Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
– 1 • Conceito São infecções FÚNGICAS que acometem as camadas SUPERFICIAIS DA PELE, os PELOS e as UNHAS. Elas são classificadas em micoses superficiais propriamente ditas (pitiríase versicolor, piedra branca, piedra preta e tinha negra) e micoses superficiais cutâneas e cutâneo-mucosas (dermatofitose, candidíase cutâneo-mucosa e dermatomicose). • Micoses Superficiais Propriamente Ditas São as infecções fúngicas da CAMADA CÓRNEA da pele ou da CUTÍCULA DO PELO, causando uma resposta imune CELULAR MÍNIMA ou AUSENTE. Geralmente, a presença do fungo na região é ASSINTOMÁTICA, tornando a infecção crônica (pouca resposta imune + poucas manifestações clínicas). 1) Gênero Malassezia - Doenças associadas às leveduras Em 1846, foi isolado o fungo da pitiríase versicolor, porém não foi proposto um nome para ele. Somente em 1874 que foi denominado MALASSEZIA FURFUR, que é uma levedura antropofílica lipodependente, podendo ser oval ou cilíndrica. Estudos recentes no gênero Malassezia permitiram a descrição de várias espécies, totalizando 10. A partir de REVISÕES TAXONÔMICAS desse gênero, foi percebido que o agente mais isolado na pitiríase versicolor foi M. furfur!! A levedura Malassezia, que é membro da biota natural da pele, passa a ter manifestações patológicas em condições que permitem a PSEUDOFILAMENTAÇÃO DA LEVEDURA – cerca de 97% dos indivíduos clinicamente normais são portadores do fungo no couro cabeludo e 92% no tronco. Quando há esse crescimento anormal, principalmente em climas tropicais e subtropicais, haverá uma INFECÇÃO CRÔNICA da camada CÓRNEA que costuma ser assintomática. Epidemiologicamente, ocorre em ambos os sexos sem distinção, em todas as raças e pode acometer em qualquer faixa etária, havendo maior prevalência em ADULTOS JOVENS devido às alterações fisiológicas dos LIPÍDIOS na pele!! Dentre os fatores responsáveis pelo desequilíbrio da relação harmônica entre MALASSEZIA- HOSPEDEIRO, destacam-se: idade, sexo, raça, predisposição genética, fatores geoclimáticos que favorecem HIPEROLEOSIDADE e HIPERIDRATAÇÃO, além de hábitos comportamentais. Além desses, existem fatores endógenos que aumentam o risco de desequilíbrio, como má nutrição, avitaminoses, gravidez, DM, doença de Cushing, corticoterapia prolongada, ACO, imunodeficiência. • Manifestações Clínicas Manifestada por LESÕES MACULARES MÚLTIPLAS que iniciam na região PERIFOLICULAR com descamação fina, sendo melhor visualizada quando se realiza o estiramento da região da pele afetada = Sinal de Zileri. Além desse sinal, pode-se fazer o SINAL DA UNHA em que se passa a unha em cima da lesão também com a finalidade de exacerbar a descamação. A cor da lesão varia – 2 desde BRANCO a ACASTANHADO, podendo ser eritematosa → por isso é denominada PITIRÍASE VERSICOLOR (várias cores, hehe). As lesões podem CRESCER e COALESCER, comprometendo tronco, ombros, parte superior dos braços, pescoço, face e dobras flexurais – costumam ser lesões ASSINTOMÁTICAS, exceto pelas eritematosas, que são pruriginosas. Uma variação da manifestação clássica é aquela em que há DESPIGMENTAÇÃO CUTÂNEA intensa, principalmente em indivíduos melanodérmicos, sendo denominada ACROMIA PARASITÁRIA. Existe, também, a PITIRÍASE VERSICOLOR ATRÓFICA, que é uma forma rara em que as lesões são DEPRIMIDAS pelo uso prolongado de corticoesteroides tópicos. Vale destacar, ainda, a existência da pitiríase versicolor rubra (máculas