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Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 1 Sumário 1. Programa da disciplina ......................................................................................................... 4 1.1 Ementa ........................................................................................................................................ 4 1.2 Carga horária total....................................................................................................................... 4 1.3 Objetivos ..................................................................................................................................... 4 1.4 Conteúdo programático .............................................................................................................. 4 1.5 Metodologia ................................................................................................................................ 5 1.6 Critérios de avaliação .................................................................................................................. 5 1.7 Bibliografia recomendada ........................................................................................................... 5 2. Texto para estudo ................................................................................................................. 7 2.1. Panorama Geral da Contabilidade .............................................................................................. 7 2.1.1. Legislação Contábil .................................................................................................................. 7 2.1.2. Regime de caixa e regime de competência .............................................................................. 8 2.2. Apresentação das Demonstrações Contábeis (CPC 26) .............................................................. 9 2.2.1. Balanço Patrimonial ............................................................................................................ 10 2.2.2. Demonstração de Resultados do Exercício e Demonstração do Resultado Abrangente........ 12 2.2.3. Demonstração de Fluxos de Caixa ....................................................................................... 13 2.2.4 Notas Explicativas ................................................................................................................ 15 2.3. Instrumentos Financeiros ......................................................................................................... 16 2.4. Estoques ................................................................................................................................... 25 2.5. Imobilizado ............................................................................................................................... 33 2.5.1. Mensuração no Reconhecimento: ....................................................................................... 33 2.5.2. Depreciação ........................................................................................................................ 33 2.5.3. Perda de Recuperabilidade (impairment) ............................................................................ 34 2.5.4. Divulgação .......................................................................................................................... 35 2.6. Propriedade para Investimento ................................................................................................ 39 2.6.1. Principais pontos do Pronunciamento ................................................................................. 39 2.7. Ativo Biológico ......................................................................................................................... 43 2.7.1. Avaliação do ativo biológico ................................................................................................ 43 2.7.2. Avaliação do produto agrícola ............................................................................................. 44 2.7.3. Outros pontos ..................................................................................................................... 44 2.7.4. Divulgação .......................................................................................................................... 45 2.8. Ativo Intangível ........................................................................................................................ 50 2.8.1. Reconhecimento e mensuração .......................................................................................... 50 2.8.2. Ativo intangível gerado internamente ................................................................................. 51 2.8.3. Fase de Pesquisa ................................................................................................................. 51 2.8.4. Fase de Desenvolvimento ................................................................................................... 51 2.8.5. Método de custo ou método de reavaliação ....................................................................... 52 2.8.6. Vida útil .............................................................................................................................. 52 2.8.7. Ativo intangível com vida útil definida ................................................................................. 52 Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 2 2.8.8. Ativo intangível com vida útil indefinida .............................................................................. 53 3. EXERCICIOS DE REVISÃO .............................................................................................................. 55 Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 3 Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 4 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA Contabilidade de Ativos Relevantes: Principais conceitos relativos às demonstrações contábeis. Contabilização de: Instrumentos financeiros básicos, Estoques, Imobilizado, Propriedade para investimentos, Ativos Biológicos e Intangíveis (exceto goodwill). 1.1 Ementa Conceitos iniciais de contabilidade, normas internacionais, efeitos da contabilização dos instrumentos financeiros, estoques, imobilizado, propriedade para investimentos, ativos biológicos e intangíveis no desempenho financeiro das empresas. 1.2 Carga horária total 24 h/a 1.3 Objetivos Fazer com que o aluno compreenda os principais lançamentos contábeis e sua relação com o dia a dia da empresa. Dar uma visão geral das principais contas e a avaliação, mensuração e divulgação envolvidos na contabilização ativos relevantes. 1.4 Conteúdo programático Conceitos das demonstrações contábeis Ativo, Passivo, Receitas e Despesas Balanço Patrimonial Demonstração de Resultados do Exercício Demonstração de Resultado Abrangente Demonstração de Fluxo de Caixa Instrumentos Financeiros – conceitos e contabilização Contabilização e avaliação de Estoques Contabilização e avaliação do Imobilizado da empresa Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 5 Contabilização e avaliação das Propriedades para Investimento Contabilização e avaliação do Ativo Biológico Contabilização e avaliação do Intangível 1.5 Metodologia As aulas são conduzidas de maneira a levar o aluno a atingir os objetivos definidos para a disciplina. Para isso, são utilizadas diversas técnicas de ensino- aprendizagem que se alternam em função do assunto tratado na aula. O professor deve ser visto como um orientador dos alunos e não como um expositor permanente da matéria, pois a transmissão pura e simples dos seus conteúdos traz resultados bem menores ao aprendizado do que a discussão destes. Portanto, é solicitado trabalho de pesquisarealizado fora da sala de aula, discussão em grupos e a utilização de outros recursos facilitadores do processo de aprendizagem. 1.6 Critérios de avaliação Prova: 70% Exercicios: 30% 1.7 Bibliografia recomendada FIPECAFI. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2013. CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis CPC 38 – Instrumentos Financeiros: reconhecimento e mensuração CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação CPC 40 – Instrumentos Financeiros: Evidenciação CPC 16 - Estoques CPC 27 – Imobilizado CPC 28 - Propriedades para Investimento CPC 29 - Ativo Biológico CPC 04 - Intangível Complementar: Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 6 ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade intermediária. São Paulo: Atlas, 2015. FIPECAFI, Manual de Contabilidade Societária, São Paulo, Atlas, 2014. Curriculum vitae do professor Liliane Cristina Segura é Pós-Doutora pela Universidad de Salamanca, Espanha, Doutora em Finanças pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Administração de Empresas (estratégia) pela Universidade de São Paulo (FEA- USP), Especialista em International Business and Entrepreneurship pela California State University (CSU-Fresno), Bacharel em Ciências Contábeis também pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), Professora dos programas de Pós-Graduação em Controladoria e Administração Financeira da FEI, professora pesquisadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie na linha de usuários externos, professora do Mestrado Profissional em Controladoria Empresarial da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui diversos artigos publicados em periódicos e congressos no país e no exterior, experiência empresarial como Diretora Geral e Diretora Financeira em empresa de comércio exterior e experiência em Educação Executiva desde 2004 em cursos da Fipecafi, IBMEC, Metodista e FEI. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 7 2. TEXTO PARA ESTUDO 2.1. Panorama Geral da Contabilidade Para elaborar uma demonstração contábil, a empresa deve seguir as normas contábeis determinadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis e aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, todas de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade determinadas pelo IASB (International Accounting Standards Board), que é o comitê internacional que emite as normas chamadas International Financial Standards Report (IFRS). Essas normas determinam, em linhas gerais, como devem ser avaliados todos os ativos, passivos, receitas, despesas e casos específicos de uma empresa. Toda empresa, a partir de 2010 e de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade deve aplicar as normas contábeis para a elaboração de suas demonstrações financeiras. O que acontece é que algumas empresas são obrigadas a auditar essas demonstrações e publicar e outras não. Todas as empresas abertas brasileiras, que estão sob o controle da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) são obrigadas a auditar e publicar as demonstrações contábil-financeiras. Algumas outras empresas também são obrigadas a auditar, de acordo com a lei 11.638/07 e algumas não são obrigadas a publicar. As empresas médias e pequenas não são obrigadas a publicar nem a auditar suas demonstrações contábeis, mas são obrigadas a produzi-las. O que isso significa? Isso quer dizer que toda empresa deve possuir demonstrações contábil-financeiras e todos os administradores e contadores da empresa devem saber como essas demonstrações são produzidas. E os analistas precisam conhecer as regras para poder analisa-las. É muito importante para o gestor e analista financeiro conhecer os elementos que são fundamentais para a elaboração das demonstrações financeiras. O usuário da informação precisa, de forma bem profunda, conhecer como são reconhecidos e mensurados esses elementos. Caso contrário poderá haver análises e conclusões errôneas baseando-se em números que não representam a realidade da empresa. 2.1.1. Legislação Contábil A Lei 6.404/76, conhecida como Lei das S/A, e suas posteriores alterações, incluindo a Lei 11.638/08, Lei 11.941/09 e Lei 12973/14, regulamenta a matéria contábil no Brasil para as sociedades anônimas e para as sociedades de grande porte. Considera-se de grande porte, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 8 anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais). O CFC (Conselho Federal e Contabilidade) emite as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) que devem ser acatadas pelos contabilistas e pelas empresas independentemente de porte ou forma de tributação. O CFC, por meio da Resolução CFC nº 1159/09, ressalta que as empresas de grande porte devem, adicionalmente, observar as regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula o mercado de capitais no Brasil. O CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis emite pronunciamentos, orientações e interpretações contábeis, que somente tem validade após aprovados pelos respectivos órgãos reguladores. Tanto o CFC quanto a CVM adotaram todos os pronunciamentos, orientações e interpretações emitidos pelo CPC. Desta forma, os documentos do CPC são válidos para todas as empresas. Os pronunciamentos e orientação do CPC – Comitê de Pronunciamentos Técnicos, emitidos em 2009 com aprovação de aplicação a partir de 2010 pela CVM e pelo CFC, que tratam de Participações em Outras Sociedades estão relacionados a seguir. Lembrando que as sociedades de pequeno e médio porte podem adotar um documento único emitido pelo CPC e aprovado pelo CFC e pela CVM que é o CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. 2.1.2. Regime de caixa e regime de competência Regime de caixa: Nesta forma de contabilização, todas as saídas e entradas de caixa são registradas no momento em que ocorrem. Não há preocupação com receitas e despesas, mas apenas com o saldo em caixa. Regime de competência: a preocupação desta forma de contabilização é apurar o resultado entre a contrapartida de vendas e os custos e despesas que foram executados para que esta venda fosse possível ser realizada. Não é preocupação desta contabilização é saber se as receitas foram recebidas e se as despesas ou custos foram pagos. A importância deste regime é identificar se houve lucro na operação. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 9 2.2. Apresentação das Demonstrações Contábeis (CPC 26) As demonstrações contábeis da empresa são ferramentas essenciais para a tomada de decisão em qualquer empresa ou de seus investidores. As demonstrações contábeis têm uma estrutura conceitual que segue as normas internacionais de contabilidade (IFRS) e também as instruções do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Todas as demonstrações contábeis devem seguir estes procedimentos para fazer com que estas possam ser comparadas ao longo do tempo e entre empresas nacionais e internacionais. A estrutura conceitual determinada pelas normas internacionais de contabilidade e regulamentada pelos CPCs tem por objetivo o fornecimento de informações úteis para tomada de decisão e das avaliações pelos seus diversos usuários. Os órgãos fiscais, no entanto, podem exigir alguma contabilização diferente (como por exemplo, a Receita Federal para fins de Imposto de Renda), mas esta contabilização não será mais publicada e não deverá mais afetar os resultados das empresas mostrados nas Demonstrações Contábeis publicadas para fins de análise. As demonstrações, elaboradas de acordo com a Estrutura Conceitual (CPC 00) e atendendo a todos os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis tem como objetivo fornecer informações úteis na tomada de decisõeseconômicas e avaliações por parte dos usuários em geral (CPC 00, 2012). É através delas que os usuários irão retirar informações sobre a posição financeira (tomada de recursos e investimentos), posição econômica (lucros ou prejuízos) e operações e fluxo de caixa. De acordo com a Estrutura Conceitual, os usuários da informação contábil devem ser capazes, ao ler as demonstrações contábeis, de: (a) decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais; (b) avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas; (c) avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefícios; (d) avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; (e) determinar políticas tributárias; (f) determinar a distribuição de lucros e dividendos; (g) elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou (h) regulamentar as atividades das entidades. (CPC Estrutura Conceitual, 2012) Qualquer empresa deve elaborar demonstrações financeiras, não importa o tamanho de seu faturamento. Algumas são obrigadas por lei (de acordo com a Lei 11.638/07, as empresas de capital aberto ou fechado, com Patrimônio Líquido igual ou maior que R$ Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 10 2.000.000,00 são obrigadas a divulgar suas informações contábeis) a auditarem e publicarem as suas demonstrações, outras não têm obrigatoriedade de divulgação destas demonstrações, mas mantém os relatórios internamente. O conjunto de demonstrações contábeis que deve ser apresentado para divulgação é: • Balanço Patrimonial • Demonstração de Resultados do Exercício • Demonstração de Resultado Abrangente • Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) • Demonstração de Valor Adicionado (DVA) • Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ou Demonstrações de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) • Notas Explicativas • Relatório da Administração • Relatório dos Auditores Independentes No entanto, pode haver variação das contas principais de cada uma das demonstrações contábeis de empresa para empresa, dependendo de sua estrutura interna. Isto não impossibilita a análise, uma vez que a estrutura principal sempre será mantida. 2.2.1. Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial representa uma demonstração resumida da posição financeira em determinada data. É formada por dois lados, que devem ser exatamente iguais no seu total, (ATIVOS = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO) onde são representados: ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVOS (ou aplicação de recursos): É uma relação de todos os investimentos que espera- se gerem benefícios econômicos futuros, relacionados em ordem de liquidez. A definição de ativo, de acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico: “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade” (Comitê de Procedimentos Contábeis) Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 11 Dessa forma, o ativo possui como contas principais: Ativos Circulantes, que representam todas as contas com prazo de realização em até 360 dias (ou um período social). Estas contas mostram toda a possibilidade de entrada de caixa no curto prazo. Quanto maior o ativo circulante da empresa, maior o giro de dinheiro, portanto, menor será o seu risco de insolvência. Exemplos de ativos circulantes: caixa, aplicações financeiras de curto prazo, estoques, clientes a receber, títulos a receber de curto prazo e despesas antecipadas. Ativos não Circulantes, que representam tudo o que irá entrar em caixa a partir de 360 dias (que era chamado de Realizável em Longo Prazo) e também o: Imobilizado, Investimentos e Intangíveis (ativos não destinados à venda). Exemplos de contas constantes no Realizável em longo prazo: aplicações financeiras de longo prazo, clientes a receber acima de 360 dias, títulos a receber de longo prazo. Exemplos de contas do Imobilizado: maquinas e equipamentos; Investimentos: imóveis e investimentos em coligadas e controladas, intangível: marcas e patentes. PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO: São as dívidas da empresa, quer com terceiros (Passivo), quer com seus proprietários (Patrimônio Líquido). Representam as fontes de recursos da empresa. O PASSIVO se divide também em contas que são agrupadas em ordem de pagamentos. A definição de Passivo, de acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico “Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos” (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Desta forma temos: Passivo circulante representa as dívidas de curto prazo, ou seja, todas as obrigações que a empresa deve saldar em até 360 dias. A ordem de apresentação destas contas é a ordem de liquidação das dívidas, ou seja, em caso de liquidação da empresa, qual a ordem em que os credores devem receber. Um passivo circulante alto significa diminuição do capital de giro da empresa no curto prazo, representando diminuição da solvência da empresa. Exemplos de contas do passivo circulante: Funcionários a pagar, fornecedores a pagar, empréstimos de curto prazo a pagar, contas a pagar, Imposto de Renda a pagar. Passivo não Circulante representa as dívidas de mais de 360 dias. Exemplos de contas do Passivo não circulante: financiamentos, empréstimos vencíveis acima de 360 dias, debêntures. O PATRIMÔNIO LÍQUIDO representa o capital dos acionistas e é composto principalmente das contas de Capital Social, Reservas e Lucros ou Prejuízos Acumulados. De acordo com o Pronunciamento Conceitual Básico “Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos” (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). Estas contas representam o capital investido da própria empresa ou dos acionistas, sendo denominado como capital próprio nas análises financeiras. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 12 Balanço Patrimonial Ativo Passivo Circulante Circulante Não-Circulante Não-Circulante Investimentos Imobilizado Patrimônio Líquido Intangível 2.2.2. Demonstração de Resultados do Exercício e Demonstração do Resultado Abrangente A Demonstração de Resultados do Exercício é responsável pelo resumo de todas as operações da empresa em determinado período. Nesta demonstração é que podemos verificar toda a atividade da empresa, o volume de vendas, os custos dos produtos, as despesas referentes à manutenção e venda dos produtos da empresa e todos os gastos ou receitas provenientes do gerenciamento financeiro. Com isso, é possível saber se a empresa produziu um resultado econômico eficiente neste período ou não. O esquema básico da Demonstração de Resultados do Exercício é apresentado abaixo. Este esquema é um resumo das contas principais geralmente utilizadas nas empresas. Claro que para efeito contábil, haverá outras contas importantes inseridas neste relatório, mas para efeito de análise, nos basta conhecer as contas principais. A Receita Operacional Bruta é representada pela soma de todas as vendas da empresa durante este período no que se refere às operações existentes. De uma forma bem simplificada, podemos dizer que esta receita representa a soma de todas as notas fiscais de faturamento em determinado período (que geralmente vai de 01 de janeiro a 31 de dezembro de um mesmo ano) Da Receita Operacional Bruta, deduzimos: impostos sobre vendas (todos os impostos que incidem diretamente sobre receita, como por exemplo: ICMS, Pis/Cofins, SIMPLES Nacional; devoluções de mercadorias e abatimentos ocorridos após a emissão da nota fiscal. Estas deduções são necessárias para que possamos ajustar todaa Receita e obter o faturamento efetivo da empresa, através da Receita Operacional Líquida. Esta última é a conta mais importante da Demonstração de Resultado do Exercício, pois é sobre ela que faremos todas as análises de lucratividade e de custos e despesas da empresa. Uma vez calculada a Receita Operacional Líquida (também chamada de Receita Líquida de Vendas) devemos subtrair desta todos os custos dos produtos referentes a esta venda. Uma vez que a Demonstração de Resultados do Exercício é apurada pelo Método de Competência (veja Apêndice 1), os custos que serão registrados aqui são somente aqueles referentes aos produtos vendidos e não aos produtos fabricados no período. O resultado da conta: Receita Operacional Líquida (-) Custo dos Produtos Vendidos é o chamado Lucro Bruto. Este primeiro subtotal apurado na Demonstração de Resultados do Exercício pode ser identificado como o lucro do produto, ou seja, após vender o produto e Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 13 retirar os custos referentes a ele, quanto irá sobrar para a empresa. Não contamos ainda as despesas com a operação nem com vendas, que subtraímos em seguida, nas Despesas Operacionais. As Despesas Operacionais são todos os gastos da empresa no período de apuração da Demonstração de Resultados do Exercício, com o intuito de manutenção da empresa e geração de vendas de seus produtos ou serviços. Estas despesas existem apenas para que a empresa possa ter uma estrutura razoável que permita que a venda ocorra neste período. São apuradas diretamente ao resultado do período conforme sua ocorrência. O resultado da conta: Lucro Bruto (-) Despesas operacionais irá gerar o chamado Lucro Operacional. No Lucro Operacional podemos verificar exatamente qual foi a lucratividade da empresa com as suas operações, ou seja, quanto a empresa ganha após pagar o produto e também as operações da empresa. Depois de conhecer a lucratividade da operação da empresa, ainda faltam ser adicionadas as receitas financeiras (ganho com aplicações financeiras) e despesas financeiras (perda financeira ou juros pagos). Todas estas operações estão ligadas ao gerenciamento de caixa da empresa, e não necessariamente às suas operações, por isto, separamos em um grupo diferente para melhor análise. O resultado da conta: Lucro Operacional (+) Receitas Financeiras (-) Despesas Financeiras é o Lucro operacional após o resultado financeiro. Deste lucro, será calculado o Imposto de Renda e Contribuição social. O lucro após os impostos é o Lucro Líquido do Exercício. Este lucro é o resultado final da empresa, o qual será calculado a distribuição do lucro. 2.2.3. Demonstração de Fluxos de Caixa A Demonstração de Fluxos de Caixa é uma das demonstrações importantes que complementam a análise da empresa. A divulgação desta demonstração não era obrigatória até 2008. No entanto, com a nova lei 11.638/07 foi instituída a obrigatoriedade de publicação desta demonstração e retirada a obrigatoriedade da DOAR (Demonstração de origens e aplicações dos recursos). Esta demonstração é importante para o entendimento de algumas informações contidas no Balanço Patrimonial e também na Demonstração de Resultados do Exercício. Enquanto a Demonstração de Resultados do Exercício é baseada em regime de competência, a Demonstração de Fluxos de Caixa é baseada em regime de caixa (ver Apêndice 1). Desta forma, é a DFC que irá demonstrar ao usuário da informação a razão pela qual a empresa apura lucros no final do período mas não tem saldo em caixa ou também a razão pela qual a empresa possui uma boa saúde financeira mas vêm apurando prejuízos ao longo do período. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 14 A estrutura da Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC) é a seguinte: DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA (DFC) Fluxo de caixa das operações Lucro Líquido após Imposto de Renda (+) Depreciação Aumento ou diminuição do Contas a receber Aumento ou redução de estoques Aumento ou diminuição do contas a pagar Aumento ou diminuição de despesas a pagar (=) Caixa gerado pelas operações Fluxo de caixa das atividades de investimento Aumento ou diminuição do ativo imobilizado (=) Caixa gerado pelas atividades de investimento Fluxo de caixa das atividades de financiamento Aumento ou redução de instituições financeiras a pagar Aumento ou diminuição de dívidas de longo prazo Alterações no Patrimônio Líquido Dividendos pagos (=) Caixa gerado pelas atividades de financiamento Aumento ou diminuição líquido dos saldos de caixa e aplicações Saldo inicial de caixa (+) Aumento ou diminuição líquido dos saldos de caixa e aplicações (=) Saldo final de caixa Desta forma, a DFC é composta basicamente por 3 divisões principais: Fluxo de caixa das operações: tudo o que foi gerado nas operações que contribuiu efetivamente para aumentar o caixa da empresa. Neste ponto são deduzidas todas as vendas não recebidas, aumentos de estoque, contas a receber, entre outros, que não contribuíram para gerar caixa e também são somados todos os movimentos operacionais que contribuíram para o financiamento do caixa da empresa, como recebimentos de vendas anteriores, depreciação (que não influencia no caixa, mas influencia no lucro), aumento de contas a pagar e fornecedores. Fluxo de caixa das atividades de investimento: toda entrada referente a venda de ativos e saídas referente a investimentos em ativos. Fluxo de caixa de atividades de financiamentos: todos os aumentos referentes a financiamentos da empresa como, por exemplo, aumento de capital, empréstimos e financiamento e todas as diminuições referentes a estes financiamentos, como pagamento de dividendos, saldos de empréstimos e financiamentos. Desta forma, o resultado final desta demonstração deverá informar exatamente a diferença entre o saldo em caixa (e aplicações) do ano anterior e o saldo em caixa (e aplicações) do Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 15 ano corrente, sendo possível identificar os motivos pelos quais este saldo final aumentou ou diminuiu. 