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A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade do(s) autor(es), não podendo a contratante vir a utilizá-la em qualquer época, de forma integral ou parcial. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Fundação Getulio Vargas. Todo o conteúdo deste material didático é de inteira responsabilidade do(s) autor(es), que autoriza(m) a citação/divulgação parcial, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da Ouvidoria. ouvidoria@fgv.br www.fgv.br/fgvmanagement 3 Sistema Financeiro Nacional SUMÁRIO 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 4 1.1 EMENTA ............................................................................................................ 4 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL .......................................................................................... 4 1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 4 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ..................................................................................... 4 1.5 METODOLOGIA .................................................................................................... 4 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ....................................................................................... 4 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .................................................................................. 5 CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ................................................................................. 6 2. TEXTO PARA ESTUDO ...................................................................................... 7 4 Sistema Financeiro Nacional 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1.1 Ementa Origem e Desenvolvimento da Moeda. Sistema Fiduciário. Liquidez Base monetária. Multiplicador da Base Monetária. Introdução ao Sistema Financeiro Nacional. Bancos Centrais. Autonomia operacional dos bancos centrais. Bancos múltiplos. Intermediários ou auxiliares financeiros. Políticas Econômicas. Monetária, Fiscal e Cambial. 1.2 Carga horária total 24 horas/aula 1.3 Objetivos Identificar as características do Sistema Fiduciário, da Moeda e instrumentos praticados pelo Banco Central. Conhecer a estrutura do Sistema Financeiro Nacional. Conhecer o instrumental das Políticas Monetária, Fiscal e Cambial. 1.4 Conteúdo programático Origem e Evolução da Moeda; Sistema Fiduciário; Liquidez; Base Monetária; Meios de Pagamento; Multiplicador da Base Monetária; Estrutura do Sistema Financeiro nacional; CMN, Bancos Centrais, CVM; Política Monetária; Política Fiscal; Política Cambial. 1.5 Metodologia Exposição dialogada dará suporte aos debates, estudos de caso, vivências e análise de textos. 1.6 Critérios de avaliação Avaliação Individual – Prova com questões dissertativas 70% da nota Trabalhos em Grupo feitos e sala de aula - 30% da nota 5 Sistema Financeiro Nacional 1.7 Bibliografia recomendada Giambiagi, Fabio. Capitalismo: modo de usar: porque o Brasil precisa aprender a lidar com a melhor forma de organização econômica que o ser humano já inventou. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Blinder, Alan S. Bancos centrais: teoria e prática. São Paulo: Ed.34,1999 Sistema Financeiro Nacional: http://sistema-financeiro-nacional.info/ Bancos Centrais: http://www.bcb.gov.br/ Conjuntura Brasileira: http://porque.com.br/ : http://www.ipeadata.gov.br/ 6 Sistema Financeiro Nacional Curriculum vitae do professor Profª Carla Beni – Mestra em Economia pela Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. Possui MBA em Finanças Empresariais pela FGV/Ohio University College of Business. Especialista em Economia e Didática no Ensino Superior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Economista pela Fundação Armando Álvares Penteado/FAAP.Foi Professora de Economia da Pós-Graduação da Universidade Mackenzie, nos cursos de Engenharia Econômica, Banking, Controladoria e Gerência Nacional de Vendas, nas cidades de São Paulo, Recife, Brasília e Campinas, por mais de quatro anos. Também ministrou aulas na Graduação das Faculdades de Economia e Administração São Luis, em SP, e atuou no mercado financeiro na Mesa de Operações e na Gerência de Leasing do Banco Santander. Atuou por 7 anos da área de Varejo como Diretora do Grupo Peg & Faça. Professora de Economia nos cursos da FGV Management desde 2005. Recebeu em 2009, 2010, 2013 e 2014 o Prêmio Excelência em Economia da rede FGV – o FGV Management. Recebeu em 2013 e 2014 o Prêmio Excelência Acadêmica IBE FGV em Campinas. Professora homenageada nos anos de 2015, 2016 e 2017 pelas Turmas de Gestão Financeira da Unidade Paulista da FGV. Professora Oradora da 29a Festa de Encerramento das Turmas FGV SP (Paulista, Berrini e Faria Lima), em 28 /09/2017. carlabeni09@gmail.com. Material acadêmico publicado no site www.profcarlabeni.com.br 7 Sistema Financeiro Nacional 2. TEXTO PARA ESTUDO Economia Solidária Todo sistema produtivo de uma sociedade moderna apresenta uma parte monetizada, e outra não monetizada. Estas “duas economias” coexistem porque o homem, desde os primórdios, recorre às trocas para suprir suas necessidades e também porque a moeda foi uma invenção, um artifício humano que tem por objetivo facilitar a vida diária. Hoje, não precisamos mais carregar animais ou outros pertences aos centros comerciais para trocar por outra necessidade qualquer, podemos simplesmente usar um instrumento de aceitação generalizada, um denominador comum. Este instrumento está tão presente em nossas vidas, que fica praticamente impossível imaginar como seriam resolvidas nossas questões financeiras sem a moeda. Para chegarmos ao atual sistema fiduciário foi um longo caminho. Hoje, temos inúmeras alternativas para solucionar nossos problemas: a Moeda Manual que é emitida por órgão governamental, conferindo legitimação ao papel-moeda circulante; A Moeda Escritural, representada pelos saldos em nossas contas correntes, que é manipulada através de instrumentos como o cheque, os novos cartões de débito e as transferências eletrônicas; Temos também os cartões de crédito e todas as outras modalidades existentes no mercado financeiro. Esta é a parte da economia monetizada, que gera renda, economiza tempo e traz benefícios, mas também engloba as especulações financeiras, a economia informal, sonegação de impostos, o contrabando, tráfico de drogas e de armas e quaisquer outras operações, lícitas ou não, que envolvam moeda. Por outro lado, temos a economia não monetizada, porém não menos produtiva, que engloba inúmeras horas de trabalho não remunerado, como o trabalho voluntário em creches, escolas, hospitais e entidades religiosas, a produção caseira para uso próprio, a agricultura de subsistência, o cuidado não remunerado do lar e dos filhos, as estruturas comunitárias e outras possibilidades, como as “novas” variações de uma modalidade muito conhecida do homem – o escambo. Isto porque o escambo resistiu ao tempo, está aliado à tecnologia e gerando bilhões de dólares que não são computados nos PIB’s (Produto Interno Bruto) de vários países. Este é o Escambo Eletrônico1realizado pelas empresas, inclusive as transnacionais que, segundo Hazel Henderson2, comercializam por ano o equivalente a US$1trilhão internamente, trocando passagens, hospedagem, espaços em escritórios, etc. Os países também realizam escambo nos seus balanços de pagamentos, e as pessoas físicas nunca se esqueceram desta alternativa,vale relembrar o fenômeno dos Clubes de Troca na Argentina, que surgiram como uma resposta da sociedade civil à ineficiência dos planos econômicos governamentais, envolvendo 6 milhões de pessoas, entre vizinhos e desconhecidos, inclusive através da internet. No caso brasileiro, um país em desenvolvimento, sem uma moeda forte e com problemas estruturais gravíssimos, mas com muita criatividade, a alternativa do escambo pode aliviar a pressão social e surpreender a sociedade com seus resultados positivos.Para isso, devemos nos despir de qualquer pré-conceito que nos tenham 1 Para este assunto ver www.barternews.com . 