Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO Fármacos: isquemia do miocárdio OBJETIVOS NO TRATAMENTO • Tratar a doença coronariana • Tratar o paciente que sofreu infarto FISIOLOGIA CARDÍACA • CORAÇÃO: bomba que bombeia sangue para duas circulações GRANDE CIRCULAÇÃO: oxigenação, nutrientes e hormônios para todos os tecidos do corpo PEQUENA CIRCULAÇÃO: tecido pulmonar (troca gasosa) • RITMO DO CORAÇÃO: ditado por fibras, que são miócitos especializados no impulso (nó SA, nó AV, fibras acessórias) → primeiro contrai os átrios e depois os ventrículos, de forma sequencial e harmônica • CONDUÇÃO ELÉTRICA: Nó SA dispara/despolariza → átrios contraem Nó AV dispara/despolariza → ventrículos contraem • POTENCIAL DE AÇÃO: Canal de sódio → canal de cálcio → canal de potássio Fases: 2 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO O QUE PODE CAUSAR UMA ISQUEMIA? ATEROSCLEROSE CORONARIANA Formação de placas de ateroma (é fisiológico do processo de envelhecimento) → mas na dislipidemia pode aumentar • O coração precisa ser muito irrigado para receber grande quantidade de O2 e nutrientes, e recebem pelas artérias coronárias • Artérias coronárias são sinusóides (curvadas) = ruim, pois há acúmulo das placas nas curvas OBS: entre uma pessoa mais nova e uma pessoa idosa, a probabilidade de morrer se tiver um infarto é maior no mais jovem → no idoso tem a circulação colateral, para levar mais suprimento sanguíneo para o coração PLACA DE ATEROMA: • Inflamação, lipídeos, macrófagos (Foam cell), sistema imune (tentando fagocitar), hemostase • Pode se romper • Rompimento da placa de ateroma: fenômeno multimediado e processos tromboembólicos Inclusão incompleta das a. coronárias → angina instável e alterações no ECG; ou Inclusão completa da a. coronária → infarto agudo do miocárdio (IAM); ou Resolução momentânea, mas maior risco de lesão futura 3 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO • Pior cenário: ↓ O2 no coração = não chega suprimento sanguíneo = ISQUEMIA DO MIOCÁRDIO = morte celular por 2 mecanismos (necrose ou apoptose) = morte da célula do miocárdio = sem função estabelecida • Pode levar a uma dor severa precordial (dor no peito, membro superior e pescoço) ocasionada por esforço físico, frio ou agitação → ANGINA; e por conta da dor causa um excesso de atividade simpática e arritmas A dor pode ser inibida com opioides Para o excesso da atividade simpática e arritmias → dar beta-bloqueadores Para o excesso do trabalho cardíaco → dar IECA e BRA CARDIOPATIA ISQUÊMICA Quando há demanda alta de O2 pelo organismo, mas o coração não consegue suprir, por alguns motivos: • Sem força de contração cardíaca (O2 não chega nos tecidos) • Baixa FC • Pré carga: retorno venoso → retorno do sangue para o coração (força que o coração faz para voltar pelas veias - tônus) • Pós carga: pressão arterial → força que o coração vai fazer para vencer a resistência das artérias e cumprir a grande circulação ANGINA PRINCIPAL SINTOMA: PRECORDIALGIA POR ISQUEMIA CARDÍACA DISTRIBUIÇÃO NO PEITO, MEMBROS SUPERIORES E PESCOÇO OCORRE QUANDO A OFERTA DE OXIGÊNIO AO MIOCÁRDIO É INSUFICIENTE PARA SUAS NECESSIDADES (DESEQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E CONSUMO DE O2 PELA CÉLULA CARDÍACA) PODE SER DE 3 TIPOS • Angina Estável (esforço): no esforço físico ocorre aumento da demanda sobre o coração e geralmente a angina é causada