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- Índice Fundamental do Direito Legislação - Jurisprudência - Modelos - Questionários - Grades Concurso de Crimes - Concurso de Infrações - Art. 76, Concurso de Infrações - Aplicação da Pena - Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 - Art. 79, Concurso de Crimes - Aplicação da Pena - Penas - Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-1969 - Crime Continuado Penal - execução das penas: Art. 76, CP - extinção da punibilidade; incidência sobre a pena de cada um, isoladamente: Art. 119, CP - penas de multa; aplicação: Art. 72, CP Causas a) Se as causas forem comunicáveis (crime sexual da aura) aproveita a todos, ou seja, extingue a punibilidade a todos; b) Se as causas forem incomunicáveis, ha a possibilidade de extinguir a punição de um dos crimes permanecendo inalterado os demais. Efeitos a) Antes do trânsito em julgado (renúncia); b) Depois do trânsito em julgado (sursi e livramento condicional); c) Depois da condenação (ex tunc). Concurso Material: (Art. 69, CP) Concurso Formal: (Art. 70 CP) Concurso de Crimes "Ocorrência de dois ou mais delitos, por meio da prática de uma ou mais ações. Concurso de Pessoas: pluralidade de agentes e unidade de fato. Concurso aparente de normas: pluralidade aparente de normas e unidade de fato. Concurso de crimes: pluralidade de fatos. Sistemas: são dois: a) cúmulo material: somam-se as penas cominadas a cada um dos crimes. Tal sistema é adotado no concurso material (CP, art. 69), no concurso formal imperfeito e no concurso das penas de multas (CP, art. 72); b) exasperação da pena: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de certo percentual. Tal sistema é adotado no concurso formal perfeito e no crime continuado. Trata-se de verdadeira derrogação da regra do cúmulo material das penas (quot delicta tot poena). Espécies a) Concurso material ou real. b) Concurso formal ou ideal. c) Crime continuado. 1. Concurso Material ou Real Conceito: prática de duas ou mais condutas, dolosas ou culposas, omissivas ou comissivas, produzindo dois ou mais resultados, idênticos ou Referências e/ou Doutrinas Relacionadas: Ação Penal Analogia Antijuridicidade Antijurídico Aplicação da Pena Arrependimento Posterior Cálculo da Pena Circunstâncias Classificação dos Crimes Cominação das Penas Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Elementares e Circunstâncias Concepção do Direito Penal Concurso Concurso de Circunstâncias Agravantes e Atenuantes Concurso de Credores Concurso de Pessoas Concurso Formal Concurso Material Concurso Jurídico Conduta Contagem do Prazo Crime Crime Consumado não, mas todas vinculadas pela identidade do agente, não importando se os fatos ocorreram na mesma ocasião ou em dias diferentes. Concurso material e crime continuado: se o agente, mediante diversas ações, pratica vários crimes, em lugares diversos, executando-os de maneira diferente e com largo intervalo de tempo, configura-se o concurso material. Espécies a) Homogêneo: resultados idênticos. b) Heterogêneo: resultados diversos. Aplicação de penas: as penas devem ser somadas. O juiz deve fixar, separadamente, a pena de cada um dos delitos e, depois, na própria sentença, somá-Ias. A aplicação conjunta viola o princípio da individualização da pena, anulando a sentença. No tocante às causas especiais de aumento de pena, autoriza-se a sua incidência sobre cada um dos delitos, sem que isso caracterize dupla incidência desses fatores de majoração da sanção penal (Nesse sentido: STF, HC 69.810-7, Rel. Min. Celso de Mello, DJU, 18-6-1993, p. 12112.). Pena privativa de liberdade somada com restritiva de direitos: é possível, caso tenha sido concedida a suspensão condicional da pena privativa de liberdade. Pena restritiva de direitos com outra restritiva: se compatíveis, devem ser executadas simultaneamente; caso contrário, uma depois da outra. Juiz competente para a aplicação da regra do concurso material: se houver conexão entre os delitos com a respectiva unidade processual, a regra do concurso material é aplicada pelo próprio juiz sentenciante. Em não havendo conexão entre os diversos delitos, que são objeto de diversas ações penais, a regra do concurso material é aplicada pelo juízo da execução, uma vez que, com o trânsito em julgado, todas as condenações são reunidas na mesma execução, momento em que as penas serão somadas (LEP, art. 66, III, a). Concurso material e Prescrição: o prazo prescricional deve ser contado separadamente para cada uma das infrações penais, uma vez que dispõe o art. 119 do Código Penal: "no caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente". 