Buscar

Direito Internacional Privado - Resumo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

08/08/11
- Clásula de eleição de foro no direito internacional: vantagens econômicas, segurança jurídica, instituições mais estáveis etc;
- autonomia da vontade (se reflete) → foro → lei aplicável → convenção arbitral; 
- três perguntas fundamentais no dipri: 1. onde acionar, 2. que lei aplicar e 3. onde executar a sentença;
- no plano internacional não existe prevenção, a menos que existe algum acordo binacional que trate do assunto; CPC: a litispendência no plano internacional é irrelevante para o direito brasileiro; 
- Convenção de Viena Sobre Relações Diplomáticas de 1961 e Convenção de Viena Sobre Relações Consulares de 1963 e essas convenções conferem imunidade de impostos aos locais de embaixadas, assim como os embaixadores e cônsules; 
- lei formal: emanada do poder legislativo; 
- no plano internacional: muitos ramos do comércio têm suas próprias normas (comércio de petróleo, diamantes etc) > muitas vezes esses contratos regem-se não por um direito estatal, mas por um direito das partes; na arbitragem o juiz; 
- no plano internacional o direito consuetudinário ainda tem ampla força para dirimir contratos, uma vez que há mais espaço para a autonomia da vontade das partes; 
- nova lex mercatória: conjunto de normas de mercado; 
- decidido o lugar e lei, resta onde executar a sentença; para executar vai ter que promover o reconhecimento de uma decisão estrangeira em uma outra jurisdição → Convenção de Nova Iorque (145 países): normas de reconhecimento de sentenças e execuções de arbitragens na esfera internacional;
15/08/11
- hoje em determinados contratos, por conta do valor, certos empresários recorrem muito mais à arbitragem → necessidade de uma justiça especializada e rápida;
- previsão de que em até dois anos a causa terá sido julgada por pessoas escolhidas, competentes do ponto de vista técnico; impossibilidade de o juiz dar uma atenção maior ao processo devido ao volume de processos → eficiência da arbitragem que se justifica em alguns casos;
- localização no espaço e no tempo: no DIPRI tem-se que analisar antes de tudo questões de jurisdição de determinada autoridade arbitral ou judiciária; 
- a relevância do DIPRI decorre de dois fenômenos sociológicos: 1ª vertente: da diversidade legislativa → atualmente existem cerca de 200 Estados, o poder de legislar decorre da soberania; podemos verificar pelo menos 200 direitos sobre contratos potencialmente diversos; esses direitos agrupam-se em determinadas famílias: common law, direito islâmico, germânico etc, e ainda há as sutilezas dessas famílias em determinados lugares; há diversidade de regras para uma mesma relação jurídica; se essa relação tem contanto com mais de uma relação jurídica está criada a situação de uma ou mais ordens jurídicas sobre uma mesma relação jurídica;
- Lord Mance: “não há ordem jurídica nacional que possa manter-se isolada, todos somos partes de um continente” → de algum modo esses 200 direitos tem que se harmonizar, para que eles se apliquem simultaneamente; sociologicamente falando a diversidade legislativa hoje é muito maior do que no passado, e as relações jurídicas são muito mais internacionalizadas: é mais fácil viajar, comprar coisas de outro pais, se relacionar com pessoas de outro país, estudar fora etc (ONU 1945: 51 membros; 2011: 193); 2ª vertente: globalização econômica e social;
- em regra o ordenamento jurídico nacional só se aplica dentro das fronteiras nacionais, dentro da soberania territorial do Estado; mas em determinadas relações como guarda de filho, contratos internacionais, a lei poderá se aplicar extra-territorialmente; se uma compra fosse feita na França, o juiz brasileiro teria que aplicar a legislação francesa → art. 9º da LICC: o juiz brasileiro deve aplicar a lei do local da celebração do contrato > nesse caso não há violação da soberania; o próprio legislador assim o quis;
- a regra de DIPRI vai responder à questão ou problema o quanto cabe a cada um dos cônjuges ou vai dizer qual o direito se aplica para então determinar o quanto direito substancial; a regra de DIPRI traz uma solução indireta: o DIPRI nunca vai dizer num casal que está se separando não vai dizer que a mulher tem;
- o DIPRI estuda questões de jurisdição internacional, estuda as normas aplicáveis e seu funcionamento, como se prova o direito estrangeiro, como o juiz brasileiro vai aplicar o direito estrangeiro, de que meio vai se vale; exemplo: o direito espanhol não admite a revisão do contrato por onerosidade excessiva; a parte brasileira pleiteava a onerosidade excessiva, tenta obter a revisão do contrato ou a negociação; 
- pode uma parte recorrer alegando a errônea aplicação do direito estrangeiro? Inexiste na constituição alguma limitação de que esse competência seja apenas de âmbito federal; se o direito for aplicado aqui, poderá haver reexame: o direito estrangeiro se esquipara à lei ordinária, cabendo recursos; 
- como executar: circulação de atos e sentenças por atos e sentenças estrangeiras> há toda uma rede de cooperação entre tribunais: ato citatório, carta rogatória e ainda mnma série de tratados. 
- o método do DIPRI: a ideia do DIPRI brasileiro é existir uma regra que seja neutra em relação aos efeitos da sua aplicação → lei do local onde ocorreu o ilícito; essa regra da lex locit delicti comissi é cega em relação ao resultado da sua aplicação, ela não autoriza o juiz a ponderar o resultado da sua aplicação com nenhum outro valor ou regra; exemplo: John e Mary vão de carro ao Niagara Falls, John pega o carro com placa de Nova Iorque, seguro em Nova Iorque; na volta, ainda em Ontario, sofrem um acidente e Mary tem que ficar internada por dois meses para se recuperar do acidente (não trabalha ou ganha dinheiro – prejuízos); Mary entra contra John na justiça de Nova Iorque pedindo uma indenização fundada na responsabilidade civil → acidente em país diverso; se fosse no Brasil, aplicaria a regra do art. 9º da LIC; só que nos EUA o direito internacional privado não é legislado (lei do local do ilício era a lei prevalente no Estado e Nova Iorque; mesmo não sendo transporte gratuito o condutor pode ser responsabilizado – no Canadá pode ser responsabilizado; 
- os americanos começaram a pensar a lei a partir do resultado da aplicação a norma; começaram a se afastar de normas puramente formais, sem levar em conta o resultado a que leva a aplicação → Babcock vs. Jackson (1963): determinação de uma regra de DIPRI que seja/haja uma lei que seja comprometida com o seu resultado; chegou-se à conclusão que seria mais justo aplicar a lei mais intimamente ligada ao fato (e ai a lei que responsabiliza mesmo quando dando carona); esse método nascido nos EUA é o método unilateral, que se distingue do conflitua, que o Brasil adota e que é meio cego quanto ao resultado; já o unilateral pressupõe uma análise voltada para o resultado concreto, substantivo;
- a crítica ao método unilateral é que reduz a certeza do método conflitual, porque dá mais discricionariedade; mas não é um método despido de vantagem; há cada vez mais os sistemas que são orientados pelo método conflitual que são mitigados por normas de caráter unilateral, como por exemplo acordos de família (por exemplo, adotando a lei mais benéfica para a criança); mesmo em países tradicionalmente ligado ao método conflitual o rigor vem sendo mitigado, para que o juiz eleja a regra que seja mais favorável ao resultado concreto, que no caso de obrigação alimentícia é a satisfação do credor; 
- o método unilateral surgido nos EUA só tem tido expressão maior nos EUA, nos países continentais europeus, e pais que se inspiraram nesse direito, e nas convenções mais modernas há essa mitigação ou introdução de discricionariedade aos juízes;