2 www.hazelhenderson.com 8 Sistema Financeiro Nacional ensinado e passar a enxergar, com seriedade e espírito crítico, novas saídas para velhos problemas. Isto porque, as tensões sociais geradas estão cada vez mais intensas e o desafio deste novo século repousa na luta contra a pobreza, na redução das desigualdades sociais e no respeito às diversidades raciais, sociais, religiosas e sexuais. Para discutirmos estas questões, devemos ter em mente que a sociedade está composta de três setores: o público, o privado e a sociedade civil. As possíveis combinações entre estes setores, que operam dentro das duas economias já citadas, a monetizada e a não monetizada, resultam em alternativas que produzem melhorias na qualidade de vida de toda a sociedade. Com relação à participação do setor público, deve-se salientar que o mesmo encontra-se exaurido de recursos e obstinado em aumentos percentuais do PIB, além de já ter encerrado seu papel assistencialista há muito tempo atrás. O setor privado encontra-se refém da falta de poupança interna para viabilizar seus projetos e sofre com uma legislação que nivela a todos, independente do porte das empresas, desconsiderando as especificidades existentes3. A necessidade premente é de investimentos, mas de onde virá o capital para as empresas aumentarem as contratações com esta situação do setor público, as limitações impostas ao setor privado e uma estrutura instável do país, que provoca no capital externo um volátil interesse de investimentos no setor produtivo? Outro agravante ocorre com os líderes democraticamente eleitos, que tem de conviver com a perda de soberania e a erosão do poder dos Estados Nacionais, pois as promessas eleitorais estão cada vez mais distantes de serem alcançadas – pleno emprego, baixas taxas de inflação, moeda estável, câmbio equilibrado, taxas de juros que estimulem investimentos em vez das especulações, equilíbrio no balanço de pagamentos e tantas outras premissas macroeconômicas que se esvaem no contexto do atual cassino financeiro global4. Temos então, uma explosiva combinação que gera como resíduo indesejável uma grande parcela da juventude totalmente despreparada, sem formação, nem educação básica sequer para exercer a própria cidadania. Lançamos a questão: qual o impacto social de um jovem despreparado? E de milhões deles? A resposta é complexa, compreende um longo caminho e é de responsabilidade de todos, porque afeta a todos. Vejam, por exemplo, o caso de um assalto: o ato do roubo, do ponto de vista econômico, nada mais é do que uma rápida transferência de renda, e, muitas vezes, por falta de alternativas. Por outro lado, modelos econômicos “alternativos” fundados em: trocas sociais e familiares; estruturas comunitárias; consumo local; voluntariado; trabalho não remunerado; microcrédito; microempresas; agricultura de subsistência e menor dependência do setor externo, são avaliados de maneira pejorativa e, portanto, considerados pouco sérios, mesmo com a população sentindo “na pele” os efeitos da recessão e do desemprego gerados pelos modelos econômicos tradicionais, que buscam incessantemente o nirvana através do aumento do PIB. 3 Como exemplo, vale mencionar o tratamento fiscal dado às microempresas na Itália, onde um imposto só entrará em vigor após a comprovação, por parte do governo, de que a empresa será capaz de honrá-lo, sem comprometer suas finanças. 4 Expressão usada por Hazel Henderson em Transcendendo a Economia, Cultrix, 1991, p.39. 9 Sistema Financeiro Nacional Mas, a final de contas, o aumento da Renda Nacional não implica numa melhor distribuição de renda?Esta problemática já foi discutida à exaustão, com a idéia de “aumentar o bolo” para depois dividir, no entanto, a história mostrou que a divisão não foi feita e o número de pessoas excluídas aumentou vertiginosamente. Até o final da década de 70, o aumento do PIB garantia melhor distribuição de renda à população, promovendo a redução do desemprego, via aumento dos investimentos. Porém, na década de 80 o dinamismo da economia industrial brasileira se esgota e a crise da dívida externa desarticula o padrão de acumulação vigente, comandado pela tríade: capital produtivo externo, Governo e setor privado. Com a ruptura do financiamento externo e a deterioração das contas públicas, o Estado de encontra enfraquecido no final da década, propiciando a aventura neoliberal no início dos anos 905. Sabemos que o aumento do PIB traz benefícios ao país, porém, não necessariamente, com o aumento do número de postos de trabalho. Esta é a grande mudança de paradigma que a economia enfrenta - a economia sem ética6.Esta nova realidade distorce valores pessoais, empresariais e sociais. Isto ocorre porque uma empresa, numa situação análoga ao país, é capaz de aumentar seu faturamento, sem necessariamente aumentar o número de funcionários. A globalização e a tecnologia atual trouxeram esta novidade, fortemente divulgada por Hazel Henderson, o crescimento de braços dados com a pobreza7, anulando, muitas vezes, o papel social da empresa, como provedora de empregos. Surge, então, uma nova ordem econômica mundial, caracterizada pela perda de valores éticos, dominada pela monetização das relações e pela concorrência insana. Incompatível com o avanço social e democrático das sociedades. Para atenuar esta situação, devemos buscar práticas econômicas alternativas que possam gerar trabalho e renda às comunidades excluídas da economia formal, tais como: cooperativas e associações auto geridas, incentivo à produção e consumo em redes locais, microcrédito, moedas locais e de trocas, formação de mão-de-obra através do voluntariado e outras. Este é o papel da Economia Solidária 5 Jorge Mattoso e Marcio Pochmann, Mudanças estruturais e o trabalho no Brasil dos anos 90, Economia e Sociedade, Campinas (10): 221, jun.1998. 6 Vários são os autores que trabalham nesta linha de pensamento, em especial destacamos Amartya Sen e seu trabalho, Sobre Ética e Economia, Cia.das letras, 1999. 7 Sobre este tema ver o trabalho do Banco Mundial, Globalização, Crescimento e Pobreza, Ed. Futura, 2003. “O dinheiro é estritamente uma invenção humana por se tratar, em si mesmo, de uma metáfora.” Jack Weatherford em A História do Dinheiro, p.46. 10 Sistema Financeiro Nacional 1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA 1.1 Escambo 1.2 Moedas Mercadorias 1.3 A opção pelos Metais 1.4 Moeda Papel 1.5 Papel Moeda ou Moeda Fiduciária 1.6 Moeda Escritural ou Moeda Bancária 1.7 Funções da Moeda 1.8 Características da Moeda 1.1 ESCAMBO ESCAMBO: operação rudimentar realizada diretamente em espécie, sem a presença de intermediários financeiros. EM QUE MOMENTO DEU-SE A ORIGEM DA MOEDA? “Um produto só se converte em ativo monetário se os membros do grupo o aceitarem em pagamento das transações que se efetivam. Tal aceitação é uma espécie de crença social, à qual todos se rendem. Além disso, como a moeda representa um poder de aquisição, desde o momento em que é recebida até o momento em que é dada em pagamento de outra transação, ela também se caracteriza como uma reserva de valor.” 8 1.2 MOEDAS –MERCADORIAS Primeiras moedas eram mercadorias aceitas pelo grupo. Valor de uso era garantia pelo valor de troca. Exemplos: sal, trigo, gado, chá, arroz, etc. Problema central: eram perecíveis. Isto afeta a função central da moeda que é a reserva de valor! 1.3 A OPÇÃO PELOS METAIS Princípios econômicos: Custo e Raridade relativa. Vantagens: durabilidade, facilita a acumulação de estoques pois a variação da produção tem pequeno efeito sobre a oferta. Divisibilidade material e econômica. Estágio inicial em barras ou pequenos lingotes, mas foi com a Cunhagem que o processo mudou. A perda do caráter privado para o público legitimou a confiança. Pureza, peso e valor passaram a ser marcados oficialmente. Novidades: Curso legal, poder liberatório (credor e devedor obrigados a aceitar), cobrança de tributos. 8 Lopes, J. do C. e Rosseti, J. P. “Economia Monetária 11 Sistema Financeiro Nacional 1.4 MOEDA PAPEL ou MOEDA REPRESENTATIVA Com o desenvolvimento dos mercados temos a elevação do número de bens e serviços, das operações de troca, do volume de moeda em circulação e dos valores das transações. O transporte passa a ser desaconselhável – excesso de peso e risco. SOLUÇÃO: Emissão de certificados de depósitos de moedas metálicas Certificados Nominais no 1º momento. Lastro integral ou 100%. Aceitação generalizada. 