2. Concurso Formal ou Ideal Conceito: o agente, com uma única conduta, causa dois ou mais resultados. Na realidade, o concurso formal implica a existência de dois ou mais crimes, que, para efeito de política criminal, são apenados de maneira menos rigorosa. Requisitos do concurso formal: são dois: 1ª) que a conduta seja única: por conduta devemos entender a ação ou omissão humana consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. Compreende um único ato ou uma seqüência de atos desencadeados pela vontade humana, objetivando a realização de um fato típico. No verbo ou núcleo do tipo está consubstanciada a ação, pelo que é em torno dele que se fundem os elementos da conduta humana. Assim, o indivíduo que entra no domicílio alheio pratica vários atos. Abre o portão que liga a casa à rua, transpõe esse portão, sobe as escadas da residência, abre a porta de entrada e caminha para dentro do domicílio Crime Continuado Crime Habitual Crime Impossível Crime Preterdoloso Culpabilidade Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz Direito Penal no Estado Democrático de Direito Efeitos da Condenação Eficácia de Sentença Estrangeira Elementares Erro de Tipo Espécies de Pena Estado de Necessidade Estrito Cumprimento de Dever Legal Exercício Regular do Direito Exigibilidade de Conduta Diversa Extinção da Punibilidade Extraterritorialidade da Lei Penal Brasileira Fato Típico Fixação da Pena Fontes do Direito Penal Função Ético-Social do Direito Penal Habitualidade Ilicitude Imputabilidade Infração Infrações Permanentes Interpretação da Lei Penal Irretroatividade da Lei Penal Legítima Defesa que está sendo violado. Todos esses momentos se aglutinam, no entanto, no núcleo do tipo: entrar em casa alheia (art. 150). A conduta tem, portanto, sua base no verbo constante do tipo incriminador. - a unidade da conduta e a questão da reiteração de atos para a realização da conduta típica: quanto a essa questão, José Frederico Marques ensina: "uma pessoa que encontra várias jóias e que furta tais bens, num só momento, apanhando-os todos com as mãos e levando-os consigo, teve uma conduta única. Se esta mesma pessoa tira primeiro duas ou três das jóias e as conduz ao local onde deixou a mala em que vai colocar ares furtiva, e depois volta para tirar mais outras jóias, e assim sucessivamente, até furtar todas as que deseja, é evidente que esses vários atos formam uma ação única, visto que todos eles se fundem numa só conduta típica. Se a subtração de coisa alheia móvel só se completa depois que os bens saem da posse do dono, está claro que os atos de simples remoção ainda não completaram a conduta típica. Todavia, o indivíduo que vai furtar as jóias pode ter um companheiro, a quem ele entrega os objetos subtraídos em sucessivos atos, constituindo cada um, só por si, a subtração em seu sentido jurídico, porquanto em cada remoção realizada os objetos saíram da esfera de vigilância do respectivo dono. Ainda aqui há uma só ação, por ocorrer um entrosamento imediato entre os diversos atos, ou o que a doutrina italiana denomina de contestualità. Existe, na hipótese, um contexto único da conduta que em tantos atos se desdobra. O conceito unitário de ação, como o diz Giovanni Leone, 'e dato in funzione della contestualità dei vari atti'. E a seguir esclarece o insigne penalista: 'Aquelaunidade de tempo e lugar, que serve para unificar em uma só ação os vários atos praticados pelo delinqüente, é indubitavelmente um critério de grande ajuda nas indagações dogmáticas. Pode-se assim falar de unidade de ação sempre que os múltiplos atos realizados pelo agente encontrem um fundo comum de coesão: e esse fundo comum é constituído pela unidade de tempo e lugar. Deve, porém, advertir-se que com semelhante critério não se pretende acenar com uma coesão espacial e temporal tão íntima dos vários atos que venha a constituir uma série ininterrupta ou uma cadeia fechada de atos: o que se almeja é tão-só apelar para um critério de aproximação''' (Tratado, cit., v. 2, p. 451.). 2ª) que dessa conduta surjam dois ou mais fatos típicos: uma só conduta dá origem a mais de um fato, ou a mais de um crime, quando atingir mais de um bem penalmente tutelado. Assim, quem atira num indivíduo e concomitantemente acerta o projétil neste e num outro pode ter praticado uma só ação, mas dois foram os crimes cometidos, porquanto violou mais de um bem penalmente tutelado: cada vida humana é um bem, para efeito da tutela penal, de forma que a ação única de atirar dará origem a mais de um delito, se o tiro fere ou mata mais de uma pessoa. Do mesmo modo, o motorista que conduz seu veículo de modo imprudente, vindo a matar várias pessoas, desenvolveu um único comportamento, do qual resultaram vários crimes. Por outro lado, se da conduta única surgir um único fato típico, inexistirá o concurso formal. Espécies: são quatro: a) perfeito: responde pelo crime mais grave, com um acréscimo; Lei Penal no Tempo Leis de Vigência Temporária Limite das Penas Livramento Condicional Lugar do Crime Medida de Segurança Multas no Concurso de Crimes Nexo Causal Objeto do Direito Penal Pena de Multa Penas Penas Privativas de Liberdade Penas Restritivas de Direitos Potencial Consciência da Ilicitude Prescrição Princípio da Legalidade Reabilitação Reincidência Resultado Resultado Diverso do Pretendido Sanção Penal Suspensão Condicional da Pena Tempo do Crime e Conflito Aparente de Normas Tentativa Teoria do Crime Territorialidade da Lei Penal Brasileira Tipicidade Tipo Penal nos Crimes Culposos Tipo Penal nos Crimes Dolosos Unificação de Penas b) imperfeito: somam-se as penas, como no concurso material; c) homogêneo: ocorrem resultados idênticos. Os sujeitos passivos de cada um dos crimes são diversos, porém idêntica é a figura típica. Assim, a norma em que se enquadra a conduta típica é a mesma. Exemplo: lesões corporais causadas em várias vítimas em decorrência de acidente de veículo automotor. Nesse caso há concurso formal homogêneo de crimes (lesões corporais culposas); d) heterogêneo: ocorrem resultados diversos. Aqui a ação única dá causa a diversos crimes. Exemplo: em acidente de veículo, o motorista fere