Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tratamento da capsulite adesiva do ombro pelo bloqueio do nervo supra-escapular, associado ao uso de corticóide* SÉRGIO L. CHECCHIA1, PEDRO DONEUX S.2, EDGARDO MARTINEZ P.3, CARLOS M. GARCIA S.3, HÉLIO P. LEAL3 RESUMO Existem evidências de que a capsulite adesiva (CA) do ombro é um transtorno relacionado a alteração do sis- tema nervoso autônomo, localizado na região do ombro. A inervação autônoma e sensitiva do ombro é dada prin- cipalmente pelo nervo supra-escapular. Os bloqueios sim- páticos levam a bons resultados no tratamento das algo- distrofias e, portanto, o bloqueio seletivo do nervo supra- escapular poderia levar a bons resultados no tratamento da CA. Treze pacientes (14 ombros) foram tratados e ava- liados prospectivamente com bloqueios do nervo supra- escapular a intervalos de três semanas, técnica simples e ambulatorial. Os corticóides foram utilizados como anti- inflamatórios e de maneira a não interferir com o meta- bolismo normal desta substância. O sistema de avaliação escolhido foi o UCLA e os movimentos articulares foram medidos segundo a orientação da AAOS. O seguimento médio foi de dez meses e os resultados obtidos foram clas- sificados como quatro excelentes, cinco bons, quatro regu- lares e um ruim. O bloqueio do nervo supra-escapular é um método eficaz para o tratamento da capsulite adesiva, pois diminuiu a dor rapidamente e proporcionou exce- lentes e bons resultados em 71,5% dos pacientes tratados. Unitermos - Ombro – sistema nervoso autônomo; capsulite adesi- va - tratamento; nervo supra-escapular – bloqueio anestésico. * 1. 2. 3. Trab. realiz. pelo Grupo de Ombro do Dep. de Ortop. e Traumatol. da Santa Casa de Miseric. de São Paulo (Diretor: Prof. Dr. José Soares Hungria Neto). Chefe do Grupo de Ombro. Assistente do Grupo de Ombro. Estagiário do Grupo de Ombro. Rev Bras Ortop - Vol. 29, Nº 9 – Setembro, 1994 SUMMARY Treatment of frozen shoulder by suprascapular nerve block associated to corticosteroid use It is supposed that the frozen shoulder is a condition re- lated to some localized dysfunction of the sympathetic ner- vous system. The sensitive and sympathetic innervations of the shoulder are made mostly through the suprascapular nerve. If anesthetic blocks of the sympathetic system are used, with good results, to treat its dysfunctions, a selective supra - scapular nerve block could give the same results in the treat- ment of the frozen shoulder. Fourteen shoulders in 13 pa- tients had been prospectively treated and evaluated by these simple blocks, in an outpatient clinic basis, every 3 weeks. The corticosteroids were used only as anti-inflammatory drugs, and the UCLA rating system was used to access the final results. The mean follow-up was 10 months. The authors obtai- ned 4 excellent, 5 good, 4 fair and 1 poor result. The supra- scapular nerve block is an effective method to treat the fro- zen shoulder as far as it relieved the patients’ pain rapidly and gave excellent and good results in 71.5% of them. Key words – Shoulder – autonomous nerve system; frozen shoulder – treatment; suprascapular nerve -- anesthetic block. INTRODUÇÃO Dentre as diversas doenças de etiologia desconhecida que afetam o corpo humano, a capsulite adesiva (CA) tem importância pela sua relativa freqüência, dor muitas vezes incapacitante, limitação prolongada ou permanente da fun- ção e pela dificuldade de obter resultados satisfatórios e cons- tantes com os métodos de tratamento até então conhecidos. Duplay (22), em 1872, em seu artigo intitulado “A respei- to da periartrite escapulumeral e da rigidez do ombro como 627 S. L. CHECCHIA, P. DONEUX S., E. MARTINEZ P. , C.M. GARCIA S. & H.P. LEAL sua conseqüência” , é quem descreve pela primeira vez esta doença. Salienta que o problema se deve a aderências das es- truturas pericapsulares ao músculo deltóide e preconiza que o tratamento deve ter como objetivo a liberação destas; isso seria obtido através da manipulação sob narcose, método este descrito originalmente neste trabalho e utilizado até os dias de hoje por inúmeros autores ( 1 5 , 1 9 , 2 2 , 4 0 , 4 4 , 5 3 , 5 6 , 5 7 , 6 7 , 6 8 , 7 0 , 7 2 , 7 6 ) . Klapp & Riedel(39)(1916) pela primeira vez imputam a cápsula articular como a sede do problema, sendo que Nevia- ser (54) , em 1945, dissecando vários cadáveres, confirmou o espessamento e a retração da mesma, além de sinais de pro- cesso inflamatório localizado, chamando então essa doença de “capsulite adesiva”. O mesmo autor, em 1962(55), descreve os achados artrográficos da CA, observando diminuição do volume articular, com obliteração do recesso axilar e da bursa subescapular; recomenda este exame como teste