por um estreitamento dos vasos coronarianos por ateroma Nitratos orgânicos, betabloqueadores e/ou antagonistas de cálcio, estatina (tratar a doença ateromatosa); profilaxia contra trombose (aspirina) • Angina Instável (repouso): ocorre um trombo de plaquetas e fibrina associado com placa de ateroma, mas sem oclusão completa do vaso Anticoagulantes (aspirina, clopidrogel) e antitrombóticos reduzem o risco de infarto do miocárdio Nitratos orgânicos para dor isquêmica • Angina de Prinzmetal (primária): é mais incomum, ocorre em repouso e é causada por vasoespasmo coronariano, frequentemente associado a ateroma Vasodilatadores coronarianos (nitratos orgânicos, antagonistas de Ca+) TRATAMENTO DA CARDIOPATIA ISQUÊMICA • Correção do estilo de vida (tabagismo, alcoolismo, obesidade, dislipidemia) • Intervenção sobre fatores de risco • Tratamento farmacológico Objetivos: ▪ Alívio dos sintomas ▪ Melhora capacidade funcional ▪ ↓ isquemia miocárdica total ▪ Prevenção do infarto e morte súbita FÁRMACOS PARA ISQUEMIA CARDÍACA NITRATOS ORGÂNICOS ANTAGONISTAS DE CANAL DE CÁLCIO BETA-BLOQUEADORES ANTIAGREGANTE PLAQUETÁRIO ANTITROMBÓTICOS 4 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO TRATAMENTO DA ANGINA • SUPRIMENTO DE O2 DO CORAÇÃO: é feita pelo tônus das artérias coronárias → vai perfundir o coração com O2 dependendo do tônus Na isquemia não chega O2 suficiente • DEMANDA DE O2 DO CORAÇÃO: depende da pré- carga e pós-carga Pós-carga: tônus arteriolar Pré-carga: tônus venoso DIFERENÇA DE ARTÉRIA E VEIA **artéria tem muito mais m. liso TÔNUS VASCULAR • Determina a suficiência de perfusão dos tecidos do corpo • Depende das artérias e veias Artérias: importantes para o O2 do miocárdio Arteríolas: definem a pós-carga, demanda de O2 do miocárdio e perfusão regional do miocárdio Veias de capacitância: definem a pré- carga e demanda de O2 do miocárdio Artérias coronárias: suprimento de O2 do miocárdio • Associados a uma desregulação do tônus vascular: angina de peito, hipertensão, fenômeno de Raynaud e enxaqueca CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO DO MÚSCULO • A contração dificulta o bombeamento do coração (possui maior resistência, assim, precisa fazer mais força). Assim, o músculo relaxado facilita o bombeamento do coração Mas o que define a contração e o relaxamento? FÁRMACOS PARA ANGINA NITRATOS ORGÂNICOS E NITROPRUSSIATO DE SÓDIO INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE (sildenafil) BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO (Nifedipino, Anlodipino) ATIVADORES DOS CANAIS DE POTÁSSIO (minoxidil, cromacalim, pinacidil, nicorandil) 5 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO • CONTRAÇÃO: dependente de cálcio (canal de Ca+ tipo L voltagem dependente) Ca+ entra dentro do músculo liso pelo canal de Ca+ tipo L regulado por voltagem → se liga a calmodulina → via de sinalização → contração • RELAXAMENTO: dependente de NO (óxido nítrico) NO (liberado pelas células endoteliais dos vasos sanguíneos) entra no músculo liso → ativa a Guanilato ciclase → ativa a enzima Miosina L-C fosfatase → relaxamento ONDE OS FÁRMACOS ATUAM: PRÉ OU PÓS CARGA? • Antagonistas de Ca+ atuam mais em artérias (pós-carga) do que em veias (pré-carga) Pois as artérias tem mais camada muscular • Nitratos atuam mais em veias (pré-carga) do que em artérias (pós-carga) • IECA e BRA = atuam nos dois Ação diminuindo os eletrólitos • Antagonista alfa-1 e nitroprussiato de sódio: atuam nos dois também NITRATOS Geram NO dentro da célula → causam relaxamento • ↓↓↓ pré-carga (veias) (principalmente) o Atuam mais em veias • ↓ pós-carga (artérias) • ↓ demanda de O2 = coração trabalha mais suave = ↑ suprimento de O2 no coração/miocárdio MECANISMO: os nitratos liberam NO → ativa guanilato ciclase → transforma GTP em GMP cíclico (GMPc) → relaxamento na célula • Atuam na musculatura lisa, reduzindo o tônus vascular (↑ GMPc) PRÉ-CARGA PÓS-CARGA 6 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO • A geração de NO a partir do nitrato orgânico (via uma aldeído desidrogenase mitocondrial) →depende de uma fonte de grupos sulfidrila livres NITROGLICERINA DINITRATO DE ISOSSORBIDA MONONITRATO DE ISOSSORBIDA **Normalmente são administrados via sublingual → maior vascularização (maior absorção e ação mais rápida) e não sofre metabolismo de primeira passagem OBS: NITRATOS ORGÂNICOS (VASODILATADOR DE ARTÉRIA E VEIA) X VASODILATADORES ARTERIOLARES • Ao usar nitrato = a área isquêmica tem maior chance de receber sangue do que no uso de vasodilatadores arteriolares ou nenhum fármaco • Por isso os nitratos são os mais usados na cardiopatia isquêmica → diminui os danos da formação das placas RESPOSTAS REGULATÓRIAS À VASODILATAÇÃO • Toda vez que ocorre a vasodilatação, o organismo regula esse processo com vários mecanismos: Ativação de nervos simpáticos ↑ batimentos cardíacos ↑ SRAA • Por isso, esses pacientes não usam só os nitratos, eles usam outros fármacos para não ter essa regulação à vasodilatação, levando a uma vasoconstrição EFEITOS FARMACOLÓGICOS DOS NITRATOS • ↑↑ vasodilatação das grandes veias = ↓ pré- carga, ↓ consumo O2, ↑ fluxo O2 • ↓ DC, ↓ taquicardia reflexa – não altera PA (baixas doses) • Vasodilatação arteriolar, ↓ RP, ↓ PA (altas doses) • Vasodilatação cerebral • Circulação coronariana: redistribuição do fluxo sanguíneo no coração; restaura a irrigação das regiões 7 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO subendocárdicas (> compressão); melhora a circulação colateral já existente • Inibição da agregação plaquetária (modesta) → devido o ↑ GMPc • Altera a farmacocinética da heparina (↓ efeito antitrombótico) • Relaxa o músculo liso brônquico, trato biliar e TGI (inclusive esôfago) USOS TERAPÊUTICOS • Angina: Sublingual: na crise, a cada 5 min, até 3x ▪ Prevenção: exercício e estresse VO: Profilaxia de episódios mais frequentes Cutânea: angina noturna • Angina instável: com rotura de placa IV: ↓ vasoespasmo Uso de nitrato com antagonista de canal de Ca+ • Angina de Prinzmetal: ↓ vasoespasmo • Infarto do miocárdio: infusão de nitroglicerina • ICC: congestão pulmonar (↑ capacitância e ↓ pré-carga) • Emergência Hipertensiva: uso do nitroprussiato EFEITOS INDESEJÁVEIS • Cefaleia pulsátil • Rubor, tontura, palpitação • Hipotensão ortostática • Erupções, distúrbios TGI (VO) • Tolerância Administração deve ser com intervalo de 8-12hrs • Interação medicamentosa com inibidores de PDE5 (por conta do ↑ GMPc) Sildenafil (Viagra), Vardenafil (Levitra), Tadalafil (Cialis) → causam hipotensão grave quando usados em conjunto ANTAGONISTAS DE CANAIS DE CÁLCIO CANAIS DE CÁLCIO: • Regulados por voltagem (L, T, N, P) • Diferem nas suas propriedades eletroquímicas e biofísicas e nos seus padrões de distribuição tecidual • Canal do tipo