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Aspectos éticos da Psicologia Social

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Aula 10: Aspectos éticos da intervenção social
Multiplicidade da Psicologia Social
A Psicologia Social deve ser considerada em sua elaboração de conhecimentos como complexa, pois sua multiplicidade de campos de saber, de abordagens e de práticas é tão grande que, talvez, nunca possamos esperar uma “identidade” para ela. 
Entendemos que uma ciência de construção plural deste porte, que considere os direitos fundamentais do ser humano e que seja, ao mesmo tempo, promotor de inclusão social, deve passar, necessariamente, pelo entendimento das diferenças.
Na Psicologia Social, deve persistir a lógica de concepção de sujeito constituído pela sua pluralidade e diversidade. Ao pensar nos sujeitos a partir de suas diferenças estamos entrando, inevitavelmente, em questões políticas marcadas por diversas características como gênero, raça, diversidade sexual, realidades sociais, entre muitas outras.
Esta questão deve permear inclusive as definições e os pressupostos de saúde, educação, trabalho e demais necessidades. Todos os direitos básicos que permitem o desenvolvimento da cidadania e da democracia devem estar fundamentados na compreensão das diferenças e na pluralidade de realidades.
Sujeito e Sociedade para a Psicologia
É um desafio, também da Psicologia, articular as questões de paradigmas e da ética em suas implementações práticas. Afinal de contas, precisamos entender qual é a concepção de sujeito e de sociedade pressuposta nas bases de toda e qualquer prática psicológica. 
Precisamos sempre de uma compreensão complexa e profunda que, pelo menos, permita indagar questões da atualidade relativas às práticas psicológicas nos campos da educação, trabalho, saúde, entre outros.
Objetivo da Psicologia Social
A sociedade contemporânea se encontra em constante transformação, e este fato coloca diversos desafios para a Psicologia Social na atualidade. Desta forma, podemos dizer que um dos principais desafios nesta área consiste na necessidade de reinventar continuamente novos modos de produção de conhecimento.
Entendemos que o objeto da Psicologia Social está representado pelos modos de produção de experiência subjetiva. Em outras palavras, a forma pela qual um determinado conjunto de práticas sociais gera uma forma específica de relação do sujeito consigo mesmo e com os outros.
Sendo assim, nosso objeto de estudo se encontra em permanente transformação e precisa de um questionamento contínuo tanto das estratégias de conhecimento como dos valores que dirigem nossas intervenções.
Portanto, temos que destacar que a Psicologia Social contemporânea tem na verdade uma função eminentemente política, colocando em questão o que somos e o que seria este mundo atual no qual vivemos. É justamente esta dimensão política da Psicologia Social que nos permite entender a relação existente entre o conceito de ética e os diversos paradigmas relacionados.
Éticas e Paradigmas
Vamos entender primeiro a noção de paradigma:
De forma abrangente, podemos dizer que, todo paradigma refere-se a uma determinada estratégia de produção de conhecimento que é socialmente compartilhada. 
Assim, podemos entender paradigma como uma produção científica que, contendo métodos e valores, passa a ser identificada como um modelo representando um padrão a ser seguido.
Sendo assim, todo paradigma tem uma dimensão ética implícita, pois representa valores compartilhados por um grupo. E desta forma, todo paradigma tem uma função política, pois ele representa um determinado processo de subjetivação.
Segundo Guareschi (2008) são três os paradigmas que fundamentam os valores éticos também implicados na Psicologia Social. O primeiro é denominado “lei natural”, o segundo denomina-se “lei positiva” e o terceiro “ética como instância crítica”. A seguir, veremos cada um deles.
Lei Natural
Conforme o próprio nome indica o referencial do paradigma da “lei natural” é a natureza, ou seja, esse referencial pretende dizer que a partir da atenção dada à natureza é possível estruturar uma ética que governe os povos em todas as épocas. 
Este paradigma também retrata uma fonte possível para a ética diferente dos costumes ou instituições de determinados povos ou nações. 
Podemos incluir aqui a visão centrada na ideia de um Criador, em uma ordem imutável estabelecida por Deus. Ou seja, a natureza como produto de um Deus Criador, representando um ente exterior que fundamenta a ordem de todas as coisas.
Lei Positiva
O segundo paradigma, chamado de “lei positiva”, é marcado como uma reação ao paradigma da lei natural, ou seja, há uma rejeição ideológica e epistemológica do apelo a uma ordem natural como referencial ético. Em outras palavras, este paradigma se opõe à ideia de que existem leis universais e absolutas.
O paradigma da “lei positiva” se fundamenta no relativismo cultural refutando as leis ditas naturais, universais e transculturais. Este paradigma representa uma manifestação ideológica contra a história de abuso dos poderes religiosos e civis que apelaram pela prevalência de leis naturais usadas para reprimir minorias que se opunham a determinados regimes.
Ética como Instância Crítica
A Noção de Justiça em Psicologia Social
A chamada Psicologia Social da justiça se preocupa em demonstrar o papel crucial que os sentimentos, os valores e as crenças têm sobre o que é justo ou injusto nas ações e relações humanas.