diagnóstico importante para diferenciar a CA verdadeira de outras cau- sas de dor e rigidez. Payr (56), em 1931, realiza a distensão hi- dráulica do tecido capsular retraído através de injeções intra- articulares, método que é uma das opções de tratamen- t o( 2 , 2 5 , 3 5 , 4 0 , 4 4 , 5 7 ) . Codman(14), em 1934, denomina esta entidade de “om- bro congelado” e a atribui a uma tendinite dos rotadores cur- tos. Lippman(42)( 1943) atribui a causa a uma tendinite da ca- beça longa do músculo bíceps, teoria esta popularizada por De Palma(18), em 1952. Steinbrocker(65), em 1947, pela pri- meira vez correlaciona a CA a uma disfunção do mecanismo reflexo neurovascular (como síndrome ombro-mão, distrofia de Sudeck, etc.), teoria esta aceita por outros autores(37,46,74,) . McLaughlin (47,48) , em 1951 e em 1961, enfatiza as mui- tas diferentes causas da CA e salienta a necessidade de tratar a causa primária. Alerta a respeito das complicações que podem ocorrer após a manipulação fechada do ombro, pois, baseado na sua experiência pessoal, encontrou que o tendão do músculo subescapular, a cápsula articular anterior e a ca- beça longa do músculo bíceps do braço se rompem rotineira- mente durante a manobra, podendo inclusive ocorrer fratu- ras do úmero proximal ou luxação glenumeral. Esta preocu- pação também é manifestada por De Palma(18) e por Watson- Jones (75), porém outros autores, como Lundberg(44) e Neer(53), apesar de referirem que estas complicações poderiam ocor- rer, consideram a manipulação como um tratamento adequa- do. Janda & Hawkins(36)(l993) referem que a manipulação sob narcose não modifica o curso da doença em pacientes com diabetes melito. 628 Coventry (16), em 1953, enfatiza que a melhor maneira para se tratar a CA é o diagnóstico precoce, encarando-a como uma forma de distrofia simpático-reflexa, referindo que se- ria possível tratar estes casos com bloqueios simpáticos. Su- gere que alguns pacientes apresentam distúrbios de compor- tamento, chamando estes distúrbios de “personalidade periar- trítica”. Mani & col. (46) (1989) e Jeracitano & col.(37) (1992) demonstram a correlação entre a CA e a disfunção local do sistema nervoso autônomo (simpático) e isso é verificado pe- las alterações encontradas na resposta da microcirculação a estímulos, resposta esta medida pelo sistema neurovegetativo. Crisp & Kendall(17), em 1955, obtêm bons resultados no tratamento da CA com infiltrações locais de corticosteróides. Resultados semelhantes também foram obtidos por vários autores (6,8,34,66,67,70,78) , porém Murnaghan & McIntosh(51) não obtiveram os mesmos resultados com este método de trata- mento. Lundberg (44)(1969), em importante estudo, analisa 147 casos de CA primária e 69 secundárias. Enfatizando a dife- rença entre ambas, ressalta que a CA primária difere em mui- tos aspectos da secundária, porém a retração articular e os efeitos imediatos da manipulação são os mesmos em ambos os grupos. Nota que a manipulação sob anestesia aumenta a velocidade da recuperação dos movimentos, porém não en- curta a duração da doença, o que também ocorre nos casos tratados com distensão hidráulica. Faz também excelente estudo epidemiológico da doença. Em 1972, Bridgman(11) identifica significativo aumento da CA em pacientes com diabetes melito, principalmente nos insulino-dependentes, quando comparados compacientes não diabéticos. Por outro lado, Wright(79), em 1976, analisando 186 pacientes com CA, encontrou apenas seis casos associa- dos à diabetes melito. Reeves (60) e Grey(28) ( 1978) fazem estudo da história natu- ral da CA idiopática, verificando que a sintomatologia per- siste por prazo médio de dois anos, mesmo sem tratamento, teorizando então que a CA é uma entidade autolimitada. Na última década, alguns autores(24,35,49) , com auxílio do artroscópio, procuram melhor identificar as alterações intra- articulares encontradas na CA. As definições e os tratamentos das disfunções do siste- ma nervoso autônomo também são bastante discutíveis, po- rém é de consenso que os melhores resultados são obtidos com bloqueios deste sistema (65). Os corticosteróides também são muito utilizados, porém seu uso é controverso e empíri- c o ( 3 , 6 , 8 , 2 3 , 3 4 , 6 6 , 6 7 , 7 0 , 7 8 ) . Rev Bras Ortop – Vol. 29, Nº 9- Setembro, 1994 TRATAMENTO DA CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO PELO BLOQUEIO DO NERVO SUPRA-ESCAPULAR, ASSOCIADO AO USO DE CORTICÓIDE Brow (12), em 1988, publica artigo em que relata os resul- tados obtidos em uma série de pacientes com artrose do om- bro decorrente de artrite reumatóide, tratados com o bloqueio do nervo supra-escapular. Este método também foi utilizado por outros autores(7,23,27,73) , não só