- o método conflitual também traz normas distintas de outros países: por exemplo, o Uruguai é avesso a conferir autonomia às partes para elegerem o direito aplicável às partes; assim, a lei de aplicação é a lei do local da execução do contrato, da mesma forma na Argentina; num contrato de prestação de serviço de assistência técnica quepreveja consultoria de engenharia em Montividéo no Uruguai, o juiz uruguaio julgará o contrato à luz do direito uruguaio e se o mesmo litígio for trazido ao juiz brasileiro o juiz brasileiro julgará de acordo com o direito brasileiro (lugar da celebração do contrato);
- dois movimentos característicos do DIPRI contemporâneo, que são a uniformização de regras de DIPRI pra evitar que uma mesma relação seja julgada de modos diversos conforme diversos sejam os juízes; no caso da convenção sobre direito alimentar, pouco importa o pais do juiz, o resultado será sempre o mesmo, pois vai aplicar a lei que for mais favorável ao credor, escolhida entre o ordenamento do domícilio ou residência habitual do credor ou do devedor; 
- o DIPRI não é mais um direito descomprometido com o resultado da aplicação a sua regra, como é na maioria dos direitos; 
- Caso: barriga de aluguel: Índia: negócio de 400 milhões; Califórnia (EUA): contrato oneroso; no Brasil a lei é omissa, mas existe uma regulamentação do CFM (que diz que não é permitido) que delega aos CRM a análise do caso concreto (mas deve ser feito entre parentes, e não há contrato, devendo se ato gratuito, não há negócio); na França é proibido; A e B franceses, domiciliados na França, não podendo ter filhos foram para a Califórnia, alugaram uma barriga e tiveram a criança, a qual registraram como filhos de A e B, pegaram a sentença e trouxeram para a França, e pediram a homologação da sentença de registro, e tiveram negado; a Corte de Cassação francesa manteve a negação do registro; a quem eles recorreriam? Foram para a Convenção Européia de direitos humanos;
22/08/11
- A prova é dia 10/10 (G1)
- método
- conflito de fontes
- competência internacional
- imunidade de jurisdição
- prova e aplicação do direito estrangeiro
- o DIPRI se encontra muito espalhado em diversos diplomas legislativos; ao contrario dos países de tradição romano-germânica, temos uma certa escassez de normas de dipri; o dirpri sempre foi colocado em capítulos introdutórios dos códigos, desde o código de 16 → ele consistia em alguns dispositivos na introdução ao código que foram reformados e passaram a ser chamados de LICC, que agora, sem razão aparente, o legislador deixou de reformar o já velho dipri brasileiros → passou a se chamar de LNDB → arts. 7º a 7º-A;
- além das normas de dipri, a LNDB contempla normas sobre a vigência das leis e também normas sobre direito intertemporal; 
- para além disso temos algumas normas de fonte interna na CF art. 5,XXXi; LII; art. 12 contém regras sobre perda e aquisição de nacionalidade; o art. 49 trata da competência do congresso para aprovar definitivamente tratados e convenções do Brasil e o art. dispõe sobre a competência do presidente da república pra tratados internacional; temos normas no CTN, no CPC e no código comercial havia uma disposição sobre a vigência da lei comercial; em razão da escassez; em 1942 praticamente 100 anos depois as regras de dipri; de outro lado também integra a noção; convenções que o Brasil assinou e não assinou são muitas vezes citadas como fonte; 
- o estreitamento das relações de cooperação de Estado acabou por demandar uma abertura maior para as cartas rogatórias, e isso medidas como a carta rogatória; a EC 45 transferiu a competência para o STJ; nessa ocasião a resolução 9 foi ditada, e medidas executórias passaram e admitir execução tb; as rogatórias podem conter decisórios e não decisórios; 
- outra fonte interna importa é a jurisprudência: o Brasil tem uma tradição de certo isolamento no plano internacional, sendo de uns 15 anos pra cá que vem se abrindo (direitos humanos, meio ambiente e outros temas que não puramente ligados ao comércio internacional); o Brasil não tem uma tradição muito longeva em dipri, ao contrário da Europa e dos EUA; a Europa facilita muito mais as trocas (proximidades dos países); a jurisprudência que há de dipri pode ser classificada de uma maneira geral da seguinte maneira: o STF ainda tem competência para julgar extradição, os HC em matérias de extradição; o STJ é competente para dar exequatur às cartas rogatórias e dar execução às sentenças judiciais estrangeiras; o STJ também aplica/controla a aplicação dos tratados internacionais; nos tribunais estaduais vemos muitos casos envolvendo competência, sucessão e família; nos tribunais federais caos envolvendo nacionalidade, propriedade intelectual, casos envolvendo tratados e tributos; casos que envolvam disposições da Convenção de Haia sobre sequestro de menores (violação de direito de guarda etc); antes da convenção entrar em vigor (em 2000) era muito difícil restaurar a situação anterior diante de um sequestro, porque o fato de essas crianças terem nacionalidade do pai e da mãe, fizesse com que o juiz protegesse a criança e mantivesse a criança perto, ao invés de mandar levar para sua residência original; os únicos países de importância que não fazem parte da Convenção de Haia são o Japão os países muçulmanos; seria difícil sem um tratado de cooperação recuperar as crianças e aqui discutir as questões relativas às crianças (no local onde as crianças passam mais tempo); hoje em dia se ocorrer uma situação de “fuga” etc, os países signatários, diante da evidência de que as crianças foram subtraídas de um direito de guarda compartilhada, o país tem a obrigação e fazer levar as crianças para o local habitual; 
- o sistema da Convenção de Haia estabelece uma rede de autoridades centrais: cada pais ao aderir designa uma autoridade central, que aqui no Brasil é a Secretaria Especial de Direitos Humanos (ligada à Presidência da Repúlbica), e a Secretaria se incumbiria de se comunicar para implementar todos os direitos; isso se dá em mão dupla: se vêm de uma criança de lá pra cá os direitos são os mesmos;
- como existe uma diversidade de nomenclatura, a Convenção de Viena adotou o nome tratado.; mas em várias situações protocolos são tidos também como tratados; tratado ou convenção: efeito vinculante; no âmbito do Mercosul tem-se: tratado de assunção e depois; Brasil, Argentina, Uruguai são signatários; 
- um tratado ou convenção pode ser negociado diretamente entre dois ou mais países, ou pode ser elaborado no âmbito de uma organização internacional; o século XX experimentou uma proliferação de organizações (algumas nasceram no final do século XIX, como a de Haia, cujo papel foi elaborar normas de direito uniforme em situações de conflito, como a Convenção de Direito Uniforme sobre a nacionalidade); depois a Conferência de Haia voltou-se mais para a cooperação internacional (a convenção sobre sequestro de crianças por exemplo tem poucas normas de aplicação do direito, visando mais o retorno da criança ao local de residência habitual); a UNCITRAL tem o foco em elaborar normas de conflito, de cooperação, etc → cuida da confecção e execução/circulação de laudos arbitrais para os 149 países signatários; está também na origem na Convenção de Viena sobre compra e venda de mercadorias (o Brasil está em fase de adesão), e tem outros instrumentos sobre transporte marítimo → a uncitral é um departamento temático da ONU; UNEDROIT tem tanto convenções de direito clássico, como convenção de leasing de aviaão, de objetos culturais roubados e sua restituição aos países de origem, tem normas de soft-law (normas não-vinculantes sobre contratos internacionais; a América Latina sempre foi pioneira em adotar tratados internacionais e o fez desde o século XIX (como o Tratado de Lima);
- as conferências interamericanas especializadas em convenções interamericanas: o Brasil é signatário de mais de 20 convenções (obrigações de alimentos etc, etc); 
