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VITALIDADE FETAL Considera-se feto viável a partir de 25 semanas. É importante monitorar a vitalidade fetal para orientação da gestação: seguimento ou interrupção. A indicação é, principalmente, para casos que apresentem risco de hipóxia. Indicações: Doenças Maternas: Síndrome hipertensivas; Endocrinopatias; Cardiopatias; Pneumopatias; Doenças do colágeno; Nefropatias; Hemopatias; Trombofilias; Desnutrição; Neoplasias malignas; Intercorrências gestacionais sem doenças de base: Restrição do crescimento intrauterino fetal idiopática; Pós-datismo/gestação prolongada; Antecedentes obstétricos desfavoráveis (natimorto, CIUR, DPP); Distúrbios de líquido amniótico (Oligodrâmnio ou Polidrâmnio); Rotura prematura das membranas ovulares; Gemelaridade, síndrome de transfusão feto-fetal; Placenta prévia; Doenças Fetais: Anemias fetais; Cardiopatias fetais; Malformações Fetais: Infecções fetais; MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL Auxiliam no diagnóstico de sofrimento fetal agudo ou crônico, dependendo da situação em que são utilizados, idade gestacional e indicação da sua realização. AUSCULTA CARDÍACA INTERMITENTE É o principal parâmetro clínico a ser empregado para perceber o sofrimento fetal intraparto. Risco Habitual: Na dilatação – 30/30 minutos; No período expulsivo - 15/15 minutos; Alto Risco: Na dilatação – 15/15 minutos; No período expulsivo – 5/5 minutos; CARDIOTOCOGRAFIA (CTG) Avalia a integração do SNC, autônomo e cardiovascular fetal através da análise de parâmetros que vão avaliar os efeitos da hipoxemia no SNC, que vai refletir no comportamento da FCF. Linha de base: Média da FCF. Normal FCF: 110-160 bpm. Variabilidade: Oscilação da linha de base; Normal: 5-25; Acelerações transitórias: Excelente parâmetro de bem estar fetal; Normal: Gestações <32 semanas: Durante 10 segundos e subir 10 bpm. Gestações >32 semanas: Durante 15 segundos e subir 15 bpm. Desacelerações: Queda da FCF em algumas situações, que podem ou não denotar sofrimento fetal. DIP I (Cefálica ou Precoce): A queda do BCF coincide com as contrações, decorrente de compressão do polo cefálico. Não é sofrimento fetal agudo. A conduta é o acompanhamento. DIP II (Tardio): A queda do BCF ocorre 20 segundos após a contração uterina. Ocorre em decorrência de hipoxemia fetal por insuficiência uteroplacentária, caracterizando sofrimento fetal. Pode exigir parto cesárea de urgência. DIP III (Variável ou umbilical): Quedas abruptas do BCF associadas à compressão do cordão umbilical, que ocorrem durante as contrações uterinas ou movimentos fetais. Caracteriza SFA e a conduta abrange oxigênio, DLE, suspensão de ocitocina, correção de PA e parto pela via mais rápida. Padrão Sinusoidal: Ondas em formato de sino, denotam SFA e frequente em casos de anemia fetal grave, como doença hemolítica perinatal. Padrão Sinusoidal PERFIL BIOFÍSICO FETAL Avalia parâmetros de sofrimento fetal agudo: FCF, movimentos corpóreos, movimentos respiratórios e tônus fetal; e sofrimento fetal crônico: volume de líquido amniótico. Para isso, são necessários um cardiotocógrafo e USG. É indicado como complementação às cardiotocografias normais e nas suspeitas ou anormais, para diminuir os falso- positivos. FCF: Os padrões de normalidade são padrão ativo, padrão reativo ao estímulo sônico ou padrão hiporreativo bifásico. Movimentos respiratórios fetais: É considerado normal 1 episódio com duração de 30 segundos em 30 minutos de observação. Podem estar ausentes na hipóxia, na infecção ovular e na hipoglicemia. Pode estar aumentado na hiperglicemia e no uso excessivo de cafeína. Movimentos corpóreos fetais: É normal que ocorra ao menos 1 movimento rápido e amplo ou 3 movimentos discretos, em 