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Ana Clara Milagres Fibrilação Atrial Introdução É uma arritmia de frequência cardíaca alta É uma taquiarritmia É a mais comum -> faz parte da rotina médica Lembrar dos graus de recomendação: ➢ Classe I: é a conduta que está indicada, conduta é OBRIGATÓRIA, você precisa fazer ➢ Classe II: Classe IIa: algo que você deveria fazer, ainda vale a pena fazer a conduta Classe IIb: pode ser considerada, análise mais individual ➢ Classe III: tratamento não é útil ou inefetivo, não deve ser recomendado No coração normal átrio contrai e o ventrículo contrai Na FA o átrio perde essa capacidade de contração (microcontrações), podendo chegar a 380 contrações por min ATENÇÃO! Caso clínico I: ID: Paciente AC, 55 anos, masculino, branco, casado, taxista, residente e procedente de Rio de Janeiro, espírita, SUS QP: “batedeira no peito há aproximadamente 1 mês” HDA: Paciente HAS e DM II em tratamento e acompanhamento irregular, relata que, há aproximadamente 30 dias, iniciou quadro de palpitações taquicárdicas, irregulares, constantes desde então e de início súbito. Refere, como sintomas associados, fadiga e cansaço aos esforços físicos menores que os do cotidiano e episódios frequentes de vertigens. Nega fatores desencadeantes ou atenuantes. Nega precordialgia, dispnéia, síncope ou qualquer outro sintoma. Diz, também, que apresentou sintomatologia semelhante há 3 meses, porém com resolução espontânea após 24h. Devido à persistência dos sintomas, procurou atendimento médico na Unidade de Emergência HPP: HAS desde o 42 anos. DM II desde os 50 anos Uso irregular de metformina 500 mg/dia e captopril 50 mg/dia HFisiol: nada significativo H. Fam.: pai vivo e HAS; mãe viva e saudável / 3 filhos saudáveis H. Social e hábitos de vida: alimentação rica em gorduras saturadas e carboidratos de rápida absorção. Sedentário. Etilista social. Carga tabágica de 45 maços/ano. IS: relata sono irregular, entrecortado, não restaurador, com muitos episódios de roncos e apnéia Sinais vitais: PA: 170 x 107 mmHg em ambos MMSS / FC: 138 bpm / SO2 98% / TAX 36,8º C. Medidas Antropométricas: P: 85 kg / A: 165 cm / CA: 102 cm. IMC 31 (obesidade grau I) Ectoscopia: bom estado geral, fácies ansiosa, LOTE, posição e atitudes ativa e atípica, descorada +/4+, hidratada, perfusão periférica preservada, acianótica, normolínea AR: tórax atípico, expansibilidade simétrica preservada, FTV e percussão normais, MVUA sem ruídos acessórios ACV: ectoscopia normal, ictus invisível e impalpável, RCI 2T sem sopros ABD: plano, depressível, indolor à palpação superficial e profunda, sem sopros, massas ou visceromegalias MMII: sem edemas / pulsos femorais, poplíteos e distais são palpáveis no MIE Pontos importantes: ✓ Palpitação de inicio súbito, irregular, constante e iniciou a cerca de 30 dias ✓ Palpitação associada a cansaços aos esforços pequenos e lipotimia ✓ HAS e DM ✓ Uso irregular de remédios ✓ Alimentação ruim, sedentário ✓ Tabagista (45 maços/ano) ✓ Questão do sono sugere apneia obstrutiva do sono (diagnóstico sindrômico) ✓ PA elevada ✓ FC elevada ✓ Obesidade grau I ✓ Ritmo cardíaco irregular ✓ Pulsos poplíteos, tibial posterior, tibial anterior não são palpáveis no MIE Diagnóstico Sindrômico: ✓ Apneia obstrutiva do sono ✓ Síndrome Taquiarritmica: arritmia com FC alta ✓ Síndrome Aterosclerótica ✓ Síndrome Metabólica: maior risco de ter uma doença aterosclerótica no futuro Próximo passo consiste em pedir para realizar ECG: ✓ Identificação ✓ Padronização ✓ Ritmo Sinusal: Onda P positiva em D1, positiva em aVF e negativa em aVR Onda P com mesma morfologia na derivação Onda P precedendo complexo QRS No ECG apresentado o ritmo não é sinusal Não apresenta onda P (não tem contração atrial) Intervalo entre os complexos QRS estão irregulares Linha de base é irregular (várias microondas) Isso é chamado de onda f minúscula: irregularidades na linha de base Essas alterações indicam FIBRILAÇÃO ATRIAL ✓ Calcular FC: Se o QRS é irregular, a FC é diferente em cada ponto Em um ECG irregular para calcular FC, deve pegar a derivação longa, observa quantos QRS há dentro de 10s e multiplica por 6 No caso clínico: 21 x 6: 126 Ao