dois indivíduos e mata um terceiro. Nesse caso há concurso formal heterogêneo de crimes (lesões corporais e homicídio). Concurso formal perfeito: resulta de um único desígnio. O agente, por meio de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados. Exemplo: o agente dirige um carro em alta velocidade e acaba por atropelar e matar três pessoas. Concurso formal imperfeito: é o resultado de desígnios autônomos. Aparentemente, há uma só ação, mas o agente intimamente deseja os outros resultados ou aceita o risco de produzi-los. Como se nota, essa espécie de concurso formal só é possível nos crimes dolosos. Exemplo: o agente incendeia uma residência com a intenção de matar todos os moradores. Observe-se a expressão "desígnios autônomos": abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com dolo direto e outro com dolo eventual. Aplicação da Pena: depende da circunstância, se no concurso formal perfeito ou imperfeito: a) no concurso formal perfeito: se for homogêneo, aplica-se a pena de qualquer dos crimes, acrescida de 1/6 até a metade; se for heterogêneo, aplica-se a pena do mais grave, aumentada de 1/6 até a metade. O aumento varia de acordo com o número de resultados produzidos. A jurisprudência propõe, embora sem caráter vinculante, a seguinte tabela: Número de crimes Percentual de aumento 2 1/6 3 1/5 4 1/4 5 1/3 6 ou + 1/2 b) no concurso formal imperfeito: as penas devem ser somadas, de acordo com a regra do concurso material. Teorias: existem duas: a) subjetiva: exige unidade de desígnios para que haja concurso formal; b) objetiva: admite pluralidade de desígnios. Teoria adotada pelo Código Penal: foi a objetiva, pois o CP admite o concurso formal imperfeito, em que há pluralidade de desígnios. Concurso material benéfico: se, da aplicação da regra do concurso formal, a pena tornar-se superior à que resultaria da aplicação do concurso material (soma de penas), deve-se seguir este último critério (CP, art. 70, parágrafo único). Impede-se, assim, que, numa hipótese de aberratio ictus (homicídio doloso mais lesões culposas), se aplique ao agente pena mais severa, em razão do concurso formal, do que a aplicável, no mesmo exemplo, pelo concurso material. Quem comete mais de um crime, com uma única ação, não pode sofrer pena mais grave do que a imposta ao agente que reiteradamente, com mais de uma ação, comete os mesmos crimes. Concurso formal e crime único: vejamos algumas hipóteses: a) assalto a várias pessoas, com subtração patrimonial de apenas uma: houve uma só subtração; logo, um só crime contra o patrimônio. Crime único, portanto; b) ameaça a uma só pessoa, que detém consigo bens próprios e de terceiros: a jurisprudência tem entendido haver crime único, embora o mais correto fosse o concurso formal de crimes, pois, com uma única ação de subtrair mediante violência ou ameaça, foram lesados dois ou mais patrimônios; c) em um só contexto, o sujeito subtrai bens de várias pessoas, ameaçando-as ou submetendo-as a violência (em agência bancária, ônibus, residência etc.). De acordo com a posição da antiga Equipe de Repressão a Delitos de Roubos do Ministério Público haverá, nessa hipótese, concurso formal. Concurso formal e Prescrição: aplica-se a regra do art. 119 do Código Penal, ou seja, a prescrição incidirá sobre a pena de cada crime, isoladamente, sem se levar em conta o acréscimo decorrente do concurso formal. 3. Crime Continuado Conceito: é aquele no qual o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, os quais, pelas semelhantes condições de tempo, lugar, modo de execução e outras, podem ser tidos uns como continuação dos outros. Lembra Bettiol que suas origens políticas se encontram indubitavelmente umfavor rei, o que levou os juristas medievais a considerar como furto único uma pluralidade de furtos, para assim evitar as conseqüências draconianas que de outra forma adviriam, uma vez que se aplicava a pena de morte contra quem cometesse três furtos, ainda que de pequeno valor (Diritto penale, 1950, p.442.). Crime Continuado e o Concurso Formal: no primeiro se exige a prática de duas ou mais condutas, ao passo que no concurso formal há apenas uma ação, que poderá ser desdobrada em vários atos. Exemplo: no delito de roubo, com pluralidade de vítimas, aplica-se a regra do concurso formal (CP, art. 70), e não a continuidade delitiva. Espécies: são duas: a) crime continuado comum: crime cometido sem violência ou grave ameaça contra a pessoa (CP, art. 71, caput); b) crime continuado específico: crime doloso praticado com violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes (CP, art. 71, parágrafo único). Note que a reforma penal, admitindo a continuidade delitiva em crimes com violência ou grave ameaça contra a pessoa, revogou a Súmula 605 do STF, que não admitia continuidade delitiva nos crimes contra a vida. Aplicação da pena Crime continuado comum: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada de 1/6 até 2/3. Propõe-se a seguinte tabela, embora sem caráter vinculante:Número de crimes Aumento 2 1/6 3 1/5 4 1/4 5 1/3 6 1/2 7 ou + 2/3 Crime continuado específico: aplica-se a pena do crime mais grave aumentada até o triplo. Concurso material benéfico: se, da aplicação da regra do crime continuado, a pena resultar superior à que restaria se somadas as penas, aplicase a regra do concurso material (concurso material benéfico). Incidência do aumento de pena no