30 minutos de exame. Podem ser inibidos pelo sono fetal, drogas sedativas, curare, tabagismo e hipóxia fetal. Tônus fetal: É checado através da atitude fetal de flexão ou pela presença de movimentação corporal adequada. Volume de líquido amniótico (ILA): Único marcador de sofrimento fetal crônico. É considerado normal quando maior ou igual a 2,0 cm ou pelo índice de líquido amniótico (ILA), normal quando superior a 5,0 cm. TEORIA DA HIPÓXIA GRADUAL A sensibilidade dos centros à hipoxemia respeita a ordem inversa do desenvolvimento embrionário, ou seja, primeiro afeta o FCF, seguido dos movimentos respiratórios, depois os movimentos corporais e o tônus. Cada parâmetro recebe uma avaliação de 0 a 2, em que a pontuação máxima é 8 pontos. Se a cardiotocografia for incluída, a pontuação máxima passa a ser 10. Valores < 6 são associados à acidose ao nascimento, indicando conduta ativa em IG > 34 semanas. ULTRASSONOGRAFIA COM DOPPLERVELOCIMETRIA Avalia a circulação placentária e fetal, por meio de relações entre sístole e diástole, podendo indicar sofrimento fetal agudo ou crônico. De modo geral, a circulação uteroplacentária é representada pelos estudos das artérias uterinas e a circulação fetoplacentária, pelas artérias umbilicais. A principal aplicação dessa avaliação é em gestantes que apresentam fatores de risco para má placentação ou alterações da circulação placentária e fetal: Diabetes; Hipertensão; Trombofilias; Cardiopatias; Pneumopatias; AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PLACENTÁRIA Estudo de vasos que destinam seu fluxo para a placenta (artérias uterinas e umbilicais). A indicação é para gestantes com risco de evoluir com insuficiência placentária. a) Artérias Uterinas: Relacionadas a maior risco de CIUR e pré-eclâmpsia. USG morfológico de 1º trimestre: Índice de pulsatilidade médio elevado, acima do percentil 95. Pacientes com IP médio > P 95, realizar uso de AAS 150 mg/noite para prevenção de pré-eclâmpsia. Iniciar a medicação antes de 16 semanas e manter até 36 semanas. Após 24 semanas: Persistência de incisura protodiastólica bilateral. b) Artérias Umbilicais: Reflete a resistência placentária. Índice de pulsatilidade > percentil 95. Relação sístole/diástole > percentil 95. Índice de resistência > percentil 95. Diástole zero. Diástole reversa. Dopplervelocimetria das artérias uterinas Dopplervelocimetria da artéria umbilical AVALIAÇÃO DA RESPOSTA HEMODINÂMICA FETAL A dopplervelocimetria permite avaliação da resposta fetal à hipoxemia. Assim, após considerar que há um ambiente hipoxêmico intraútero, é preciso procurar por algumas adaptações fetais. Artéria Cerebral Média: Vaso eleito para estudar o território arterial do feto. Assim, observa-se aumento do fluxo sanguíneo na diástole com consequente diminuição dos índices de pulsatilidade da ACM. Normal Resistência aumentada Diástole reversa Diástole 0 Normal Fluxo de alta resistência com incisura Ducto Venoso: Vaso eleito para estudar o território venoso fetal. Ocorre onda A de diminuição atrial ausente ou reversa. Significa quadro de insuficiência placentária gravíssima associada à acidose ao nascimento. Corresponde aos indícios finais do sofrimento fetal. CONDUTA A depender das alterações, o parto pode ser imediato sem aguardar a corticoterapia, como nos casos de diástole reversa das artérias umbilicais e ducto venoso com IP superior a 1,5. Caso o ducto venoso esteja com IP entre 1 e 1,5, realizar corticoterapia e interrupção 24 horas após a segunda dose. ÍNDICE DE LÍQUIDO AMNIÓTICO/OLIGODRAMNIA Em caso de hipoxemia crônica, ocorre diminuição da perfusão de pulmões e rins, causando menor diurese e, consequentemente, a diminuição do volume de líquido amniótico. É caracterizado pelo volume