para tratamento da artrite reumatóide, como para lesões do manguito rotador, analgesia pós-fraturas da escápula, processos dolorosos desta articula- ção ou para permitir a redução de luxações anteriores do ombro. Recentemente, em 1992, Wassef(74) publica artigo em que trata a CA com bloqueios sucessivos do nervo supra-es- capular. Utiliza esta técnica para o tratamento de nove pacien- tes e os resultados são bastante satisfatórios. O objetivo deste estudo é avaliar os resultados obtidos no tratamento da CA com o bloqueio do nervo supra-escapu- lar, associado ou não ao uso do corticóide, tomando como parâmetros a dor, a função, satisfação do doente e o tempo de evolução da doença. CASUÍSTICA E MÉTODO Desde 1987, inúmeros pacientes com CA foram trata- dos pelo Grupo de Ombro do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, inicialmente com manipulações sob anestesia, posteriormente com distensões hidráulicas e, há aproximadamente cinco anos, com os bloqueios do nervo supra-escapular. Devido às difi- culdades em rever esses doentes, optamos por fazer um estu- do prospectivo com pacientes que pudessem retornar perio- dicamente ao ambulatório e fornecer as informações neces- sárias para uma avaliação correta deste procedimento e de seus resultados. Este estudo teve início em janeiro de 1993 e, até a data atual, 13 pacientes, 14 ombros, com estas características fo- ram tratados e avaliados, com seguimento mínimo de cinco meses e máximo de 17 meses, média de dez meses. Oito pacientes eram do sexo feminino e cinco, do mas- culino. A idade média foi de 50,7 anos, variando de 26 anos a 64 anos. O membro dominante foi acometido em cinco pa- cientes, sendo que um paciente era ambidestro e um outro pa- ciente tinha acometimento bilateral. Os critérios utilizados para o diagnóstico foram de dor constante e de moderada a longa evolução (mínimo de qua- tro semanas), com limitação gradual dos movimentos da arti- culação, estando neste momento com perda de pelo menos 50% da rotação externa. Obviamente, foram excluídos os pa- cientes que apresentassem outras causas para esta limitação Rev Bras Ortop – Vol. 29, Nº 9 – Setembro, 1994 ou dor, como osteoartroses, consolidações viciosas, necroses, etc. Todos os pacientes foram analisados radiograficamente com no mínimo três incidências, sendo estas: ântero-poste- rior com correção da anteversão da glenóide(41) (em rotação externa e interna) e axilar(69). A pneumoartrografia é um dos métodos de diagnóstico, pois mostra a constricção do reces- so axilar, porém esta não foi utilizada em nossos casos. Em alguns casos, quando possível, a ressonância nuclear magné- tica foi realizada. O sistema de avaliação escolhido foi o da UCLA (Univer- sity of California at Los Angeles Shoulder Rating Scale) (31) e a movimentação articular foi medida de acordo com a orien- tação dada pela AAOS (American Academy of Orthopaedics Surgeons - 1965) (1). A classificação utilizada foi a proposta por Zuckermam(80)(1994) (tabela 1). Quatro pacientes foram classificados como primários ou idiopáticos e nove, como secundârios, sendo que, destes, cin- co intrínsecos, um extrínseco e três sistêmicos (diabéticos). Quanto à gravidade da doença, oito foram classificados como graves, seis como moderados e nenhum como leve. Seis pa- cientes apresentavam alterações no membro afetado, em es- pecial na mão, como distúrbios de sensibilidade ou de sudo- rese, que, mesmo em grau mínimo, podiam ser relacionados a uma alteração do sistema nervoso autônomo. O nervo supra-escapular (C5 e C6), que é originário do fascículo superior, atravessa a incisura da escápula por sob o TABELA 1 Classificação de Zuckerman Capsulite adesiva - Etiologia* Primária Etiologia não identificada Essencialmente o diagnóstico é de exclusão, baseado na ausência de fatores se- cundários Gravidade Secundária Intrínseca Extrínseca Sistêmica História de Radiculopatia Diabetes melito; trauma mínimo; cervical;tumor hipo ou lesão do man- da parede hipertiroidismo guito rotador; torácica; prévia tendinite cirurgia na calcárea mama, etc. Capsulite adesiva - Gravidade Ombro contralateral normal Lesão bilateral Leve elevação ³ 75% (comparativa.) elevação ³ 120o Moderada elevação 50-75% (comparativa. ) elevação ³ 120o Grave elevação < 50% (comparativa. ) elevação < 90o * Alterações estruturais intrínsecas como osteoartrose do ombro, osteonecrose, artrite reumatóide consolidações viciosas ou psedartroses do úmero proximal não devem ser incluídas como causa de CA 629 630 Rev Bras Ortop - Vol. 29, Nº 9 – Setembro, 1994 S.L. CHECCHIA, P. DONEUX S., E. MARTINEZ P., C.M. GARCIA S. & H.P. LEAL ligamento transverso superior. Dirige-se para trás, percorren- do a fossa supra-espinhal, por