eritematosas), pitiríase versicolor nigra (máculas enegrecidas) e pitiríase versicolor alba. Percebe-se, então, que uma forte característica da doença é a variação de cores até mesmo em um único paciente. Alguns estudos tentam explicar esse fenômeno e as LESÕES HIPERPIGMENTADAS ocorrem devido ao aumento de tamanho nos MELANOSSOMOS e mudanças de distribuição. Já as lesões HIPOPIGMENTADAS podem ser resultantes da INIBIÇÃO da reação dopa-tirosinase por frações lipídicas produzidas pelo fungo. A evolução é por meio de SURTOS e períodos de acalmia/exacerbação, apresentando um caráter crônico – os fatores predisponentes, muitas vezes, coexistem, o que justifica a elevada RECORRÊNCIA da doença e a necessidade de um tratamento profilático. • Diagnóstico Laboratorial Exame Micológico É realizado o exame DIRETO a partir da coleta de material por RASPAGEM DA LESÃO ou com FITA DUREX. À microscopia, percebe-se células leveduriformes agrupadas, parecendo cachos de uva. O material pode ser clarificado por HIDRÓXIDO DE POTÁSSIO, corado com TINTA LAVÁVEL AZUL ou COLORAÇÃO GRAM. – 3 Lâmpada de Wood - É um exame que revela FLUORESCÊNCIA AMARELADA ou PRATEADA, determinando a extensão do acometimento cutâneo por meio da coproporfirina que está presente nas culturas do fungo. Histopatologia Na coloração pelo PAS, células globosas, células com formato de garrafa de boliche e pseudo-hifas curtas são observadas na CAMADA CÓRNEA, em que há discreta hiperceratose. Nas lesões em que há ERITEMA e PRURIDO, é observado um infiltrado PERIVASCULAR rico em linfócitos na derme. • Tratamento e Prognóstico Considerando-se que a Malassezia é um componente DA BIOTA NORMAL DA PELE, o paciente com pitiríase versicolor deve ser orientado a adotar hábitos que favoreçam a transformação do fungo SAPRÓBIO em PARASITA (utilização de lubrificantes de pele, sudorese excessiva, higiene inadequada...). Tratamento tópico é feito com AGENTES QUERATOLÍTICOS – hipossulfito de sódio a 20%. O tratamento sistêmico é realizado com DERIVADOS AZÓLICOS (cetoconazol, 200mg/dia, 10-20 dias) ou com DERIVADOS TRIAZÓLICOS (itraconazol, 200mg/dia, 5-7 dias). Levando em consideração que é uma doença CRÔNICA e REICIDIVANTE, muitas vezes são necessários tratamentos múltiplos e profilaxia. A EXPOSIÇÃO AO SOL deve ser recomendada para favorecer a REPIGMENTAÇÃO da hipocromia. Tratamento profilático – cetoconazol 200mg/dia por 3 dias consecutivos, 1x ao mês por 6 meses. • Onicomicose O gênero malassezia pode colonizar as unhas dos indivíduos que tenham algum fator predisponente, como DIABETES, PSORÍASE UNGUEAL, DERMATITE DE CONTATO, TRAUMA UNGUEAL ou que façam o uso de drogas imunossupressoras! A manifestação clínica é a coloração BRANCO-AMARELADA da lâmina ungueal e HIPERCERATOSE subungueal com ONICÓLISE, sendo as unhas das mãos acometidas com maior frequência. Diagnóstico pela presença de leveduras na microscopia direta! • Malasseziose É uma doença SISTÊMICA que pode causar FUNGEMIA e SEPTICEMIA em crianças de baixo peso e em adultos debilitados. Geralmente, os fungos atingem a circulação por meio de cateteres utilizados para alimentação parenteral lipídica. A principal manifestação é FEBRE e o coração e os pulmões são os órgãos mais acometidos. – 4 2) Gênero Malassezia - Doenças Associadas aos Metabólitos das Leveduras • Foliculite pitirospórica Tem relação com os produtos de DEGRADAÇÃO DO FUNGO, uma vez que as leveduras do gênero Malassezia tem capacidade de HIDROLISAR ácidos graxos livres e triglicérides, podendo causar reação inflamatória no folículo piloso. Clinicamente, há PÁPULAS FOLICULARES ERITEMATOSAS e PÚSTULAS NO PESCOÇO, TRONCO E MMSS. Fatores predisponentes: antibioticoterapia, DM, imunossupressão e oclusão local. No exame histopatológico encontra-se células leveduriformes no óstio folicular e na porção infundibular do canal pilossebáceo. • Dermatite Seborreica É uma condição crônica, recidivante e de distribuição universal. Há uma associação entre dermatite seborreica e leveduras do gênero Malassezia, porém não se sabe exatamente o papel do fungo na etiologia da doença. • Dermatite Atópica A influência das leveduras na dermatite atópica ainda é controversa, podendo ter relação com anticorpos do tipo IgE específicos para os antígenos da levedura!! Estudos comprovaram Prick-test positivo com o extrato proteico da leveduraem adultos que possuíam DERMATITE ATÓPICA LOCALIZADA. Nesses pacientes, a terapia de associação corticoide + antifúngico foi mais efetiva do que o corticoide isoladamente. • Papilomatose Confluente e Reticulada de Gougerot e Carteaud Doença mais prevalente no sexo feminino e caracterizada por pápulas ERITEMATO- ACASTANHADAS que evoluem para placas hiperqueratósicas e reticuladas em áreas SEBORREICAS. Quanto à etiologia, em alguns casos há associação com endocrinopatias. • Pustulose Neonatal por Malassezia furfur Clinicamente manifesta por eritema e papulopústulas em face, pescoço e couro cabeludo de RNs. O aumento da SECREÇÃO das glândulas sebáceas no primeiro mês de vida FAVORECE a colonização pela levedura. 3) Gênero Trichosporon - Doenças associadas às leveduras O gênero compreende espécies que podem ocupar NICHOS ECOLÓGICOS NÃO VERTEBRADOS, mas podem sobreviver em tecidos de organismos de VERTEBRADOS, onde são capazes de desenvolver MICOSES OPORTUNISTAS SUPERFICIAIS E PROFUNDAS – superficiais (piedra branca, dermatites, onicomicoses) e TROCOSPORONOSE DISSEMINADA. – 5 Piedra branca • T. ovoides – couro cabeludo • T. inkin – crural • T. asteroides e T. cutaneum – lesões cutâneas • T. asahii e T. mucoides – infecções invasivas A piedra branca é uma infecção fúngica SUPERFICIAL CRÔNICA E ASSINTOMÁTICA da cutícula do pelo, sendo caracterizada pela presença de NÓDULOS FIRMES E IRREGULARES de coloração ESBRANQUIÇADA (piedra branca!). Essa doença é característica de regiões TEMPERADAS e TROPICAIS, sendo que o fungo tem como habitat natural o solo, a água e os vegetais. Quanto à epidemiologia, afeta ambos os sexos igualmente e todas as faixas etárias, porém há um predomínio maior do fungo na ÁREA ANAL DE HOMENS HOMOSSEXUAIS, o que favorece o aparecimento da piedra branca genital nesses indivíduos! Vale lembrar que esse fungo não tem relação com HIGIENE e NÃO É TRANSMITIDO SEXUALMENTE – faz parte da microbiota da pele! ➔ Manifestações Clínicas Nódulos de coloração variável (branco – castanho- claro), amolecidos, de várias formas e tamanhos nos PELOS DA ÁREA GENITAL E BARBA – em menor frequência pode afetar o couro cabeludo. O folículo piloso em si não é afetado, mas a PELE AO REDOR está comprometida. ➔ Diagnóstico Laboratorial Exame Micológico O exame direto do pelo contaminado com HIDRÓXIDO DE POTÁSSIO permite a visualização de HIFAS e ARTRÓSPOROS OVAIS, formando o nódulo. ➔ Tratamento Cortar ou barbear a área afetada pode solucionar a doença, mas, por ser RECORRENTE, os antifúngicos de uso tópico podem ser recomendados. Piedra preta Infecção fúngica crônica e assintomática da CÚTICULA DO PELO caracterizada pela presença de NÓDULOS FIRMES E IRREGULARES de coloração PRETA causada pela Piedraia hortae. Esse fungo é FILAMENTOSO DEMÁCIO que forma massas endurecidas em pelos de homens e animais, principalmente macacos. ➔ Manifestações Clínicas Nódulos de coloração enegrecida, firmes, de várias formas e tamanhos encontrados apenas nos CABELOS. Os folículos pilosos não são envolvidos, sendo a infecção assintomática e de caráter estético. – 6 ➔ Diagnóstico Laboratorial Exame Micológico – O exame direto do pelo contaminado com hidróxido de potássio permite a visualização de nódulos PRETOS FIRMES E ADERENTES. Esses nódulos contém vários ascos, que apresentam de 2-8 ascoporos fusiformes e encurvados. Tratamento → o mesmo da piedra branca Tinha negra Infecção fúngica crônica e assintomática da CAMADA CÓRNEA, sendo caracterizada por máculas acastanhadas/enegrecidas, bordas bem definidas – agente etiológico = Hortaea werneckii. Esse fungo é do tipo DEMÁCIO GEOFÍLICO, que se torna LEVEDURIFORME, e pode acometer a CAMADA CÓRNEA da pele, principalmente na região palmar!!! ➔ Manifestações Clínicas Máculas acastanhadas assintomáticas de crescimento CENTRÍFUGO com limites precisos e escurecimento progressivo que afeta principalmente a superfície PALMAR, embora também possa ocorrer na região plantar, pescoço e tórax. ➔ Diagnóstico Laboratorial Exame micológico – ao exame direto com hidróxido de potássio são observadas HIFAS DEMÁCIAS SEPTADAS E RAMIFICADAS. Histopatologia – os elementos fúngicos são vistos na CAMADA CÓRNEA, onde haverão hifas demácias septadas e ramificadas. Pode haver HIPERQUERATOSE. ➔ Tratamento Responde a agentes queratolíticos e antifúngicos de uso tópico. Não há tendência a recidiva! • Micoses Superficiais Cutâneas São micoses que acometem a PELE, PELOS e UNHAS, sendo causadas por dermatófitos, leveduras do gênero cândida e fungos filamentosos não dermatófitos hialinos! – 7 1) Dermatofitoses São causadas por DERMATÓFITOS, que são fungos queratinofílicos (invadem tecidos queratinizados – pelo, unhas, plumas) que possuem semelhanças taxonômicas, morfológicas, fisiológicas e imunológicas entre si. A infecção por dermatófitos cresce de modo CENTRÍFUGO e assume aspecto CIRCULAR. São 3 os gêneros dos fungos imperfeitos (que não fazem reprodução assexuada): Microsporum, Trichophyton, Epidermophyton! Alguns dermatófitos vivem no solo e podem infectar o homem, sendo essas espécies denominadas geofílicas! As espécies zoofílicas parasitam ANIMAIS e raramente os HOMENS, já os antropofílicos estão em equilíbrio com o homem! A infecção por dermatófitos (as dermatofitoses) varia por influência de fatores, como: ➔ Sexo – mais comum nos homens ➔ Idade – tinha de couro cabeludo é mais comum em crianças; tinha do pé é mais comum em adulto ➔ Imunidade – imunossuprimidos mais acometidos ➔ Hábitos ➔ Populações fechadas – tripulações de navios e creches tem maior incidência de dermatofitoses ➔ Temporais – sazonalidade – mais comuns no verão e outono O contágio pode ser feito por CONTATO DIRETO COM SERES HUMANOS, animais ou solo contaminado – a colonização começa na camada córnea da pele/pelo/unha e a progressão depende de diversos fatores: ➔ Fatores inerentes ao dermatófito – vários gêneros e espécies de dermatófitos tem AFINIDADE SELETIVA com diferentes classes de QUERATINA. Além disso, outro fator inerente ao fungo é a VIRULÊNCIA e sua ADAPTAÇÃO ➔ Fatores inerentes