1.5 PAPEL MOEDA ou MOEDA FIDUCIÁRIA � MOEDA NÃO LASTREADA EM METAIS � TRANSMISSÍVEL AO PORTADOR � VALOR VARIÁVEL � PAGÁVEL À VISTA � EMISSÃO DE PARTICULARES – 1º MOMENTO � RUINA DO SISTEMA ENTRE 1793 E 1817 � LEI DO PADRÃO OURO EM 1900 � 1ª GUERRA MUNDIAL 1914 A 1918 � CRISE DE 1929 A 1933 GRANDE DEPRESSÃO � 2ª GUERRA MUNDIAL 1939 A 1945 � JULHO DE 1944 – INICIO DE BRETTON WOODS As conferências de Bretton Woods, definindo o Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceram em Julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. O sistema Bretton Woods foi o primeiro exemplo, na história mundial, de uma ordem monetária totalmente negociada, tendo como objetivo governar as relações monetárias entre Nações-Estado independentes. Definindo um sistema de regras, instituições e procedimentos para regular a política econômica internacional, também foram estabelecidos o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Essas organizações tornaram-se operacionais em 1946, depois que um número suficiente de países ratificou o acordo. “O dinheiro começou como artigo específico e tangível, como as conchas e os discos de pedra, os grãos de cacau e pepitas de metal. Em sua segunda fase, tomou forma de papel que reteve sua tangibilidade, mas perdeu seu valor quanto artigo. Não era possível comer papel moeda, como era o caso do sal ou do cacau, nem podia ser derretido e transformado em instrumentos ou ornamentos, como as moedas de cobre, lata, ouro e prata. O papel moeda não tinha utilidade senão como dinheiro. O uso de moedas e outros artigos envolvia tremenda abstração, mas o uso do papel tornou o dinheiro ainda mais abstrato.” Jack Weatherford em A História do Dinheiro, p.30. 12 Sistema Financeiro Nacional As principais disposições do sistema Bretton Woods foram, primeiramente, a obrigação de cada país adotar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas dentro de um determinado valor - mais ou menos um por cento—em termos de ouro, e em segundo lugar, a provisão pelo FMI de financiamento para suportar dificuldades temporárias de pagamento. Em 1973, diante de pressões crescentes na demanda global por ouro, Richard Nixon, então presidente norte-americano, suspendeu unilateralmente o sistema de Bretton Woods, cancelando a conversibilidade direta do dólar em ouro. • DESMATERIALIZAÇÃO DA MOEDA • INEXISTÊNCIA DE LASTRO METÁLICO • INCONVERSIBILIDADE ABSOLUTA • MONOPÓLIO ESTATAL DAS EMISSÕES • SISTEMAS MONETÁRIOS FIDUCIÁRIOS 1.6 MOEDA ESCRITURAL OU BANCÁRIA Surgimento paralelo à moeda fiduciária, de forma acidental no Banco da Inglaterra. Moeda invisível sem existência física. Corresponde a lançamentos a débito e a crédito registrados nas contas correntes dos bancos. 1.7 FUNÇÕES DA MOEDA RESERVA DE VALOR (Liquidez por excelência) Intermediária de trocas, medida de valor, liberatória – poder de saldar dívidas, instrumento de poder. 1.8 CARACTERÍSTICAS DA MOEDA Valor, portabilidade, durabilidade, homogeneidade, divisibilidade, identificabilidade, estabilidade de valor e cunhabilidade. “O dólar norte americano não é um dólar de prata nem de ouro. O governo dos EUA não irá trocar uma nota de dólar por outra coisa além de uma nota de dólar. O dólar é simplesmente uma moeda por reconhecimento. O dólar sustenta-se no poder do governo e na fé das pessoas que o usam. Fé em que ele poderá comprar algo amanhã, fé em que o governo dos Estados Unidos continue existindo e aceitando dólares no pagamento de impostos e que outras pessoas continuarão acreditando nele. Além dessa fé, nada mais sustenta o dólar.” Jack Weatherford em A História do Dinheiro, p.185 13 Sistema Financeiro Nacional TEXTO COMPLEMENTAR ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA Escambo A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor. Assim, quem pescasse mais peixe do que o necessário para si e seu grupo trocava este excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor. Este é o caso, por exemplo, da criança que troca com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito. As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo a necessidades fundamentais de seus membros. Nesta forma de troca, no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados. Moeda Mercadoria Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras. Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias. O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de doenças e da morte. O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. Ambas deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados. No Brasil, entre outras, circularam o cauri – trazido pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar, o cacau, o tabaco e o pano, trocado no Maranhão, no século XVII, devidoà quase inexistência de numerário, sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas e tecidos. Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais, devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas. Metal Quando o homem descobriu o metal, logo passou a utilizá-lo para fabricar seus utensílios e armas, anteriormente feitos de pedra. Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal se 14 Sistema Financeiro Nacional elegeu como principal padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc. O metal comercializado dessa forma exigia aferição de peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca. Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicativa de valor, que também apontava o responsável pela sua emissão. Essa medida agilizou as transações, dispensando a pesagem e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida para troca. Moeda em Formato de Objetos Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas. Como sua produção exigia, além do domínio das técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o metal poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente, não estava ao alcance de todos. A valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro. É o caso das moedas faca e chave que eram encontradas no Oriente e do talento, moeda de cobre ou bronze, com o formato de pele de animal, que circulou na Grécia e em Chipre. Moedas Antigas Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor. São cunhadas na Grécia moedas de prata e, na Lídia, são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e prata chamada eletro. As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas podem ser observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C. A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras. Ouro, Prata e Cobre Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos.Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos com eles confeccionados. A cunhagem de moedas em ouro e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada por mercadorias neste mesmo valor. Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o cobre para os valores menores. 15 Sistema Financeiro Nacional Estes sistemas se mantiveram até o final do século passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido. Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco. Moeda de Papel Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel. No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil, em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os cheques Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento. Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas. A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade. Formatos Diversos O dinheiro variou muito, em seu aspecto físico, ao longo dos séculos. As moedas já se apresentaram em tamanhos ínfimos, como o stater, que circulou em Aradus, Fenícia, atingindo também grandes dimensões como as do dáler, peça de cobre na Suécia, no século XVII. Embora, hoje, a forma circular seja adotada em quase todo o mundo, já existiram moedas ovais, quadradas, poligonais etc. Foram, também, cunhadas em materiais não metálicos diversos, como madeira, couro e até porcelana. Moedas de porcelana circularam, neste século, na Alemanha, quando, por causa da guerra, este país enfrentava grave crise econômica. As cédulas, geralmente, se apresentam no formato retangular e no sentido horizontal, observando-se, no entanto, grande variedade de tamanhos. Existem, ainda, cédulas quadradas e até as que têm suas inscrições no sentido vertical. As cédulas retratam a cultura do país emissor e nelas podem-se observar motivos característicos muito interessantes como paisagens, tipos humanos, fauna e flora, monumentos de arquitetura antiga e contemporânea, líderes políticos, cenas históricas etc. As cédulas apresentam, ainda, inscrições, geralmente na língua oficial do país, embora em muitas delas se encontre, também, as mesmas inscrições em outros idiomas. 