debaixo do músculo supra- espinhal; contorna a incisura espinoglenóidea e alcança a fossa infra-espinhal. O bloqueio do nervo é realizado com o paciente sentado e relaxado, com o membro superiores ao lado do corpo, e o médico em pé atrás do mesmo, palpam-se os parâmetros anatômicos, identificando a clavícula, articulação acromiocla- vicular, acrômio, espinha da escápula e processo coracóide. Para identificar o local da introcução da agulha, traçamos duas linhas imaginárias, sendo a primeira sobre a borda pos- teior da clavícula e a segunda sobre a borda anterior da es- pinha da escápula, formando então um ângulo de vértice late- ral. É neste vértice, que a polpa digital facilmente identifica, que uma agulha de 4,0cm de comprimento deve ser introdu- zida, de cima para baixo, perpendicularmente à pele, trans- fixando os músculos trapézio e o supra-espinal, atingindo Fig.1 – Ilustração do bloqueio (vista posterior). n = nervo supra-escapular Fig. 2 – Ilustração do bloqueio (vista superior). n = nervo supra-escapular. assim a fossa supra-espinhal. Deve-se tomar o cuidade de verificar que o ponto de introdução da agulha seja sempre lateral à ponta do processo coracóide. A ponta da agulha en- costa na superfície óssea da fossa supra-espinhal. Nessa mo- mento, o paciente pode referir uma parestesia no ombro ou na face lateral do terço médio do braço, indicando a proximi- dade do nervo. Injetamos de 6 a 8 ml de solução anestésica, quantidade suficiente para garantir o bloqueio (figuras 1 e 2). O anestésico utilizado é o cloridrato de bupivacaína (Mar- caína®) a 0,5%, com bitartarato de epinefrina a 1:200.000, associados ou não a 80mg de 21-acetato de metilprednisolona (Depo-Medrol®). Os bloqueios anestésicos são realizados ambulatoriamen- te, com intervalos de três semanas, sendo que, no primento, e eventualmente no segundo e no terceiro, é associado o corti- costeróide. A partir destes, passa-sea alternar bloqueios anes- tésicos com ou sem a associação de corticosteróides, man- tendo-se sempre o intervalo de três semanas. A utilização do corticosteróide depende da melhora da dor e de o paciente não ter doenças que o contra-indiquem, como por exemplo o diabetes(3). A epinefrina também foi contra-indicada no pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica ou cardiopatas. Em nenhum dos pacentes foi adicionado qualquer ou- tro tipo de tratamento complementar. TRATAMENTO DA CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO PELO BLOQUEIO DO NERVO SUPRA-ESCAPULAR, ASSOCIADO AO USO DE CORTICÓIDE RESULTADOS O que mais nos chamou a atenção, na avaliação dos nos- sos pacientes, foi a rápida diminuição da dor. Estes sofriam de dor havia seis meses, em média, variando de dois a 24 meses. Obtivemos alivío importante da dor (sem dor noturna e/ou em repouso e, eventualmente, às atividades) já no se- gundo bloqueio, em média (tabela 2). Quanto à movimentação, os ombros tinham elevação média inicial de 81° (40o a 110°) e final de 136° (110° a 160o); obtivemos então um incremento médio de 55°. Quanto às rotações, a rotação externa média inicial era de +3° (-20° a +30o) e a final de 42° (+10° a + 90o); o incremento médio na rotação externa foi de 39°. O incremento médio na rotação interna foi de sete vértebras. Doze pacientes retornaram às suas atividades normais e estavam satisfeitos com os resultados obtidos. Quanto ao mé- todo de avaliação escolhido, UCLA(31), quatro ombros foram classificados como resultado excelente, cinco como bom, quatro como regular e um como ruim. Radiograficamente, encontramos osteoporose muito im- portante em todos os ombros examinados; e a ressonância nuclear magnética, nos casos em que foi feita, mostrou cla- ramente alterações importantes na cápsula articular. O tem- po médio de duração do tratamento foi de 4,5 meses, míni- mo de dois e máximo de nove meses, e o número de blo- queios variou de três a dez, com média de 6,8 bloqueios. TABELA 2 Relação entre o bloqueio e o alívio da dor Nº do Nº de bloqueios realizados pac. 1 2 3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 d i r 13 B B ¯ B ¯ B ¯ B ¯ B B B B B B B B B B ¯ B B B B B ¯ B ¯ B ¯ B ¯ B ¯ B ¯ B ¯ B B ¯ B B B B B B B B B B B B B ¯ B 4 5 6 B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B 7 B B B B B B B 8 B B B B B 9 1 0 B B B B B B B B - Bloqueio realizado ¯ ¯ - Momento em que o paciente relatou importante alívio da dor (sem dor noturna e/ou repouso e eventualmente às atividades) Rev Bras Ortop - Vol. 29, N° 9 – Setembro, 1994 DISCUSSÃO Tradicionalmente, na terminologia ortopédica nacional, o nome Duplay é utilizado para denominar diversos proces- sos localizados na articulação do ombro, como a tendinite calcárea, bursites, ombro