2.2.4 Notas Explicativas As notas explicativas permitem descrever as práticas contábeis utilizadas, detalhando a composição de certas contas, permitindo até mesmo melhorar a estética dos demonstrativos principais e prestando esclarecimentos sobre operações específicas. As notas explicativas constituem parte integrante das demonstrações financeiras. De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 26 (2011): Notas explicativas contêm informação adicional em relação à apresentada nas demonstrações contábeis. As notas explicativas oferecem descrições narrativas ou segregações e aberturas de itens divulgados nessas demonstrações e informação acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações contábeis. CPC 26 (2011) Também, de acordo com o CPC 26 (2011), as notas explicativas têm a finalidade de apresentar as bases de elaboração das demonstrações contábeis, e políticas aplicadas nestas demonstrações; divulgar as informações que são requeridas pelos outros pronunciamentos técnicos e; apresentar qualquer informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para seu entendimento. Isso significa que a leitura das notas explicativas ou, sua consulta é fundamental no momento da análise das demonstrações. Políticas contábeis diferentes podem, em várias situações, apresentar diferenças fundamentais entre empresas de um mesmo setor, ou até mesmo concorrentes. Por isso, para que não se façam conclusões equivocadas acerca das empresas analisadas, o analista tem que ter em mente que a consulta às notas explicativas é mandatória na preparação das demonstrações para análise. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 16 2.3. InstrumentosFinanceiros A avaliação dos instrumentos financeiros deve ser feita pela Avaliação pelo Método do Valor Justo. Entende-se por Ativo financeiro é qualquer ativo que seja: • caixa; • instrumento patrimonial de outra entidade; • direito contratual: • de receber caixa ou outro ativo financeiro de outra entidade; ou • de troca de ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade sob condições potencialmente favoráveis para a entidade; • um contrato que seja ou possa vir a ser liquidado por instrumentos patrimoniais da própria entidade, e que: • não é um derivativo no qual a entidade é ou pode ser obrigada a receber um número variável de instrumentos patrimoniais da própria entidade; ou • um derivativo que será ou poderá ser liquidado de outra forma que não pela troca de um montante fixo de caixa ou outro ativo financeiro, por número fixo de instrumentos patrimoniais da própria entidade. Para esse propósito, os instrumentos patrimoniais da própria entidade não incluem os instrumentos financeiros com opção de venda classificados como instrumentos patrimoniais de acordo com os itens 16A e 16B, os instrumentos que imponham a obrigação a uma entidade de entregar à outra parte um pro rata como parte dos ativos líquidos da entidade apenas na liquidação e são classificados como instrumentos patrimoniais de acordo com os itens 16C e 16D, ou os instrumentos que são contratos para futuro recebimento ou entrega de instrumentos patrimoniais da entidade. Porém, quando tais títulos patrimoniais se tratarem de investimento no qual a investidora detém o controle da investida, individual ou em conjunto (joint venture) ou quando a investidora tem influência significativa sobre a investida, esses investimentos devem ser avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial. Nos demais casos deverão ser aplicados o método do valor justo (ou do custo, conforme item 2.1.4.2). Valor justo é a quantia pela qual um ativo poderia ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso em transação sem favorecimento. Para maiores detalhes ver o que determina o CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. O valor justo em instrumentos financeiros deve ser contabilizado de acordo com a natureza deste investimento, que pode ser classificado como: • Ações disponíveis para venda (ou mantidas ate o vencimento) • Ações em negociação A contabilização de ações em negociação deve ser feita da seguinte forma: Quando existe valorização das ações: Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 17 D – Ações em negociação C – Receita Financeira Lembre que essa receita financeira deve ser contabilizada na demonstração de resultado no grupo de receitas e despesas financeiras. Portanto, nada tem haver com a operação da empresa. O objetivo da contabilização da valorização ou desvalorização é para informar se a empresa ganhou o perdeu dinheiro com a operação no mercado financeiro. Quando existe desvalorização das ações: D – Despesa Financeira C – Ações em negociação Vejamos um exemplo: A empresa A possui as seguintes ações contabilizadas no Ativo Circulante e estão classificadas como em negociação: Ações da empresa Duratex R$20.000 Ações da empresa Petrobrás R$35.000 Em 31/12 de determinado ano, a empresa A verificou a cotação das ações dessas empresas apurando o seguinte: Ações da empresa Duratex R$ 23.000 Ações da empresa Petrobrás R$ 33.000 A Duratex obteve uma valorização das ações enquanto que a Petrobrás apurou uma desvalorização. Como devem ser lançados esses investimentos? Valorização das ações da Duratex: D – Ações da empresa Duratex C – Receita Financeiras R$ 3.000 Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 18 Desvalorização das ações D – Despesa Financeira C – Ações da empresa Petrobrás R$ 2.000 Portanto, o resultado do período considerando estes lançamentos, será de R$ 1.000. A contabilização de ações disponíveis para venda deve ser feita da seguinte forma: Quando existe valorização das ações: D – Ações disponíveis para venda C – Ajuste de Avaliação Patrimonial Quando existe desvalorização das ações: D – Ajuste de Avaliação Patrimonial C – Ações Disponíveis para venda Vejamos um exemplo: A empresa A possui as seguintes ações contabilizadas no Ativo Circulante e estão disponíveis para venda: Ações da empresa Duratex R$20.000 Ações da empresa Petrobrás R$35.000 Em 31/12 de determinado ano, a empresa A verificou a cotação das ações dessas empresas apurando o seguinte: Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 19 Ações da empresa Duratex R$ 23.000 Ações da empresa Petrobrás R$ 33.000 A Duratex obteve uma valorização das ações enquanto que a Petrobrás apurou uma desvalorização. Como devem ser lançados esses investimentos? Valorização das ações da Duratex: D – Ações da empresa Duratex C – Ajuste de Avaliação Patrimonial R$ 3.000 Desvalorização das ações D – Ajuste de Avaliação Patrimonial C – Ações da empresa Petrobrás R$ 2.000 Portanto, o saldo da conta Ajuste de Avaliação Patrimonial será de R$ 1.000. A conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial representa variações nos ativos da empresa que foram apuradas no período e que não podem ainda transitar pelo resultado da empresa. Essa conta se localiza do Patrimônio Líquido. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 20 2.3.1. EXERCÍCIOS 1. Balanço Inicial Empresa Alfa: Ativo Passivo + PL Caixa 2.000.000 Fornecedores 500.000 Estoques 500.000 Capital Social 3.000.000 Imobilizado 1.000.000 Total 3.500.000 Total 3.500.000 A empresa Alfa adquiriu ações das seguintes empresas em 01/01/20X1, as quais não têm caráter de investimento permanente: Empresa Beta 300.000 Empresa Gama 250.000 Empresa Delta 400.000 Empresa Sigma 100.000 As ações das empresas Beta e Gama foram classificadas no balanço como mantidas para negociação, e as ações das empresas Delta e Sigma foram classificadas como disponível para venda. Na data de fechamento do balanço, o valor de mercado das ações eram os seguintes: Empresa Beta 320.000 Empresa Gama 220.000 Empresa Delta 500.000 Empresa Sigma 50.000 Também foi apurado que a empresa Alfa recebeu dividendos das empresas Beta e Delta nos valores de R$ 15.000 e R$ 20.000, respectivamente. Elabore: Saldo de Caixa, Demonstração de Resultados do Exercício e Balanço Patrimonial. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 21 2. A empresa SmartWater possuía o seguinte Balanço Patrimonial em 01/01/x2: Ativo Passivo + PL Caixa 3.000.000 Capital Social 3.000.000 Total 3.000.000 Total 3.000.000 Em março, fez a compra de ações para investimentos de curto prazo. Esses investimentos são: Ações Cia Petrobrás – R$ 500.000; Ações da Cia Duratex – R$ 300.000. Em 30/12/2012, a empresa SmartWater verificou o valor das duas ações no mercado e apresentou o seguinte: Ações Cia Petrobrás – R$ 550.000; Ações da Cia Duratex – R$ 280.000. Recebeu 50.000 de dividendos da Petrobrás. Pede-se: a. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/12/2012, considerando que este investimento foi considerado como ações para negociação. b. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/12/2012, considerando que este investimento foi considerado como ações disponíveis para venda. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 22 3. A empresa AFV comprou ações de determinada empresa, pelo valor de R$ 2.000,00 em 01/01/2009. Em 31/01/2009, esta empresa recebeu dividendos, no valor de R$ 100,00. Nesta mesma data,as ações desta empresa foram avaliadas a R$ 2.140,00. O Balanço Inicial da empresa AFV, em 01/01/2009 é apresentado a seguir: Ativo Passivo Caixa 3.000,00 Folha pgto 1.500,00 Duplicatas a rec 2.500,00 Empréstimos 2.500,00 Imobilizado 10.000,00 Capital Social 11.500,00 Ativo total 15.500,00 Passivo + PL 15.500,00 Pede-se: a. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/01/2009, considerando que este investimento foi considerado como ações para negociação. b. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/01/2009, considerando que este investimento foi considerado como ações disponíveis para venda. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 23 4. A empresa YYY apresentou as seguintes contas em 01/12/2009: Caixa: 5.000; Capital Social: 20.000; Imobilizado: 15.000. No dia 02/12/2009, esta empresa adquiriu ações da companhia 234, pelo valor de R$ 4.000,00. No dia 31/12/2009, estas mesmas ações tinham valor de R$ 3.000,00 e a empresa não recebeu nenhum dividendo. Pede-se: a. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/12/2009, considerando que este investimento foi considerado como ações para negociação. b. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/12/2009, considerando que este investimento foi considerado como ações disponíveis para venda. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 24 5. A empresa VHS apresentou as seguintes contas em 01/12/20X1: Caixa: 50.000; Capital Social: 200.000; Imobilizado: 150.000. No dia 02/12/20X1, esta empresa adquiriu ações da companhia Pilot, pelo valor de R$ 40.000,00. No dia 31/12/20X1, estas mesmas ações tinham valor de R$ 30.000,00 e a empresa não recebeu nenhum dividendo. Pede-se: a. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/12/20X1, considerando que este investimento foi considerado como ações para negociação. b. Faça os devidos lançamentos contábeis, e apure o Balanço Patrimonial em 31/12/20X1, considerando que este investimento foi considerado como ações disponíveis para venda. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 25 2.4. Estoques Os conceitos do CPC 16 determinam a forma de reconhecimento, mensuração e divulgação dos estoques nas empresas. Os parágrafos a seguir foram retirados do Sumário do CPC 16 – Estoque. O Pronunciamento exige que os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor. Neles se incluem todos os custos de aquisição, de transformação e outros incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Por isso, devem compreender o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (que não sejam aqueles posteriormente recuperáveis pela empresa), custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos do preço na determinação do custo de aquisição. Os custos de estoques fabricados ou em processo de fabricação são aqueles diretamente relacionados com as unidades produzidas ou com as linhas de produção, tais como mão- de-obra direta e matéria-prima, e incluem também a alocação sistemática de custos indiretos de produção fixos e variáveis que sejam incorridos para transformar os materiais em produtos acabados ou para a prestação de serviços. A alocação de custos indiretos fixos às unidades produzidas deve ser baseada no volume normal de produção, que é aquele que se espera atingir, em média, ao longo de vários períodos ou de períodos sazonais, em circunstâncias normais, levando-se em consideração a não-utilização da capacidade total, resultante da manutenção planejada, de férias coletivas planejadas, etc. Os custos fixos relativos à capacidade não-utilizada em função de volume de produção inferior ao normal devem ser registrados como despesas no período em que são incorridos, não podendo ser alocados aos estoques. Quando se fabricam produtos conjuntos ou quando há um produto principal e um subproduto, os custos de transformação não separadamente identificáveis devem ser atribuídos aos produtos numa base racional e consistente, normalmente conforme o valor relativo da receita de venda de cada produto. Quando há geração de subprodutos de custo irrelevante, eles devem ser mensurados pelo valor realizável líquido e esse valor deve ser deduzido do custo do produto principal. Os salários e os outros gastos relacionados com as vendas e com o pessoal geral administrativo não devem ser incluídos no custo dos estoques, sendo reconhecidos como despesas do período em que são incorridos. O custo-padrão pode ser utilizado para a avaliação de estoques desde que seja estabelecido com base em níveis normais de eficiência e de volume de produção, seja revisado periodicamente ou quando houver mudança das condições de produção, e desde que seus valores reflitam aproximadamente o custo real. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 26 Quando da existência de bens não-intercambiáveis, seu custo específico precisa ser utilizado. No caso de bens intercambiáveis, deve-se usar o custo médio ponderado ou o Primeiro Que Entra, Primeiro Que Sai (PEPS), vedada a utilização do Último Que Entra, Primeiro Que Sai (UEPS). O mesmo critério precisa ser usado consistentemente para valoração dos estoques que tenham natureza e uso semelhante. O custo dos estoques pode não ser recuperável por motivo de danificação, obsolescência, redução no preço de venda, incremento no custo estimado de acabamento, etc. Nesse caso, o valor de custo precisa ser substituído pelo valor realizável líquido, obtido a partir do preço de venda estimado deduzido dos custos estimados de conclusão, dos gastos estimados necessários para se concretizar sua venda e dos tributos incidentes sobre a venda. Essa redução é normalmente feita item a item, a não ser quando relacionados com a mesma linha de produtos e tenham finalidades ou usos finais semelhantes, que sejam produzidos e comercializados na mesma área geográfica e não possam ser avaliados separadamente de outros itens dessa linha de produtos, ou circunstâncias semelhantes. As reduções ao valor realizável líquido devem ser revertidas quando desaparecerem as circunstâncias que obrigaram ao seu registro. Não há redução ao valor realizável líquido de matérias-primas e materiais de consumo quando for previsível que os produtos acabados em que eles serão utilizados serão vendidos pelo custo ou acima do custo. Os estoques são baixados ao resultado como despesa quando reconhecida a receita a que se vinculam, ou quando consumidos nas atividades a que se destinam, se não estiverem vinculados à produção de bens ou à prestação de serviços para a geração de receita futura. São também reconhecidas como despesas do período a redução ao valor realizável líquido e quaisquer outras perdas. Os estoques podem ser registrados em outras contas do ativo, como quando usados como um componente de ativos imobilizados de construção própria, e serão alocados como despesa durante a vida útil desse ativo. No caso de prestadores de serviços que precisem estocar seus custos, os mesmos procedimentos utilizados para custeamento de bens em elaboração devem ser adotados. O Pronunciamento especifica a divulgação a ser dada aos estoques existentes, às baixas, às reduções ao valor realizável líquido e suas reversões e a outras situações. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 27 2.4.1. Exercícios 1. Observe o quadro: No Balanço Patrimonial em 31.12.2010, o saldo de Estoque de acordo com a o CPC de estoques (CPC 16) é de: Tipo de EstoqueCusto Preço de Venda Gastos com Venda I 660 820 100 II 385 366 38 III 800 750 45 a) R$1.693,00. b) R$1.753,00. c) R$1.845,00. d) R$1.936,00. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 28 2. A empresa MAT adquiriu estoques de determinada mercadoria em janeiro de 2012, no montante de R$ 150.000,00. Neste valor, estão inclusos 18% de ICMS recuperáveis. Para que esta mercadoria chegasse ao estoque da empresa, foi pago o montante de R$ 2.000 de frete e seguros. Em 31/12/2012 o estoque ainda não havia sido vendido e o valor de venda no mercado foi apurado em R$ 150.000,00. Para essa venda, a empresa gastará ainda R$ 30.000 de comissões e despesas de entrega. Descreva todos os lançamentos que devem ser efetuados na compra e em 31/12/2012 referentes a esse estoque, caso haja. 3. A empresa PRODUTIVA está utilizando o sistema de custos de acordo com as normas do CPC 16- Estoques. A sua capacidade de produção considerada normal é de 2500 horas/mês. No mês de abril, as horas produtivas totalizam 1500 horas. O valor total de salários e encargos diretos do mês foi de $ 50.000,00. Qual é a taxa de mão de obra direta por hora? Qual o valor que será atribuído aos produtos fabricados? Qual o valor de salários e encargos de produção considerados despesa de período. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 29 4. Calcule o custo do estoque da empresa Chapiro SA, conforme determinado abaixo: Produto A: Valor da nota fiscal: R$ 20.000 Valor do frete das mercadorias para entrega no armazém: R$ 2.000 Seguro da mercadoria: R$ 5.000 ICMS recuperável: 12% sobre o valor da nota IPI recuperável: 20% sobre o valor da nota Produto B: Valor da nota fiscal: R$ 50.000 Valor do frete das mercadorias para entrega no armazém: R$ 3.000 Seguro da mercadoria: R$ 10.000 ICMS recuperável: 12% sobre o valor da nota IPI recuperável: 20% sobre o valor da nota Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 30 5. Uma Sociedade Empresária adquiriu, a prazo, mercadorias para revenda pelo valor total de R$25.000,00. Nesse valor, estão incluídos R$4.250,00 relativos a ICMS Recuperável. O transporte das mercadorias, no valor de R$2.000,00, foi pago pela empresa vendedora, sem reembolso pela adquirente. A Sociedade Empresária apura PIS e Cofins pelo Regime de Incidência Não Cumulativo. Considerando-se o disposto no CPC 16 – Estoques, e que as alíquotas a serem utilizadas para cálculo do valor recuperável de PIS e Cofins no Regime de Incidência Não Cumulativo são, respectivamente, 1,65% e 7,6%, o Custo de Aquisição das mercadorias é de: a) R$18.437,50. b) R$18.830,62. c) R$20.437,50. d) R$20.830,62. 6. De acordo com o CPC 16 (R1) – ESTOQUES, na determinação do Valor Realizável Líquido, o valor estimado das comissões da equipe de vendas necessárias para se concretizar a venda dos itens estocados deve ser tratado como: a) adição ao Custo. b) não relacionada ao Valor Realizável Líquido. c) redução do Custo. d) redução do Valor Realizável Líquido. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 31 7. Em 15.8.2016, uma Sociedade Empresária comprou mercadorias para revenda, no valor de R$156.000,00, para pagamento em 31.8.2016. No valor de R$156.000,00, está incluído o ICMS recuperável calculado à alíquota de 17%. A empresa adota o Regime de Incidência Cumulativo de PIS e Cofins, com as alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente. Considerando-se as informações apresentadas, qual o lançamento contábil desta operação?. 8. Uma Sociedade Empresária realizou as seguintes transações em janeiro de 2016: a) Aquisição de mercadorias para revenda, para pagamento em 20.2.2016, por R$180.000,00. Nesse valor estão incluídos: ICMS recuperável no valor de R$21.600,00; PIS recuperável no valor de R$2.970,00; e Cofins recuperável no valor de R$13.680,00. b) Venda, à vista, de 50% das mercadorias adquiridas por R$160.000,00, com entrega imediata. Tributos sobre a venda: ICMS de R$19.200,00; PIS de R$2.640,00; e Cofins de R$12.160,00. O Estoque de Mercadorias para Revenda no início do mês era igual a zero. Qual o resultado das transações dessa Sociedade Empresária, em janeiro de 2016? Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 32 9. Uma Sociedade Empresária comercial realizou aquisição de mercadorias para revenda. Em seus registros constam os seguintes dados relacionados aos itens adquiridos: Fretes sobre a compra das mercadorias R$400,00 Gastos com divulgação R$100,00 Gastos estimados necessários para se concretizar a venda R$300,00 Preço de venda R$1.600,00 Tributos adicionais decorrentes da aquisição das mercadorias, não recuperáveis e não incluídos no valor de aquisição R$ 200,00 Tributos recuperáveis incluídos no aquisição das mercadorias R$ 170,00 Valor de aquisição das mercadorias R$ 1000,00 De acordo com o CPC 16 (R1)– Estoques, qual o custo de aquisição dessas mercadorias? 10. De acordo com o CPC 16 (R1) – Estoques analise as informações a seguir: I) Despesas administrativas que não contribuem para trazer o estoque ao seu local e condição atuais. II) Despesas de comercialização, incluindo a venda e a entrega dos bens e serviços aos clientes. III) O preço de compra, os impostos de importação e outros tributos não recuperáveis. IV) Os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. V) Valor anormal de desperdício de materiais, mão-de-obra ou outros insumos de produção. Quais os itens que NÃO estão incluídos no custo dos estoques (porque não fazem parte do custo do estoque), porém são reconhecidos no resultado do período? 11. Um posto de combustível comercializa, por mês, aproximadamente 100.000 litros de etanol. Em determinado momento, constatou um índice de evaporação de 0,5% desse produto. O Conselho Nacional do Petróleo considera normal um índice de até 0,6% de evaporação. Segundo o CPC 16 (R1) – Estoques, o valor decorrente da evaporação é considerado: a) um desperdício e não pode ser contabilizado, exceto por determinação judicial. b) um passivo a ser reembolsado pelo fornecedor, visto que a evaporação é conhecida até pelo Código Tributário Nacional. c) uma perda de operações descontinuadas, e só pode ser contabilizada no período em que for formalmente confirmada a evaporação, por meio de medição. d) uma redução no resultado do período, visto que a evaporação é considerada normal e deve ser baixada do estoque periodicamente. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 33 2.5. Imobilizado Os parágrafos a seguir foram retirados do Sumário oferecido pelo CPC 27 – Ativo Imobilizado. Ativos imobilizados são itens tangíveis utilizáveis por mais do que um ano e que sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel ou para fins administrativos. 2.5.1. Mensuração no Reconhecimento: Um item do ativo imobilizado que seja classificado para reconhecimento como um ativo deve ser mensurado pelo seu custo. O custo de um item de ativo imobilizado é equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o equivalente preço à vista e o total dos pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros durante o prazo do pagamento. Há situações em que os encargos financeiros de empréstimo tomado para sua construção são adicionados ao custo, conforme Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Empréstimos, mas não no momento inicial,e sim durante o processo de sua construção. São também adicionados no custo inicial todos os gastos incrementais e necessários a colocar o imobilizado em condições de funcionamento, como transporte, tributos, montagem, testes etc. até que ele esteja em condições de efetivo uso. Compõe ainda o custo inicial o valor estimado dos gastos previstos para desmontagem, remoção e restauração do local onde é instalado. Não fazem parte do custo gastos com realocação, ociosidade mesmo que no uso inicial, gastos com abertura de nova instalação ou introdução de novo produto, gastos administrativos e outros custos indiretos etc. No caso de permuta, custo é o valor justo do ativo adquirido, a não ser que essa mensuração seja impossível, quando prevalece o valor contábil do ativo cedido. Subvenção governamental pode reduzir o custo do ativo, conforme Pronunciamento Técnico CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais. Quando a opção pelo método de reavaliação for permitida por lei, a entidade pode optar por ela como sua política contábil e deve aplicar essa política a uma classe inteira de ativos imobilizados e de forma consistente ao longo do tempo. 2.5.2. Depreciação A depreciação, entendida como a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil econômica para a entidade, corresponde à parcela pertencente ao período do total da diferença entre o valor do custo do ativo (ou outro valor que substitua o custo) menos o valor residual esperado ao final de sua utilização. Cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciado separadamente. A depreciação é efetuada mesmo quando o valor justo do ativo esteja temporariamente excedendo seu valor contábil e deve ser reconhecida no resultado a menos que seja incluída no valor contábil de outro ativo. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 34 Cessa a depreciação quando o ativo é desativado por baixa de qualquer natureza ou transferência para ativo não circulante mantido para venda (conforme Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada), ou para estoque (ver adiante), mas não cessa por ociosidade. Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida útil. O método de depreciação utilizado deve refletir o padrão de consumo, pela entidade, dos benefícios econômicos futuros do ativo a que se refere. O método e as premissas que levam ao cálculo da depreciação precisam ser acompanhados ao longo da vida útil do ativo e provocar os necessários ajustes conforme se registra no Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. 2.5.3. Perda de Recuperabilidade (impairment) Além da depreciação, é necessária a verificação pelo menos anualmente da eventual necessidade de reconhecimento de perda por redução ao valor recuperável do ativo, conforme o Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. O valor contábil de um item do ativo imobilizado deve ser baixado: por ocasião de sua alienação ou substituição; quando não há expectativa de benefícios econômicos futuros com a sua utilização ou alienação; quando transferido para outro grupo de contas. A venda de ativos imobilizados não deve ser reconhecida como integrante das receitas de vendas da entidade, exceto como a seguir. Há uma situação especial de baixa do ativo imobilizado: ativos aí classificados que se destinam, durante certo tempo, a aluguel para terceiros, sendo, depois de cessado o período de aluguel, transferidos para os estoques por se destinarem, a partir desse momento, à alienação. É o caso comum das locadoras de veículos. Nessa situação toda especial, as receitas de vendas são consideradas receitas de vendas da entidade e o valor baixado do estoque se transforma em custo dos estoques vendidos, já que tais bens são comprados com o intuito de deles se obter receita pelo aluguel e pela venda. Já no caso dos demais ativos também transferidos para o ativo circulante, por deixarem de ser utilizados como venda e passarem a ser destinados à alienação, mas cuja motivação de venda seja essencialmente sua utilização, não têm o produto dessa alienação a terceiros reconhecida como parte das receitas de venda da entidade. São reconhecidos no resultado diretamente o lucro ou prejuízo (situação rara em função da regra custo ou mercado aplicável ao circulante) nessa alienação. Os imobilizados que são utilizados até sua alienação são baixados diretamente do imobilizado nessa alienação para o resultado, com o registro, nessa demonstração, também apenas do lucro ou prejuízo apurado nessa operação. Tratamento especial também é dado ao caso de partes de ativos que estão sujeitas a reformas, revisões e outros custos relevantes não anuais. Essas partes devem ser depreciadas pela sua vida útil econômica específica, e os gastos com suas reformas e Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 35 revisões são ativados para depreciação pela sua vida útil econômica futura, conforme Pronunciamento Técnico CPC 25 – Provisão, Passivo e Ativo Contingentes. 