fazer o diagnóstico de Fibrilação Atrial é necessário sistematizar Sistematização da Fibrilação Atrial Tudo que será feito deve seguir a seguinte regra mnemônica CC To ABC: C: confirmar a fibrilação atrial C: caracterizar a fibrilação atrial To: tratamento ✓ A: evitar AVC – Anticoagulação ✓ B: Batedeira ✓ C: controle do ritmo Para confirmar pode ser feito: ✓ ECG de 12 derivações ✓ ECG de uma derivação, desde que tenha uma duração superior que 30s de FA Para caracterizar (4S) ✓ 1S: risco de AVC ✓ 2S: gravidade dos sintomas ✓ 3S: classificação da fibrilação atrial ✓ 4S: substrato por trás da FA Etapa I: Confirmar a FA Para confirmar é necessário entender a definição É uma taquiarritmia supraventricular com atividade elétrica atrial incoordenada e, consequentemente, contração atrial ineficiente Na FA o nó sinusal está inativado, não funciona Há uma frequência muito maior do que a capaz de despolarizar o nó sinusal São vários focos de despolarização que acontecem de forma simultânea -> o estímulo não sai só do nó sinusal e sim de vários pontos do átrio Ritmo sinusal: o estímulo nasce em um ponto, despolariza o átrio de forma organizada e depois o repolariza de forma coordenada OBS: O nó AV tem função de proteger o ventrículo das arritmias atriais, logo, o ventrículo irá contrair normal! (há filtração das contrações) Características eletrocardiográficas incluem: ➢ Intervalos R - R irregularmente irregulares ➢ Ausência de onda P ➢ Ativações atriais irregulares (ondas f na linha de base) Se preenche os três critérios, há fibrilação atrial Não há nenhum padrão específico ✓ Seta maior: complexo QRS irregulares ✓ Seta menor: ausência de onda P e irregularidade na linha de base Lembrar que para saber a FC de um ECG sem ritmo sinusal: Pega a derivação mais longa (10s) Contar quantos batimentos existe nesses 10s Multiplicar por 6 No monitor a FC fica irregular, variando de forma rápida Tem- se então que se há suspeita de FA, deve realizar o ECG (classe I de conduta) ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Diagnóstico Eletrocardiográfico ✓ ECG de 12 derivações ou ECG de uma derivação, desde que tenha uma duração superior que 30s de FA ✓ Ausência de onda P ✓ Irregularidades da linha de base ✓ QRS irregulares ➢ Tendo isso confirmou o diagnóstico de FA do paciente do caso clínico Etapa II: Caracterizar a FA Para caracterizar usa-se o esquema 4S As FA são diferentes, pode causar risco ou não Primeiro S: risco de AVC (stroke risk) A FA coloca em risco de AVC Ao fibrilar o átrio perdeu a capacidade de contrair Existe uma cavidade no AE chamado de apêndice atrial esquerdo (aurícula esquerda) Se não há contração atrial não há mobilidade do sangue O sangue fica em estase Essa estase em conjunto com a tríade de Virchow contribui para formação de coágulo/trombo Se forma um coágulo dentro do apêndice, ele pode cair para o átrio Assim, o fluxo sanguíneo leva esse coágulo para o ventrículo esquerdo, ele se contrai e esse trombo vai para o cérebro, provocando risco de AVC Esse trombo pode parar em qualquer lugar da circulação atrial, mas pela característica do arco aórtico, mais frequentemente ele vai para o cérebro Usa o SCORE de CHA2DS2-VASc (é muuuuuuuuito importante): ✓ Maior número de pontos, maior o risco de AVC ✓ C: cardiopatia ✓ H: hipertensão ✓ A: idade ✓ D: diabetes ✓ S: stroke – AVC prévio ✓ V: doença vascular periférica ✓ A: idade ✓Sc: sexo feminino ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Paciente tem hipertensão, diabetes mellitus e doença vascular ➢ Logo, tem 3 pontos nesse SCORE Segundo S: sintomas e qualidade de vida Há uma escala de sintoma de EHRA (associação europeia de ritmo cardíaco) Saber se a FA causa algum sintoma no paciente ✓ EHRA 1: assintomático ✓ EHRA 2a: possui sintomas da FA, mas atividades diárias não são afetadas ✓ EHRA 2b: possui sintomas da FA, atividades diárias não são afetas, mas palpitação incomoda ✓ EHRA 3: possui sintomas da FA, atividades diárias já estão afetadas ✓ EHRA 4: possui sintomas da FA que incapacitam ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Paciente cansado, com lipotimia e cansaço para realizar atividades físicas menores que as habituais ➢ Logo, é classificado como EHRA 3 Terceiro S: classificação da FA (severity of AF burden) Primeiro diagnóstico: primeira vez que você descobre que o paciente possui FA, independente da gravidade dos sintomas Paroxística: FA que terminou em menos de 7 dias (espontânea ou com auxilio medicamentoso) Persistente: dura mais que 7 dias, incluindo episódios que já terminaram por cardioversão Persistente de longa duração: paciente em FA por mais de 12 meses, mas ainda pensa em voltar para ritmo sinusal Permanente: você médico em conjunto com o paciente decidiram que ele irá ficar para sempre com FA, não restaura o ritmo sinusal ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Paciente há 3 meses teve um episódio de palpitação, com duração de 24h e resolveu de forma espontânea -> FA paroxística ➢ Supondo que ele já tinha sido diagnosticado com FA antes e no momento, está com FA que dura cerca de 30 dias -> FA persistente Quarto S: substrato (substrate severity) Entender porque o paciente entrou em FA Existe múltiplas causas Idade: mais velho, mais chances Etnia: predominância em negros Fatores genéticos: sexo masculino > sexo feminino Varias doenças associadas que podem levar a FA, tais como: doença valvar, hipertensão, diabetes, lúpus, DPOC, Apneia obstrutiva do sono, tabagismo, ... ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ O paciente é/tem: ✓ Diabético ✓ Hipertenso ✓ Obeso ✓ Tabagista ✓ Presença de Apneia obstrutiva ✓ Presença de doença vascular periférica ATENÇÃO! Caso clínico I: resumex ➢ Etapa I: C - FA confirmada ➢ Etapa II: C - caracterização: ✓ 1º S: Stroke risk: 3 pontos ✓ 2º S: Sintomas graves ✓ 3º S: Severity: FA persistente ✓ 4º S: Substrato: HAS, DM II, obesidade, sedentarismo, SAOS, tabagismo, DAOP subclínica Etapa III: Tratamento Usa a regra ABC A: evitar AVC – Anticoagulação B: Batedeira C: controle do ritmo A: Anticoagulação (avoid stroke) Risco de AVC x Risco de sangramento do Anticoagulante Confronta o dois SCORE: CHA2DS2-VASc X HAS-BLED CHA2DS2-VASc – risco de AVC: HAS-BLED – risco de sangramento pelo anticoagulante: Quando o risco do AVC é grande e o do anticoagulante é pequeno: deve dar anticoagulante Quando o risco de AVC é pequeno e o risco de sangramento é grande: não da o anticoagulante OBS: INR – medir a coagulação do paciente no exame de sangue O HAS-BLED nunca irá contraindicar uma anticoagulação se o risco do AVC for grande -> porque várias das características são tratáveis É mais para orientar, saber qual é o risco do tratamento, do que contraindicar Terapias de prevenção de AVC: ➢ Antagonistas da vitamina K: mais antigos, é o MAREVAN, dosar INR ➢ Anticoagulantes orais não-dependentes da vitamina K (NOACs): são mais estáveis, seguros e eficientes, não precisa dosar o INR (dabigratana, charelto) ➢ Oclusão do apêndice atrial esquerdo OBS: Paciente tem FA, a primeira coisa é que se ele possui prótese valvar ou tem estenose mitral PRECISA ser anticoagulado com o MAREVAN (antagonista da vitamina K) ✓ Se o paciente não tem isso, analisa se ele é de BAIXO ou ALTO risco pra AVC pelo CHA2DS2-VASc ✓ Baixo risco – homem sem nenhum fator de risco (CHA2DS2-VASc =0) ✓ Baixo risco – mulher, sem nenhum fator de risco (CHA2DS2-VASc = 1) ✓ Se homem 0 e mulher 1: risco de AVC baixo, não precisa dar anticoagulante ✓ Se homem ≥ a 1 e mulher ≥ 2: risco de AVC alto, logo, precisa anticoagular para sempre (classe IIa – é o que você deveria fazer) ✓ Se homem ≥ 2 e mulher ≥ 3: é OBRIGATÓRIO dar anticoagulante ✓ Lembrar que está confrontando com o HAS-BLED ✓ Ex: CHA2DS2-VASc pra um homem deu 1 e o HAS-BLED deu 6, talvez não seja a hora de anticoagular – deve melhorar o HAS-BLED Para fechar o apêndice atrial esquerdo: cateterismo sem abrir o peito, entra pela veia femoral e sobe pela veia cava, faz uma perfuração no septo interatrial, localiza o apêndice e faz o cateterismo ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Risco de AVC alto ou baixo? Alto risco (CHA2DS2-VASc = 3) ➢ Risco de sangramento alto ou baixo? Baixo (HAS-BLED = 1) ➢ Inicia anticoagulação? SIM! ➢ Qual preferência? Com os novos anticoagulantes orais não dependentes da vitamina K B: Batedeira (better symptom control) