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Lei de Crimes Hediondos

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Lei de Crimes Hediondos - Lei n.º 8.072/90 
LEI DE CRIMES HEDIONDOS
(Lei n.º 8.072/90)
 Artigo 5º da CF/88:
“A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”
A Lei n.º 8.072/90 trata dos crimes hediondos:
Nós poderíamos ter adotado uma série de critérios, para definir quais seriam os crimes hediondos. Contudo, o critério utilizado pelo legislador foi o legal/taxativo (a própria lei vai dispor de maneira taxativa acerca dos crimes considerados hediondos):
· Homicídio simples praticado em grupo de extermínio (artigo 1º, inciso I):
Se a co-autoria exige a participação de duas ou mais pessoas...
Se a formação de quadrilha ou bando exige a participação de quatro ou mais pessoas...
A doutrina definiu que o grupo de extermínio seria com três ou mais pessoas...
(Justamente o que está no meio).
Não vai precisar de nenhuma ideologia específica (matar grupos sociais específicos). Pode ser sem uma motivação específica.
· Homicídio qualificado em todas as suas formas (artigo 1º, inciso I):
O homicídio qualificado está no artigo 121, parágrafo segundo, I, II, III, IV e V.
O homicídio qualificado privilegiado não é considerado, por duas razões:
A) Não há previsão legal
B) A privilegiadora é uma circunstância subjetiva e a qualificadora é uma circunstância objetiva. Sendo assim, deve prevalecer, sempre, a circunstância subjetiva, o que faz com que o homicídio qualificado privilegiado não seja considerado hediondo. 
· Latrocínio (artigo 1º, inciso II):
É o crime de roubo, qualificado pela morte da vítima. Seja a morte dolosa ou culposa, o crime de latrocínio será hediondo.
· Extorsão qualificada pela morte (artigo 1º, inciso III): É o crime de extorsão, qualificado pela morte da vítima. Seja a morte dolosa ou culposa, o crime de extorsão será hediondo. 
· Extorsão mediante sequestro (artigo 1º, inciso IV):
Este crime será hediondo em todas as suas modalidades, o que é mais do que óbvio, tendo em vista que foi a extorsão mediante sequestro que deu origem à lei de crimes hediondos.
· Estupro (artigo 1º, inciso V):
O crime de estupro será hediondo, independente de a lesão ser leve, grave ou gravíssima. O STJ e o STF pacificaram este entendimento, muito embora os Tribunais de Justiça dos Estados e a doutrina não concordem. Será hediondo, mesmo que a violência seja presumida.
· Estupro de Vulnerável (artigo 1º, inciso VI):
O crime de estupro de vulnerável será hediondo, independente de a lesão ser leve, grave ou gravíssima. O STJ e o STF pacificaram este entendimento, muito embora os Tribunais de Justiça dos Estados e a doutrina não concordem. Será hediondo, mesmo que a violência seja presumida.
· Epidemia com resultado morte (artigo 1º, inciso VII):
É a transmissão em grande escala de germes patológicos. Desta conduta, se sobrevém a morte culposa de alguém, incide a lei hedionda.
· Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (artigo 1º, inciso VII-B):
A lei não fez a previsão da incidência do artigo 285 do Código Penal, que é a forma qualificada. Porém, deve incidir, pois é mais gravoso! Sendo assim, se a falsificação é crime hediondo, a falsificação qualificada também será hedionda.
Uma crítica importante diz respeito à falsificação de medicamentos do § 1º-A, ocasião em que o legislador citou, entre vírgulas, os cosméticos. Sendo assim, uma falsificação de batom, condicionador, dentre outros cosméticos, também será considerado crime hediondo, tendo o mesmo tratamento do homicídio qualificado.
De acordo com a doutrina, isso deveria ser considerado inconstitucional, por violar a razoabilidade e a proporcionalidade. De toda sorte, não vamos brigar com a lei! Na prova objetiva, será crime hediondo.
· Genocídio (Artigo 1º, parágrafo único):
Destruir, no todo ou em parte, ou ao menos tentar destruir, grupo étnico, social ou religioso. O crime de genocídio está previsto nos artigos 1º, 2º e 3º da Lei n.º 2.889/56.
PROGRESSÃO DE REGIME PARA CRIMES HEDIONDOS/ANTES DA NOVA LEI 
Súmula 471 do STJ (de 28.02.11). Crimes hediondos anteriores à Lei 11.464/2007. Progressão de regime. Um sexto da pena
Parafraseando Gandhi: “Minha alma resistirá a todo tipo de repouso enquanto assista impotente a um só sofrimento ou a uma só injustiça”. De bom grado, como é aliviador noticiar o fim de mais uma violência praticada pela justiça criminal brasileira.
Em (28.02.11) saiu a primeira publicação da Súmula 471 do STJ, que diz:
“471. Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.”
Veio ratificar (e, mais que isso, aclarar) a Súmula Vinculante 26, do STF, que diz:
“Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2.º da Lei n.º 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.”