ao hospedeiro – a INTEGRIDADE DA EPIDERME é fundamental como barreira natural, assim como a UMIDADE LOCAL. A presença de fatores séricos com ação antifúngica IMPEDE a invasão das camadas mais profundas da epiderme. Alguns fatores genéticos também influenciam aqui. Imunologia As respostas imunes (inespecífica, celular e adaptativa) tendem a BLOQUEAR A INFECÇÃO. A resposta inespecífica é constituída pela DESCAMAÇÃO EPIDÉRMICA e por fatores séricos inibitórios. Já a imunidade mediada por CÉLULAS (reação tardia aos antígenos) é indicativa de DERMATOFITOSE PRÉVIA – sensibilização prévia!!! Manifestações Clínicas As dermatofitoses apresentam VARIANTES CLÍNICAS e acordo com a TOPOGRAFIA: – 8 ➔ Tinha do couro cabeludo – Apresenta alta incidência e relação com a POBREZA e HÁBITOS PRECÁRIOS de higiene. Afeta principalmente CRIANÇAS e pode ser microspórica e tricofítica, sendo que ambas causam a QUEDA DO CABELO. O agente etiológico muda periodicamente conforme a região estudada. A contaminação ocorre no ambiente doméstico a partir do contato com ANIMAIS INFECTADOS, escovas, travesseiros – adultos podem ser portadores assintomáticos e subclínicos para tinha do couro cabeludo. São manifestadas por DESCAMAÇÃO e COTOS PILOSOS. ➔ Tinha da barba – tinha clássica na região da barba, forma sicosiforme semelhante à foliculite bacteriana. ➔ Tinha do corpo – pode acometer qualquer região da PELE GLABRA (pele espessa com pelos). É de forma anular, crescimento centrífugo e cura central! ➔ Tinha inguinocrural – mesmas características da tinha do corpo anular, sendo mais frequente em homens adultos. ➔ Tinha da unha – O termo se refere a quando o acometimentoé por dermatófitos, pois o outro termo onicomicose engloba outras leveduras que não os dermatófitos. Pode ser acometido por um dermatófito de forma subungueal distal e/ou lateral, subungueal proximal e superficial branca. Em imunossuprimidos, o acometimento pode ser MÚLTIPLO!!! É comum que haja o acometimento SECUNDÁRIO por dermatófitos em lesões preexistentes na unha = onicomicotização. – 9 ➔ Tinha do pé – Podem ser encontradas lesões vesiculosas agudas, interdigitais, escamosas crônicas e em placas. ➔ Tinha da mão – é RARA, podendo aparecer ao mesmo tempo nos PÉS e nas MÃOS, geralmente em pacientes que trabalham com terras e flores. Tem aspecto ANULAR com crescimento CENTRÍFUGO. DDx dermatite de contato. ➔ Tinha imbricada – acomete principalmente as populações INDÍGENAS, sendo uma doença crônica! As lesões são ESCAMOSAS e IMBRICADAS, formando desenhos bizarros que servem como adornos aos indígenas. ➔ Dermatofítide - É um tipo de doença ALÉRGICA em que há reação de hipersensibilidade a distância para um FOCO DE DERMATOFITOSE. As lesões são VESICULOSAS na lateral dos dedos da mão – quando a dermatofitose primária é tinha do pé vesiculosa – ou são pápulas foliculares no dorso – quando a dermatofitose primária é a tinha do couro cabeludo. Diagnóstico Laboratorial Exame micológico – O exame direto pode ser realizado a partir dos PELOS na tinha do couro cabeludo ou ESCAMAS nos outros tipos de tinha. O material é clarificado por KOH, sendo os achados do exame: ECTOTHRIX (esporos fora do pelo), ENDOTHIX (esporos dentro do pelo) ou ECO+ENDO. Em tinhas de unha, o material é colhido no limite entre UNHA LESADA/SADIA, entre a LÂMINA e o LEITO UNGUEAL. Nos casos positivos encontra-se as HIFAS HIALINAS SEPTADAS. Lâmpada de Wood – é muito importante na TINHA DO COURO CABELUDO, pois