 
amostra maior, para que a QV, na pessoa ostomizada e na pessoa submetida ao 
fechamento da ostomia seja melhor estudada e entendida. Considerando essas 
ideias, percebe-se a necessidade de maior investimento pelo enfermeiro, não 
somente em conhecimentos técnicos e teóricos, mas um maior empenho em 
aprofundar a sua compreensão sobre a vivência do ostomizado, constatando o 
quanto é importante o enfermeiro estar sempre se reciclando para se manter 
atualizado e prestar um melhor atendimento ao paciente, promovendo a aceitação e 
adaptação do mesmo. 
Diante desse contexto, percebe-se as diversas alterações causadas por uma 
ostomia na vida dos pacientes, bem como a complexidade de fatores que estão 
envolvidos no seu viver, porque cada ser humano, na sua singularidade e 
historicidade, possui crenças e valores específicos que determinam diferentes 
formas de enfrentamento das doenças e de suas sequelas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47
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