Mesmo no controle difuso do HC 82.959 (que, em tese, só valeria para o caso concreto), o STF atribuiu à sua decisão efeitos erga omnes usando a Lei da ADIn (art. 27 da Lei 9.868/99) e DISPENSANDO a Resolução do Senado (52, X, CF). O tema tem tudo a ver com a chamada modulação dos efeitos dos julgados (da doutrina alemã, tão bem difundida no Brasil pelo Ministro Gilmar Mendes). Dentro de um julgamento típico do controle difuso o STF acaba dando efeito de um controle concentrado.
Conclusão importante: quem faz o direito são os juízes (a partir de textos desconexos, incompletos, confusos e setoriais dados pelo legislador). Para que serviria o disposto no art. 52, X, da CF? Para dar publicidade ao direito “criado” pelos juízes (pelo STF).
A nova redação da Lei 8.072 dada pela Lei 11.464 é prejudicial (porque passou a exigir mais tempo de cumprimento de pena para o efeito da progressão do regime) e não deve retroagir. Seria uma violência admitir a retroatividade da lei “penal” nova. Lei penal nova maléfica não pode alcançar fatos passados (CP, art. 2.º).
Quem cometeu crime hediondo antes dessa mudança, pode progredir de regime com 1/6 da pena cumprida, além dos demais requisitos legais.
A Súmula 471 do STJ tenta por fim a uma incomensurável violência jurídica, praticada por setores das agências da justiça criminal brasileira (MP e juízes), contra incontáveis “vítimas” (do incorreto funcionamento do poder punitivo estatal).
Para aprofundar (leitura complementar):No nosso livro Direito penal-PG, v. 2 (L.F. Gomes e A. García-Pablos de Molina, São Paulo: RT, 2007, p. 855) sustentamos a tese de que a progressão de regime nos crimes hediondos ocorridos até o dia 28.03.07 (um dia antes da vigência da Lei 11.464/2007) deve seguir o regime da LEP (art. 112), que exigia um sexto da pena para esse efeito. Afirmamos o seguinte:
Progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados: o § 1.º do art. 2.º da Lei 8.072/1990 dizia que a pena (nesses casos) seria cumprida integralmente em regime fechado. Por força da nova redação dada ao mesmo § 1.º a pena será cumprida inicialmente em regime fechado. Ou seja: o novo diploma legal veio permitir progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados. Aliás, no que diz respeito à tortura, isso já estava assegurado pela Lei 9.455/1997. A Súmula 698 do STF, entretanto, proibia a progressão em relação aos demais crimes hediondos. Perdeu sua eficácia (diante da Lei 11.464/2007).
Tempo diferenciado de cumprimento da pena: o § 2.º do art. 2º da Lei 8.072/1990, introduzido pela Lei 11.464/2007, para aprogressão de regime exige, nos crimes hediondos e equiparados, o cumprimento (diferenciado) de 2/5 da pena (40%), se o apenado for primário, e de 3/5 (60%), se reincidente. Antes, a única regra geral sobre o assunto era o art. 112 da Lei de Execução Penal (que fala em 1/6 da pena). Essa regra geral continua vigente e válida para todas as situações de progressão, ressalvados os crimes hediondos e equiparados, que se acham (agora) regidos por regra especial (princípio da especialidade). Lei especial, como se sabe, afasta a regra geral.
Crimes ocorridos a partir do dia 29.03.07: a Lei 11.464/2007 foi publicada dia 29.03.07. Entrou em vigor nessa mesma data. Cuidando-se de norma processual penal com reflexos penais, em sua parte prejudicial (novatio legis in peius) só vale para delitos ocorridos de 29.03.07 em diante. Em outras palavras: o tempo diferenciado de cumprimento da pena para o efeito da progressão (2/5 ou 3/5) só tem incidência nos crimes praticados a partir do primeiro segundo do dia 29.03.07.
Crimes ocorridos antes de 29.03.07: quanto aos crimes ocorridos até o dia 28.03.07 reina a regra geral do art. 112 da LEP (exigência de apenas um sexto da pena, para o efeito da progressão de regime). Aliás é dessa maneira que uma grande parcela da Justiça brasileira (juízes constitucionalistas) já estava atuando, por força da declaração de inconstitucionalidade do antigo § 1.º do art. 2º da Lei 8.072/1990, levada a cabo pelo Pleno do STF, no HC 82.959. Na prática isso significava o seguinte: o § 1.º citado continuava vigente, mas já não era válido. Os juízes e tribunais constitucionalistas já admitiam a progressão de regime nos crimes hediondos, mesmo antes do advento da Lei 11.464/2007.
Retroatividade da parte benéfica da nova lei: a lei que acaba de ser mencionada passou a (expressamente) admitir a progressão de regime nos crimes hediondos e equiparados. Nessa parte, como se vê, é uma lei retroativa (porque benéfica). Desse modo, todos os crimes citados passam a admitir progressão de regime (os posteriores e os anteriores à lei nova).
Até mesmo os legalistas veriam absurdo incomensurável na impossibilidade de progressão de regime nos crimes anteriores. Quando uma lei nova traz algum benefício para o réu, ela é retroativa.
Mas qual é o tempo de cumprimento de pena em relação a esses crimes ocorridos antes da lei nova? Só pode ser o geral (LEP, art. 112, um sexto). Não se pode fazer retroagir a parte maléfica da lei nova (que exige maior tempo de cumprimento da pena para o efeito da progressão). Acertada a Súmula 471 do STJ

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