16 Sistema Financeiro Nacional Sistema Monetário O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Este sistema, regulado através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de base e que é sua unidade monetária. Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa um centésimo de seu valor. Normalmente os valores mais altos são expressos em cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente a tendência mundial é no sentido de se suprirem as despesas diárias com moedas. As ligas metálicas modernas proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas, tornando- as mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco. Os países, através de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado através de processo de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas. O dinheiro, sejaem que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufruir, através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno. A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e sua evolução reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade de sua economia. Tabela de conversão das moedas com as mudanças dos padrões monetários brasileiros. Obs: Foi instituída a URV (Unidade Real de Valor) em 30/06/1994 sendo 1URV= CR$ 2.750,00. 17 Sistema Financeiro Nacional Ataque ao papel-moeda Fernando Dantas - 25 Novembro 2016 – Estado de São Paulo Na recente noite de oito de novembro, a população da Índia levou um susto quando as autoridades anunciaram que as notas de 1000 e de 500 rúpias, equivalentes a respectivamente R$ 49 e R$ 24,5, iriam simplesmente parar de ser aceitas como dinheiro. Todos os portadores dessas notas se viram obrigados a ir aos bancos para trocá-las por cédulas de menor valor. A intenção do governo indiano é combater o dinheiro do crime e da corrupção, que, como em outras partes do mundo, é em boa parte guardado e usado na forma de papel- moeda. A decisão, entretanto, lançou o país numa barafunda financeira, já que as duas notas representavam 85% do dinheiro em espécie na Índia. E a gigantesca população do país está habituada a economizar e realizar grande parte das suas transações em dinheiro vivo. A Índia está reintroduzindo novas notas de 2.000 e 500 rúpias, mais difíceis de falsificar. No entanto, em outros países vem se fortalecendo a ideia de reduzir ou eliminar de vez as notas de alto valor (para os padrões de renda indianos, aquelas cédulas são altas), como forma de combater o dinheiro do crime. O Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, vai retirar gradativamente de circulação, até 2018, a nota de 500 euros, equivalente a R$ 1.795, muito apreciada por sua praticidade por bandidos e terroristas, a ponto de ser chamada de “bin laden” no mundo do crime. Os Estados Unidos já recolheram todas as notas com valor acima de US$ 100 (havia cédulas de até US$ 10 mil). Porém, para alguns economistas, o mundo deveria reduzir de forma muito mais drástica o volume de papel-moeda em circulação, especialmente aquele acumulado em notas de alto valor. Em livro recém-lançado (“The Curse of Cash”, título que significa “a maldição do dinheiro em espécie”), o prestigiado economista norte-americano Kenneth Rogoff propõe que se tire de circulação em escala mundial todas as notas com valor acima de US$ 10 (R$ 34). Rogoff observa que notas de alta denominação em dólares e ienes (a cédula de US$ 100 e a de 10 mil ienes) são responsáveis por respectivamente 80% e 90% do alto volume de dinheiro em espécie presente nos dois países. Esta dinheirama em papel, por sua vez, não está estimulando a economia legal, mas é uma grande ajuda às transações criminosas. Como ele escreve em recente artigo, “um milhão de dólares em notas de US$ 100 cabem em uma mala, e um milhão de dólares em notas de 500 euros cabem numa bolsa”. Mas existe outro lado nessa discussão. Segundo o economista José Júlio Senna, do Centro de Política Monetária do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), “um menor volume de notas de elevada denominação em circulação traz dificuldades para indivíduos e bancos se defenderem de políticas de juros negativos adotadas em alguns países”. Como se sabe, países como Japão, Suíça, Suécia e Dinamarca estão com taxas básicas de juros negativas. Este estranho fato é uma tentativa de estimular as economias depois que os juros já foram a zero com o mesmo objetivo, e sem resultados satisfatórios. 18 Sistema Financeiro Nacional Senna explica que uma forma de se defender do juro negativo, que faz com que recursos aplicados no sistema financeiro encolham, é colocar dinheiro em espécie “no cofre ou debaixo do colchão”. A logística e os riscos desta estratégia, porém, tornam-se mais complicados com notas de baixo valor, especialmente no caso de grandes volumes de dinheiro. De qualquer forma, o economista ressalva que os benefícios da estratégia de juro negativo estão longe de confirmados. Por outro lado, está muito clara a vantagem de eliminar ou reduzir o volume de notas de alto valor se o objetivo é combater o crime e a corrupção. No caso do Brasil, em que a epopeia de escândalos só faz crescer, talvez fosse o caso de o BC pensar no fim da nota de R$ 100. Mesmo porque até hoje o comércio faz cara feia para trocá-la. Questão 1: Quais seriam as vantagens e desvantagens da extinção da nota de R$100,00 no Brasil? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA FIDUCIÁRIO • NÃO HÁ LASTRO METÁLICO; • PAPEL MOEDA EMITIDO POR ÓRGÃO GOVERNAMENTAL; • CONFIANÇA DO PÚBLICO NA MOEDA; • CONFIANÇA DO PÚBLICO NA NORMALIDADE OPERACIONAL DOS BANCOS. 3. CONCEITO DE LIQUIDEZ Liquidez é a capacidade, ou facilidade de converter um Ativo em Moeda, no menor espaço de tempo, com o menor custo possível. 19 Sistema Financeiro Nacional 4. CONCEITO DE BASE MONETÁRIA M0 ou passivo monetário do Bacen ou moeda de alto poder de expansão B = PMpp + RESERVAS BANCÁRIAS Base = Papel Moeda em poder do público + PMbc + DC Base = Papel Moeda em poder do público + Papel Moeda, em caixa, nos bancos comerciais + Depósitos Compulsórios no Bacen 5. CONCEITO DE MEIOS DE PAGAMENTO BACEN NT03 - Agosto/2001 • Instrumentos importantes para o acompanhamento dos efeitos da política monetária; • São indicadores de Liquidez e Captação Interna de Recursos; • São ativos monetários utilizados na aquisição de bens e serviços. 5.1) Meios de Pagamento Restritos MP = M1 =PMpp + DV Sendo: Papel moeda em poder do público – parte manual Depósitos à vista nos bancos comerciais – parte escritural 5.2) Meios de Pagamento Ampliados M2 = M1 + Depósitos especiais remunerados + Depósitos de poupança+ Títulos emitidos por instituições depositárias M3 = M2 + Quotas de fundo de renda fixa+ Operações compromissadas registradas no Selic 20 Sistema Financeiro Nacional 5.3) Poupança Financeira ou M4 M4 = M3 + Títulos públicos de alta liquidez Critério de Ordenamento – Órgãos Emissores M1 = Consolidado Monetário M2 = Consolidado Bancário – Fundos de Renda Fixa M3 = Consolidado Bancário M4 = Consolidado Bancário + Governo Sendo: Instituições Depositárias – Bancos Múltiplos, Bancos Comerciais, Caixas Econômicas, Bancos de Investimento, Bancos de Desenvolvimento, Agências de Fomento, Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, Sociedades de Crédito Imobiliário, Associações de Poupança e Empréstimo, Companhias Hipotecárias. As instituições financeirasnão depositárias, como sociedades de arrendamento mercantil, corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários, nessas definições de agregados monetários são consideradas empresas do setor produtivo. Consolidado Monetário - Banco Central, Bancos Múltiplos com carteira comercial, Bancos Comerciais e Caixas Econômicas. As cooperativas de crédito não foram incluídas por restrições operacionais. Consolidado Bancário – Consolidado Monetário, outras instituições depositárias e Fundos de Renda Fixa. Governo – Tesouros Nacional, Estadual e Municipais. 6. MULTIPLICADOR DA BASE MONETÁRIA O Multiplicador Monetário é um termo que designa a variação na oferta de moeda originada pela variação em uma unidade na Base Monetária. O Multiplicador Monetário representa assim o poder que os bancos comerciais têm para criar moeda através da sua atividade de depositário e de concessão de empréstimos. O valor do Multiplicador Monetário depende essencialmente de duas variáveis: a propensão marginal à retenção de moeda e a taxa de reservas bancárias. Dado que além de controlar a Base Monetária, o Banco Central controla também a taxa de reservas bancárias, este consegue ter um controle praticamente total sobre a oferta de moeda. 