crime continuado: diante da adoção do sistema tríplice de aplicação da pena (ou critério trifásico), deve o aumento incidir não sobre a pena-base, mas sobre o resultado da pena aumentada ou diminuída pelas circunstâncias agravantes ou atenuantes. A pena nas hipóteses de concurso formal homogêneo como componente do crime continuado: se, entre os componentes do crime continuado, houver também o concurso formal, aplica-se apenas o aumento decorrente da continuidade delitiva. Entendimento diverso geraria o bis in idem. Com efeito, se alguém, por exemplo, com pluralidade de condutas e até de desígnios, rouba três pessoas, com o intervalo de horas ou dias, mediante ações objetivamente homogêneas (crime continuado), sofrerá uma só pena com um acréscimo; se, ao contrário, rouba o mesmo número de pessoas, duas delas num mesmo contexto de ação e com unidade de desígnio e a última num outro contexto de ação, ainda que homogêneas as três condutas, teremos concurso formal e crime continuado com uma só pena, mas dois acréscimos (art. 49, parágrafo único, do CP). A unidade de conduta e do desígnio que presidiram o primeiro fato e inspiraram ao legislador um regime mais benigno de cúmulo jurídico (o do concurso formal) acaba por prejudicar o agente (Nesse sentido: STF, RT, 607/408, e RTJ, 117/743.). Em sentido contrário, admitindo a aplicação cumulativa das causas de aumento de pena do concurso formal e do crime continuado (STF, RTJ, 118/789.). Momento da unificação da pena: se todos os delitos que integram a série continuada são objeto do mesmo processo, o juiz sentenciante efetuará a unificação das penas, aplicando a regra do art. 71. Se, todavia, os delitos tramitarem por processos diversos, far-se-á a unificação no juízo da execução, que então aplicará a regra do art. 71 do CP. Natureza jurídica: há três teorias: a) unidade real: os vários delitos, na realidade, constituem um único crime; b) ficção jurídica: na realidade existem vários crimes. A lei é que resume, por uma ficção, a existência de um único delito; c) mista: o crime continuado não é um só, nem são vários. Ele constitui um terceiro delito. Teoria adotada Ficção jurídica: o crime continuado é uma ficção jurídica. Na realidade há uma pluralidade de delitos, mas o legislador, por uma ficção, presume que eles constituem um só crime, apenas para efeito de sanção penal. Disso decorrem diversas conseqüências de ordem prática: a) a coisa julgada se opera tão-somente em relação aos delitos que foram julgados, não abraçando, assim, aqueles ulteriormente praticados, embora ligados aos demais pelos laços da continuação; b) no caso de anistia, graça ou indulto somente os crimes abrangidos pela graça soberana têm extinta a punibilidade. Desse modo, se o agente, por exemplo, é absolvido dos diversos furtos que lhe são imputados em continuidade delitiva no mesmo processo, descobrindo-se, após o trânsito emjulgado, outros furtos integrantes da seqüência delituosa, novo processo pode ser instaurado, em virtude de não ter operado a coisa julgada sobre os novos fatos. Acrescente-se que, pelo art. 119 do Código Penal, nota-se claramente que o crime continuado compreende uma pluralidade real de crimes, uma vez que determina que a prescrição incida isoladamente sobre cada um deles. Assim, no crime continuado, cada delito que compõe a cadeia de continuidade delitiva tem seu prazo próprio, o que revela sua existência autônoma. Requisitos a) Pluralidade de crimes da mesma espécie. b) Condições objetivas semelhantes. c) Unidade de desígnio (de acordo com a teoria adotada). Teorias sobre a unidade de desígnio: são duas: a) objetiva-subjetiva: exige-se unidade de resolução, devendo o agente desejar praticar os crimes em continuidade; b) puramente objetiva: é dispensável a vontade de praticar os delitos em continuação, bastando que as condições objetivas semelhantes estejam presentes. Teoria adotada pelo Código Penal: para uma parte da doutrina, o Código Penal adotou de forma clara a teoria puramente objetiva, pois o art. 71 nada fala a respeito da unidade de desígnios, só mencionando as circunstâncias objetivas semelhantes. Alberto Silva Franco observa que, "apesar de persistir, em nível dogmático, uma aberta discrepância sobre a presença, no crime continuado, de dado de conotação subjetiva (unidade de desígnio), força é convir que o instituto, nos termos como foi estruturado, exclui o apelo a qualquer subjetividade e se arrima em elementos de caráter objetivo" (Código penal, cit., p. 356.). A questão, entretanto, não é pacífica. Há quem defenda que é inadmissível crime continuado sem a vontade de praticar os delitos em continuação, pois do contrário se estaria equiparando a continuidade delitiva à habitualidade no crime. Segundo o ensinamento de Aníbal Bruno, "dentro do crime continuado, cada episódio no curso dos acontecimentos é uma ação integral, um crime em si mesmo, no seu aspecto objetivo e subjetivo. A unidade atribuída ao conjunto deve-se assentar também em uma unidade de fato, resultante das circunstâncias que vinculam entre si as ações sucessivas e uma unidade psíquica, que compreende as várias realizações como um todo" (Direito penal, cit., t. 2, p. 678.). Na mesma esteira, Impallomeni assevera que "quello che conta come unità fagli elementi del reato no e Ia materialità dell azzione, ma la lesione giuridica e la intenzione di produrre quella lesione" (Istituzioni