doloroso, etc. Achamos pertinente começar esta discussão esclarecendo esse ponto, já que a pu- blicação original do Dr. Simon Duplay(22) é total e exclusiva- mente dedicada à descrição da capsulite adesiva. O primeiro passo quando se estuda determinada entida- de é defini-la e classificá-la clara e objetivamente. Existe na literatura número importante de diferentes definições e clas- sificações (16,19,44,52,56); contudo, não há um consenso entre os autores sobre como melhor fazê-lo. Recentemente, ainda em 1994, Zuckerman(80), na tentativa de resolver este problema, fez uma pesquisa entre os diversos membros da Associação Americana de Ombro e Cotovelo, em que procura definir e classificar esta doença. Igualmente acontece quando se tenta explicar a etiologia desta doença, tendo sido descritas inú- meras prováveis causas diretas ou indiretas, entre elas: trau- m a (22,65,67,77) , imobilização prolongada(16,22,44,48), transtornos de personalidade (16,79) , processos inflamatórios intra ou periarti- culares (29,30,54,76,77) , processos auto-imunes (9,10,45) , alterações bioquímicas da cápsula articular(30,43,54,76), doenças metabóli- cas e endócrinas(11,13,44,58,77,79), ou associadas a doenças neuro- lógicas (61) e a processos à distância (lesões torácicas, etc.) ( 2 0 , 3 8 , 7 9 ) . Alguns autores(16,65,67) , desde 1947, já relacionavam a cap- sulite adesiva com alterações do sistema nervoso autônomo; mais recentemente, outros(37,46) retomam estas teorias e, com conhecimentos e técnicas de laboratório mais modernos, pu- deram demonstrar alterações localizadas na região do om- b r o . Como conseqüência do desconhecimento da etiologia, várias formas de tratamento foram descritas, desde a simples observação associada a sintomáticas e eventuais medidas lo- cais, como exercícios e calor local(8,15,62,75), até os mais com- plexos, como as manipulações sob narcose(15 ,19 ,22 ,40 , ções cirúrgicas(19,56,57,71)) ou artroscópicas(24,49). O uso de corti- cóides sistêmicos ou locais(6,8,34,66,67,70,78) e os bloqueios do sis- tema nervoso autônomo (medicamentoso, anestésico ou ci- rúrgico) (63,67) também são formas de tratamento utilizadas, principalmente por aqueles que acreditam haver correlação da CA com as alterações deste sistema. Dentre as técnicas diagnosticadas(5), a pneumoartrogra- fia é sem dúvida método eficaz, porém, na nossa opinião, é 631 53,56,57,67,68,70,72,76) e distensões hidráulicas (2 ,25 ,35 ,40 ,44 ,57 ,62), l ibera- 12esq S.L. CHECCHIA, P. DONEUX S. , E. MARTINEZ P., C. M. GARCIA S. & H.P. LEAL um método invasivo (com suas inerentes complicações), trau- matizante para o paciente e que pode resultar em eventuais problemas de anafilaxia pelo uso do contraste iodado, sem mencionarmos a irradiação ionizante decorrente das várias exposições. A ressonância nuclear magnética, em casos de dúvida diagnóstica, pode ser utilizada. Ainda assim, consi- deramos que o diagnóstico da capsulite adesiva pode ser per- feitamente feito com uma história clínica detalhada, exame físico que mostre a restrição de movimentos, acompanhado de estudo radiográfico correto, que apresente a característica osteoporose (50), e a exclusão de outras doenças. Em relação ao tratamento, os mais utilizados entre os autores são a manipulação sob narcose e a distensão hidráu- lica, técnicas estas que procuram resolver o problema atuan- do não na sua eventual causa, e sim na sua conseqüência, que é a restrição do movimento, resultado da adesão capsular. Como parte importante da inervação simpática e sensiti- va da articulação do ombro é dada pelo nervo supra-esca- pular (12,33,73) e como os bloqueios do sistema nervoso autôno- mo levam a bons resultados nas algodistrofias(63), o bloqueio desse nervo periférico também poderia levar a resultados sa- tisfatórios no tratamento da CA, principalmente se conside- rarmos que ela está relacionada a uma disfunção menor do sistema autônomo simpático, o que é a nossa opinião. Pela sua fácil aplicação e baixo índice de complicações, decidimos, há alguns anos, tentar essa técnica terapêutica, também descrita recentemente, em 1992, por Wassef(74), que, apesar de realizá-la de maneira diversa e em intervalos me- nores (duas vezes por semana), obteve bons resultados. Os corticosteróides possuem efeito antiinflamatório(3,26) e, como na capsulite adesiva há um processo inflamatório bem estabelecido(30), consideramos importante associá-lo ao bloqueio. O uso dos corticosteróides, bem como sua dosa- gem adequada e o intervalo entre as várias aplicações, é empírico (3). Optamos por administrar 80mg de 21-acetato de metilprednisolona, a intervalos de seis semanas. Analisando nossos resultados, observamos que todos os pacientes tratados por esse método mostraram rápido alívio da dor (tabela 2), independentemente do tempo de doença; inclusive um deles, que tinha dor havia 24 meses, obteve melhora importante desta com menos de um mês de trata- mento. Pudemos verificar que, dos 14 ombros tratados, nove obtiveram resultado final excelente e/ou bom, sendo que um dos casos de resultado regular apenas não foi classificado como bom por ter a função do ombro prejudicada por uma seqüela de acidente vascular cerebral, e não da CA, que evo- 632 luiu para cura.Se classificarmos este como bom, ter um resultado de excelente/bom em 71% dos sos. vamos ob- nossos ca- Devemos ressaltar que, dentre nossos casos classifica- dos como idiopáticos, havia uma paciente que tinha como doença de base neurofibromatose, em que pudemos verificar importante comprometimento do sistema nervoso autônomo (síndrome ombro-mão). Esta mesma paciente, que evoluiu desfavoravelmente até o término deste estudo, foi incluída neste trabalho, pois, apesar de ter tempo de seguimento cur- to e de ter sido submetida a dez bloqueios, não obteve resul- tado satisfatório, porém teve alívio importante da dor. Com relação ao seu diagnóstico, neurofibromatose, não pudemos relacioná-lo à capsulite adesiva, por ser um caso único e por não haver qualquer referência na bibliografia especializada. Nenhum dos nossos pacientes apresentou qualquer com- plicação. De forma geral, são manifestadas queixas durante as primeiras 24 horas de bloqueio, principalmente uma even- tual sensação de hipoestesia, mal definida, no ombro; tam- bém foi manifestada diminuição da força muscular devido ao bloqueio motor dos músculos supra e infra-espinhal. Na literatura, encontramos índices de 1% de complicações com esses bloqueios, sendo o mais importante o pneumotórax(73), porém, se este for realizado da maneira que descrevemos aci- ma, esse risco praticamente deixa de existir. Alguns autores descrevem a capsulite adesiva como uma entidade autolimitada e que depois de um período de tempo, compreendido entre dois(28) e cinco anos(75), retorna à norma- lidade. Esses dados contrastam com outros estudos(4,64), que relatam persistência da dor e limitação funcional por vários anos após o tratamento estar concluído. Em nossa avaliação, não podemos garantir que este método modifica o curso na- tural desta entidade, pois a melhora dos movimentos é mais lenta do que gostaríamos; porém, há uma melhora evidente. Podemos, entretanto, garantir que promove analgesia im- portante, o que constatamos claramente em nossos pacien- tes. Devido às dúvidas em relação ao uso dos corticosterói- des (32); ao fato de que os pacientes diabéticos também obti- veram resultados satisfatórios, mesmo sem o uso desta dro- ga; e de que alguns pacientes referiram que, em geral, a me- lhora da dor era mais evidente nas primeiras duas semanas pós-bloqueio, modificamos nosso protocolo de tratamento. Passamos então a fazer os bloqueios de duas em duas sema- nas e sem os corticóides. Essas modificações são recentes e serão objeto de futura publicação. Rev Bras Ortop – Vol. 29, Nº 9 – Setembro, 1994 TRATAMENTO DA CAPSULITE ADESIVA DO OMBRO PELO BLOQUEIO DO NERVO SUPRA-ESCAPULAR, ASSOCIADO AO USO DE CORTICÓIDE CONCLUSÕES Decididamente, a CA é uma entidade de etiologia des- conhecida, porém existem evidências de que seja originada de uma disfunção do sistema nervoso autônomo. O bloqueio do nervo supra-escapular pode ser realizado por técnica simples, ambulatorial, rápida e acompanhada de baixos índices de complicações. O bloqueio do nervo supra-escapular é método eficaz, diminui a dor rapidamente e proporciona excelentes e bons resultados em 71,5% dos pacientes tratados. REFERÊNCIAS 1 . 2 . 3 . 4 . 5 . 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. AAOS – American Academy of Orthopedics Surgeons: Joint motion: method of measuring and recording, Chicago, American Academy of Orthopaedics Surgeons, 1965. Andrén, L. & Lundberg, J.B.: Treatment of rigid shoulders by joint distension during arthrography. Acta Orthop Scand 36: 45-53, 1965. Axelrod, L.: “Glucocorticóides”, in Kelley, W.N.: Textbook of Rheu- matology, Philadelphia, W.B. Saunders, 1993. p. 779-796. Binder, A.I, et al: Frozen shoulder: a long-term prospective study. Ann Rheum Dis 43: 361-364, 1984. Binder, A.I. et al: Frozen shoulder: an arthrographic and radionuclear scan assessment. Ann Rheum Dis 43: 365-369, 1984. Binder, A.I, et al: A controlled study of oral prednisolone in frozen shoulder. Br J Rheumatol 25: 288-292, 1986. Breen, T.W. & Haigh, J.D,: Continuous suprascapular never block for analgesia of scapular fracture. Can J Anaesth 37: 786-788, 1990. Bulgen, D.Y. et al: Frozen shoulder: prospective clinical study with an evaluation of three treatment regimens. Ann Rheum Dis 43: 353-360, 1984. Bulgen, D.Y, & Hazleman, B.L,: HLA-B27 and frozen shoulder. Lancet 1: 1042-1044, 1976. Bulgen, D.Y. et al: Immunological studies in frozen shoulder. Ann Rheum Dis 37: 135-138, 1978. Bridgman, J.F.: Periarthritis of the shoulder and diabetes mellitus. Ann Rheum Dis 31: 69-71, 1972. Brow, D.E., James, D.C. & Roy, S.: Pain relief by suprascapular nerve block in gleno-humeral arthritis. Scand J Reumatol 17: 411-415, 1988. Choy, E.H.S. et al: Isolated acth deficiency presenting with bilateral fro- zen shoulder. J Bone Joint Surg 30: 226-227, 1991. 