21 Sistema Financeiro Nacional BACEN emite moeda primária e os Bancos Comerciais criam moeda secundária. Expansão dos MP por meio dos empréstimos Portanto: M1 é > que o Papel Moeda emitido TECNICAMENTE: M1 = K X B; K = M1/ B Há uma relação inversa entre K e B Relações de Comportamento: • Participação do Papel – Moeda na composição dos Meios de Pagamento c = PMpp / MP • Participação dos depósitos à vista, nos Bancos Comerciais, na composição dos Meios de Pagamento d = DVBC / MP OBS: c + d = 1 COMPOSIÇÃO DOS MEIOS DE PAGAMENTO NO BRASIL ANO PMpp c DV d MP 2000 26678 38% 43697 62% 70375 2001 30640 39% 48303 61% 78943 2002 40414 40% 61894 60% 102308 2003 41645 40% 63247 60% 104892 2004 51024 40% 76105 60% 127129 2005 57051 40% 85400 60% 142451 2006 67072 40% 100118 60% 167190 2007 79265 38% 131245 62% 210510 2008 90587 41% 127695 59% 218282 2009 103265 43% 137055 57% 240320 2010 119598 43% 160034 57% 279632 2011 129053 46% 151438 54% 280491 2012 145644 47% 167409 53% 313053 2013 162212 48% 176785 52% 338997 Valores em R$ milhões Fonte: Banco Central do Brasil Em Conjuntura Econômica Maio 2014 22 Sistema Financeiro Nacional Questão 2: A composição dos Meios de Pagamentos no Brasil é dada, em média, por 45% em papel moeda em poder do público (PMpp) e 55% em Depósitos à Vista (DV), conforme dados do Banco Central. Sabendo que a composição internacional é dada, na média, por 20% Pmpp e 80% em DV, quais são os fatores principais que explicam esta distorção no Brasil? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ TEXTO COMPLEMENTAR MEIOS DE PAGAMENTO Nas economias contemporâneas, os meios de pagamento (ativos utilizados na aquisição de bens e serviços), são compostos de duas partes: uma parte manual - papel- moeda e as moedas metálicas em poder do público (PMpp), que normalmente correspondem a 20% da totalidade dos meios de pagamento; e, outra parte escritural - os depósitos à vista nos bancos comerciais (DV) - com os 80% restantes. Estes são os ativos com maior liquidez, os Meios de Pagamento Restritos, ou M19. M1 = PMpp + DV. O papel-moeda e as moedas metálicas em circulação são emitidos por órgão governamental, a Casa da Moeda, a pedido do Banco Central. O Estado exerce o monopólio das emissões. Não existem bancos privados emitindo papel-moeda. Não há lastro metálico (estoque em ouro ou prata) que garanta a conversibilidade do papel- moeda em circulação. O sistema é integralmente fiduciário10 - inexistência de lastro metálico, inconversibilidade absoluta e monopólio estatal das emissões. A moeda escritural, ou moeda bancária, caracterizada pelos depósitos à vista feitos nos bancos comerciais, é mais utilizada que a moeda manual, por ser mais segura e prática. Os usuários podem utilizar instrumentos como o cheque e os cartões de débito, para manipular o saldo de suas contas correntes. Além da praticidade, esta moeda ” 9 Existem também os Meios de Pagamento Ampliados, ou agregados monetários. Seus conceitos e metodologias são determinados pelo BACEN. São eles: M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos privados. M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações compromissadas registradas no Selic. M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez. 10 Do latim, fidúcia significa confiança. O sistema fiduciário caracteriza-se pela confiança do público na moeda e na normalidade operacional dos bancos. 23 Sistema Financeiro Nacional apresenta uma característica fundamental no desenvolvimento da economia – seu efeito multiplicador. Ao término da propagação do efeito multiplicador da moeda escritural, os meios de pagamento resultarão maiores do que o valor originalmente emitido. Isto porque, os bancos comerciais, ao receberem um volume de moeda em seu caixa (proveniente, por exemplo, de uma redução de alíquota de recolhimento compulsório ou da venda de títulos públicos), tendem a fornecer empréstimos aos seus clientes – a atividade central de uma instituição bancária. Estes clientes, por sua vez, ao contraírem os empréstimos, retêm uma diminuta parcela sob a forma de moeda manual (PMpp). A parcela restante é devolvida ao sistema bancário, sob a forma de novos depósitos, que gerarão outros empréstimos a outros clientes. Neste procedimento, os empréstimos criam novos depósitos, que criarão novos empréstimos. Multiplica-se a moeda escritural. O Banco Central emite a chamada moeda primária, mas o volume de moeda circulando na economia é maior que esta emissão inicial. Isto porque os bancos comerciais criam moeda secundária, através dos empréstimos. Este é o multiplicador bancário ou multiplicador da moeda escritural. Com este mecanismo, o Banco Central emite apenas uma parte do volume total em circulação. A outra parte, maior que a inicial, fica a cargo dos bancos comerciais. A magnitude do multiplicador11 varia em função dos recolhimentos compulsórios exigidos pelo Banco Central, do interesse dos bancos em aumentar a liquidez do sistema e das taxas de juros cobradas nos empréstimos. Lembrando que o fato dos bancos oferecerem novas linhas de crédito, não implica, necessariamente, que os clientes irão usá-las integralmente. A conjuntura exerce papel crucial nestas decisões. Os bancos não podem emprestar a totalidade dos depósitos à vista que possuem. Uma parte destes depósitos é enviada ao Banco Central, sem remuneração. Este percentual é a alíquota de recolhimento compulsório, imposto por lei, que pode oscilar de 0% a 100%, dependendo dos objetivos monetários a serem alcançados. Esta esterilização da moeda escritural é feita com duas finalidades básicas: manter um volume de reservas em poder das autoridades monetárias, para eventuais problemas de liquidez no sistema e, controlar o volume de crédito fornecido pelos bancos comerciais.Quanto maior for a alíquota de recolhimento compulsório exigida pelo Banco Central, menor será o volume disponível para as linhas de crédito. O multiplicador da moeda escritural é função inversa da alíquota de recolhimento compulsório. Este é um dos instrumentos monetários utilizados na execução de políticas monetárias que visam contrair os meios de pagamento – política monetária contracionista – ou expandi-los – política monetária expansionista. Esta, feita com a redução da alíquota. 11 Para exemplificar: se o multiplicador bancário for igual a 1,5, temos que: para cada 100 unidades monetárias injetadas no sistema bancário, pelo Banco Central, o volume final produzido – através dos empréstimos fornecidos pelos bancos comerciais - é 50% maior. Resultando em 150 unidades monetárias. Fonte BACEN: entre jan./2000 e jan./2017, a magnitude do multiplicador bancário variou de 1,29 a 1,549. 24 Sistema Financeiro Nacional O Banco Central altera esta alíquota, reduzindo ou aumentando-a, em reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM). Estas alterações são feitas visando o cumprimento de objetivos traçados pela política monetária adotada pelo governo. As taxas de inflação são, atualmente, os balizadores destas alíquotas. Quanto maior for a pressão inflacionária, menores serão os volumes de crédito disponíveis aos consumidores. O governo, então, eleva as alíquotas de recolhimento compulsório, fazendo política monetária contracionista. Outro instrumento de política monetária é o mercado aberto (open market), onde são realizadas as operações de compra e venda de títulos públicos. Este instrumento é usado para financiar o governo ou regular a liquidez da economia. Neste mercado são vendidos os papéis, ou títulos, da dívida pública. O Banco Central faz a emissão primária destes títulos e negocia com intermediários, que são bancos comerciais específicos – os dealers – que incorporam estes papéis em suas carteiras e também negociam com outras instituições, no mercado secundário. As negociações são feitas através de leilões: formais (propostas por escrito) ou informais (contato telefônico). Nestes leilões, são realizadas a compra e venda de títulos do Tesouro Nacional, da carteira do Banco Central, ou de emissão própria, como os Bônus do Banco Central – BBC. A rentabilidade varia de acordo com o prazo e indexadores ofertados – pré e pós- fixados. O Banco Central atua como agente financiador do governo. Quando o Banco Central deseja expandir a oferta monetária, aumentar a liquidez