- um tratado é um pacote que o Estado aceita ou recusa, algumas vezes o tratado permite que o Estado oponha reservas, mas essas reservas tem que estar dispostas no próprio tratado, não podendo ele mesmo opor reservas; 
- qto ao número de partes: o tratado pode ser bilateral ou multilateral; bilateral → entre dois estados ou entre um estado e organização (tratado de sede da ONU com os EUA → instalação de uma dassedes da ONU em Nova Iorque → por isso que o presidente do Irã pode comparecer na assembleia da ONU e lá discursar > se não houvesse esse tratado não se daria autorização a ele); 
- existe também uma classificação quanto às normas: contratuais e normativos; um tratado que disponha, por exemplo, sobre compra e venda, é normativo (dispõe normas); um contratual estabelece direitos e obrigações recíprocos: tipicamente comercial é, por exemplo, o Mercosul; outro caso típico de tratados contratuais são os tratados tributários: se não houver acordo, pode acontecer bi-tributação → é necessário que exista um acordo o Brasil e o país de origem da renda; 
- os tratados se submetem a alguma etapas de internalização no direito brasileiro:
- dependem da vontade soberana do Poder Executivo e do Poder Legislativo;
- a 1ª e a 2ª fase compete somente ao Presidente da República ou por delegação ao MRE para negociar tratados; o Presidente resolve quanto à conveniência e oportunidade de adesão ao tratado → não há quem possa força-lo a aderir, tampouco existe competência dos Estados federados ou dos demais entes da federação para assumir obrigações no plano internacional; o que eventualmente o Estado do Rio (exemplo) possa acordar para finalidade culturais etc não se traduz em tratado internacional, porque o Estado não tem capacidade de direito internacional público; 
- emitida a vontade do Presidente na assinatura do tratado, o tratado precisa se submeter ao crivo do Congresso Nacional (art. 49,I da CR); o Congresso examina o texto do tratado nas comissões de relações exteriores, de constituição e justiça ou comissão que tenha pertinência temática, e o aprova ou por maioria simples (tratados ordinários) ou pelo quórum de 3/5 de cada casa legislativa em dois turnos quando o tratado versar sobre matéria de direitos humanos e tiver sido enviado ao Congresso como proposta de EC (art. 5º, § 3º da CF); os tratados aprovados por maioria simples tem status de lei ordinária, o tratado em matéria de direitos humanos que tenha sido aprovado pelo quórum qualificado para EC se elevará ao status de norma constitucional; 
- o Pacto de S. José da Costa Rica foi internalizado numa época que não havia essa possibilidade de internalização com status de EC; com a EC 45/04, de acordo com o STF, em voto do Min. Gilmar Mendes, criou o conceito de norma legal; a única convenção internalizada com esse ranking é a convenção sobre deficientes físicos; 
29/08/11
- Processo de internalização da norma internacional no ordenamento jurídico brasileiro (cont.):
- o presidente negocia e assina o tratado, ou delegado plenipotenciário (uma espécie de procurador); durante a convenção o tratado é negociado e o presidente firma o tratado, declarando que desde logo, conforme a constituição, o tratado é submetido ao Congresso Nacional (antes de ser enviado ao Congresso o tratado é traduzido no MRE); 
- depois da tradução no MRE é elaborado um projeto de mensagem do presidente com a exposição de motivos por meio da qual o presidente encaminhará aquele diploma para apreciação do Congresso; 
- nada impede que no plano internacional outros países tenham cumprido os trâmites e por isso já esteja em vigor, embora o Brasil ainda não;
- a mensagem quando chega ao congresso se transforma em projeto de decreto legislativo, sendo enviado às comissões existentes no âmbito das comissões do congresso que se ocupam de tratados (comissão de relações exteriores e comissão de constituição e justiça, e depois a alguma outra comissão); há uma discussão no congresso, que ratifica através de decreto legislativo firmado pelo presidente do Senado;
- o tratado é firmado pela convergência de duas vontades: a do presidente e a do congresso; se faltar a primeira não há a segunda; se não houver a segunda fica prejudicada a primeira e o tratado não entra em vigor;
- ratificado pelo congresso nacional o MRE ordena ao embaixador brasileiro no pais depositário das ratificações que informe a ratificação do Brasil; depois disso o Brasil fica vinculado aos demais países, mas é preciso um decreto para dar publicidade ao tratado no âmbito interno → decreto de promulgação;
- outras questões: 
- convenção da ONU sobre pessoas com deficiência, de 2006 → único tratado aprovado com status de EC; 
- convenção da ONU sobre desaparecimentos forçados foi aprovada/ratificado pelo Brasil, mas o Brasil não se valeu do instrumento para torná-la com status de EC, pois foi aprovada por maioria simples, mas como é matéria de direitos humanos, terá status “supralegal”; 
- pra se desvincular é preciso: não pode promulgar apenas uma lei nova, porque aí vale só no âmbito interno; no plano internacional há também um rito a ser observado pelos estados no que tange à sua desvinculação de tratados ou convenções, trata-se da “denúncia do tratado”; 
- a denúncia dependerá das normas do próprio tratado; nenhum país é obrigado a permanecer no tratado, mas em regra há o estabelecimento de um prazo de vacatio após a denúncia;
- para internalizar um tratado é necessária a concorrência de duas vontades: pra denúncia devem participar que executivo e legislativo? A constituição estabelece a competência do presidente para ratificar, mas é silente quanto à participação do congresso; os que pensam que é preciso a participação do congresso se alinham com uma posição do stf de que seria preciso o congresso, mas a prática brasileira era de que a denúncia ser ato privativo do poder executivo; essa prática surgiu a partir de um parecer de Clóvis Beviláqua, e depois da denúncia do Tratado de Versalhes (da 1ª Guerra); uma das ideias vitoriosas trazida foi a Liga das Nações, antecessora da ONU, para lidar com as questões internacionais, daí que veio à ONU; com as pessoas sanções a Alemanha entrou em recessão, extremismos e o rearmamento; o Brasil queria assento permanente na Liga das Nações, mas veio a Alemanha, e aí o Brasil saiu do tratado de Versalhes; 
- o raciocínio de Beviláqua foi que se é da competência do presidente aceitar esses tratados, deveria se ele a denunciar, o que prevaleceu da década de 20 até o início do século XXI; 
- a denúncia segundo a posição prevalente é a de que a denúncia é juízo discricionário do presidente, que afere conveniência e oportunidade de o Brasil se desvincular do tratado a cujas normas se obrigou; 
- em 1996 o Brasil internalizou uma convenção, 158 da OIT, que estabeleceu, entre outros, a necessidade de se estabelecer uma justa causa ao rompimento do contrato de trabalho – segundo a ONU, o direito potestativo do empregador de demitir tem que ser fundamentada, deixando de ser potestativo; surgiram liminares de reintregração; confederações de trabalhadores ingressaram com ADI contra o ato de denúncia da convenção 158; 
- a convenção 158 foi esvaziada de sentido pela interpretação do STF, e aí o governo brasileiro denunciou a convenção;
- entraram com ADI contra o decreto, dizendo que a denúncia tinha que conta com a participação do congresso (ADI 1625) → a questão está inconclusa no STF → prevalece a praxe de que cabe ao poder executivo exclusivamente se manifestar em denúncia de tratado;
- o presidente em tratados de DH denunciar o tratado é algo mais gravo; ç
- protocolo de Genebra de 23 e de 25 conferiam eficácia às convenções de arbitragem; esse sistema foi substituído pela Convenção de Nova Iorque de 58, que estabelecia que ao aderir à convenção estaria automaticamente “denunciando” outros tratados;
- Teorias acerca da incorporação/denúncia:
- Dualista (Trippel): necessidade de fazer editar uma lei no plano interno idêntica à internacional para que incida sobre as relações internas → nesse caso não basta denunciar, teria que revogar a lei; no caso do Brasil, que segue a teoria monista, basta denunciar; 
- os problemas que surgem a partir da incorporação são essencialmente quanto aos conflitos da norma incorporada e a norma que anteriormente existia; entre a norma incorporada e uma nova norma com disposições contrárias; 
- Critérios de solução: hierárquico, da especialização e lei posterior;1. hierárquico: primazia à lei hierarquicamente superior;
2. especialização: a norma especial derroga a geral; exemplo: a norma do tratado para evitar a bi-tributação derrogada aquilo que dispõe em contrário a norma interna;
3. critério da lei posterior derrogar as disposições da lei anterior;
- o Brasil ratificou a Convenção de Viena sobre direito dos tratados: o Brasil se obrigou a não editar normas internas que contrariem normas do tratado;
- 1º Caso (jurisprudência da prova):
- tratado do Mercosul: devem ser cumpridas todas as formalidades para validade do tratado; não existe no âmbito do Mercosul um direito de aplicabilidade imediata como direito comunitário europeu, que ingressa no ordenamento dos países membros da UE sem rito de internalização;
- 2º julgado (jurisprudência): reforma a posição do STJ em matéria de tratado sobre DH; durante alguns anos o STJ afirmou que não havia qualquer incompatibilidade entre a prisão civil do depositário infiel e o Pacto de São José da Costa Rica: para o STJ eram válidas as normas internas que validavam a prisão civil do depositário infiel; depois o STF entendeu que as normas do Pacto tinham uma hierarquia superior, e como vedam a prisão do depositário infiel, o STF desproveu um RE do Bradesco com esse argumento, e estabeleceu que tratados em DH assumiam um status de norma supralegal, acima da legislação ordinária → o STJ teve que reformar o seu entendimento, e o ministro Fux capitaneou essa mudança (então estava no STJ); 
- o Min. Gilmar Mendes foi quem capitaneou no STF essa mudança de entendimento de hierarquia no STF; basicamente diz que a constituição brasileira, pelo seu núcleo essencial de princípios, justifica aquelas normas alcem um patamar distinto da legislação ordinária; 
3ª jurisprudência: prevalência do CDC sobre a Convenção de Varsóvia (substituída pela de Montreal) → mesmo que sejam convenções especiais sobre transporte aéro essa especialidade não prevalece sobre o CDC, que têm cogência, decorrente do status constitucional da proteção do consumidor, e aí a aplicação de critérios de indenização 	“mais largos”; é difícil considerar que apenas por um julgado o Brasil possa desconsiderar o julgado;
4º caso: decisão do STJ em matéria tributária: art. 98 CTN → única norma do ordenamento brasileiro que estabelece uma prevalência das normas internacionais sobre a legislação interna; 
05/09/11
- Questões relativas à competência no plano internacional (contratos):
- se uma relação jurídica tiver relação com mais de 2 ordenamentos terá uma qualificação internacional; a primeira pergunta para determinar qual o direito regerá, um divórcio, por exemplo, terá que se localizar primeiro perante o órgão de solução de disputas → competência no plano internacional: 
				Brasil
Divórcio → bens
				Exterior → problemas para justiça brasileira;
- limites da competência jurisdicional brasileira: se não pode alcançar um bem situado no estrangeiro, só pode alcançar, em regra, aos limites territoriais do país, porque a jurisdição, como expressão da soberania encontra seus limites no espaço sobre o qual o estado pode exercer sua soberania, e sempre vai encontrar resistência quando estiver diante de outra soberania; mas não existe um órgão supranacional que distribua competência para os vários órgãos nacionais; a soberania é limitada pelo próprio Estado;
- se não existe um órgão supranacional que distribua a soberania entre os vários estados, essa soberania é autolimitada, no plano nacional;
- Art. 88 do CPC e ss: competência internacional do justiça brasileira (competência relativa ou concorrente):
I – réu domiciliado no Brasil
II – Brasil local do cumprimento da obrigação
III – litígios fundados em fatos ou atos praticados no Brasil;
- Art. 89: competência com exclusão de qualquer outra (competência privativa):
I – imóveis situados no Brasil;
II – inventário e partilha de bens situados no Brasil;
- Art. 90: ação aforada em outro país não induz litispendência (a litispendência é irrelevante no plano internacional);
- se houver sentença anterior estrangeira, deverá ser homologada no Brasil antes do trânsito aqui no Brasil, determinando-se o encerramento da ação aqui no Brasil; 
- no caso do art. 89, nas ações relativas a imóveis, em 90% dos casos, só tem eficácia quando pega a sentença e leva ao RGI;
- questão delicada: cláusula de eleição de foro:
- segurança jurídica, previsilibilidade, ganhos econômicos;
- direito americano/nova iorquino → tradicionalmente escolhido por suas vantagens; 
- direito mais estável;
- ciosos da liberdade das partes: pacta sunt servanda;
- respeito aos padrões internacionais de conduta nos negócios;
- as cortes são acessíveis às partes estrangeiras (basta que a causa tenha valor mínimo de 1 milhão de dólares);
- a jurisprudência é reverente à escolha da arbitragem;
- existe uma preocupação que os julgamentos sejam finais já na primeira instância → dificilmente via à 2ª instância; 
- eleição de foro ainda é matéria controversa no direito brasileiro, porque não há regra que permita a eleição de foro fora do Brasil; 
- art. 111 → se refere apenas à competência interna → não se aplica automaticamente à eleição de foro estrangeiro; 
- em Nova Iorque também é certo que o juiz acolherá a escolha feita pelas partes em relação ao direito aplicável, a menos que viole a ordem pública local; aqui não há regra sobre escolha do direito;
- em Nova Iorque há cortes especializadas em determinadas matérias; o juiz de primeira instância lá tem um poder que o juiz de primeira instância aqui não tem; 
- existe também a facilidade da promoção de atos como citação e notificação → os EUA são signatários da Convenção da Haia sobre citação e notificação de estrangeiros; 
- o problema no Brasil é interpretação do Art. 88 do CPC → se se verificar qualquer dos incisos do 88, preserva-se a justiça brasileiria → algo mais ou menos incerto na jurisprudência brasileira; 
- razões para adoção de regra autorizando eleição de foro no CPC:
- ampla aceitação da eleição de foro no plano internacional (EUA e EU);
- o Brasil é parte do protocolo do Mercosul sobre jurisdição contratual (art. 4 → regra expressa sobre eleição de foro) → não há jurisprudência sobre a aplicação do Protocolo de Buenos Aires;
- a jurisprudência, embora um pouco confusa, é favorável à cláusula de eleição de foro estrangeiro (STF – década de 50, competência ainda do STF → hoje é o STJ?);
- a não aceitação expressa da cláusula de eleição de foro gera uma inadequação aos contratos internacionais; 
- se o direito brasileiro nega validade à eleição de foro e a justiça julga a causa, essa sentença enfrentará dificuldade para cumprimento → sentença produzida aqui em violação a um local reconhecido como válido → dificuldade em reconhecer essa sentença; 
12/09/11
- competência internacional: continuação:
- no plano internacional se não houver tratados entre os países, essa pluralidade enseja de fato existirem ações idênticas perante justiças de países diferentes;
- essa circunstância da possibilidade de múltiplas jurisdições competentes enseja um fenômeno chamado fórum shopping → possibilidade de escolher o foro, não em virtude de uma cláusula de eleição de foro, mas em virtude de múltiplas jurisdições competentes; há quem enxergue como aspecto negativo da pluralidade de jurisdições; para alguns, porém, é positivo poder escolher; para os negativistas isso causa incerteza quanto ao resultado da demanda; 
- ao lado do fórum shopping existe outro fenômeno peculiar ao direito anglo-saxão que vem sendo importando que é o fórum non conveniens → não é um fórum não compentente, mas não é o mais adequado; forum non conveniens significa a possibilidade que é competene para a causa demitir-se a pedido da parte ré alegando que existe outro foro mais adequado para a apreciação da demanda; no sistema romano-germânico o juiz não tem esse poder de auto-limitação, que é típico dos países de common law, ou de civil law; um dos casos mais célebres de fórum non conveniens foi o vazando de gás na cidadede Bopal na Índia, matando e ferindo milhares → o caso foi parar nos EUA porque a empresa onde vazou o gás é americana e nos casos de torts (responsabilidade civil) da justiça americana serem rigorosos nos casos de danos extra-patrimoniais (concedem danos materiais e danos punitivos) → o processo civil que leva à fixação de indenização é feito por júri e no plano do direito material a doutrina e precedentes admite a fixação de danos materiais e danos punitivos para que esse tipo de conduta não seja repita para quem atua no mesmo seguimento; por isso uma parte das vítimas decidiu litigar nos EUA pleiteando perdas e danos pelo acidente; a empresa disse que seria o foro seria indiano, e a suprema corte disse que não seria lícito estrangeiros valerem-se do foro americano para buscarem indenizações maiores → a diferença de resultado entre o que obtiveram na Índia fez com que a jurisprudência americana se tornasse ainda mais restritiva com o fórum non conveniens;
- recentemente tentou-se com o acidente da Gol com o Legacy, quanto com o acidente da Tam – várias famílias ajuizaram a ação nos EUA (partes feitas nos EUA que teriam dado defeito) – a maioria das vítimas era brasileira e 1 americana; os réus demonstraram à corte que existia um foro alternativo ao norte-americana, que eles aceitariam litigar na justiça americana, que a Tam deveria ser acionada no Brasil, questão de produção de provas, localização de testemunhas, existência ou não existência de interesse público e os autores poderiam iniciar a ação no Brasil sem inconveniente → as cortes decidiram o foro brasileiro seria o adequado; 
- moral: não basta uma mera conexão com a causa; 
- o único instrumento de largo alcance em matéria de competência em casos contratuais e não contratuais é o Regulamento 44/01 (Bruxelas 1) → distribuía competência entre os países da Comunidade Econômica Europeia: dispõe sobre a competência dos tribunais europeus e sobre, admite a cláusula de eleição de foro; esse regulamento só se aplica nas relações intra-comunitárias → nas relações extra-comuntárias cada país tem suas regras; 
- os nossos casos de jurisdição exclusiva brasileira estão no art. co art. 89 do CPC;
- controla-se impedindo que uma sentença proferida no estrangeiro possa surtir efeitos aqui no Brasil; 
- competência concorrente: art. 88 CPC;
- em matéria de divórcio se realizou-se um divórcio com partilha de bens por acordo, não vale o óbice do art. 89, II porque o resultdo seria o mesmo → STF; na partilha de bens em divórcio não configura violação; 
19/09/11
- Revisão das aulas:
- competência envolve os arts. 88, 89 do CPC; 
- Didier: o correto seria jurisdição internacional, e não competência;
- competência está ligada ao processo civil, internacional, porque há um elemento estrangeiro; 
- o art. 88 disciplina a competência da autoridade brasileira, sem excluir outras, o que se vê através de pedido de homologação de sentença estrangeira, podendo ser título judicial ou arbitral; em se tratando de competência concorrente aquele título poderá ser homologado; as partes podem estipular de forma prévia a eleição de foro; 
- Art. 88:
- I se o réu tiver domicílio no Brasil, é competente a justiça brasileira;
- II satisfação da obrigação no Brasil;
- III se originar de fato ocorrido ou ato praticado no Brasil;
- em hipótese de competência concorrente é possível as partes elegerem foro estrangeiro (se domiciliadas no exterior?);
- foro nos conveniens: caso da Gol (Legacy) e da Tam → ajuizada nos EUA, os juízes americanos declararam o foro non convenien (o Brasil seria competente para julgar a causa);
- art. 90 do CPC: não há litispendência internacional; 
Casos da prova:
- Resp 804836 → trata de competência internacional; contrato internacional de representação; uma das partes domiciliada no exterior; cláusula de eleição de foro no Reino Unido; o STJ afirmou que por conta do art. 82, II (a obrigação tinha que ser cumprida no Brasil), a competência é da justiça brasileira; as partes não podem afastar a competência → não importa se no exterior se admite a cláusula de foro;
2º Caso – TJRS:
- contrato internacional com eleição de foro; a justiça brasileira se declarou incompetente; as partes eram paritárias, e haviam elegido o foro uruguaio/paraguaio, então o foro deveria ser respeitado;
- o anteprojeto de CPC previa a cláusula de eleição de foro, oponível na contextação;
- 3º Caso:
- 535: 88, II trata de uma partilha de bens, se referindo a uma partilha causa mortis e não inter vivos;
- 4º Caso:
Resp: 489: contrato de arrendamento de helicóptero: ao vir para o Brasil o helicóptero caiu nas Bahamas; a empresa de seguro entrou contra a empresa americana aqui no Brasil; a empresa americana queria a incompetência da justiça brasileira, mas o STJ declarou a competência da justiça brasileira;
251438:
- competência internacional e cláusula de eleição de foro: navio petroleiro convertido em unidade flutuante; a licitação foi vencido pelo estaleiro Verolme; foram emitidos performance bonds por empresa americana (modalidade de seguro para garantir término de uma obra); a Braspetro entrou contra a empresa garantidora, que disse que a corte competente seria a justiça americana, e a justiça brasileira disse a justiça brasileira seria competente, porque a obrigação principal (transformação) seria cumprida no Brasil (os performance bonds seriam obrigação acessória); 
- empresa World Wide Park Ink contra a CET-Rio e o Município; houve licitação, a empresa estrangeira propôs a ação contra a CET-Rio e outros; citados no Brasil a CET-Rio não responderam a ação no estrangeiro, tendo sido condenas em 2 milhões, o título executivo quando chegou no STJ e a CET-Rio e o Município alegaram eleição de foro da sede da administração público, tendo sido negado o exequatur à sentença estrangeira → a única justiça competente era a brasileira, em razão do art. 55, II da lei 8666/93;
- Imunidade de jurisdição:
- havendo jurisdição nacional ela pode estar ligada à imunidade de jurisdição estrangeira: mesmo que a ação deva seja ser julgada pela justiça brasileira, a ação pode ir para o estrangeiro por conta da imunidade de jurisdição do estado estrangeiro, e essa imunidade de jurisdição é extensiva aos agentes diplomáticos (Convenções de Viena) → princípio Par in Parem Non Habit Iudicium e da soberania estatal → entre iguais não há jurisdição = se o Estado brasileiro está em paridade com outro estado, não teria competência para falar que outro estado estaria errado; 
- isso não significa falta de responsabilidade, quer dizer apenas que o Estado estrangeiro não pode ser demandado fora do seu território → exceção ao princípio da sujeição à jurisdição;
- atos de império e atos de gestão; com relação aos atos de império manteve-se a imunidade de jurisdição, que não haveria em atos de gestão → mas na AC 9696 em 1989 começou-se a fazer distinção;
- atos de império são atos do estado estrangeiro praticados e relacionados com a sua soberania: exemplo, concessão de visto e convocação de eleitorado → nesses casos há imunidade de jurisdição; 
- atos de gestão são atos do estado estrangeiro praticados na condição de pessoa privada; exemplo, contratação de funcionários no Brasil; há na relação questão de direito privado;
- a teorida da imunidade hoje não é mais absoluta, mas relativa; 
- havendo título executivo, e o estado renunciado à sua prerrogativa, pode o exequente executar atos expropriatórios contra bens do estado estrangeiro, seja com base em convenções e jurisprudência: na imunidade de execução somente há duas exceções: 1. Renúncia do próprio estado estrangeiro, 2. Que sejam encontrados bens estranhos àquela legação diplomática (por exemplo, bens de veraneio); 
- competência do STF: art. 102, I, e da CF:
- competência originária: estado estrangeiro/organismo internacional x União, Estado e DF → ACO 575;
- competência da Justiça Federal: art. 109, II
- Estado estrangeiro/organismo internacional x município/pessoa física ou jurídica domiciliada no Brasil; em grau de recursoa competência é do STJ: 105, II, b CF:
- competência da JT:
- se dá em razão da matéria: art. 114 da CF;
1º caso: ACO 575: ação contra a República de Camarões por conta de motorista da embaixada que derrubou um poste; ato de gestão, não havendo relação com ato de império → não havia imunidade a ser invocada;
2º caso: RE 222.368 PE: ação de uma funcionária do consulado geral do Japão que trabalhou durante 15 anos; a CTPS só foi assinada 6 anos depois, não teve férias de 85 a 90 e nunca recebeu 13º; o Japão alegou imunidade de jurisdição; foi considerado um ato de gestão, e foi considerada competente a justiça brasileira; a imunidade de execução é mais abrangente; 
3º Caso: RO 39: sujeito que alega ter dons premonitórios e na época de Sadam Hussein os EUA ofereceram recompensa por Saddam de 25 milhões de U$$; o sujeito propôs ação contra os EUA; propôs a ação na JF, e o juiz extinguiu, e ai entrou-se com RO e o STJ reformou → ato de império, os EUA poderiam invocar a justiça americana, mas com base no art. 88 a competência seria brasileira; os EUA ficaram silentes, e o processo foi extinto;
03/10/11
- Cooperação internacional:
- sempre foi um mecanismo dos rigores da soberania territorial, muito porque os Estados na ordem internacional, a realidade dos Estados impõe a eles uma cooperação recíproca, impõe que eles exerçam essa cooperação, seja com base numa noção de reciprocidade, de justiça internacional etc; 
- nenhum estado consegue, apesar da alegada soberania, nenhum país consegue sobreviver sem um mínimo de cooperação com outros Estados, sempre havendo situações em que um país precisará recorrer a um outro país para iniciar uma ação no seu território → pedido a outro estado que pratique medidas que vão ser úteis em um procedimento jurisdicional ou administrativo: a cooperação jurídica internacional é limitada por esses atos;
- em 90% dos casos se faz entre poder judiciário dos países, mas há também casos que não são entre poderes judiciários;
- até uns 25 anos atrás o pedido de citação de um juiz brasileiro esse pedido ia para o Ministro da Justiça, depois ia para o Ministério das Relações Exteriores, que entregava à representação diplomática, e por essa via chegava ao país, seguia o trâmite de lá e só então, por exemplo, citava; com os anos vários acordos surgiram, como as autoridades centrais: ex: convenção da Haia sobre sequestro de crianças → a parte interessada pode constituir um advogado do país pra onde a criança foi sequestrada e lá seguindo os trâmites seguir a via; mas pode também acionar a autoridade central no seu próprio país, que vai entrar em contato com a autoridade central para onde foi sequestrada a criança, e aí os atos serão entre autoridades centrais; 
- normalmente o texto da própria convenção já indica quem é a autoridade central no seu país para aquela convenção;
- nas convenções de cooperação no Brasil em 90% dos casos é o DRCI – Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça → pra ele é que são mandadas as cartas rogatórias de outros países; para a Convenção da Haia é a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, sendo por ela que tramitam os pedidos de restituição de menores que não estão no país dos seus genitores;
- muitas vezes essas autoridades centrais comunicam-se com mais agilidade (e-mail, contatos diretos etc → o próprio tramitar já confere legitimidade); 
- existem os 1. atos de mero trâmite, como citação, informação sobre direito estrangeiro etc, 2. Os atos executórios: busca e apreensão etc, 3. E os atos relacionados à prisão/extradição;
- tipos de cooperação:
1. cumprimento de cartas rogatórias, 
2. homologação de sentenças estrangeiras (arbitrais e judiciais);
3. auxílio direto (contorno mais direto);
- os dois primeiros comportam uma distinção: não passam pelo judiciário interno;
- nos EUA e na Argentina a sentença estrangeira é reconhecida por uma corte de primeiro grau → esse modo de cooperar obedecerá o que disser a legislação do país estrangeiro;
- em termos de fontes essa parte de cooperação é meio bagunçada; a CF estabelece uma “regra” no art. 4º (“cooperação entre os povos para o progresso da humanidade”....); o CPC e o STJ é que estabelecem o quadro geral das cartas rogatórias e sentenças estrangeiras; Resolução 1 do STJ: disciplina os procedimentos de carta rogatória e sentenças estrangeiras; os julgados do STJ mencionarem as fontes internacionais em que se fundam ainda não é padrão;
- no Mercosul é que esses acordos funcionam muito bem, tanto no trâmite das cartas rogatórias quanto na homologação de sentenças; Protocolo de Las Leñas: permitir que uma sentença possa chegar ao STJ por uma simples carta rogatória; 
- hoje a citação para responder por dívida de jogo é admitida no Brasil, mas a sentença não deve ser reconhecida; 
- resolução 9 do STJ: deixa expresso a possibilidade de homologação de provimentos não judiciais que pela lei brasileira teriam natureza de sentença, por exemplo o divórcio prolatado por tribunal religioso; ou a homologação parcial (a parte boa, válida, e deixa de se homologar a parte que afronta a ordem jurídica brasileira – caso do jogador Falcão); outra possibilidade é a tutela de urgência nas homologações de sentença estrangeira, em casos excepcionais, para assegurar o efeito útil da sentença (como em pedido de alimentos de sentença estrangeira);
24/10/11
- Processo internacional:
1. competência internacional
2. imunidade de jurisdição
3. aplicação do direito estrangeiro
4. a caução de estrangeiro e pessoa jurídica estrangeira
5. cooperação jurídica internacional → cartas rogatórias
6. sentenças estrangeiras
7. auxílio direto e cooperação administrativa
- Cooperação jurídica internacional
a) pano de fundo → “aldeia global”
b) conceito
c) princípios norteadores
d) fontes: interna e externa
e) modalidade: ativa e passiva
f) tipos: homologação de SE, concessão de CR, auxílio direto, cooperação administrativa
- Cartas rogatórias
- Homologação de sentenças estrangeiras
a) conceito
b) sistema de delibação
c) pressupostos de admissibilidade
d) procedimento
e) observação
- temos uma maior troca internacional, seja por comércio, seja entre as pessoas mesmo (casamentos, viagens etc): há necessidade de se prever mecanismos que tornem essas relações mais seguras; são situações cada vez mais comum → aldeia global;
- conceito de cooperação jurídica internacional: em sentido amplo significa o intercâmbio internacional para o cumprimento extraterritorial de medidas processuais; esse intercâmbio em sua maioria ocorre entre órgãos judiciais, mas pode se dar entre um órgão judicial e um administrativo ou entre órgãos administrativos; 
- esse pedido de cooperação se baseia em tratados internacionais ou no princípio da reciprocidade;
- princípios norteadores:
- reciprocidade
- cortesia
- boa-fé
- fontes:
- destacam-se duas: 1. Interna: CC, CPC, CF, CPP, mas uma especial, a Resolução 9 do STJ (importante pra prova!) → disciplina a concessão de cartas rogatórias e de exequator; 2. Externa: tratados internacionais: Convenção Sobre Adoção internacional → Decretos 3.174 e 3087 e a Convenção Sobre os Aspectos Civis de Sequestro de Menores → Dec. 3413
- modalidades: ativa e passiva:
Ativa: é requerida por um juiz nacional para autoridade judiciária estrangeira, via DNRCI do MJ: em regra é a nossa autoridade central; 
Passiva: requerida por juiz ou autoridade estrangeira para o Estado Brasileira: carta rogatória, pedido de auxílio direto etc; 
- Tipos: 
- Cartas rogatórias: as cartas rogatórias são um pedido formal de auxílio para instrução de processo feito pela autoridade de um Estado para outro (via diplomática ou via autoridade central); as cartas rogatórias destinam-se ao cumprimento de alguns atos, tais como: citação, coleta de provas, penhora, esclarecimentos; se presta para atos decisórios e não decisórios, mas não definitivos, como é o caso das sentenças estrangeiras; no âmbito do Mercosul, os pedidos de homologação de sentença estrangeiras sedão via Protocolo de Las Leñas, por carta rogatória (como a carta rogatória já vem de uma autoridade, prescinde da consularização);
- Auxílio direito:
- conceito: modalidade de cooperação exercida através de uma autoridade central nacional apta a atender a demanda interna → no Brasil em regra o DNRCI, vinculado ao MJ; basicamente a autoridade ou interessado estrangeiro, encaminho esse pedido de auxílio direto, e o DNRCI faz a análise dos fatos e provas e encaminha para o legitimado para propor a ação judicial, que no caso do Brasil é o AGU para matérias civis e o MPF para matéria penal; no caso Sean uma peculiaridade foi o pedido de auxílio direto (no caso o pai);
- Cooperação administrativa: § 7ª da Resolução 9 do STJ;
- na cooperação administrativa não há, basicamente, necessidade de atuação do poder judiciário → o DNRCI encaminha diretamente para o MJ para tomar as providências; 
- Homologação de sentença estrangeira:
- conceito: instrumento destinado a dar eficácia em um Estado à sentença proferida por outro Estado; 
- toda e qualquer sentença estrangeira pode ser homologada no Brasil, salvo quando tratar-se de qualquer das hipóteses previstas no art. 89 do CPC, que é competência exclusiva; 
- competência: após a EC 45/04 é do STJ – Art. 105, i da CF;
- natureza jurídica: de ação → sentença constitutiva; uma vez homologada é expedida carta de sentença para a JF do local da execução;
- a parte interessada é que entra com o pedido de homologação; 
- Sistema ou juízo de delibação:
- sistema processual de contenciosidade limitada, no qual o STJ analisa o preenchimento dos requisitos formais (Art. 5º e 6º da Resolução 9) e se aquele ato ofende ordem pública, soberania e bons costumes → não há análise do mérito da decisão: apenas um juízo de delibação; 
- Exemplo: durante muito tempo não era concedido exequatur de citação para dívida de jogo em estado estrangeiro (o que não é admitido no Brasil), o que ofende a ordem pública, mas hoje isso mudou: se a dívida foi contraída lá licitamente, ao Brasil não cabe não conceder a citação; 
- pressupostos de homologabilidade (art.s 5º e 6º da Res) – requisitos formais:
1. tem que ter sido proferida ou prolatada por autoridade competente; 
2. no estrangeiro ter ocorrido a citação válida do réu ou ter verificado legalmente a revelia; 
3. trânsito em julgado daquela sentença estrangeira – Súm. 420 do STJ (prova do trânsito);
4. consularização e tradução (tradutor público juramentado) dessa decisão; 
- Procedimento:
1. a parte interessada entra com o pedido de homologação, e aí preenche todos os requisitos do CPC de uma petição inicial, além desses da resolução; é distribuída ao ministro presidente (competência), que possibilita a emenda, se vício sanável (por exemplo comprovação do trânsito); 
2. intimação da parte, para se querendo contestar no prazo de 15 dias; 
3. devidamente intimado e localizado e oferecida a contestação, o MPF, custos legis, opina no prazo de 10 dias → é distribuída a um ministro relator e julgada pela corte especial; 
- se a outra parte não for localizado há nomeação de um curador especial; opina o MPF em 10 dias e decide-se monocraticamente (Ministro Presidente), cabendo agravo regimental à corte; 
- Observações:
- todas as sentenças estrangeiras precisam de homologação do STJ: art. 483 do CPC; a homologação pode ser parcial: SE 4333 STF → pedido de homologação de divórcio: como na guarda dos filhos as partes já tinham ajuizado ação no Brasil;
- conteúdo econômico: tem-se que atribuir um valor à causa, como no Brasil → caso da homologação de um laudo arbitral de dois milhões cujo valor era de dez mil, a parte impugnou mas o STJ manteve o procedimento; 
31/10/11
- Obrigações no DIPRI
- Art. 9º da LNDB – trata de obrigações, que derivam do contrato e da lei (ex lege, extracontratuais);
- embora a boa fé do art. 422 do CC se aplique à fase pré e pós contratual, a fase pré não é contratual, o que existe são tratativas, negociações, o que não impede que algumas normas pertinentes ao contrato se aplique ao contrato; se fulano resolver ajuizar uma ação por má fé de beltrano na consecução do contrato, a lei pode ser uma ou outra, mas não existindo contrato formal será classificada como extracontratual, e o Art. 9º não distingue as obrigações, abrangendo tanto as obrigações do contrato quanto as extracontratuais; 
- o código civil francês define como contrato internacional o contrato que ponha em jogo questões/negócios do direito internacional → é uma definição muito abrangente; classicamente a definição de contrato internacional é definido pelo fato de as partes terem domicilio em países diversos, ou ser celebrado em um país estrangeiro em relação ao domicilio das partes ou ter a sua prestação a ser cumprida num país estrangeiro;
- enquanto o contrato interno nasce e se extingue sob o império de uma mesma lei, o contrato internacional se liga a mais de uma mesma lei, daí que precisamos de uma lei que diga qual a lei aplicável àquela relação jurídica;
- nos contratos nacionais normalmente as partes sujeitam-se a um mesmo grupo de regras e ou práticas comerciais, ou condutas derivadas de uma cultura; já nos contratos internacionais há conflitos culturais, como uma negociação entre árabes e outros, pois o direito islâmico proíbe juros de mora; 
- os problemas dos contratos internacionais podem ser processuais (problemas em virtude da lei e da vontade das partes, citação da parte contrária) e todas essas matérias são reguladas pela lei do foro (do juiz) e também há questão da arbitragem internacional eleita pelas partes; 
- se de um lado na maior parte dos países vigora a autonomia da vontade das partes, podendo estipular o conteúdo e a lei aplicável, aquelas normas que o estado reputa-se aplicável aplicam-se independentemente da vontade das partes; exemplo, em matéria de representação comercial ou agência o código civil de 2002 trouxe uma regulação para o contrato de agência, mas não revogou expressamente uma lei voltada para representação comercial editada em 1965, que estabelece o pagamento de um nº de meses do contrato ao representante que tenha o contrato rompido sem justa causa; há quem entenda que essa norma é imperativa, não adiantando no contrato de representação comercial se A contratasse B como representante comercial exclusivo no Brasil e os dois não poderiam afastar as normas relativas ao contrato por que são normas imperativas, ainda que elegessem a lei de Nova Iorque para reger todas as obrigações do contratos, ou seja, não afastaria a lei brasileira naquilo que rege sobre os contratos → exemplo: contrato de barriga de aluguel: no exterior pode ser oneroso, aqui no Brasil não; 
- outro assunto importante é a fragmentação do contrato: se falarmos de capacidade para contratar → Z tem 15 anos e vai contratar com Y: alguém poderia entrar como uma anulação por incapacidade: o art. 9º fala dos contratos, mas se a discussão for sobre capacidade, a disposição vai ser buscada no domicílio da pessoa, conforme o Art. 7º da LNDB = para um contrato podemos ter várias leis aplicáveis, dependendo do assunto;