diminuído de líquido amniótico e é um parâmetro paraavaliação de sofrimento fetal crônico. O objetivo da conduta é sempre atingir a maturidade fetal. CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO (CIUR) Caracterizado por fetos com peso estimado < ao 10º percentil para a IG e é uma manifestação de sofrimento fetal crônico. Apresenta taxa de mortalidade perinatal 10 vezes maior. CLASSIFICAÇÃO E CONDUTA Tipo I/Simétrico/Precoce: O agente agressor atua durante a embriogênese. A Circunferência cefálica (CC), a circunferência abdominal (CA) e o comprimento do fêmur (CF) estão todos reduzidos. Relaciona-se a infecções congênitas e cromossomopatias. Tipo II/Assimétrico/Tardio: O agente agressor atua no terceiro trimestre. O atraso no desenvolvimento ocorre após 28 semanas e a circunferência abdominal é o parâmetro mais atingido. CC cresce apropriadamente com a IG, mas CA e CF não. A insuficiência placentária é a principal causa. Tipo III: O agente agressor atua no segundo trimestre. O feto apresenta comprometimento cefálico e de ossos longos, mas em grau menor do que no tipo I. Também está associado a infecções congênitas. Fatores de risco maiores para CIUR: Idade materna > 40 anos; Exercício vigoroso diário; História prévia de CIUR; História de natimorto; Baixo ganho de peso materno; Mãe e pais nascidos com CIUR; Tabagismo; Uso de cocaína; Doença renal com hipertensão; Hemorragia; Hipertensão crônica; Diabetes com complicação vascular; SAF; Intestino hiperecogênico; CONDUTA Estágio 1: CIUR com insuficiência placentária moderada. IP da artéria umbilical > P95 ou da ACM < 50. Fazer acompanhamento da vitalidade fetal toda semana e considerar indução de parto com 37 semanas. Estágio 2: CIUR com insuficiência placentária grave, correspondendo a casos de UMB com diástole zero. A vitalidade fetal deve ser realizada a cada 2 dias e é indicado o parto cesáea com 34 semanas. Estágio 3: CIUR com deterioração fetal avançada, UM com diástole reversa. Acompanhamento da vitalidade fetal diária e programar parto cesárea com 30 semanas, após completa as duas doses de corticoide. Estágio 4: CIUR com alta probabilidade de acidose fetal ou risco de óbito fetal. Corresponde à presença de ducto venoso com onda A reversa, com pouca variabilidade na CTB. Parto cesárea eletiva imediata. CIUR X PEQUENO CONSTITUCIONAL O feto pequeno constitucional é um feto pequeno para a idade gestacional (PIG), atingindo seu máximo potencial de crescimento, mas é pequeno em comparação à população geral da mesma idade gestacional. As mães costumam ser hígidas e o feto não apresenta comemorativos de sofrimento fetal, como alterações no líquido amniótico, de cardiotocografia ou doppler. O feto com CIUR apresenta comemorativos de sofrimento fetal crônico e as comorbidades maternas são frequentes. Para PIGs, deve-se ficar atento à curva de crescimento e acompanhá-la quinzenalmente, em regime ambulatorial. Pode ser adotada conduta conservadora e o parto pode ser realizado via vaginal, no termo, com 40 semanas. Fatores de risco para PIGs: Mãe com > 40 anos; Mãe fumante > 10 cigarros/dia; Mãe com histórico de uso de cocaína; Bebê PIG anterior; Bebê natimorto; Hipertensão crônica; Diabetes com doença vascular; Aborto ameaçado (sangramento intenso igual à menstruação); Pré-eclâmpsia; Abrupção placentária; Hemorragia anteparto inexplicada (especialmente se recorrente); Forma de onda doppler da artéria uterina anormal; Baixo nível de proteína-A. Placenta associada plasma materna (PAPP-A), componente do rastreio de síndrome de Down; Intestino fetal hiperecogênico (geralmente no momento da anomalia fetal); Mãe com insuficiência renal; Mãe com síndrome de anticorpo antifosfolípide;
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