do sistema, resgata os títulos da dívida pública das carteiras dos bancos, através dos leilões. Há uma “troca” de papéis por moeda, com o pagamento de uma taxa de juros. Esta prática caracteriza a política monetária de expansão. O sistema inverso, o Banco Central vendendo títulos da dívida aos bancos, retira disponibilidade de caixa dos bancos, reduzindo a liquidez do sistema. Para regular e fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional (SFN), temos cinco autoridades monetárias: Conselho Monetário Nacional (CMN); Banco Central do Brasil (BACEN); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Banco do Brasil (BB); e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão supremo do Sistema Financeiro Nacional. Foi criado em 31 de dezembro de 1964, com a Lei nº 4.595. É um órgão normativo sem funções executivas, que é responsável pelas diretrizes das políticas monetária, creditícia e cambial. O Ministro da Fazenda preside esta instituição. O Banco Central do Brasil (BACEN) é o órgão executivo central do Sistema Financeiro Nacional. Suas principais atribuições são: emitir normas, fiscalizar, autorizar o funcionamento e fazer intervenções nas instituições financeiras; receber depósitos compulsórios; fazer operações de redesconto; emitir, comprar e vender títulos públicos federais; emitir papel-moeda e controlar o meio circulante; administrar a dívida pública interna e externa e gerir as reservas internacionais. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão normativo responsável pelo desenvolvimento e fiscalização do mercado de ações e debêntures. O Banco do Brasil (BB) hoje é um banco múltiplo. Também opera como agente financeiro do Governo Federal, no tocante à execução da política oficial de crédito rural. 25 Sistema Financeiro Nacional O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952, é a instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal. Apóia os investimentos estratégicos necessários ao desenvolvimento do país, particularmente ao fortalecimento da indústria privada. Seus programas de financiamento contam com recursos próprios e com empréstimos e doações de entidades nacionais e estrangeiras. 7. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional é um conjunto de instituições, órgãos e afins que controlam, fiscalizam e fazem as medidas que dizem respeito à circulação da moeda e de crédito dentro do país. O Brasil, em sua Constituição Federal, cita qual o intuito do sistema financeiro nacional: “O Sistema Financeiro Nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram". O Sistema Financeiro Nacional pode ser divido em duas partes distintas: Subsistema de supervisão e subsistema operativo. O de supervisão se responsabiliza por fazer regras para que se definam parâmetros para transferência de recursos entre uma parte e outra, além de supervisionar o funcionamento de instituições que façam atividade de intermediação monetária. Já o subsistema operativo torna possível que as regras de transferência de recursos, definidas pelo subsistema supervisão sejam possíveis. O subsistema de supervisão é formado por: Conselho Monetário Nacional, Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários, Conselho Nacional de Seguros Privados, Superintendência de Seguros Privados, Brasil Resseguros (IRB), Conselho de Gestão da Previdência Complementar e Secretaria de Previdência Complementar. Dos que participam do subsistema de revisão, podemos destacar as principais funções de alguns: O Banco Central (BACEN) é a autoridade que supervisiona todas as outras, além de banco emissor de dinheiro e executor da política monetária. O Conselho Monetário Nacional (CMN) funciona para a criação da política de moeda e do crédito, de acordo com os interesses nacionais. A Comissão de Valores Mobiliários tem a função de possibilitar a alta movimentação das bolsas de valores e do mercado acionário (isso inclui promover negócios relacionados à bolsa de valores, proteger investidores e ainda outras medidas). O outro subsistema, o operativo, é composto por: Instituições Financeiras Bancarias, Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, Sistema de Pagamentos, Instituições Financeiras Não Bancárias, Agentes Especiais, Sistema de Distribuição de TVM. As partes integrantes do subsistema operativo, citados acima, são grupo que compreendem instituições que são facilmente achadas em nosso dia a dia. As Instituições Financeiras Bancárias, por exemplo, representam as Caixas Econômicas, Cooperativas de Crédito, Bancos comerciais e Cooperativos. As instituições Financeiras Não Bancárias são, por 26 Sistema Financeiro Nacional exemplo, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor, Companhias Hipotecárias, Agências de Desenvolvimento. Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintescarteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima. As instituições com carteira comercial podem captar depósitos à vista. Na sua denominação social deve constar a expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994). As autoridades do Sistema Financeiro Nacional também podem ser divididas em dois grupos: Autoridades Monetárias e Autoridades de Apoio. As autoridades monetárias são as responsáveis por normatizar e executar as operações de produção de moeda. O Banco Central do Brasil (BACEN) e o Conselho Monetário Nacional (CMN). Já as autoridades de apoio são instituições que auxiliam as autoridades monetárias na prática da política monetária. Um exemplo desse tipo de instituição é o Banco do Brasil. Outro tipo de autoridade de apoio são instituições que têm poderes de normatização limitada a um setor específico. O exemplo desse tipo de autoridade é a Comissão de Valores Mobiliários. As Instituições financeiras, termo muito usado para definir algumas empresas, são definidas como as pessoas jurídicas, públicas ou privadas e que tenham sua função principal ou secundária de guardar, intermediar ou aplicar os recursos financeiros (tanto dos próprios recursos como recursos de terceiros), que sejam em moeda de circulação nacional ou de fora do país e também a custódia de valor de propriedade de outras pessoas. Pessoas físicas que façam atividades paralelas às características acima descritas também são consideradas instituições financeiras, sendo que essa atividade pode ser de maneira permanente ou não. No entanto, exercer essa atividade sem a prévia autorização devida do estado pode acarretar em ações contra essa pessoa. Essa autorização deve ser dada pelo Banco Central e, no caso de serem estrangeiras, a partir de um decreto do presidente da república. A decisão tomada pelo conselho monetário nacional, logo pelo sistema financeiro nacional tem total ligação com o estado da economia do país. Suas mudanças são determinantes, para o funcionamento do mercado financeiro. A chamada bolsa de valores (mercado onde as mercadorias são ações ou outros títulos financeiros) tem empresas, produtos e ações que variam de acordo com o que esse sistema faz. Considerando o alto valor de dinheiro investido nesse mercado, a bolsa de valores é um espelho das grandes proporções que as decisões tomadas por esse sistema podem afetar a vida de todas as esferas da sociedade. 