14. Codman, E. A.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. 15. Connolly, J., Regen, E. & Evans, O.B.: The management of the painful, stiff shoulder. Clin Orthop 84: 97-103, 1972. 16. Coventry, M.B,: Problem of the painful shoulder. JAMA 151: 177-185, 1 9 5 3 . 17. Crisp, E.J. & Kendall, P.H.: Apud Steinbrocker, O. & Argyros, T.G.: Fro- zen shoulder: treatment by local injections of depot corticosteroids. Arch Phys Med Rehabil 55: 209-213, 1974. 18. De Palma, A.F.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B, Saunders, 1990. p, 837-862. Rev Bras Ortop – Vol. 29, Nº 9 - Setembro, 1994 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. De Palma, A.F.: Patologias asociadas con el envejecimiento biologico del hombro, in Cirurgia del hombro, 3 ed. Buenos Aires, Editorial Me- dica Panamericana, 1985. p. 319-391. Demaziere, A. & Wiley, A.M.: Primary chest wall tumor apperaring as frozen shoulder: review and case presentations. J Rheumatol 18: 911- 914, 1991. Dickson, J.A. & Crosby, E.H.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Duplay, S.: De la péri-arthrite scapolo-humérale et des raideurs de l’épaule qui en son la consequence. Arch Gen Med 20: 513-542, 1872. Emery, P. et al: Suprascapular nerve block for chronic shoulder pain in rheumatoid arthritis. Br Med J 299: 1079- 1080, 1989. Esch, J.C,: Arthroscopic treatment of resistant primary (idiopathic) fro- zen shoulder. J Shoulder Elbow Surg 3: S71, 1994. Farred, D.O. & Gallivan Jr, W.R.: Office management of frozen shoulder syndrome: treatment with hydraulic distension under local anaesthesia. Clin Orthop 242: 177-183, 1989. Fitzgerald, R.H.: Intrasynovial injection of steroids. Mayo Clin Proc 51: 655-659, 1976. Granirer, L.W.: A simple technique for suprascapular nerve block. N Y State J Med 51: 1048, 1951. Grey, R.G.: The natural history of “idiopathic” frozen shoulder. J Bone Joint Surg [Am] 60: 564, 1978. Ha’eri, G. B. & Maitland, A.: Arthroscopic findings in the frozen shoulder. J Rheumatol 8: 149-152, 1981. 30. Hannafin, J.A., Dicarlo, E.F. & Wickienicz, T.L.: Adhesive capsulitis: capsular fibroplasia of the glenohumeral joint. J Shoulder Elbow Surg 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 3: S5, 1994. Hawkins, R.J. & Swillyk, P.: Acute prosthetic replacement for severe fractures of the proximal humerus. Clin Orthop 289: 156-160, 1993. Hazleman, B.L.: Apud Rockwood C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Henry Gray F. R. S.: Gray’s anatomy, 29ed., Philadelphia, Lca & Febiger, 1977. p. 166 e 791. Hollingworth, G.R., Elles, R.M. & Hattersley, T.S.: Comparison of injection techniques for shoulder pain: results of a double blind, randomised study. Br Med J 287: 1339-1341, 1983. Hsu, S.Y.C. & Chan, K.M.: Arthroscopic distension in the management of frozen shoulder. Int Orthop 15: 79-83, 1991. Janda, D.H. & Hawkins, R.J.: Shoulder manipulation in patients with adhesive capsulitis and diabetes mellitus: a clinical note. J Shoulder Elbow Surg 2: 36-38, 1993. Jeracitano, D. et al: Abnormaltemperature control suggesting sym- pathetic dysfunction in the shoulder skin of patients with frozen shoulder. Br J Rheumatol 31: 539-542, 1992. Johnson, J.T.H.: Frozen shoulder syndrome in patients with pulmonary tuberculosis. J Bone Joint Surg [Am] 41: 877-882, 1959. Klapp, R. & Riedel, R.: Apud Lundberg, B.J.: The frozen shoulder, Acta Orthop Scand [Suppl] 119: 159, 1969. Lech, O.C., Sudbrack, G. & Valenzuela Neto, C.: Capsulite adesiva (“om- bro congelado”). Rev Bras Orthop 28: 617-624, 1993. Liberson, F.: The value and limitation of the oblique view as compared with the ordinary anteroposterior exposure of the shoulder. A report of the use of the oblique view in 1800 cases. Am J Roentgenol Radium Ther 37: 498, 1937. 633 S.L. CHECCHIA, P. DONEUX S., E. MARTINEZ P., C.M. GARCIA S. & H. P. LEAL 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. Lippman, R.K.: Apud Rockwood C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Lundberg, B.J.: Glycosaminoglycans of the normal and frozen shoulder -joint capsule. Clin Orthop 69: 279-284, 1970. Lundberg, B.J.: The frozen shoulder. Acta Orthop Scand [Suppl] 119: 1-59, 1969. Macnab, I.