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História constitucional brasileira- Thiago Varella

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História constitucional brasileira
Em 1937, por ocasião do Estado Novo, cai a Constituição de 1934 e é feita a Constituição de 1937. Esta era tão centralizada, que tinha uma norma que previa qualquer “norma de relevância nacional” declarada inconstitucional pelo STF poderia ser revisada pelo Congresso. Mas o Congresso estava constantemente fechado, momentos em que o Presidente assumia as suas funções.
Porém, em 1945, com o fim da Segunda Guerra, cai também a Constituição do Estado Novo. Vargas, movido por interesses políticos, não por uma ideologia propriamente, entra na guerra ao lado dos Aliados. Diferentemente do que muitos pensam, a participação do Brasil na Guerra não foi irrisória. Soldados morreram e os que voltaram, após terem lutado contra dois dos maiores ditadores que o mundo já teve, depararam-se com um ditador no seu país. Se as ditaduras fortes primeiromundistas caíram, Vargas sabia que seu governo não duraria muito. Assim, em 1945, ele não hesita em entregar o cargo.
Em 1946 é feita a quinta Constituição brasileira. Era uma boa Constituição. Seu texto cumpria os três requisitos básicos de uma carta constitucional, era democrática, respeitava a república federativa, etc. Porém, o período não era dos mais tranquilos. Em 1959, há a Revolução Cubana, na qual Fulgêncio Batista é deposto e é instalado um governo comunista vizinho aos Estados Unidos. Isso influenciou na história brasileira, assim como em todos os outros países da América Latina. Não à toa, o continente foi tomado por uma série de ditaduras militares. Os EUA não estavam dispostos a ter outro regime comunista em sua vizinhança.
Em 1960, é eleito Jânio Quadros com João Goulart como vice. Jânio é eleito com uma quantidade de votos nunca antes vista. Porém, ele encontra muita resistência no Congresso Nacional. Com oito meses de mandato, o presidente envia o vice à China e divulga sua carta de renúncia. Jango, que já era mal visto pela direita conservadora e pelos militares, têm sua imagem ainda mais degradada. Com essa atitude, Jânio pretendia que o Congresso pedisse que ele ficasse. Senão, que o povo se manifestasse pela sua permanência. Porém, o Congresso não pede pela sua permanência e ele já está em Brasília, aonde não tem povo.
Há um esboço de golpe militar em 1961, enquanto Jango ainda estava na China. Há um movimento forte em favor da legalidade, ou seja, do respeito à Constituição de 1946. Um dos líderes do movimento foi Leonel Brizola. Em negociação com os militares, os legalistas aceitaram a instituição do parlamentarismo. Em 1962 teve um plebiscito (que na verdade foi um referendo), estabelecendo novamente o presidencialismo. 
O governo de João Goulart foi muito controverso, já que havia quem dissesse que ele era socialista, principalmente após as suas reformas de base. Eram reformas socializantes, mas não socialistas. Sua popularidade foi ficando cada vez menor até que ele passou a correr riscos dentro de Brasília. Com isso, ele foge para o Rio Grande do Sul e, com o presidente ainda em território nacional, é declarada a vacância da presidência e, em 31 de março de 1964 é feito o golpe militar.
Em um governo ditatorial militar, não era possível que uma constituição democrática, como a de 1946, fosse mantida. É feita a Constituição de 1967 que, pela primeira vez desde a proclamação da república, não prevê a federação. Surge também a figura dos Atos Institucionais. Estes são atos do executivo que não precisam passar pela aprovação do Congresso. Em 1969 é feito o AI5 e a Emenda Constitucional nº1 de 1969. O AI5 estabelece a chamada linha dura. A EC nº 1, por sua vez, reforma todos os artigos da Constituição de 67. Daí surgem duas correntes: aquela que defendia que era de fato uma emenda, e a majoritária, defendida por José Afonso da Silva, que determinava que, materialmente, era uma nova Constituição outorgada.