L constitui um importante determinante do tônus vascular e da contratilidade cardíaca ANTAGONISTAS DE CANAIS DE CÁLCIO: atuam nas arteríolas periféricas, causam vasodilatação = ↓ pós carga = ↓ demanda O2 = ↓ PA = ↓ resistência periférica • Atuam mais em arteríolas e coração (miócitos) • Quase não atuam em veias • Também atuam em automaticidade e condução 8 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO • Verapamil e Diltiazem são inibidores da P450 = interação medicamentosa SELETIVIDADE DOS BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CA+ VASODILATAÇÃ O ARTERÍOLAS PERIFÉRICAS E ARTÉRIAS CORONÁRIAS DEPRESSÃO DA CONTRATILIDA DE CARDÍACA DEPRESSÃO DA AUTOMATICIDA DE (NÓ SA) DEPRESSÃ O NA CONDUÇÃ O (NÓ AV) NIFEDIPIN A 5 1 1 0 DILTIAZEM 3 2 5 4 VERAPAMI L 4 4 5 5 • Paciente com cardiopatia isquêmica = usar nifedipina • Paciente com cardiopatia isquêmica + arritmia = verapamil USOS TERAPÊUTICOS • Angina de Prinzmetal – dilatação coronariana • Angina de esforço • Angina instável • Antiarrítmico (Verapamil) • Antihipertensivo (Dihidropiridinas) EFEITOS INDESEJÁVEIS • Vasodilatação excessiva • Hipotensão, tontura, cefaleia • Rubor, disestesias, taquicardia reflexa OBS: Verapamil é contraindicado com betabloqueador Efeito aditivo não benéfico BETA-BLOQUEADORES USOS TERAPÊUTICOS • Isquemia miocárdica silenciosa • Angina estável e instável: terapia adicional aos vasodilatadores (nitratos e antagonistas de canal de Ca+) • Hipertensão • Arritmia • ICC compensada • Glaucoma • Profilaxia da enxaqueca EFEITOS INDESEJÁVEIS • Broncoespasmo (principalmente não seletivos, pois bloqueia 2 no pulmão) • Insuficiência cardíaca • Bradicardia, hipotensão • Indisposição • Distúrbios do sono CONTRAINDICAÇÕES • Associação com Verapamil • Asmáticos e diabéticos • Insuficiência arterial periférica INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE **Não pode usar com vasodilatadores → hipotensão grave SILDENAFIL (Viagra) • Protótipo dos inibidores da fosfodiesterase • Altamente seletivo para a GMPc fosfodiesterase do tipo V (PDE5) A PDE5 é expressa principalmente no músculo liso do corpo cavernoso, mas também é expressa na retina e nas células musculares lisas vasculares • São prescritos para disfunção erétil AMRINONA (Inocor); MILRINONA (Primacor) • Aumenta a contratilidade miocárdica e reduz o tônus vascular • Inibe a fosfodiesterase III • Usar em: ICC grave, EAP (edema agudo de pulmão), choque cardiogênico, saída de CEC (circulação extracorpórea) 9 FARMACOLOGIA 6ª ETAPA – M3 EDUELY TURBINO • Efeitos hemodinâmicos superiores quando usados associados à dobutamina (emergências de cardiopatias) • Doses recomendadas: AMRINONA: Dose de ataque: 0,75mg/Kg, IV, em 2-3 min Dose de manutenção: 5,0-10,0 g/kg/min Uma segunda dose de ataque pode ser dada 30 min após início da terapia Duração da terapia: 48-72 hrs MILRINONA: Dose de ataque: 50 g/kg, IV, em 10 min Dose de manutenção: 0,375-0,750 g/kg/min Exige ajuste para função renal Duração da terapia: idealmente até 48 hrs (mas pode ser usado por até 5 dias) TRATAMENTOS NÃO-FARMACOLÓGICO STENTS CORONÁRIOS TERAPIA MECANOFARMACOLÓGICA: Stents intracoronário + fármacos Terapia antiproliferativa local: ↓ reestenose Fármacos: paclitaxel, sirolimus STENT DANIFICA ENDOTÉLIO → começa cascata de coagulação → administrar antiagregante plaquetário Clopidrogel (6 meses) + AAS (indefinido)
Compartilhar