- é comum também, mesmo em contratos de longa duração (ninguém tem “bola de cristal” para estipular todas as questões, existirão necessariamente lacunas, que serão estipuladas por normas externas ao contrato → índices, preço de bolsa etc e para além disso também há normas de renegociação de contrato, quando algum fato superveniente determine o desequilíbrio e a honerosidade excessiva (regras que regulam a onerosidade excessiva e a teoria da imprevisão reequilíbrio contratual);
- a 1ª lei de contratos internacionais foi a Lex Loci Contractus: Bartolo di Sassoferato → Escola dos Glosadores, século XIII = lei do lugar do contrato; a matéria não é pacífica na doutrina, mas também não é decidida na jurisprudência, até porque ela é tímida em afirmar a autonomia da vontade na eleição do direito; a única maneira de garantir que a lei eleita seja aplicada é a arbitragem = se se escolhe a arbitragem as partes podem livremente escolher asregras de direito aplicáveis ao mérito → art. 2º da Lei 9.307/99; quando falamos regras de direito é muito diferente de lei aplicável, que significa sempre a lei nacional de um país = regras de direito diz respeito não apenas a um país, mas também as regras de uma organização internacional (direito transnacional): em arbitragem vale tudo o que não seja atentatório aos bons costumes e à ordem pública se escolheram mal, terão um mal resultado; se levam o mesmo contrato para uma instância judiciária deve aplicar as normas da LNDB, aí não tem mais a mesma amplitude de escolher a lei aplicável; 
- modernamente todos os países adotam a autonomia da vontade, com exceção de países da América do Sul, com exceção do Chile, Peru e Venezuela; a introdução ao CC de 16 previa essa autonomia, que foi retirada em 42 com a LICC, e só retornou com a lei de arbitragem; na União Europeia o Regulamento Roma I prevê ampla autonomia, nos EUA e Japão também; perdemos a oportunidade de ratificar, no âmbito americano, da Convenção Interamericana Sobre o Direito Aplicável aos Contratos Internacionais → o Brasil chegou a assinar, mas não ratificou na maioria dos países é reconhecida a autonomia da vontade; se escolhem a arbitragem 100% reconhecem a autonomia da vontade, mas se não escolhem ainda há focos de resistência em matéria conflitual nos países da América do Sul;
07/11/11
- Quanto aos contratos internacionais no Brasil, o LINDB adota o lox loci celebrationsis; não prevê a autonomia da vontade (escolha do direito), somente se escolherem a arbitragem, nem há previsão de autonomia da vontade em contratos de consumo;
- o problema da autonomia da vontade em contratos de consumo é provar a autonomia da vontade na adesão a determinada regra; 
- embora a lei aplicável aos contratos seja aplicável à substância e aos efeitos, há aspectos que são regidos por outras leis que não aquelas do Art. 9º da LINDB ou aquela escolhida pelas partes → fala-se na dépessage do contrato: sempre há aspectos que serão regidos por uma lei distinta: por exemplo, capacidade das partes; em alguns casos é alguma formalidade, por exemplo há contratos que exigem forma escrita, ou escritura pública, como o contrato de imóvel que exige não só a forma escrita, mas também notarial → se o contrato envolve algum ângulo formal a lei que regerá a anulabilidade desse contrato pela ausência do requisito não é a mesma lei que rege a substância do contrato: nesses casos a lei será sempre a lei do local me que esse contrato foi celebrado; há outros casos, como peculiaridade da entrega, ou moeda de pagamento, em que o contrato será regido pela lei do local em que a prestação será entregue: exemplo, compra e venda de equipamentos → ainda que esteja pactuado em dólares americanos, o pagamento tem que ser feito em moeda corrente aqui no Brasil;
- outra questão em que a dépessage entre em cena é a cláusula de eleição de foro → dependerá da lei do local em que invocar a cláusula de eleição de foro;
- muitos juízes confundem lei aplicável e foro eleito: normalmente essas duas cláusulas vêm juntas, mas é possível que venham separadas; 
- hoje em dia já existe alguma jurisprudência em matéria de autonomia da vontade em matéria de contratos, nem é uma jurisprudência de uma hierarquia superior: o STJ ainda não se manifestou sobre a possibilidade de as partes poderem eleger em matéria contratual → Tribunal de Alçada Civel de SP apreciou a matéria: havia uma disputa entre as partes sobre a eleição de foro (o foro eleito não foi respeitado, mas chancelou a lei inglesa como aplicável) → houve uma expressa chancela da escolha feita pelas partes num contrato de distribuição pela lei inglesa (embora julgado aqui); essa escolha só vai esbarrar no art. 17 da LINDB (ofensa à soberania, à moral e aos bons costumes), por exemplo uma lei que admita a poligamia;
- o Tribunal de SP expressamente se refere à autonomia da vontade, dizendo que as partes podem escolher o foro e as leis, mas deve levar os fatores mencionados do art. 17; refuta a ideia de que a aplicação da lei estrangeira implicaria afronta à soberania nacional (ex: a aplicação do direito estrangeiro não poderia afastar a igualdade de credores, prevista na lei 11.101);
- responsabilidade extracontratual:
- Art. 9º da LINDB: se um diz que é a lei do seu país e o outro a do seu país, vale a lei onde se constituir a obrigação; mas, podem ter negociado numa país, provocado a ruptura em outra, e o eventual prejuízo ter se constituído em outro → para aplicar o artigo tem que localizar o local onde ocorreu o dano → vale a lei do lugar onde ocorreu o dano; 
- no que tange à obrigação extracontratual a aplicação do caput do art. 9º deve considerar o local do dano; 
- exemplo, vazamento de óleo da plataforma da BP no Golfo do México; imagine-se que atingiu a costa do Maranhão; se o MP ajuizasse ação contra a BP, qual seria a lei aplicável? Se a mancha tiver atingido o Maranhã a lei seria a brasileira; se atingisse as Ilhas Canárias, na Espanha? Na Europa há uma norma uniforme aplicável às relações extracontratuais → o direito espanhol para a matéria é o direito europeu (Roma II – Regulamento Europeu); as partes podem escolher a lei aplicável para determinar a extensão da responsabilidade; essa atividade da BP é de risco, porém o Art. 4º da Roma II diz que será a lei do local onde ocorreu o dano; 
- há uma 3ª lei para além da escolhida pela partes (na Roma II): se houver ato ilícito, será aplicado a do país; 
- para danos ambientais o direito europeu (Art. 6º do Regulamento Roma II) prevê que a parte lesada pode basear seu pedido de acordo com a lei do país onde ocorreu o fato que deu origem ao dano;
- a ideia da Profª Cláudia Lima Marques é poder dar ao consumidor escolher a lei que lhe seja mais favorável; é algo um pouco difícil → o consumidor não gasta muito tempo pensando em ler a que lei se adequada; por outro lado em termos de custo para a empresa esse custo aumenta muito para a empresa se ela possibilitar a cada consumidor essa escolha; 
21/11/11
- Revisão:
- sentença arbitral tem que ser homologada;
- sentença estrangeira pode ser parcialmente homologada;
- o único meio de citação válida é por carta rogatória;
- a convenção de arbitragem pode dispor citação nos moldes da convenção de arbitragem; 
- as cartas rogatórias podem ter objeto decisório e não decisório? Decisão cautelar, tutelar de urgência, são atos decisórios que não se identificam com sentença: nem são ato típico de rogatória, nem de sentença; muitas vezes tinha-se que dar efeito a uma decisão cautelar, por exemplo um arresto; 
- atos que não sejam típicos de rogatória, exemplo, mero pedido de informação sobre legislação, o STJ encaminha para o MJ dar o encaminhamento; 
- mera prestação de informação não seria violação ao direito de ir e vir; 
- é vedado discutir o mérito da sentença estrangeira;
- a tutela antecipada em pedido de homologação de sentença, vem sendo concedida com muita parcimônia; 
- o deslocamento da homologação do STF para o STJ ensejou a possibilidade de existência de RE para o STF;

Outros materiais