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Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Exame Clínico Obstétrico Exame Clínico Obstétrico Anamnese Ginecológica Identificação: Nome, idade, estado conjugal, cor, religião, escolaridade, profissão, endereço, cidade, estado, procedência (lugar de origem) e telefone. OBS.: IDADE DE RISCO > 16 ou > 35 anos (aborto e pré-eclampsia) – maior de hiperêmese (vômitos incontroláveis durante a gestação) nas mais jovens e de más formações estruturais no feto nas mais velhas. PROFISSÃO: atenção para trabalhos em ambientes insalubres – exposição à irradiação, gases voláteis e intoxicação por fósforo, chumbo, arsênico, nicotina, mercúrio e agrotóxicos/ gestante em posição ortostática por muito tempo, sem descanso ou pausa para se alimentar. NÍVEL DE ESCOLARIDADE: o baixo nível de escolaridade é frequentemente associado a um menor número de consultas pré-natais, prole numerosa com falta de planejamento familiar, gestação indesejada, uniões instáveis e necessidade de manter atividades de trabalho até períodos próximos do parto. NATURALIDADE/ETNIA: investiga quanto a doenças da região: malária, doenças de chagas e talassemias. As características étnicas interferem na estrutura corporal: baixa estatura e pelve pequena das mulheres orientais. ESTADO CONJUGAL: questionar sobre casamento ou união estável O estado conjugal interfere na espera socioeconômica, emocional e sexual, podendo comprometer a evolução de uma gestação saudável, principalmente as que não tem parceiro fixo. OBS.: Infecções genitais, práticas abortivas, eclampsia/pré-eclampsia e morbidade puerperal aumentam com a maior variedade de parceiros Antecedentes familiares: Hipertensão arterial sistêmica: há maior prevalência de síndromes hipertensivas em gestantes que apresentam histórico familiar de 1° grau. Diabetes mellitus: tem maior prevalência quando presente na linhagem materna. Gemelidade: gestantes filhas de mulheres que tiveram gêmeos têm altas chances de gemelaridade. Câncer: mama e trato genital de parentes maternos da grávida Malformações: pode indicar distúrbios cromossomais, devendo orientar a gestante à realização de estudo genético quando presentes na família do casal. Outras: colagenoses, doenças hematológicas e antecedentes obstétricos ruins de parentes maternos da gestante. Antecedentes pessoais: Hipertensão arterial: a hipertensão crônica nas gestantes tende a cair no início da gestação e aumentar no terceiro trimestre para níveis um pouco acima do início da gravidez. Os desfechos adversos dependem em grande parte do desenvolvimento de pré-eclâmpsia Cardiopatia: doenças cardiovasculares variam na severidade e são responsáveis por complicar de 1% das gestações e contribuir significantemente para o aumento da morbimortalidade materna. Diabetes mellitus: uma complicação gestacional comum. As mulheres podem ser divididas naquelas que já tinham o diagnóstico antes da gestação (pré- gestacional) e nas que são diagnosticadas durante a gravidez (gestacional). - Diabetes pré-gestacional: relacionada a maiores índices de anomalias fetais e risco de morte fetal, devendo os níveis de glicemia pós- pandrial serem muito bem controlados. - Diabete gestacional: há altas chances de o feto ter tamanho excessivo (macrossomia), caracterizado com peso ao nascer maior que 4.000 g. Crianças macrossômicas são associadas à parto laborioso (parto difícil e demorado) e trauma ao nascimento (distócia do ombro normalmente). Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Infecção urinária: é a infecção mais comum durante a gravidez – a bacteriúria assintomática é a mais comum, mas podem acontecer infecções sintomáticas, como cistite e pielonefrite. O tratamento é de grande importância uma vez que mesmo a infecção assintomática se não tratada, pode evoluir para infecção sintomática em algum momento da gravidez Associadas ao aumento do risco do nascimento de crianças com: baixo peso ao nascer, prematuro, gestação associada à hipertensão e anemia. Cirurgia em geral/cirurgia pélvica: Cesário pregressa e miomectomia (retirada de mioma): aumentam chances de rotura uterina (ruptura uterina) Corretoras de distopias genitais e fístulas vésico-vaginais: contraindicam parto transvaginal Outras realizadas sobre o colo uterino e as curetagens repetidas: favorecerem a incompetência istmo- cervical. Operações mamárias: dependendo da técnica podem dificultar a amamentação. Alergias: a fatores ambientais e medicamentos ou outros recursos que poderão ser utilizados durante a gestação, parto ou puerpério (ex.: iodo, sulfas, dipirona, penicilina, ácido acetilsalicílico). Medicações em uso: Atentar-se para droga, posologia e duração de uso. Antecedentes obstétricos: como abordado na anamnese ginecológico. questionar sobre: G (gestação) – não importa o número de conceptos ou o término da gestação, sendo considerada gesta 1 mesmo no caso de abortamento ou no nascimento de gêmeo. P (Partos) – Todo parto que ocorreu após 22 semanas de gestação, não importando se foi parto prematuro de um feto morto. Qual tipo de parto? Se cesáreo, qual a indicação para ele? Se o parto ocorreu via vaginal, mas em situação transpélvica? – questionar a evolução de vácuo- extração. Confirmar a época gestacional no qual ocorreram, se pré-termo, à termo ou pós-termo. A (Abortos) - se houve gestações interrompidas até a 22° semana de gravidez. Necessidade de serem caracterizados: número? Em qual intervalo de tempo e idade gestacional? Se forem completos, incompletos ou infectados? Se foram espontâneos ou provocados? Se necessitaram de curetagem ou aspiração uterina? Se existiram complicações após o abortamento? Ex.: G3, PN2, PC1, A0 (3 gestações, 2 de parto natural, 1 de cesárea e nenhum abortamento). Partos gemelares? Gravidez ectópica? Questionar sobre óbitos na 1° semana de vida (óbito neonatal precoce) ou após a 1° semana até 28 dias de nascido (óbito neonatal tardio). Intervalo de tempo entre a última gestação e gestação atual: Intervalos menores que 2 anos entre as gestações é prejudicial para a mulher, tempo necessário para a mulher restabeleça suas reservas nutricionais e recupere estados orgânicos modificados pela gestação. Pacientes com mais de 10 anos é como se nunca tivesse parido. Questionar peso do recém-nascido e que nasceu com o maior peso Se teve o puerpério normal ou patológico Se amamentou? Quanto tempo? (Média de amamentação: soma do total de tempo que essa gestante amamentou durante a vida dividido pelo número de filhos). Como se passou o puerpério? Houveram infecções, hemorragias, abcessos, deiscências de suturas? O período de internação foi prolongado? Motivo? Houve administração de imunoglobulina anti-Rh para mães Rh- com filho Rh+? Paciente teve baby blues? (alteração de humor transitória que surge logo após o nascimento do bebê – no 3° ao 5° dia – desaparecendo com poucos dias) Depressão pós-parto? Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Gestação Atual Fazer o cálculo da DUM (data da última menstruação) e DPP (data provável do parto). Confirmar triagem sanguínea e fator Rh Questionar os hábitos da gestante: Tabagista? Uso de bebidas alcoólicas? Alimentação da gestante? Se houve intercorrências até o momento da primeira consulta? Se a gestante tem apresentado êmese ou hiperêmese? - Êmese: sintoma de náusea e vômitos gravidade variável que começam entre o 1º e o 2º períodomenstrual perdido até 12 a 16 semanas de gestação, lembrando que embora os sintomas sejam piores durante a manhã, eles tendem a continuar durante o decorrer do dia. Mesmo com tratamento, dificilmente a gestante ficará totalmente livre dos sintomas completamente, embora o desconforto consiga ser minimizado. - Hiperêmese: nesse caso a mulher apresenta náusea excessiva e persistente e vômitos em demasia, presentes em praticamente todos os dias, sendo pouco, ou nada, responsíveis à modificação simples da dieta ou ao uso de antieméticos. Os sintomas podem ser muito intensos e levar à perda de peso, desidratação, alcalose por perda de ácido clorídrico, hipocalemia e cetose, em alguns casos ocorre disfunção hepática transitória. Exames complementares: são os exames priorizados a cada semestre da gestação. 1° Trimestre Hemograma Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto Glicemia em jejum Teste rápido de triagem para sífilis ou VDRL Teste rápido para diagnóstico anti-HIV ou sorologia HIV I e II Sorologia ara hepatite B (HbsAg) Toxoplasmose IgM e IgG Citopatológico de colo de útero Bacterioscopia de secreção vaginal Urina tipo I Urocultura e antibiograma Parasitológico de fezes 2° Trimestre Teste de tolerância para glicose Coombs indireto 3° Trimestre Hemograma Coombs indireto Glicemia em jejum Teste rápido de triagem para sífilis ou VDRL Teste rápido para diagnóstico anti-HIV ou sorologia HIV I e II Sorologia para hebatite B (HbsAg) Toxoplasmose IgM e IgG Bacterioscopia de secreção vaginal Urina tipo I Urocultura e antibiograma Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Imunizações: vacinas priorizadas para gestante Intercorrências: descrição de possíveis intercorrências ao curso da gestação, registrar data junto com a conduta abordada em cada situação. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Exame Físico - O exame físico da gestante deve ser geral e completo, iniciando-se na primeira consulta de pré-natal, com ênfase nos aspectos ginecológicos e obstétricos. - As pacientes devem ser examinadas em busca de alterações no estado geral, no peso, na pressão arterial, no volume da glândula tireoide, na ausculta cardíaca e pulmonar, na inspeção da pele e na palpação do abdome. - De acordo com o Ministério da Saúde (2006), a mulher deve realizar, no mínimo, seis consultas de pré- natal durante a gestação. Inspeção Geral • Avaliar: estado emocional, condições nutricionais - Sinais Vitais, altura e peso. - Temperatura: em média 0,5°C maior do que a basal - Respiração: Atenção, principalmente, para o último trimestre de gestação, pois o crescimento uterino eleva o diafragma, o que pode levar a um quadro de dispneia. - Pulso - Pressão arterial (PA): Deve ser verificada em todas as consultas de pré-natal devido ao risco de quadros hipertensivos, como hipertensão gestacional, hipertensão crônica e pré-eclâmpsia. A PA, idealmente, deve estar abaixo de 140/90mmHg. Caso a PA seja conhecida, a sistólica não pode ultrapassar 30mmHg do normal e a diastólica, 15mmHg. - Peso e altura: determinar o IMC Segundo o Ministério da Saúde, o ganho de peso adequado para uma paciente fica no intervalo de 11,5 kg e 16 kg. OBS.: No primeiro trimestre, por conta de náuseas e vômitos, a grávida pode apresentar uma perda de até 5% do peso – se menor que esse valor, suspeitar de hiperêmese. No segundo e terceiro trimestre, há ganho de 300-400g por semana. - Circunferência abdominal: mede aproximadamente 90-92 cm em gestantes a termo e não obesas. Hipertensão gestacional: pressão Arterial Sistólica (PAS) ≥ 140 e Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≥ 90 – Surgimento após a 20° semana de gestação e sem proteinúria Pré-eclâmpsia: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90. Surgimento após a 20ª semana de gestação e COM PROTEINÚRIA. Além da proteinúria e hipertensão, há edema. - A eclâmpsia apresenta as mesmas características da pré-eclâmpsia, porém com o acréscimo de convulsão. Hipertensão crônica: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90 antes da gravidez, anterior a 20ª semana de gestação e após a 12ª semana de pós-parto. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG - Face: presença de Cloasma Gravídico ou Melasma Pigmentação escura (difusa ou circunscrita) nas regiões mais expostas ao sol – nariz, região frontal e zigomática - Olhos: observação coloração das conjuntivas A gestante possui uma tendência à anemia, quadro de hemodiluição por aumento do volume plasmático conhecido como anemia fisiológica da gestação, devido à queda do hematócrito e da hemoglobina. - Boca: avaliar gengivas e dentes Infecções dentária podem levar à prematuridade e a baixo peso ao nascimento. - Tireoide: se espera um discreto aumento simétrico da glândula devido a efeitos hormonais (mais evidente a partir da 20° semana de gestação) - Sempre inspecionar e palpar tireoide. - Tórax e pulmões: A partir dos aumentos crescentes de progesterona, há um aumento do volume corrente e da ventilação minuto alveolar, o que pode levar à dispneia e à alcalose respiratória. Investigar sinais, como tosse e desconforto respiratório para diagnóstico precoce de asma ou embolia pulmonar. Exame das mamas O exame físico das mamas deve seguir a seguinte ordem: 1. Inspeção estática e dinâmica 2. Palpação dos linfonodos axilares, supra e infraclaviculares 3. Palpação mamária 4. Expressão papilar • Inspeção estática É realizada com o paciente sentado, com os membros superiores dispostos paralelamente ao longo do tronco, usando avental tipo camisola com abertura na frente. É observado nessa inspeção: Pele, Forma, Volume, Simetria glandular, Pigmentação da aréola, Aspecto da papila, Presença de abaulamentos ou de retrações, Circulação Venosa e Presença de sinais flogísticos – proveniente de uma resposta imunológica (edema e rubor) A aréola deve ser cuidadosamente examinada, pesquisando eczema (inflamação na pele), dermatite de contato e doença de Paget, que é um tipo de câncer de mama. Possíveis achados! O carcinoma inflamatório pode cursar com edema do tecido subcutâneo, descrito classicamente como pele de casa de laranja. A retração da papila, quando recente, é sinal de alerta para câncer. Na pele, eventualmente, pode-se observar lesões vesiculares típicas de infecção viral por herpes-zóster. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG • Inspeção dinâmica Solicita-se à paciente que eleve os braços acima da cabeça ou que pressione as asas dos ossos ilíacos, colocando as mãos na cintura e fazendo compressão. – Essas manobras ajudam a visualizar melhor as retrações e assimetrias, além de possibilitar a avaliação do comprometimento muscula pela neoplasia. As mamas podem ter variações fisiológicas e patológicas, tendo assimetrias fisiológicas frequentemente na puberdade, sem significado clínico. As hipertrofias mamárias podem provocar sintomatologia dolorosa relacionada com modificações posturais. • Palpação dos linfonodos axilares, supra e infraclaviculares Os linfonodos são melhor examinados com a paciente sentada de frente para o examinador. Com a mão espalmada (a mão direita examina o lado esquerdo da paciente e vice-versa), faz-se a palpação deslizante do oco axilar e de suas proximidades. As fossas supras e infraclavicular e as axilas são palpadas com as pontas dos dedos. A presença de linfonodos palpáveis móveis e fibroelásticosnão representa sinal de suspeição. Já linfonodos axilares aumentados, endurecidos, fixo ao plano profundo e coalescentes são indicativos de metástase de carcinoma de mama, linfomas ou outros tipos de neoplasia malignas. Palpação Mam ária Palpação dos linfonodos axilares. A. Paciente sentada de frente para o examinado que usa mão direita para levantar o braço direito da paciente. Com a mão esquerda espalmada, faz-se palpação deslizante do oco axilar e nas proximidades Palpação dos linfonodos supraclaviculares (A) e infraclaviculares (B). A palpação é feita com a ponta dos dedos. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG • Palpação Mamária A palpação pode ser executada por meio de duas técnicas: Velpeaux e Boodgood. A de Velpeaux é realizada utilizando a região palmar dos dedos e a de bloodgood é realizada por meio das falanges distais, semelhante a tocar piano. Realiza a palpação com o paciente em decúbito dorsal com as mãos apoiadas atrás da cabeça e os braços bem abertos. A palpação deve ser feita delicadamente, partindo-se da região subareolar e se estendendo até as regiões paraesternais, infraclaviculares e axilares (prolongamento axilar da mama). Em um primeiro momento, a palpação deve ser executada como uma leve pressão, a fim de permitir a detecção de nódulos superficiais, depois com mais vigor para procurar nódulos profundos. Na presença de nódulo palpável, definir localização, tamanho, consistência (fibroelástica, cística ou endurecida), superfície (regular, lobulada ou irregular) e aderência a planos superficiais mais profundos. • Expressão Papilar Faz-se uma delicada pressão no nível da aréola e da papila, identificando as características da secreção: Coloração (sero-hemática, citrina, serosa, láctea, esverdeada ou acastanhada). Ducto único ou múltiplo Espontânea ou provocada Pesquisa do ponto de gatilho: digitopressão realizada de forma circular ao redor da aréola, pode auxiliar na identificação do ducto comprometido. Geralmente os derrames papilares contendo sangue sero-hemáticos ou cristalinos em água de rocha levantam a suspeita de neoplasia (papiloma ou carcinoma) e deve ser investigado com biopsia excisional. A – Expressão papilar Delicada pressão no nível da aréola e da papila. B – Pesquisa do ponto do gatilho Digitopressão realizada de forma circular ao redor da aréola. Pode auxiliar na identificação de ducto comprometido. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Na gravidez, as mamas apresentam inúmeras modificações: - Proliferação das glândulas - Aumento do volume - Edema - Vasodilatação (rede venosa de Haller) - Aumento da pigmentação da aréola primária – Sinal de Hunter - Aparecimento da aréola secundária - Hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo (tubérculos de Montgomery) PROFISSIONAL DEVE INVESTIGAR: - Mamilos invertidos *cuidados para amamentação - Cicatrizes ► Com 8 semanas de gestação: - Congestão mamária: hipertrofia - Aréola primária: aréola hiperpigmentada. - Tubérculos de Montgomery: 12-15 glândulas mamárias acessórias ou sebáceas hipertrofiadas. ► Com 16 semanas de gestação: - Colostro: líquido que sai da mama e precede o leite materno. É possível verificar com a expressão. - Rede venosa de Haller: aumento da circulação venosa formando uma rede visível sob a pele transparente das mamas. ► Com 20 semanas de gestação: - Sinal de Hunter: desenvolvimento da aréola secundária, escurecimento das mamas. Gestante com mais de 20 semanas de gestação: presença de aréola primária, tubérculos de Montgomery, rede venosa de Haller e Sinal de Hunter. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG Exame Obstétrico - Gestante em decúbito horizontal - Sequência do exame: Inspeção Palpação Altura uterina (Manobras de Leopold – Zweifel) Ausculta dos batimentos cardíacos fetais (BCF) • Inspeção - Verificar o formato do abdome: plano, abaulado, ovoide ou globoide. - Atentar para modificações na pele, como: Cicatrizes (investigar cirurgia de cesárea anterior) Melasma ou cloasma Estrias (rupturas de fibras elásticas, vermelhas quando recentes e brancas quando tardias). Linha nigra: escurecimento da linha alba Edema Aumento exagerado do volume abdominal (pode indicar: polidrâmnio, gemelaridade e obesidade) • Palpação Na palpação, destacamos os 4 tempos das monobras de Leopold-Zweifel: 1° TEMPO: exploração do fundo uterino – delimitando-o e caracterizando onde os segmentos fetais se encontram. Orienta quanto à: situação e apresentação fetal Palpa-se com as bordas cubitais de ambas as mãos no fundo uterino, delimitando, sem pressionar muito, e sentindo com a face palmar qual o polo presente no fundo uterino (pélvico ou cefálico). - Polo pélvico: mais volumoso, esferoide, irregular, mas redutível e sem rechaço. - Polo cefálico: menor, regular, resistente e irredutível Pode-se também ver nesse tempo o rechaço, dependendo da quantidade de líquido amniótico (rechaço é muito mais nítido com o polo cefálico). Rechaço simples: desloca o polo fetal e ele deixa de ser palpável Rechaço duplo: desloca o polo fetal e depois ele volta para posição inicial, voltando a ser palpável. Observação: o feto pode estar em situação longitudinal (mais comum) ou transversa. A situação transversa reduz a medida de altura uterina, podendo falsear sua relação com a idade gestacional. As apresentações, quando o feto está em situação longitudinal, são a cefálica e a pélvica. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG 2° TEMPO: Exploração do dorso fetal (coluna do feto) para determinar a posição fetal. Reconhecer com as mãos o lado ocupado pelo dorso do feto (SEGMENTO ENDURECIDO, LISA, REGULAR, CONVEXO E CONTÍNUA) e o lado onde estão os membros fetais. A palpação é feita ao deslizar as mãos do fundo uterino em direção ao polo inferior: PRIMEIRA POSIÇÃO: o feto está em posição esquerda, ou seja, seu dorso está no lado esquerdo materno. SEGUNDA POSIÇÃO: o dorso fetal está do lado direito materno. Pode ajudar a identificar o melhor foco de ausculta dos batimentos cardíacos do feto 3° TEMPO: Exploração da mobilidade do polo fetal inferior (altura da apresentação) em relação ao estreito superior da bacia materna, determinando su apresentação fetal. Procura-se apreender o polo entre o polegar e o dedo médio, imprimindo-lhe movimentos de lateralidade que indicam o grau de penetração na bacia. Quando insinuado, o polo se apresenta fixo, quando móvel, este se encontra alto. A apresentação fetal pode ser classificada quanto ao polo inferior em cefálica, quando o polo inferior é o polo cefálico, pélvica, quando o polo inferior é o polo pélvico, e córmica, quando o feto encontra-se em situação transversal. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG 4° TEMPO: Exploração da escava (confirma situação, apresentação e altura) O examinador de costaspara a cabeça da paciente, espalma as mãos sobre as fossas ilíacas e as desloca e direção ao hipogástrio, paralelamente à arcada crural; Com as pontas dos dedos, procura penetrar na pelve para averiguar o grau de penetração do polo apresentado no estreito superior da bacia. Por meio dessa manobra, pode-se reconhecer a cabeça fetal: ocupa completamente a escava e é um corpo volumoso, de superfície regular, resistente e irredutível. Ou perceber o polo pélvico: ocupa parcialmente a escava, é corpo mais volumoso, esferoide, de superfície irregular, resistente, mas redutível. Se a escava estiver vazia, sugere a apresentação córmica (transversa). Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG • Medida da altura uterina Com a mão direita, fixar a extremidade inicial (0 cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio da mão esquerda ou pela borda cubital esquerda, continuar a leitura até que a borda cubital da mão atingir o fundo uterino. A fita métrica vai medir o arco uterino, que possibilitar calcular a idade da gravidez e acompanhar o crescimento fetal, assim como suspeitar de gemelidade e do excesso de líquido amniótico (LA), chamado de polidrâmnio. 1cm = 1 semana, a partir da 20°. OBS: Quando se tem o fundo uterino abaixo da IG (idade gestacional) – suspeitar primeiro de erro de data (cálculo da idade gestacional errado), oligodrâmnio ou crescimento intrauterino restrito. Quando se tem fundo uterino grande para a IG: erro de data ou polidrâmnio ou diabete gestacional (feto grande para idade gestacional – GIG). Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos, pode-se usar a altura uterina para estimar idade gestacional. 12° semana Útero enche a pelve de modo que é palpável na borda superior da sínfise púbica; útero se torna abdominal 16° semana ( 3 – 4° mês) O fundo uterino se encontra entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical 20° semana O fundo do útero se encontra na altura da cicatriz umbilical > 20° semana Existe relação direta entre as semanas de gestação e a medida da altura uterina. Esse parâmetro se torna menos fiel a partir da 30° semana de IG. 40° semana O útero se encontra ao nível do apêndice xifoide. A medida da altura é registrada em um gráfico de acordo com a idade gestacional. Valor acima do percentil 90 é anormal – analisar IG (erros), polidrâmnio, macrossomia fetal, Gemelaridade, mola hidatiforme, miomatose ou obesidade. Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG • Ausculta Fetal Os batimentos cardíacos fetais (BCF) podem ser percebidos pela ultrassonografia a partir da 7° e 8° semana de gestação (se for ultrassom transvaginal pode se verificar até 6 semanas), pelo Sonar-doppler entre 10 e 12 semanas e pelo estetoscópio Pinard por volta da 20° semana. A frequência cardíaca fetal normal oscila entre 120 e 160 bpm. A partir da 28 semana, para utilizar o Sonar-Doppler, realizar as manobras de Leopold, principalmente a de segundo tempo, para que se consiga identificar o dorso fetal. Diagnóstico de apresentação pela ausculta: o foco máximo de ausculta está mais próximo do polo cefálico. - Apresentação cefálica: foco máximo de ausculta nos quadrantes inferiores do abdome. - Apresentação pélvica: foco máximo nos quadrantes superiores - Apresentação córmica: foco máximo na linha média, junto a cicatriz umbilical. OBS: escuta na gravidez gemelar: nota-se dois focos, que não são sincrônicos e possui diferentes características, como frequência. Ausência de batimentos fetais: indicativo de morte fetal, deve ser confirmada com uso de Sanar-Doppler ou ultrassonografia – em mulheres obesas é mais difícil se encontrar. • Exame Urogenital Durante a inspeção estática do exame ginecológico, a paciente deve estar em posição ginecológica e o mais confortável possível, respeitando sempre o pudor da gestante. Sinais que se destacam ao exame do colo uterino: Sinal de Chadwick (EUA) ou Sinal de Jacquemier (Europa): mucosa hiperpigmentada e tumefeita, de rosada para cianótica, devido à mudança hormonal e mecânica. Fora o sinal descrito, deve-se inspecionar o ânus, pesquisando hemorroidas, as quais podem levar à dor e sangramento. • Toque Obstétrico Importante para o diagnóstico da gestação no primeiro trimestre e para determinar a vigência do trabalho de parto e a amplitude da pelve. É possível identificar: O apagamento e a dilatação cervical. A presença ou não da bolsa amniótica, a sua integridade e, eventualmente, a sua ruptura. A altura da apresentação. O exame da pelve óssea com a determinação dos diâmetros conjugados. A confirmação da apresentação. Diagnóstico da variedade de posição • Extremidades Pesquisa de varizes e inspeção de mãos e pernas, pesquisando edema.
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