Nenhum regime ditatorial se mantém por muito tempo. No Brasil, começa a haver o movimento da abertura, mas seria uma abertura lenta, gradual e segura. Começam a cogitar a anistia aos exilados, as eleições diretas, o fim da censura etc. A abertura ganhou força com o movimento das Diretas Já. O movimento teve início no Mato Grosso e não foi muito noticiado pela imprensa, até que chegou ao sudeste. Foi enviada a PEC das Diretas Já, que estabeleceriam eleições diretas para presidente, mas a proposta é rejeitada.
Em 1985, são feitas as últimas eleições indiretas no Brasil, nas quais concorreram dois civis: Tancredo de Almeida Neves, com José Sarney como vice, e Paulo Salim Maluf. Tancredo é eleito, já doente, mas não consegue sequer tomar posse. Seu vice assume e cumpre o compromisso de convocar uma Assembleia Nacional Constituinte. Com isso, é promulgada a Constituição de 1988. 
A carta constitucional de 88 é a mais democrática que o Brasil já viu, mas vem sendo constantemente emendada. Alguns doutrinadores, entre eles José Afonso da Silva, criticam fortemente a “colcha de retalhos” que se tornou a Constituição de 88. Muitos já disseram que ela é “ingovernável”, como José Sarney, mas a verdade é que ela é a que mais protege o federalismo e o Estado Democrático de Direitos brasileiro.
Com essa breve história constitucional brasileira, é possível ver que todas foram feitas em momentos de ruptura institucional e em momentos imprescindíveis da história do Brasil.
Federação
Diferentemente da federação brasileira, a federação americana é a chamada federação por agregação. Nos Estados Unidos, as treze colônias se unem na guerra de independência. Era sabido que as colônias, separadamente, não alcançariam a independência, mas unidas, conseguiram. Após a independência, as colônias se reunem em uma confederação. As treze colônias seriam Estados soberanos. Após a Convenção de Filadélfia de 1787, as treze colônias adotam o federalismo. Com isso, as colônias tinham autonomia e a federação tinha soberania.
Nasce, assim, o sistema federalista dual. Com isso, há duas instâncias de poder: o poder federal e o poder estadual. A União tem a soberania e uma quantidade restrita de poder. Este último foi concentrado nos Estados. Os EUA não sabem o que é um presidente subindo ao poder por uma via que não a legal. Além disso, podemos ver condutas que são criminosas em alguns estados, mas em outros não. Isso é federação.
No Brasil, ao contrário, a federação foi feita por desagregação. Havia um Estado unitário que, a partir de determinado momento, decide dar uma autonomia aos estados sem saber muito o que fazer com isso. As consituições que prezavam pela federação eram apenas as de 1934, 1946 e 1988. Além de ser uma federação muito centralizada, é uma federação que está acostumada com golpes de Estado.
A Constituição de 88, em seu art. 1º, estabelece a indissolubilidade da federação. É importante ressaltar que toda federação é indissolúvel, ou seja, a federação não admite uma diminuição em seu território. Além disso, estabelece que os entes federativos são quatro: União, Estados, Municípios e Distrito Federal, todos autônomos. Na Alemanha, os entes são a União, os Estados e alguns Municípios.
A doutrina estabelece o conceito de autonomia como composto de três elementos: auto-organização, auto-governo e auto-administração. Vamos analisar esses três elementos em cada entre federativo.
União
A auto-organização da União é a capacidade que este ente tem para organizar-se com base em suas próprias leis. Ele legislará, através da Constituição Federal e de Leis Federais, sobre as matérias de organização federal. Nesse ponto, é necessário distinguir as leis federais de leis nacionais. Estas são aquelas válidas para toda a nação, para todo o país. Aquelas, por sua vez, são dirigidas exclusivamente à União, e não aos demais entes. O problema é que algumas leis têm artigos considerados nacionais e outros, federais. Para saber quais são os artigos mais ou menos abrangentes, é necessário que se estude profundamente aquela lei e a doutrina sobre ela. É necessário consultar a doutrina e a jurisprudência sobre o caso.
Além disso, por vezes,a Constituição faz referência a leis federais, mas referindo-se a leis nacionais. Um exemplo é o art. 102, II, a. Nessa alínea, a Constituição faz referência a qualquer lei ou ato normativo emanados pelo Congresso Nacional e a leis estaduais também. Isso é extremamente importante para matérias de direito administrativo, sobretudo em matérias de licitação e dos servidores públicos.

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