di diritto penale, 1921, p. 455.). Damásio E. de Jesus filia-se a esta segunda posição, lembrando que "para a configuração do crime continuado não é suficiente a satisfação das circunstâncias objetivas homogêneas, sendo de exigir-se, além disso, que os delitos tenham sido praticados pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com a utilização de ocasiões nascidas da primitiva situação" (Direito penal, cit., 23. ed., v. 1, p. 606.). Carlos Fontán Balestra também defende que o crime continuado só existe se houver "la utilización de las mismas relaciones y de la misma ocasión" (Tratado de derecho penal, t. 3, p. 61.). Entendemos correta esta segunda posição, pois não aceitamos que o crime continuado se configure a partir de meras circunstâncias objetivas, sem que a continuação decorra da vontade do agente. É necessário o aproveitamento das mesmas relações e das mesmas oportunidades, pois do contrário um agente que praticasse vários crimes, apenas pela intensa vontade de delinqüir, beneficiar-se-ia da regra do crime continuado. Deve-se sempre ter em mente o clássico exemplo do caixa do banco que todo dia subtrai pequena quantia em dinheiro. Este sim pratica o crime em continuação. Já não seria o caso de um perigoso assaltante que, durante o mesmo mês, em locais diversos, rouba inúmeras vítimas (cada crime resultou de um impulso volitivo autônomo). Jurisprudência: há duas posições, a saber: 1ª) não há incompatibilidade entre habitualidade criminosa e crime continuado, pois a lei só exige requisitos objetivos (RTJ, 116/908; RT, 496/319 e 535/311.); 2ª) o crime continuado exige um único impulso volitivo (unidade de desígnio ou dolo total), diferenciando-se nesse aspecto da habitualidade criminosa (RTJ, 98/588 e 105/33; RT, 655/357 (STF) e 659/291; RJTJSP, 118/575 e 119/490; JTACrimSP, 95/74, 97/67 e 99/11; RJDTACrimSP, 1146; REsp 1.027-Sp, 5ª T. do STJ, publicado no DJU de 5-2-1990; Rec. Crim. n. 87.769, pleno do STF, publicado na RT, 629/350; e, mais recentemente: STJ, 5ª T., REsp 61.962-9-SP, Rel. Min. Assis Toledo, unânime, DJU, 7-8-1995.); Correta a segunda posição. Distinção entrecrime continuado e habitualidade criminosa: "A habitualidade é incompatível com a continuidade. A primeira recrudesce, a segunda ameniza o tratamento penal. Em outras palavras, a culpabilidade (no sentido de reprovabilidade) é mais intensa na habitualidade do que na continuidade. Em sendo assim, jurídico- penalmente, são situações distintas. Não podem, outrossim, conduzir ao mesmo tratamento. O crime continuado favorece o delinqüente. A habitualidade impõe reprovação maior, de que a pena é expressão, finalidade (CP, art. 59, infine) estabelecida segundo seja necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime. Na continuidade há sucessão circunstancial de crimes. Na habitualidade, sucessão planejada, indiciária do modus vivendi do agente. Seria contraditório, instituto que recomenda pena menor ser aplicada à hipótese que reclama sanção mais severa. Conclusão coerente com interpretação sistemática das normas do Código Penal" (498. STJ, 6ª T., REsp 54.834-93-SP, Rel. Min. Luiz Vicente Cemicchiaro, maioria, DJU, 15-5-1995.). Crime continuado entre roubos praticados contra vítimas diferentes: é admissível, em tese. Não há, entretanto, continuidade delitiva em casos de criminosos habituais que, com reiteração, praticam roubos autônomos contra vítimas diferentes, embora na mesma comarca e em curto espaço de tempo (STJ, REsp 507, DJU, 18-12-1989, p. 18479.). Condições semelhantes Crimes da mesma espécie 1ª posição: crimes da mesma espécie não são os crimes previstos no mesmo tipo, mas aqueles que possuem elementos parecidos, ainda que não idênticos. "Mesmo" não comporta apenas o restrito significado de "idêntico". Possui outras acepções. Antonio de Moraes Silva (Grande dicionário da língua portuguesa, 10. ed., v. 6, p. 713.) ensina que "mesmo" quer dizer "semelhante, análogo, parecido"; mais recentemente, com não menor autoridade, Aurélio Buarque H. Ferreira atribuiu à expressão igual significado. Com o mesmo rigor científico, Émile Littré (Dictionnaire de Za Zangue jrançaise, v. 5, p. 69.) adverte que même expressa também as idéias de semblable, pareil, e Tenório de Albuquerque (Dicionário espanhol-português, v. 2, p. 913.) acentua que mismo tem a significação de semelhante. A continuidade delitiva não ocorre, assim, em relação apenas aos crimes idênticos, isto é, aos que se abrigam sob o mesmo artigo de lei. Manoel Pedro Pimentel (Do crime continuado, 2. ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 1969, p. 145.) acentua que devem ser havidos como "da mesma espécie" os crimes que se assemelhem pelos seus elementos objetivos e subjetivos. Não é diverso o entendimento de Heleno Cláudio Fragoso (Lições de direito penal, cit., 4. ed., 1995, p. 351.) ao afirmar que "crimes da mesma espécie não são aqueles previstos no mesmo artigo de lei, mas também aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico e se apresentam, pelos fatos que os constituem ou pelos motivos determinantes, caracteres fundamentais comuns". 2ª posição: são os previstos no mesmo tipo penal, isto é, aqueles que possuem os mesmos elementos descritivos, abrangendo as formas simples, privilegiadas e qualificadas, tentadas ou consumadas (Damásio E. de Jesus, Direito penal, cit., v. 1, p. 605.). Assim, furtar coisa comum é forma privilegiada do furto, com caráter autônomo, que pode ligar-se, pelo nexo de continuação, ao furto simples, ou ao furto qualificado capitulado no art. 155 do Código Penal (José Frederico Marques, Tratado, cit., v. 2, p. 461.). A jurisprudência orienta-se nesse sentido. Acompanhe: 1) roubo e extorsão não são crimes da mesma espécie e, portanto, não caracterizam crime continuado (RTJ, 114/630 e 124/1136; RT, 539/392 e 568/384.); 2) roubo e furto não são crimes da mesma espécie e não admitem crime continuado entre si (RTJ, 109/345 e 124/302; RT, 600/409 e 6211297; JTACrimSP, 90/387 e 97/138; STJ, 6ª T., REsp 4.733-PR.); 3) estupro e atentado violento ao pudor não são crimes da mesma espécie, logo não admitem continuidade delitiva (RTJ, 108/888, 120/344, 121/926 e 122/290; STF, RE 104.416/1-SP, Rel. Min. Sydney Sanches, DJU, 5-12-1986, p. 24082; STF, RE 103.16111-SP, Rel. Min. Oscar Corrêa, DJU, 28-9-1984, p. 15479; STF, RE 105.626/6-SP, Rel. Min. Néri da Silveira, DJU, 19-121985, p. 23632; STJ, 5ª T., REsp 40.466- 5-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, unânime, DJU, 9-10-1995; 5ª T, REsp 34.879-5-SP, Rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini, unânime, DJU, 4- 121995; 5ª T, REsp 65.452-1-SC, Rel. Min. Edson Vidigal, unânime, DJU, 18-12-1995; 6ª T, REsp 19.763-0-SP, Rel. Min. Vicente Leal, maioria, DJU, 24-6-1996.); 4) roubo e latrocínio não são crimes da mesma espécie, "pois no roubo ocorrem a subtração e o constrangimento ilegal, enquanto no latrocínio, subtração e a morte da vítima" (STJ, 5ª T, REsp 26.855-6, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU, 5-9-1994, p. 23115.). Fator espaço: a prática do mesmo delito seguidamente em locais diversos não exclui a continuidade. Assim, admite-se que crimes praticados em bairros diversos de uma mesma cidade, ou em cidades próximas, podem ser entendidos como praticados em condições de lugar semelhantes. Igualmente, existe continuidade delitiva entre crimes praticados em cidades distintas, porém vizinhas (RTJ, 90/261; RT, 610/400.). Fator tempo: no tocante à conexão temporal ensina Nélson Hungria que ela se traduz em "certa continuidade no tempo (exemplo: o ladrão, no curso de uma noite, subtrai, de vários quartos de um hotel, objetos pertencentes aos diversos hóspedes) ou, pelo menos, uma 'periodicidade' tal, que não iniba de se observar um 'certo ritmo' (como diz Meyer) entre as ações sucessivas (exemplo: o agente, várias vezes, no decorrer de um mês, abusa de uma menor). Não se podem fixar, a respeito, indicações precisas mas é de advertir que, se entre uma ação e outra medeia um longo trato de tempo, a continuação só existirá se outras condições positivamente a indicarem. Por outro lado, não se deve confundir a continuidade de tempo com a 'contemporaneidade', que ocorre quando o bem jurídico é lesado repetidamente no mesmo contexto de ação, ou num só processo de atividade" (Apud José Frederico Marques, Tratado, cit., v. 2, p. 464.). Lembra José Frederico Marques, fazendo referência ao ensinamento de Asúa, que "certa descontinuidade no tempo é essencial ao delito continuado" (Tratado, cit., v. 2, p. 464.). A jurisprudência admite continuidade delitiva até o espaço máximo de 30 dias entre os crimes praticados (Cf. RJDTACrimSP, 6/30, Agravo em Execução n. 600.525/1, julgado pela 9ª Câm. do TACrimSP.). Modo de execução: o modus operandi utilizado pelo agente na prática dos delitos deve ser semelhante. Exemplo: empregado infiel que se apropria diariamente de importância em dinheiro ao recolher o numerário recebido. Por outro lado, o furto fraudulento, por exemplo, não guarda nexo de continuidade com o furto mediante arrombamento ou escalada. A variação de comparsas impede o reconhecimento da continuidade delitiva (Nesse sentido: RT, 6361288, 655/357 e 668/300; JTACrimSP, 94/82, 97170, 98/395 e 99/12; RJDTACrimSP, 2/19.). Agir solitário em um crime e com comparsas em outro impede o reconhecimento do crime continuado (RT, 528/384.). Do mesmo modo, se há emprego de arma em um crime e não há no outro, não se reconhece a continuidade delitiva. Outras condições semelhantes: o Código Penal faz referência às "condições semelhantes", permitindo, portanto, o emprego da interpretação analógica, na medida em que o preenchimento das condições semelhantes deve ser feito conforme as condições especificadas no texto, as quais funcionam como parâmetro. Alguns julgados têm entendido que o aproveitamento das mesmas oportunidades e das mesmas relações pode ser incluído no conceito de "condições semelhantes" (Cf. Alberto Silva Franco, Código Penal, cit., p. 881.). Assim, segundo essa orientação jurisprudencial, para o reconhecimento do crime continuado, além da conexão espacial, temporal e modal, exige- se a conexão ocasional,ou seja, deve o agente praticar o delito subseqüente aproveitando-se das mesmas oportunidades ou relações nascidas com o delito antecedente. Trata-se de mais um requisito objetivo para a configuração do delito continuado. Crime continuado entre delitos culposos: é possível, desde que sejam crimes da mesma espécie. Eduardo Correia, fazendo uma crítica aos adeptos da corrente que exige a unidade de desígnio para a configuração do crime continuado, sustenta que "a existência da unidade da resolução criminosa afasta do âmbito do crime continuado, sem mais apelo nem discussão, contra todas as razões de justiça e de