haverá fluorescência esverdeada. Provas Imunológicas – Na intradermorreação à tricofitina, a imunidade celular tem valor para detectar as tinhas CRÔNICAS por t. rubrum, pois o resultado será negativo. Tratamento Pode ser TÓPICA, SISTÊMICA ou COMBINADA. Os antifúngicos tópicos geralmente são de AMPLO ESPECTRO, como os derivados imidazólicos, a amorolfilina, a terbinafina. Os antifúngicos sistêmicos, como a GRISEOFULVINA, são específicos para dermatófitos!!! As lesões ISOLADAS devem ser tratadas com medicamentos tópicos. As indicações ABSOLUTAS para tratamento sistêmico são: tinha do couro cabeludo (griseofulvina e ou derivados azólicos) e micoses em imunodeprimidos. As indicações RELATIVAS para tratamento sistêmico são: tinha da unha de acometimento médio ou grave, dermatofitoses extensas e refratárias à terapia tópica e dermatofitoses crônicas por t. rubrum. Uma opção terapêutica bastante empregada na tinha da unha é a PULSOTERAPIA COM ITRACONAZOL ou TERBINAFINA – na unha são necessários 3 a 12 meses, enquanto no couro cabeludo são necessários 2 meses. 2) Candidíase Infecção cutânea, mucosa ou sistêmica causada por leveduras do gênero Candida – é uma das infecções mais comuns de pele e mucosas. As manifestações como candidíase orofaríngea e vulvovaginite são comuns e autoliminatadas em IMUNOCOMPETENTES. Esse gênero de leveduras tem ampla distribuição no meio ambiente, fazendo parte da biota normal do homem (boca, dobras – 10 de pele, orofaringe, intestino, vagina...), sendo grande parte das infecções por Cândida de origem ENDÓGENA. Patogênese As relações interespécies entre Humano e cÂndida são MUITO variáveis, indo desde o comensalismo até a doença sistêmica fatal! Os fatores humanos que determinam a patogênese dessa levedura são: uso prolongado de antibióticos (aumenta a colonização fúngica), quebra da barreira normal da pele e diminuição ou perda dos mecanismos imunológicos! Já os fatores relacionados ao fungo são capacidade de aderência (adere a diversas superfícies – endotélio, trombo, plástico), formação de pseudomicélios (facilita a invasão), produção de enzimas secretoras e toxinas (fatores de virulência). Manifestações Clínicas Candidíase cutâneo-mucosa – frequente e ocorre em indivíduos IMUNOCOMPETENTES, porém, nos últimos anos, tem sido observado o aumento da incidência em imunodeprimidos. Candidíase Oral – Também denominada ESTOMATITE CREMOSA, é frequente nos RN, uma vez que, ao nascimento, a microbiota oral é definida a partir do canal de parto. Em estudos, foi percebido uma prevalência da levedira em 34% dos RN que estavam em AMEX e 66% daqueles que faziam uso de mamadeira, sendo o aleitamento um fator protetor. A estomatite cremosa também ocorre em adultos diabéticos, idosos e imunodeprimidos. Candidíase Intertriginosa – acomete áreas de dobras da pele, sendo desencadeada por umidade, má higiene, obesidade, gestação e diabetes. Apresenta lesões eritematosas com induto esbranquiçado. Candidíase Vaginal – é frequente, podendo ser desencadeada por gestação, anticoncepcional hormonal, uso recente de antibióticos e imunossupressores, DM, uso de roupas justas e sintéticas. As mulheres com infecção pelo HIV apresentam maior número de episódios de candidíase vaginal (C. albicans), com maior duração e quadro mais grave. Paroníquia e Onicomicose – a paroníquia é a inflamação dos tecidos periungueais, geralmente por substâncias químicas que atuam como irritantes primários. Pode haver paroníquia