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A Crise de Software
Autor: Marcel Freitas (2008)
“As pontes romanas da antiguidade eram estruturas muito ineficientes. Para os padrões modernos, elas usavam muita pedra, e como resultado, despendiam muito trabalho para serem construídas. Através dos anos nós aprendemos a construir pontes mais eficientemente, usando pouco material e menos trabalho para realizar a mesma tarefa.”(Tom Clancy, A Soma de todos os Medos)
A “crise do software” foi um termo cunhado para descrever as dificuldades enfrentadas no desenvolvimento de software no fim da década de 60. A complexidade dos problemas, a ausência de técnicas bem estabelecidas e a crescente demanda por novas aplicações começavam a se tornar um problema sério. Foi nessa época, mais precisamente em 1968, que ocorreu a Conferência da OTAN sobre Engenharia de Software (NATO Software Engineering Conference) em Garmisch, Alemanha. O principal objetivo dessa reunião era estabelecer práticas mais maduras para o processo de desenvolvimento e, por essa razão, o encontro é considerado até hoje como o nascimento da disciplina de Engenharia de Software.
Duas décadas depois, em 1986, Alfred Spector, presidente da Transarc Corporation, foi co-autor de um artigo comparando a construção de pontes ao desenvolvimento de software. Sua premissa era de que as pontes normalmente eram construídas no tempo planejado, no orçamento, e nunca caiam. Na contramão, os softwares nunca ficavam prontos dentro do prazo e do orçamento e, além disso, quase sempre apresentavam problemas.
Finalmente, em 1995, a organização The Standish Group publicou um estudo analisando as estatísticas sobre sucesso e fracasso dos projetos de desenvolvimento de software: o Chaos Report. Foi revelado que 84% dos projetos de software são mal-sucedidos, cancelados ou apresentam falhas críticas (dentre elas a conclusão fora da janela de tempo prevista, fora do orçamento previsto ou com menos funcionalidades do que o planejado). Considerando apenas os projetos mal-sucedidos, o custo real foi 189% maior que o estimado e o tempo de conclusão 222% maior. Estimou-se que naquele ano, as agências governamentais e companhias privadas dos EUA tenham gasto US$ 81 bilhões apenas em projetos cancelados, e mais US$ 59 bilhões em projetos concluídos fora do tempo previsto.
A Standish Group continuou publicando regularmente seu relatório nos anos seguintes, e a apesar de 35% dos projetos de software iniciados em 2006 terem obtido sucesso, ainda é assustador saber que dois terços de todos eles fracassam.
Fica óbvio que os 50 anos de experiência no desenvolvimento de software não bastaram para melhorar efetivamente a qualidade do software, a despeito da evolução na área de engenharia de software e do ferramental disponível. Seria então a dificuldade existente no desenvolvimento de software uma característica inerente ao próprio software, uma espécie de normalidade?

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