economia processual, todos os delitos praticados por negligência, para logo se ficar de posse da certeza de como é inadmissível tal elemento" (Apud José Frederico Marques, Tratado, cit., v. 2, p. 467.). Entendemos que não. É possível sustentar a continuidade delitiva no crime culposo, sem abrir mão da exigência do elemento subjetivo, o qual, no caso, consiste na vontade de continuar agindo culposamente, mesmo após o primeiro crime. É o caso, por exemplo, de um motorista idoso que, após atropelar culposamente uma vítima na região central de São Paulo, assustou-se e resolveu empreender fuga em velocidade incompatível com o local, vindo a provocar novos acidentes. Além da similitude das condições de tempo, lugar e modo de execução, houve vontade de prosseguir nas ações descuidadas. Devemos lembrar que, no crime culposo, embora o resultado não seja querido, a conduta é voluntária (ninguém obriga o sujeito a agir culposamente, ele o faz porque quer). Consumação e tentativa: para os adeptos da teoria da ficção jurídica, não se admite a existência de um momento consumativo próprio para o crime continuado, uma vez que cada um dos delitos que o compõem conserva sua autonomia, que é derrogada apenas para efeito de aplicação da pena. O crime continuado também não admite a forma tentada, porém nada impede que ocorra a tentativa entre as infrações componentes do crime continuado. Crime continuado e aplicação da lei penal no tempo: se a nova lei intervém no curso da série delitiva, deve ser aplicada a lei nova, ainda que mais grave, a toda a série continuada. O agente que prosseguiu na continuidade delitiva após o advento da lei nova tinha possibilidade de orientar-se de acordo com os novos ditames, em vez de prosseguir na prática de seus crimes. É justo, portanto, que se submeta ao novo regime, ainda que mais severo, sem a possibilidade de alegar ter sido surpreendido (Nesse sentido: Assis Toledo, Princípios básicos, cit., p. 32-33.). O Supremo Tribunal Federal também se orienta nesse caminho: "Tratando-se de crime continuado, a nova lei aplica-se a toda a série de delitos praticados, ainda que mais gravosa ao réu, desde que a sua vigência ocorra durante a cadeia de crimes praticados em continuidade. Precedentes citados: HC 74.250-SP (DJU de 29-11-96); HC 76.680- SP (DJU de 12-6-98)" (Cf. HC 77.347-RS, 1ª T., Rel. Min. Moreira Alves, j. 8-9-1998, Informativo do STF, n. 122.). Essa Corte, inclusive, editou, em 14-10-2003, a Súmu1a 711, cujo teor é o seguinte: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência". Crime continuado e início da contagem do lapso prescricional: como a prescrição deve ser analisada em razão de cada fato, o prazo prescricional começa a correr do momento em que cada um desses fatos atingiu a fase consumativa. A pena no crime continuado para efeitos da prescrição: "Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação" (Súmula 497 do STF). Sistema de aplicação da pena de multa no concurso de crimes: depende da circunstância: a) concurso formal e material: o art. 72 do Código Penal consagra o sistema da acumulação material. Assim, tratando-se de crime em concurso formal ou material, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente, não se obedecendo, pois, ao sistema de exasperação, destinado na legislação somente às penas privativas de liberdade. Exemplo: o agente comete quatro furtos simples em concurso formal; o juiz, após aplicar a pena de reclusão de um só dos delitos, aumentando-a em 1/4, passa a aplicar a pena de multa, que no furto é cominada cumulativamente. Para cada delito o juiz fixa, por exemplo, 10 dias-multa, totalizando 40 dias multa. Se fosse aplicado o sistema de exasperação, o juiz fixaria a pena de multa de um só dos crimes, em 10 dias, aumentando-a em 1/4, o que totalizaria 14 dias-multa; b) crime continuado: há controvérsias se a pena de multa deve reger-se pela regra do art. 72 do Código Penal. Tudo dependerá do enfoque dado ao crime continuado, ou seja, se é considerado um concurso de crimes - aí então a regra será a mesma do concurso formal - ou crime único -, aí então a regra será do sistema de exasperação da pena. A doutrina majoritária acolhe o entendimento de que a aplicação cumulativa da pena de multa estende-se a todas as modalidades de concurso de crimes, inclusive ao crime continuado, afastando-se a incidência do sistema de exasperação previsto no art. 71. Essa conclusão inclusive resulta da própria colocação topográfica do art. 72 do Código Penal, que surge logo na seqüência das três espécies de concurso de crimes (CP, arts. 69, 70 e 71). Pela incidência da regra do art. 72 do CP no crime continuado posiciona-se: Julio Fabbrini Mirabete (Manual, cit., v. 1, p. 315.). De outro lado, a jurisprudência dominante, partindo do pressuposto de que o crime continuado é um só para efeito de aplicação da pena, tem estendido o sistema de exasperação à pena de multa, não incidindo portanto a regra do art. 72 (Nesse sentido: STF, RE 90.634-7, Rel. Min. Leitão de Abreu.). Mirabete, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, 3. ed. São Paulo, Atlas, 1987. STF, RE 90.634-7, Rel. Min. Leitão de Abreu. Toledo, Francisco de Assis, Princípios básicos de direito penal, 5. ed. São Paulo, Saraiva, 1994. HC 77.347-RS, 1ª T., Rel. Min. Moreira Alves, j. 8-9-1998, Informativo do STF, n. 122. Silva Franco, Alberto, Código Penal e sua interpretação jurisprudencial, 5. ed.. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995. RJDTACrimSP, 6/30, Agravo em Execução n. 600.525/1, julgado pela 9ª Câm. do TACrimSP. STJ, 5ª T, REsp 26.855-6, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU, 5-9-1994, p. 23115. STF, RE 104.416/1-SP, Rel. Min. Sydney Sanches, DJU, 5-12-1986, p. 24082 STF, RE 103.16111-SP, Rel. Min. Oscar Corrêa, DJU, 28-9-1984, p. 15479 STF, RE 105.626/6-SP, Rel. Min. Néri da Silveira, DJU, 19-121985, p. 23632 STJ, 5ª T., REsp 40.466-5-SP, Rel. Min. Edson Vidigal, unânime, DJU, 9-10-1995 STJ, 5ª T, REsp 34.879-5-SP, Rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini, unânime, DJU, 4-121995 STJ, 5ª T, REsp 65.452-1-SC, Rel. Min. Edson Vidigal, unânime, DJU, 18-12-1995 STJ, 6ª T, REsp 19.763-0-SP, Rel. Min. Vicente Leal, maioria, DJU, 24-6-1996. Fragoso, Heleno Cláudio, Lições de direito penal, parte geral, 4. ed., Rio de Janeiro, Forense, 1995. Pimentel, Manoel Pedro, Do crime continuado, 2. ed., São Paulo, Revista dos Tribunais, 1969. Albuquerque, Tenório de, Dicionário espanhol-português, v. 2. STJ, 6ª T., REsp 54.834-93-SP, Rel. Min. Luiz Vicente Cemicchiaro, maioria, DJU, 15-5-1995. STJ, REsp 507, DJU, 18-12-1989, p. 18479. Silva, Antonio de Moraes, Grande dicionário da língua portuguesa, 10. ed., v. 6. Littré, Émile Dictionnaire de Za Zangue jrançaise, v. 5. REsp 1.027-Sp, 5ª T. do STJ, publicado no DJU de 5-2-1990. Rec. Crim. n. 87.769, pleno do STF, publicado na RT, 629/350. STJ, 5ª T., REsp 61.962-9-SP, Rel. Min. Assis Toledo, unânime, DJU, 7-8-1995. Balestra, Carlos Fontán, Tratado de derecho penal, t. 3. Jesus, Damásio E. de, Direito penal, 23. ed., São Paulo, Saraiva, v. 1. Impallomeni, Istituzioni di diritto penale, 1921. Bruno, Aníbal, Direito penal; parte geral. Rio de Janeiro, Forense, 1956. RT, 528/384; RT, 6361288, 655/357 e 668/300; JTACrimSP,94/82, 97170, 98/395 e 99/12; RJDTACrimSP, 2/19; RTJ, 90/261; RT, 610/400; RTJ, 108/888, 120/344, 121/926 e 122/290; RTJ, 114/630 e 124/1136; RT, 539/392 e 568/384; RTJ, 109/345 e 124/302; RT, 600/409 e 6211297; JTACrimSP, 90/387 e 97/138; STJ, 6ª T., REsp 4.733-PR; RTJ, 98/588 e 105/33; RT, 655/357 (STF) e 659/291; RJTJSP, 118/575 e 119/490; JTACrimSP, 95/74, 97/67 e 99/11; RJDTACrimSP, 1/46; RTJ, 116/908; RT, 496/319 e 535/311; STF, RT, 607/408, e RTJ, 117/743; STF, RTJ, 118/789. Bettiol, Giuseppe, Diritto penale, 1950, Instituições de direito e processo penal, Coimbra, Coimbra Ed., 1974. Marques, José Frederico, Tratado de direito penal, Campinas, Bookseller, 1987. STF, HC 69.810-7, Rel. Min. Celso de Mello, DJU, 18-6-1993, p. 12112. Capez, Fernando, Curso de Direto Penal, parte geral, vol. 1, Saraiva, 10ª ed., 2006. (Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica em Ciências Jurídicas - 27 de dezembro de 2009) Jurisprudência Relacionada: - Admissibilidade - Continuidade Delitiva - Crimes Contra a Vida - Súmula nº 605 - STF - Lei Penal Mais Grave - Aplicabilidade - Crime Continuado ou Crime Permanente - Vigência e Anterioridade - Súmula nº 711 - STF - Suspensão do Processo - Concurso Material ou Formal ou Continuidade Delitiva - Somatório ou Incidência de Majorante - Limite Aplicável - Súmula nº 243 - STJ Normas Relacionadas: Art. 76, Concurso de Infrações - Aplicação da Pena - Penas - Código Penal - CP - DL-002.848-1940 Art. 79, Concurso de Crimes - Aplicação da Pena - Penas - Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-1969 Art. 89, § 1º, Penas em Concurso de Infrações - Livramento Condicional - - Penas - Código Penal Militar - CPM - DL- 001.001-1969 Art. 125, § 3º, Caso de Concurso de Crimes ou de Crime Continuado - Prescrição da Ação Penal - Extinção da Punibilidade - Código Penal Militar - CPM - DL-001.001-1969 Agravantes no Caso de Concurso de Pessoas - Cálculo da Pena - Circunstâncias Agravantes - Circunstâncias Atenuantes - Concurso de Circunstâncias Agravantes e Atenuantes - Concurso Formal - Concurso Material - Crime Continuado - Critérios Especiais da Pena de Multa - Fixação da Pena - Limite das Penas - Multa Substitutiva - Multas no Concurso de Crimes - Reincidência - Resultado Diverso do Pretendido Aplicação da Pena Cominação das Penas - Efeitos da Condenação - Livramento Condicional - Reabilitação - Suspensão Condicional da Pena - Espécies de Pena Penas Ação Penal - Aplicação da Lei Penal - Concurso de Pessoas - Crime - Crimes contra a administração pública - Crimes contra a existência, a segurança e a integridade do Estado - Crimes Contra a Família - Crimes contra a fé pública - Crimes Contra a Incolumidade Pública - Crimes Contra a Organização do Trabalho - Crimes Contra a Paz Pública - Crimes Contra a Pessoa - Crimes Contra a Propriedade Imaterial - Crimes Contra o Patrimônio - Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos - Crimes Contra os Costumes - Extinção da Punibilidade - Imputabilidade Penal - Medidas de Segurança Concurso Jurídico de Crimes Apenas uma pena acrescida de frações; Absorção: considerado apenas o mais grave. Exasperação: aplica-se a pena de um delito mais grave somada de uma quantidade relativa e proporcional aos demais crimes. observação: Não se confunde a contravenção penal (quase crime) no concurso de crime. obs.dji: Concurso; Concurso de infrações; Concurso de Pessoas; Crime; Jurídico Ir para o início da página Ir para o início da página
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