também por infecção por bactérias e leveduras (paroníquia secundária)! Esse processo tende a se cronificar, causando DISTROFIA DA LÂMINA UNGUEAL E HIPERTROFIA DAS DOBRAS UNGUEAIS LATERAIS. Candidíase mucocutânea crônica – Tem a forma FAMILIAR, uma doença autossômica recessiva com lesões em boca e unhas; a forma DIFUSA, mais grave com comprometimento da pele e mucosas; a SÍNDROME ENDOCRINOPÁTICA associada à candidíase, que pode preceder ou suceder quadro de hipoparatir.; e de INÍCIO TARDIO a partir dos 35-50 anos. Candidíase sistêmica – é uma forma GRAVE e de DIFÍCIL DIAGNÓSTICO, pois pode afetar 1 ou mais órgãos, inclusive a corrente sanguínea. Os pacientes com risco para CANDIDEMIA são os neonatos, transplantados, portadores de neoplasias malignas, grandes queimados, pacientes com cirurgias abdominais ou em nutrição parenteral. Diagnóstico Laboratorial Exame micológico – realizado com KOH ou coloração GRAM, observa-se CÉLULAS LEVEDURIFORMES ARREDONDADAS com brotamento, além de pseudo-hifas. Para identificar a C. albicans podem ser utilizadas duas provas morfológicas: – 11 ➔ Formação de tubo germinativo em soro fetal bovino ➔ Formação de clamidoconídios, esporos arredondados, parede dupla, nas extremidades das pseudohifas Tratamento Nas candidíases superficiais, devem ser AFASTADOS os fatores que favorecem a patogenicidade da levedura, além de usar FÁRMACOS de ação fungicida. Nas formas oral e vaginal há uso de medicação oral, enquanto na sistêmica pode ser oral e parenteral. Candidíase Mucosa – derivados poliênicos, como NISTATINA em suspensão oral para bochecho. Derivados imidazólicos TÓPICOS (clotrimazol, miconazol, oxiconazol e cetoconazol) são usados nas formas CUTÂNEAS da candidíase. Candidíase Sistêmica – anfotericina B é um dos fármacos de eleição, embora também possa ser utilizado DERIVADOS TRIAZÓLICOS (fluconazol, itraconazil, voriconazol) – fluconazol é o de escola quando se fala de C. albicans. 3) Dermatomicoses Termo utilizado para denominar as micoses ocasionadas por uma variedade de FUNGOS FILAMENTOSOS NÃO DERMATÓFITOS (FFND), que produzem lesões semelhantes às das dermatofitoses. Os FFND são GEOFÍLICOS e encontram-se amplamente distribuídos na natureza, sendo o contato com o homem por meio do SOLO e das PLANTAS. Nenhum FFND é queratolítico, sendo que todos vivem às custas do cimento intracelular ou de uma queratina já previamente lesada, ou seja, são INVASORES SECUNDÁRIOS. Os FFND são considerados agenetes de dermatomicoses quando: ➔ O fungo determina infecção clinicamentesemelhante à dermatofitose ➔ O isolamento do fungo em cultura é compatível com a morfologia em achado clínico Manifestações Clínicas Onicomicose: invasão da lâmina ungueal por FFND, sendo rara e pouco diagnosticada. As alterações incluem inflamação da prega ungueal proximal, coloração amarelada na cutícula, dor e secreção purulenta. O diagnóstico é confirmado por exame micológico direto que irá revelar HIFAS. Tratamento é difícil e com recidivas frequentes – tópicos são utilizados com antifúngicos em veículo de esmalte (amorolfina) associado a avulsão da lâmina ungueal. Para o tto sistêmico, a droga de escolha é o ITRACONAZOL – tempo de tto de 8 a 12 meses. Dermatomicose de pés e mãos: Mais comuns nos pés, com clínica semelhante à tinha dos pés. Tto tópico, sistêmico ou combinado. Antifúngicos tópico são de amplo especto, como derivados imidazólicos. Antifúngico sistêmico de escolha é o ITARCONAZOL.
Compartilhar