27 Sistema Financeiro Nacional Conselho Monetário Nacional O Conselho Monetário Nacional é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional. Esse órgão é o sucessor do antigo Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito, que foi extinto pelo art. 2º da lei nº 4.595/64, e passou suas responsabilidades para o Conselho Monetário Nacional. É composto pelo Ministro de Estado da Fazenda, Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil (BACEN), sendo que os trabalhos de secretaria desse órgão são feitos pelo Banco Central. Suas funções são variadas. Inclui a autorização para a produção de papel-moeda, a aprovação de relatórios orçamentários, produzidos pelo Banco Central, para se definir estratégias que dizem respeito à necessidade de moeda e crédito. Também é função do CMN mostrar planos da política cambial e também a compra e venda de ouro ou qualquer transação que inclua moeda estrangeira. Controlar a liberação e obtenção de crédito e traçar regras que fiscalizem o funcionamento das instituições financeiras também são ações que cabem ao Conselho Monetário Nacional. Além dessas, outras funções como: limitar o mínimo de capital de Instituições Financeiras, fixar valores para utilização no mercado mobiliário, definir as características da moeda nacional e regular que os bancos estrangeiros que funcionam no país sigam as regras nacionais. Esse conselho foi criado para satisfazer alguns objetivos que dizem respeito à organização financeira do país. O CMN, por exemplo, comanda as políticas monetárias e ações que dizem respeito à dívida pública. Ele também controla o valor externo e interno da moeda nacional de forma que se possa usar, da melhor forma, o capital estrangeiro e que possa manter controlado os valores de inflação e deflação, que variam o valor interno da moeda. Visa também fazer com que a seja mais acessível o sistema de pagamentos e de mobilização de recursos. Todos esses são objetivos traçados para o CMN. O Conselho Monetário Nacional trabalha em conjunto com comissões consecutivas de Normas e Organizações do Sistema Financeiro, de Mercado de Valores Mobiliários e de Futuros. Também a de Crédito Rural, de Crédito Industrial, de Endividamento Público, de Política Monetária e Cambial e de Processos Administrativos. Outras funções do Conselho Monetário Financeiro são determinar índices e outros dados usados para instituições financeiras, determinar um valor limite que um banco pode emprestar para um mesmo cliente, determinar os tipos de empresas que poderão ter participação no mercado mobiliário e suas respectivas funções e participações, marcar as direções par aplicar reservas técnicas das sociedades seguradoras, entidades abertas e fechadas de previdência privada, podendo também traçar planos diferentes para uma determinada entidade, se considerarmos a existência de condições plausíveis às suas patrocinadoras. 28 Sistema Financeiro Nacional O Conselho Monetário Nacional tem, ainda, a comissão Técnica da Moeda e do Crédito, que tem a utilidade de regulamentar matérias de responsabilidade do CMN. Esse conselho engloba o presidente e quatro diretores do Banco Central do Brasil e o presidente da comissão de Valores Mobiliários. Secretário executivo do Ministério do planejamento, orçamento e gestão, secretário de politica econômica e o secretário executivo do ministério da fazenda. http://sistema-financeiro-nacional.info/ 8. BANCOS CENTRAIS O Banco Central do Brasil foi criado pela Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, tendo por funções:12 1) Banco do governo. Agente de financiamento do governo, o que coloca um limite para a taxa de juros. 2) Banco dos bancos. Emprestador de última instância, o que é um fator expansionista do estoque nominal de moeda. 3) Banco fiscalizador. Supervisor do cumprimento da regulamentação do sistema financeiro nacional, visando à estabilidade sistêmica. 4) Banco de câmbio. Protetor dos valores de troca entre a moeda nacional e a moeda estrangeira, estabilizando (ou não) a taxa de câmbio. 5) Banco controlador da oferta de moeda interna e dos termos de financiamento. Basta cumprir a meta da programação monetária. Dentre suas atribuições estão: • Zelar pela adequada liquidez da economia; • Manter as reservas internacionais em nível adequado; • Estimular a formação de poupança; • Zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. • Emitir papel-moeda e moeda metálica; • Executar os serviços do meio circulante; • Receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; • Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; • Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; • Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; • Exercer o controle decrédito; • Exercer a fiscalização das instituições financeiras; • Autorizar o funcionamento das instituições financeiras; 12 Costa, Fernando Nogueira da. Economia Monetária e Financeira: Uma Abordagem Pluralista. São Paulo: MACKRON Books,1999.Págs.184 a 189. 29 Sistema Financeiro Nacional • Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; • Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e • Controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. Sua sede fica em Brasília, capital do País, e tem representações nas capitais dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará. Algumas considerações sobre uma polêmica contemporânea. A independência ou não do Banco Central. Quais são os critérios formais da independência do Banco Central? Independência Orgânica – Refere-se às relações institucionais entre o Estado e o Banco Central, nas condições tanto de nomeação dos dirigentes quanto de exercício de suas funções. Independência Funcional – Compreende a liberdade de ação do Banco Central da definição de suas atribuições e objetivos em matéria de política econômica e em termos de obter autonomia financeira própria. Os defensores da tese da independência advogam que o Banco Central deve ter autonomia operacional – mandatos que o livrem da pressão política – para executar sua tarefa com eficiência. Adversários desta posição acham que quem deve definir o objetivo da política econômica não é o Banco Central, mas sim governo eleito. Cabe aos Bancos Centrais, como atividade primária, serem os guardiões da moeda e crédito, e como tal manter sob controle as pressões inflacionárias. Dentre os BCs há variações no modelo de gestão, mas isso é o mais importante. No mundo temos exemplos bem estruturados de BCs independentes, como o FED americano, criado em 1913. O Banco Central Inglês criado em 1694 e o Banco Central europeu, com a função de coordenar a moeda única (euro) de 18 países membros. “...todos os economistas, monetaristas, keynesianos ou neoclássicos, todos os especialistas, quaisquer que sejam suas tendências políticas, concordam que o banco central deve desempenhar um papel de emprestador de última instância e tomar todas as medidas necessárias para evitar o desmoronamento financeiro e a espiral inflacionária.” Thomas Piketty. O Capital no século XXI, pág. 535 30 Sistema Financeiro Nacional Modelo de banco central autônomo ou independente foi criado em 1989 Por Flávia Barbosa / Vivian Oswald / Janaína Figueiredo / Lucianne Carneiro. O Globo 14/09/2014 https://oglobo.globo.com/economia/modelo-de-banco-central-autonomo-ou-independente-foi-criado-em-1989- 13931574#ixzz51kYnW5Ba A partir de 1989, diversos bancos centrais do mundo passaram a ser autônomos ou independentes, ou seja, a estabelecer mecanismos para evitar influência política nas decisões da autoridade monetária. Nos últimos anos, após a explosão da crise econômica mundial em 2008 e 2009, no entanto, cresce a avaliação de que a política influencia cada vez mais as decisões de política monetária. ESTADOS UNIDOS Mais poderoso banco central do mundo, o Federal Reserve (Fed) tem condução autônoma da política monetária dos EUA, com mandatos definidos e sem subordinação ao Poder Executivo - a coordenação é possível, e até desejável, em algumas ocasiões, como a crise de 2007, quando Fed e Secretaria do Tesouro trabalharam em parceria. A instituição opera com duas metas para definir os juros de referência dos EUA: manter os preços estáveis e o máximo nível de emprego na economia. Cabe ao próprio Fed, todo janeiro, definir as metas adequadas para a inflação ao consumidor – 2% ao ano – e a taxa de desemprego americanas – 5,2% a 5,8% – a longo prazo. No modelo americano, o Fed é um sistema que reúne 12 bancos regionais subordinados à política definida por uma diretoria central (board of governors) em Washington, indicada pelo presidente dos EUA e aprovada pelo Senado. Cabe à Casa Branca apontar entre eles quem serão o presidente e o vice-presidente do Fed, que têm mandatos, nestas funções, de quatro anos, renováveis. A diretoria central não pode ser retirada do cargo simplesmente pelas decisões de política monetária que tomam, apenas por má conduta, crimes e outras ofensas graves, em votação que requer maioria qualificada do Senado. A prestação de contas pelo banco central americano é intensa. Engloba um misto de sabatinas periódicas pelo Congresso americano e ampla comunicação direta com a sociedade, com comunicados após as reuniões, entrevistas coletivas do presidente; e ata extensa, chamada de Livro Bege, dos encontros; além de liberação das transcrições das reuniões após cinco anos. ZONA DO EURO Considerado o banco central mais independente do mundo, o Banco Central Europeu (BCE) é responsável pela execução da política monetária dos 18 países da zona do euro. Foi criado em 1998 com a função de, em sete meses, substituir as moedas nacionais dos países europeus que integrariam a chamada zona do euro por uma moeda única e gerir a política monetária que orientaria a nova divisa. O Conselho do BCE é o principal órgão de decisão do BCE. Composto pelos seis membros da comissão executiva (o presidente do BCE, o vice e outros quatro diretores, todos escolhidos por maioria qualificada e nomeados pelo Conselho Europeu). As deliberações também são por maioria qualificada. 