Como poderíamos relacionar justiça e ética?
Segundo Aristóteles, em Ética a Nicômaco podemos afirmar que a justiça é a virtude central da ética, pois ela comanda os atos de todas as virtudes. É possível reconhecer a relação intrínseca entre essas duas concepções.
Significado de Justiça
Vejamos o significado de justiça: o termo provem de jus, que no latim quer dizer direito.
“Alguém é justo quando estabelece relações com outros seres que sejam justos. Em outras palavras, alguém sozinho não pode ser justo. Alguém sozinho pode ser alto, branco, simpático e etc., pois isso não implica relação, isto é, não implica em outros. Agora, justo, ele não consegue ser sozinho, pois a justiça, ou a injustiça, só entra em cena no momento em que alguém se relaciona com outros. Isso quer dizer que é só à relação que se pode aplicar o adjetivo justo”.
(Guareschi et al, 2008 in Biblioteca Virtual de Ciência Humanística e Paradigmas da Psicologia Social).
Existe justiça quando os direitos das pessoas envolvidas são respeitados. Da mesma forma ocorre com a concepção de ética. 
Ao afirmar que ética é relação ou mesmo que ela só é aplicável às relações, isto quer dizer que ninguém é ético a partir de si mesmo. Portanto, as pessoas não são éticas como um adjetivo individual, na verdade, a partir deste pensamento, a ética está nas relações com o outro e não no indivíduo.
Estudos
O estudo da justiça como fenômeno psicossocial, complexo e multifacetado, outorga significado a inúmeras manifestações grupais ou individuais marcando a vida das pessoas em sociedade. 
Os estudos sociopsicológicos vêm revelando que os julgamentos sobre o que é merecido; sobre deveres e direitos; sobre errado e certo, estão na base dos sentimentos e atitudes das pessoas em suas interações com os outros.
O psicólogo social lida com a realidade social tal como ela é percebida pelos indivíduos que a integram. Assim sendo, a justiça não é encarada, ou mesmo avaliada, pelo cientista social como uma entidade abstrata, uma regra de conduta válida e correta em si mesma; em verdade, interessa saber como as pessoas interpretam as situações sociais em termos do que é justo e injusto. E assim, conferem-lhes significados cognitivos e afetivos respondendo de forma socialmente apropriada ou inapropriada.
Justiça Distributiva
Abordagem unidimensional e a Teoria da Equidade:
Dentro da justiça distributiva existem duas abordagens conhecidas como unidimensional e multidimensional. 
A primeira é representada pela Teoria da Equidade.
Esta teoria propõe que o justo é o proporcional. Sendo assim, a justiça é feita sempre quando aquele que mais contribuiu para uma tarefa recebe uma recompensa maior do que aqueles que contribuírammenos.
Primeira Formulação:
	Estudos de Adams
Uma outra pesquisadora, Stacy Adams (1965), desenvolveu e formalizou as ideias de Homans, ampliando o estudo da justiça distributiva ao enfocar as consequências da falta de equidade nos relacionamentos de troca. A partir dos desenvolvimentos desta autora podemos inferir a influência da teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger estudada em aulas anteriores.
 Principais postulados da Teoria da Equidade
Os postulados principais de Teoria da Equidade podem ser resumidos em quatro pontos principais:
a percepção da falta de equidade cria tensão na pessoa;
a quantidade de tensão é diretamente proporcional à extensão da percepção da não equidade;
a tensão criada na pessoa irá motivá-lo a reduzir esta falta de equidade;
a força da motivação para reduzir a falta de equidade é diretamente proporcional à percepção dessa falta de equidade.
Ainda sendo considerada como uma das mais bem desenvolvidas teorias da justiça, a Teoria da Equidade tem recebido diversas objeções por diferentes estudiosos  do conceito e fenômeno da justiça. 
As críticas à esta teoria são de diversos tipos, envolvendo os processos gerais nos quais se fundamenta como os problemas teóricos que são encontrados na sua formulação.
Abordagem Multidimensional
Uma determinada estratégia de produção de conhecimento, que é socialmente compartilhada, refere-se à definição de:
Parte superior do formulário
1) Justiça 
2) Teoria 
3) Paradigma 
4) Controle social 
5) Preconceito 
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Segundo Guareschil (2008) são três os paradigmas que fundamentam os valores éticos também implicados na Psicologia Social. Qual é o paradigma que se opõe à ideia de que existem leis universais e absolutas?
Parte superior do formulário
1) Lei natural 
2) Lei positiva 
3) Ética como instância crítica 
4) Justiça distributiva 
5) Equidade
 Parte inferior do formulário
A teoria da Equidade pertence:
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1) À abordagem unidimensional da justiça distributiva. 
2) À abordagem unidimensional e multidimensional da justiça distributiva. 
3) À abordagem multidimensional da justiça distributiva. 
4) À abordagem social de injustiça. 
5) Aos estudos de ética social. 
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