2.5.4. Divulgação Devem ser divulgados os critérios de contabilização do imobilizado, métodos, vidas úteis e taxas de depreciação, valor contábil bruto e líquido, bem como a conciliação entre esses valores contábeis inicial e final (adições, baixas, reavaliações, depreciações contabilizadas no resultado e contabilizadas no custo de outro ativo, perdas por impairment, reversão de perdas, variações cambiais em certas circunstâncias – v. Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis etc.). Há, portanto, a obrigatoriedade da nota explicativa sobre a mutação do valor contábil do ativo imobilizado. Devem também ser divulgadas as restrições dadas por garantias tais como hipotecas, alienação fiduciária e outras, por compromissos advindos da aquisição, por indenizações por parte de terceiros, bem como devem ser destacados os ativos adquiridos por meio de arrendamento mercantil. Devem também ser divulgadas as mudanças nas estimativas que tenham efeito no resultado corrente ou em resultados futuros e sugerem-se divulgações sobre ativos que estejam temporariamente ociosos, totalmente depreciados, mas ainda em uso, valor justo do imobilizado quando materialmente diferente do valor contábil e outras informações relevantes para o completo entendimento do usuário a respeito desse grupo de contas. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 36 2.5.5. Exercícios 1. Uma empresa industrial possui um Ativo Imobilizado cujo custo histórico é igual a R$50.000,00 e cuja depreciação acumulada equivale a R$12.000,00. A empresa apurou, para esse ativo, um valor justo líquido de despesas de venda de R$10.000,00 e um valor em uso de R$20.000,00. Com base nos dados informados, considerando a NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos –, o valor a ser registrado como perda por desvalorização do Ativo Imobilizado será de: a) R$18.000,00. b) R$28.000,00. c) R$30.000,00. d) R$40.000,00. 2. Conforme o CPC 27 - Ativo Imobilizado, os benefícios econômicos futuros incorporados no ativo são consumidos pela entidade, principalmente, por meio do seu uso. Porém, outros fatores, tais como obsolescência técnica ou comercial e desgaste normal enquanto o ativo permanece ocioso, muitas vezes dão origem à diminuição dos benefícios econômicos que poderiam ter sido obtidos do ativo. A seguir, são apresentados alguns dos fatores que são considerados na determinação da vida útil de um ativo, EXCETO: a) uso esperado do ativo, quando é avaliado com base na capacidade ou produçãofísica esperadas. b) desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais, tais como o número de turnos durante os quais o ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a manutenção do ativo enquanto estiver ocioso. c) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na produção, ou de mudança na demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do ativo. d) aumento de valor de um terreno no qual um edifício esteja construído afeta o valor contábil do edifício e, consequentemente, a sua depreciação. 3. Uma empresa adquiriu um ativo em 1º de janeiro de 2009, o qual foi registrado contabilmente por R$15.000,00. A vida útil do ativo foi estimada em cinco anos. Espera-se que o ativo, ao final dos cinco anos, possa ser vendido por R$3.000,00. Utilizando-se o método linear para cálculo da depreciação e supondo-se que não houve modificação na vida útil estimada e nem no valor residual, ao final do ano de 2010, o valor contábil do ativo líquido será de: a) R$7.200,00. b) R$9.000,00. c) R$10.200,00. d) R$12.000,00. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 37 4. Uma empresa comprou uma máquina por R$ 3.200.000 com vida útil de dez anos. Não havia previsão de valor residual deste ativo. No final do quinto ano, foi feita uma nova avaliação do desempenho econômico, devido a uma crise econômica mundial, o Fluxo de Caixa projetado para os anos seguintes à crise é o seguinte: Ano Valor Previsto de Fluxo de Caixa 6 400.000 7 580.000 8 420.000 9 200.000 10 200.000 O valor de venda dessa máquina no final do ano 5 é de R$ 1.650.000, sendo que as despesas para desmontagem totalizam R$ 250.000 e a despesa de frete para entrega da máquina no comprador é de R$ 82.500. Com base nessas informações e, sabendo-se que a taxa de desconto utilizada pela empresa é de 12% a.a., pergunta-se: a) Qual o valor contábil líquido do ativo no final do ano 5? b) Qual o valor recuperável desse ativo no final do ano 5? Demonstre todos os cálculos efetuados. c) Você faria uma provisão para perdas para ajustar o valor do ativo ao seu valor de recuperação (impairment) no final do ano 5? Se sim, qual o valor da provisão? 5. Uma empresa comprou um equipamento industrial por R$ 1.400.000 com vida útil estimada de doze anos e com residual estimado de R$ 200.000. A empresa utiliza depreciação linear para este equipamento. No final do oitavo ano, foi feita uma nova avaliação do desempenho econômico, devido a uma crise econômica mundial, o Fluxo de Caixa nominal projetado para os anos seguintes à crise é o seguinte: Ano 09 230.000 Ano 10 160.000 Ano 11 140.000 Ano 12 180.000 O valor de venda dessa máquina no final do ano 8 é de R$ 720.000, sendo que as despesas para desmontagem totalizam R$ 40.000 e a despesa de frete para entrega da máquina no comprador é de R$ 12.000. Com base nessas informações e, sabendo-se que a taxa de desconto utilizada pela empresa é de 14% a.a., pergunta-se: a) Qual o valor contábil líquido do ativo no final do ano 8? b) Qual o valor recuperável desse ativo no final do ano 8? Demonstre todos os cálculos efetuados. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 38 c) Você faria uma provisão para perdas para ajustar o valor do ativo ao seu valor de recuperação (impairment) no final do ano 8? Se sim, qual o valor da provisão? Justifique sua resposta 6. Uma empresa comprou uma máquina por R$ 5.500.000 com vida útil de dez anos e utiliza depreciação linear. No final do sexto ano, foram feitas as projeções financeiras para o teste de impairment, e o Fluxo de Caixa projetado para os anos seguintes à crise é o seguinte: Projeções Fluxo de Caixa Ano 1 800.000 Ano 2 300.000 Ano 3 400.000 Ano 4 500.000 O valor de venda dessa máquina no final do ano 6 é de R$ 1.650.000, sendo que as despesas para desmontagem totalizam R$ 150.000 e a despesa de frete para entrega da máquina no comprador é de R$ 55.000. Com base nessas informações e, sabendo-se que a taxa de desconto utilizada pela empresa é de 8% a.a., pergunta-se: a) O valor contábil Líquido do bem no final do ano 6; b) O valor recuperável do bem e, caso haja, o valor do impairment a ser feito. 7. Um equipamento industrial foi adquirido em 1º de janeiro de 2.005 por $ 780.000 e estimou-se uma vida útil de 10 anos. Em 31 de dezembro de 2007 foi efetuado o teste de impairment, e o valor de uso considerado foi de R$ 550.000 e o valor de mercado do bem (nas condições atuais) era de 520.000. Nesta mesma data considerou-se que a vida útil deste bem era de mais 9 anos. Pede-se: a) O valor contábil líquido deste bem em 31/12/2007. b) Houve impairment em 31/12/2007? Se sim, qual o montante? c) O valor contábil líquido do bem em 31/12/2012. 8. A Empresa W adquiriu um ativo imobilizado em 01/01/20x1 por R$ 50.000 e adotou o método de depreciação de unidades produzidas. A Empresa W estimou que esse bem produziria 8.000 unidades durante toda a sua vida útil, e em 20x1 a produção foi 550 unidades, em 20x2 foi 500 unidades e em 20x3 foi 580 unidades. No final do ano 3, a Empresa W determinou a adoção da depreciação pelo método da linha reta, a fim de melhor refletir o padrão estimado revisto de consumo do ativo. A estimativa de vida útil restante foi de 6 anos. Determine o valor da depreciação dos anos 1 ao 9. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 39 2.6. Propriedade para Investimento Os parágrafos a seguir foram retirados do Sumário oferecido pelo CPC 28 – Propriedade para Investimento. Propriedade para investimento é o imóvel (terreno ou edifício – ou parte de um edifício – ou ambos) mantido pelo proprietário (ou arrendatário) para obter rendas ou para valorização do capital ou para ambas, e não para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, para finalidades administrativas ou para venda no curso ordinário do negócio. A propriedade para investimento é classificada no Ativo Não Circulante, subgrupo Investimentos. É necessário julgamento na aplicação dessa definição, já que pode uma mesma propriedade ter a característica de parte ser usada como propriedade para investimento e parte estar destinada ao uso próprio (ativo imobilizado). São propriedades para investimento, comumente, os terrenos mantidos para uso futuro e ainda indeterminado ou mantidos para valorização imobiliária, os imóveis mantidos para aluguel como nos shopping centres ou outros etc. Não são propriedades para investimento, por exemplo, os imóveis construídos ou em construção para venda no decurso ordinário das atividades da entidade (entidades de exploração do ramo imobiliário ou de construção civil), as propriedades ocupadas por empregados (mesmo que alugadas a eles) etc. No caso de propriedade mantida para prestação de serviços, ela também não é classificada como propriedade para investimento, como no caso de um hotel. 2.6.1. Principais pontos do Pronunciamento A propriedade para investimento deve ser mensurada inicialmente pelo seu custo. Na mensuração inicial são aplicáveis todos os conceitos normalmente utilizados na mensuração do custo inicial de um ativo imobilizado, inclusive no caso de permuta. O Pronunciamento permite que a entidade escolha, após o registro inicial, o método do valor justo ou o método do custo para avaliar as propriedades para investimento consistentemente no decurso do tempo (exceção no caso de arrendatário que utiliza o imóvel como propriedade para investimento, quando o valor justo é obrigatório). Mas a entidade que escolher o método do custo deve divulgar o valor justo da sua propriedade de investimento em cada balanço patrimonial. O valor justo deve, preferencialmente, ser obtido de avaliador independente. O uso concomitante dos dois métodos só é admitido no caso de um deles ser constituído por propriedades financiadasà base de encargo calculado com base no valor justo. O valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. Caracterizações especiais são dadas no Pronunciamento para a adoção do valor justo. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 40 As variações no valor justo da propriedade para investimento são reconhecidas diretamente no resultado do período em que ocorrem. Na adoção do método do custo, valem todos os requisitos do Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado, inclusive quanto à depreciação. As transferências de ativo imobilizado para propriedade para investimento e vice-versa, ou de propriedade para investimento para outras contas precisam ser bem suportadas factualmente. Na transferência de propriedade para investimento avaliada ao valor justo para o imobilizado, considera-se como custo o valor justo na data da alteração efetiva do uso, e aplicam-se, a partir daí, todas as regras contábeis próprias do ativo imobilizado, inclusive depreciação. Se houver transferência de um ativo imobilizado para propriedade para investimento, e esta passar a ser avaliada pelo valor justo, a diferença acumulada até a transferência, se negativa, deve ser registrada no resultado do exercício e, se positiva, em ajustes de avaliação patrimonial, como parte dos outros resultados abrangentes; à medida que se realizar esse excedente, os valores são transferidos para lucros ou prejuízos acumulados e não mais podem afetar resultado do exercício. Se tiver havido reavaliação (quando admitida legalmente) nesse ativo imobilizado, aplicam-se as regras da reavaliação quando o valor justo é inferior ao valor contábil anteriormente registrado. A transferência da propriedade para investimento para estoques se dá quando, e apenas quando, houver efetiva alteração no uso, evidenciada pelo começo do desenvolvimento das atividades dirigidas à venda e desde que a propriedade não necessite de quaisquer desenvolvimentos adicionais. A partir da transferência aplicam-se todas as regras contábeis próprias aplicáveis ao estoque. Na transferência de estoque para propriedade para investimento avaliada ao valor justo, a diferença entre esses valores é reconhecida no resultado do período. Devem ser divulgados o método de avaliação da propriedade para investimento, os critérios que levam à classificação como esse tipo de propriedade, os métodos e pressupostos significativos utilizados na determinação do valor justo (inclusive se é adotado ou não avaliador independente), os valores reconhecidos no resultado de receitas de aluguel e outras, os gastos operacionais diretos com essas propriedades (segregando destes os incorridos com propriedades que não estejam gerando receitas), a diferença acumulada do custo ao valor justo quando adotado contabilmente o primeiro, a existência de restrições sobre tais propriedades e suas receitas e as obrigações contratuais para comprar, construir, reparar etc. No caso de propriedades avaliadas ao valor justo, além do item anterior devem ser divulgadas as adições ocorridas no período com novas propriedades para investimento, as propriedades baixadas e ou transferidas para outras contas, os ganhos ou as perdas provenientes da variação no valor justo, as variações cambiais resultantes de conversão para outra moeda etc. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 41 No caso de propriedades avaliadas ao custo, devem ser divulgados os métodos, as vidas úteis e as taxas de depreciação, os valores brutos e líquidos contábeis e a conciliação entre os saldos iniciais e finais do período, com a movimentação por novas aquisições, baixas, perdas por redução ao valor recuperável, depreciações, diferenças cambiais, transferências, alienações etc. E deve também ser divulgado o valor justo dessas propriedades avaliadas ao custo. Regras especiais são dadas para o caso de aplicação inicial do Pronunciamento Técnico CPC 28 para entidades que já possuíam propriedades para investimento. Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 42 Exercícios 1. A Empresa XYZ tinha uma propriedade que estava ocupada pelos proprietários até o final de 2012, cujo valor contábil liquido em 31/12/2012 é de $ 5.500.000. Essa propriedade foi desocupada pelos proprietários antes do encerramento do ano de 2012 e passará a ser considerada como propriedade para investimento a partir de 2013. Qual o tratamento contábil adequado, em conformidade com as determinações do CPC 28/ IAS 40 – Propriedades para Investimento quanto ao reconhecimento, classificação e mensuração? Considere que em anos anteriores foi efetuada uma provisão para perda de recuperabilidade desse ativo (impairment) no valor de $ 800.000 e seu valor justo (valor de mercado) nessa data é de R$ 6.000.000. 2. A empresa ABC comprou um terreno para valorização futura e incorreu nos seguintes gastos: R$ 3.000.000 de terreno; R$ 200.000 de honorários advocatícios; R$ 180.000 de ITBI. a. Calcule o valor e faça a contabilização do terreno nesta empresa, considerando que o terreno foi pago a vista, via conta bancária da empresa; b. Ao fim do ano, a empresa verificou que o valor justo deste terreno era de R$ 3.800.000. Qual o tratamento que deve ser feito neste momento? 3. Leia as informações listados abaixo, e determine e fundamente se você acredita que o imóvel é uma propriedade para investimento no âmbito do CPC 28 – Propriedade para Investimento: a: A Empresa A possui um imóvel que é retido para a valorização do capital a longo prazo. O departamento de tesouraria da Empresa A ocupa uma pequena parte do imóvel. Esta parte do imóvel não pode ser vendida separadamente ou locada separadamente como um arrendamento financeiro. Será que essa situação impede a classificação do imóvel como uma propriedade de investimento? b. É necessário a empresa obter valores justos de todas as suas propriedades para investimento no final de cada exercício social? c. O laudo de avaliação a valor justo de uma propriedade para investimento necessariamente terá́ que ser elaborado por um avaliador independente da entidade? Contabilidade de Ativos Relevantes Profa. Dra. Liliane Segura 43 2.7. Ativo Biológico Os parágrafos a seguir foram retirados do Sumário oferecido pelo CPC 29 – Ativo Biológico. O produto agrícola é definido como o produto colhido ou, de alguma forma, obtido a partir de um ativo biológico de uma entidade. O ativo biológico, por sua vez, refere-se a um animal ou a uma planta, vivos, que produz produto agrícola. A transformação biológica compreende o processo de crescimento, degeneração, produção e procriação que causa mudança qualitativa e quantitativa no ativo biológico. Assim, por exemplo, o gado para produção de leite é ativo biológico que produz o produto agrícola “leite”, e está sujeito a nascimento, crescimento, produção, degeneração, procriação; se os bezerros machos que nascem são destinados à venda, eles são considerados produto agrícola, e se as fêmeas se destinam à futura produção de leite, são consideradas ativos biológicos. Noutros exemplos, o pé de café é o ativo biológico que produz o produto agrícola “café”; o eucalipto é o ativo biológico que produz o produto agrícola “madeira”, a ser utilizada como matéria-prima para a obtenção da celulose, etc. O valor justo compreende o montante pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. Para fins deste Pronunciamento, o valor justo do ativo biológico e do produto agrícola estão, como regra, ligados ao conceito de valor
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