31 Sistema Financeiro Nacional As atas das reuniões não são publicadas, mas as decisões de política monetária são explicadas em uma entrevista à imprensa, logo depois da primeira reunião de cada mês. O direito de voto é rotativo. Isso significa que os presidentes do BCs que ocupam os cinco primeiros lugares da lista -Alemanha, França, Itália, Espanha e Holanda - partilham quatro direitos de voto e os 11 restantes são partilhados pelos outros 14 países. REINO UNIDO O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) foi um dos primeiros na implantação do regime de metas de inflação. Fundado em 1694, o BoE é conhecido como "The Old Lady" (a velha senhora). A independência da autoridade monetária veio no governo trabalhista de Tony Blair. Cabe ao Tesouro britânico determinar anualmente a meta a ser perseguida e indicar o presidente da instituição, mas é o comitê de política monetária quem escolhe os caminhos, sem qualquer interferência do governo. Como no Brasil, as reuniões para decidir os juros básicos da economia duram dois dias. Participam dela os nove diretores do comitê, com mandatos de três anos cada, renováveis por mais três. Quatro deles saem dos quadros da própria instituição, enquanto os outros cinco vêm de fora. Um membro do Tesouro até participa da reunião, mas sem o direito de voto. A sua função é deixar clara a evolução da política fiscal e outros aspectos da política econômica do governo para os integrantes do comitê. Em geral, o presidente do BC inglês tem um mandato de oito anos. Os seus quatro vices têm mandato de cinco anos renováveis por mais cinco. CHILE O Banco Central do Chile é apontado como um dos exemplos de independência na América Latina. É a autoridade monetária que determina a meta de inflação do país, e as reservas do BC não podem ser usadas pelo Executivo. O Conselho do BC chileno tem cinco integrantes, que são escolhidos pelo presidente da República para um mandato de dez anos. Desses conselheiros, o Executivo escolhe quem será o presidente do banco, para um período de cinco anos. A lei orgânica do BC chileno foi aprovada por Pinochet, pouco antes do final da ditadura (1973-1990), e nunca foi modificada. Nosso banco central é autônomo e conservador — lembrou o ex-vice presidente do BC chileno, Hugo Fazio, do Centro Nacional de Estudos de Desenvolvimento Alternativo (Cenda), que foi vice do bancono governo Salvador Allende (1970-1973). ARGENTINA A independência do Banco Central da República Argentina (BCRA) vem do início dos anos 1990 e determinava, entre outras questões, a restrição aos empréstimos da autoridade monetária ao governo. Com a chegada do kirchnerismo ao poder, em 2003, o BC argentino tornou-se peça fundamental do programa econômico do país. A independência foi revogada quando Cristina Kirchner demitiu o então presidente Martín Redrado do cargo, por sua oposição ao uso das reservas cambiais para financiar gastos do governo. O BCRA é considerado a principal fonte de financiamento da Casa Rosada, que com os 32 Sistema Financeiro Nacional Kirchner na Presidência, modificou a lei orgânica da instituição, facilitando a transferência de recursos do banco para o Tesouro Nacional. A antiga carta orgânica da instituição estabelecia que o BCRA não podia emprestar ao Tesouro mais de 12% da base monetária do país, através dos “adiantamentos transitórios”, que deviam ser saldados num prazo máximo de um ano. Em 2012, o governo modificou a carta orgânica do BCRA, incluindo, além dos 12% da base monetária, a possibilidade de obter por parte da instituição até 10% da arrecadação do ano anterior. Isso multiplicou o acesso do governo aos recursos do banco — disse o economista Martin Tetaz, professor da Universidade Nacional de La Plata, para quem o BCRA é hoje totalmente controlado pelo Executivo argentino. NOVA ZELÂNDIA Veio do sul do Pacífico a primeira experiência de um banco central independente: o Banco Reserva da Nova Zelândia (ou RBNZ). O presidente do BC é escolhido pelo governo, mas a partir de recomendações feitas pelo conselho diretor da autoridade monetária. A Lei de 1989 prevê que os objetivos de política, incluindo a meta de inflação, seja acordada entre o BC e o governo. Segundo o analista da consultoria Capital Economics Daniel Martin, é na definição da meta de inflação que ocorre a maior integração entre governo e BC. Nos últimos dias, o Partido Trabalhista no país vem sugerindo em meio a uma campanha que a autoridade monetária também tenha meta para o déficit em conta corrente. JAPÃO Com critérios determinados por lei em 1997, a independência do Banco do Japão tem sido cada vez mais questionada. A meta de inflação é definida em parceria pelo BC e pelo governo. Além disso, representantes do governo costumam participar das reuniões do Conselho. E o banco central pode fazer empréstimos ao governo ou comprar títulos no mercado em algumas circunstâncias. Questão 3: Os países apresentam diferentes formas de autonomia dos Bancos Centrais. Na opinião do grupo, quais mudanças poderiam ser implementadas no Banco Central do Brasil? Justifique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 33 Sistema Financeiro Nacional Questão 4: Com base no esquema abaixo aponte as principais diferenças entre: Conselho Monetário Nacional, Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários. _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _____________________________________________________________ 34 Sistema Financeiro Nacional 9. POLÍTICA MONETÁRIA “A Política Monetária tem por objetivo controlar a expansão da moeda e do crédito e exercer o controle sobre a taxa de juros, procurando adequá-los às necessidades de crescimento econômico e estabilidade de preços.” Banco Central do Brasil OBJETIVOS: Variam em função do estágio de desenvolvimento econômico, da ideologia política, problemas conjunturais e valores morais da coletividade. • Promoção do crescimento e do desenvolvimento econômico; • Promoção do mais alto nível de emprego; • Estabilidade de preços; • Controle da inflação; • Promover uma melhor distribuição de renda. INSTRUMENTOS ( MEIOS ) : 1. Taxa SELIC 2. Recolhimento Compulsório 3. Redesconto Bancário 4. ‘Open Market’ ou Mercado Aberto. 1. Taxa Selic Define-se Taxa Selic como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais. Para fins de cálculo da taxa, são considerados os financiamentos diários relativos às operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação (art. 1° da Circular n° 2.900, de 24 de junho de 1999, com a alteração introduzida pelo art. 1° da Circular n° 3.119, de 18 de abril de 2002). 35 Sistema Financeiro Nacional Histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom e evolução da taxa Selic 1. Como o Banco Central faz Política Monetária de EXPANSÃO usando a Taxa SELIC? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Como o Banco Central faz Política Monetária de CONTRAÇÃO usando a Taxa SELIC? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3. Identifique os períodos de Política Monetária de Expansão e de Contração, praticados pelo Banco Central nos últimos anos, usando a tabela a seguir: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 0 1 /0 3 /1 9 9 9 0 1 /0 3 /2 0 0 0 0 1 /0 3 /2 0 0 1 0 1 /0 3 /2 0 0 2 0 1 /0 3 /2 0 0 3 0 1 /0 3 /2 0 0 4 0 1 /0 3 /2 0 0 5 0 1 /0 3 /2 0 0 6 0 1 /0 3 /2 0 0 7 0 1 /0 3 /2 0 0 8 0 1 /0 3 /2 0 0 9 0 1 /0 3 /2 0 1 0 0 1 /0 3 /2 0 1 1 Tx Selic %a.a. Tx Selic %a.a. 36 Sistema Financeiro Nacional Reunião Período de vigência Meta SELIC % a.a. nº data viés 211ª 06/12/2017 07/12/2017 - 7,0 210ª 25/10/2017 26/10/2017 - 06/12/2017 7,5 209ª 06/09/2017 08/09/2017 - 25/10/2017 8,25 208ª 26/07/2017 27/07/2017 - 06/09/2017 9,25 207ª 31/05/2017 01/06/2017 - 26/07/2017 10,25 206ª 12/04/2017 13/04/2017 - 31/05/2017 11,25 205ª 22/02/2017 23/02/2017 - 12/04/2017 12,25 204ª 11/01/2017 12/01/2017 - 22/02/2017 13,00 203ª 30/11/2016 01/12/2016 - 11/01/2017 13,75 202ª 19/10/2016 20/10/2016 - 30/11/2016 14,00 201ª 31/08/2016 01/09/2016 - 19/10/2016 14,25 200ª 20/07/2016 21/07/2016
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