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1 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA MÉDICA. (Este arquivo não substitui as referências indicadas no plano de ensino) Referência Bibliográfica: VIEIRA, Sônia e HOSSNE, William Saad. Metodologia científica para a área de saúde. 9ª tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Para melhorar a qualidade de vida do homem e sua relação com o meio ambiente, é preciso estar em busca constante de novas e melhores formas de prevenir, diagnosticar, controlar e tratar as doenças. As pesquisas feitas na área da saúde têm, então, a finalidade de entender as doenças, de entender os processos que se passam nas pessoas, de entender por que uma doença acontece com certas pessoas e, com base nesses conhecimentos, buscar formas melhores de tratar os doentes. Tipos de pesquisa As pesquisas feitas na área de saúde podem adotar uma certa variedade de métodos. Podem ser meramente descritivas (como é o caso dos estudos transversais), podem buscar estabelecer relações entre variáveis (como acontece nos estudos de caso-controle e nos estudos coorte) e podem buscar a confirmação experimental de relações conhecidas apenas empiricamente ou aventadas por hipótese (os ensaios clínicos casualizados). neste livro serão descritos todos esses métodos. Os estudos transversais são feitos para descrever os indivíduos de uma população com relação às suas características pessoais e às suas histórias de exposição a fatores casuais suspeitos, em determinado momento. São fáceis de serem feitos, são rápidos e relativamente baratos. A questão é que eles são de difícil interpretação. Nos estudos de caso controle, seleciona-se um grupo que tem uma característica (por exemplo, uma doença) de interesse (os casos) e se compara com outro grupo que não possui essa característica (os controles). A vantagem desse tipo de estudo, em relação ao estudo transversal, é o fato de se poder levantar vários fatores de exposição, ao mesmo tempo. No entanto, um estudo de caso controle está muito sujeito ao que os estatísticos chamam de tendência. Para fazer um estudo coorte, é preciso recrutar um grande número de indivíduos e dividi- los em dois grupos, conforme eles tenham ou não sido expostos ao fator causal suspeito. Depois de um período relativamente longo, que pode se estender por vários anos, contam-se quantos indivíduos de cada grupo adquiriram a doença em estudo. A vantagem do estudo coorte, em relação ao estudo de caso controle, é a de obter informações sobre os indivíduos estudados antes de a doença se manifestar, o que evita a tendência nas respostas. Os ensaios clínicos casualizados são conduzidos para medir a eficiência e a segurança de intervenções, designando os participantes da pesquisa ao acaso por dois ou mais grupos e, sempre que possível, não permitindo que nem o participante da pesquisa nem o pesquisador que avalia os resultados saiba, no momento da avaliação, a que grupo pertence a pessoa que está sendo avaliada (experimentos duplamente cegos). Os ensaios clínicos casualizados removem muito da tendência associada aos outros tipos de pesquisa, mas não são infalíveis. 2 De qualquer forma, todos esses tipos de pesquisa são feitos para levantar dados. Nesses casos, os dados são chamados primários porque são os próprios pesquisadores que levantam os dados seus estudos. Mas como os pesquisadores levantam os dados? As variáveis são medidas ou observadas pelo pesquisador ou por apenas um dos pesquisadores do grupo (por exemplo, um enfermeiro pode medir a pressão arterial dos pacientes, antes e após uma dada intervenção) ou, nos casos em que é preciso ter o relato verbal do paciente, são feitos questionários. Entretanto, uma pesquisa não exige, necessariamente, o levantamento de dados. Um pesquisador pode analisar dados levantados por outrem, para qualquer outro propósito. Nesse caso, os dados são chamados secundários. Finalmente, podem ser feitas revisões bibliográficas, por um único especialista ou por uma equipe multidisciplinar. Nos últimos 20 anos, foram desenvolvidas técnicas estatísticas para análise de ensaios múltiplos: são as chamadas meta-análises. Em linhas gerais, a meta-análise é a análise das análises. Dada uma grande coleção de estudos individuais com as respectivas análises, a meta-análise tenta integrar os resultados. É uma alternativa melhor, e mais rigorosa, para o discurso narrativo de pesquisas independentes, feito na revisão bibliográfica tradicional.
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