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Mani, R. et al: Use of laser doppler flowmetry and transcutaneous oxygen tension electrodes to assess local autonomic dysfunction in patients with frozen shoulder. J R Soc Med 82: 536-538, 1989. McLaughlin, H.L.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. McLaughlin, H.L.: The frozen shoulder. Clin Orthop 52: 1961. Midorikawa, K. et al: Manipulation of frozen shoulder: application of arthroscopic surgery. J Shoulder Elbow Surg 3: S42, 1994. Moris, I. M., Mattingly, P.C. & Thompson, A. J.: Radiological erosions in frozen shoulder, Br J Rheumatol 29: 293-294, 1990. Murnaghan, G.F. & McIntosh, D.: Hydrocortisone in painful shoulder: a controlled trial, Lancet 269: 798-800, 1955. Murnaghan, J.P.: “Frozen shoulder”, in Rockwood, C.A. & Matsen III, F. A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Neer II, C.S.:“Less frequent procedures: frozen shoulder”, in : Shoulder reconstruction, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990, p. 421- 485. Neviaser, J.S.: Adhesive capsulitis of the shoulder a study of the patho- logical findings in periarthritis of the shoulder. J Bone Joint Surg 27: 211-222, 1945. Neviaser, J.S.: Arthrography of the shoulder joint: study of the findings in adhesive capsulitis of the shoulder. J Bone Joint Surg 44: 1321-1330, 1962. Neviaser, R.J.: Painful conditions affecting the shoulder. Clin Orthop 173: 63-69, 1983. Neviaser, R.J. & Neviaser, T.J.: The frozen diagnosis and management. Clin Orthop 223: 59-64, 1987. Pal, B. et al: Limitation of joint mobility and shoulder capsulitis in insulin and non-insulin dependent diabetes mellitus. Br J Rheumatol 25: 147- 151, 1986. Payr, E.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Reeves, B.: Apud Rockwood, C.A. & Matsen III, F.A.: The shoulder, Philadelphia, W.B. Saunders, 1990. p. 837-862. Riley, D. et al: Frozen shoulder and other shoulder disturbances in Parkinson’s disease. J Neurol Neurosurg Psychiatry 52: 63-66, 1989. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78. 79. 80. Rizk, T.E. et al: Adhesive capsulitis (frozen shoulder): a new approach to its management. Arch Phys Med Rehabil 64: 29-33, 1983. Schutzer, S.F. & Grossling, H.R.: Current concepts review: the treatment of reflex sympathetic dystrophy syndrome. J Bone Joint Surg [Am] 66: 25-629, 1984. Shaffer, B., Tibone, J.E. & Kerlan, R.K.: Frozen shoulder: a long-term follow-up. J Bone Joint Surg [Am] 74: 738-746, 1992. Steinbrocker, O.: Shoulder-hand syndrome. Am J Med 3:402-407, 1947. Steinbrocker, O. & Argyros, T.G.: Frozen shoulder: treatment by local injections of depot corticosteroids. Arch Phys Med Rehabil 55: 209- 213, 1974. Steinbrocker, O., Newstadt, D. & Bosh, J.S.: Painful shoulder syndromes: their diagnoses and treatment. Med Clin North Am 59: 563-565, 1955. Tabata, S., Sano, H. & Itoi, E.: Manipulation for refractary contracture of the shoulder. J Shoulder Elbow Surg 3: S47, 1994. Thomas, M.A.: Posterior subacromial dislocation of the head of the humerus. Ann J RoentgenoI 37: 767, 1937. Thomas, D., Willians, R.A. & Smith, D.S.: The frozen shoulder: a review of manipulative treatment. Rheumatol Rehabil 19: 173-179, 1980. Tomita, Y. et al: Cineradioarthrography after operative treatment of frozen shoulders. J Shoulder Elbow Surg 3: S61, 1994. Vastamaki, M.: Outcome of the manipulated frozen shoulder. J Shoulder Elbow Surg 3: S26, 1994. Vecchio, P.C., Adebajo, A.O. & Hazleman, B.L.: Suprascapular nerve block for persistent rotator cuff lesions, J Rheumatol 20: 453-454, 1993. Wassef, M.R.: Suprascapular nerve block: a new approach for the management of frozen shoulder. Anaesthesia 47: 120-124, 1992. Watson-Jones, R.: Simple treatment of stiff shoulder. J Bone Joint Surg 45: 207, 1963. Withers, R.J.W.: The painful shoulder: review of one hundred personal cases with remarks on the pathology. J Bone Joint Surg 31: 414-417, 1949. Withrington, R.H., Girgis, F.L. & Seeifert, M.H.: A comparative study of the aetiological factors in shoulder pain. Br J Rheumatol 24: 24-26, 1985. Wright, M.G., Richards, A.J. & Clarke, M.B.: 99m Tc pertechnetate scanning in capsulites. Lancet 2: 1265-1266, 1975. Wright, V. & Haq, A.M.: Periarthritis of the shoulder: aetiological considerations with particular reference to personality factors. Ann Rheum Dis 35: 213-219, 1976. Zuckerman, J.D., Cuomo, F. & Rokito, S.: Definition and classification of frozen shoulder a consensus approach. J Shoulder Elbow Surg 3: S72, 1994. 634 Rev Bras Ortop - Vol. 29, Nº 9 – Setembro, 1994 MENU Índice Assunto Retorna
Compartilhar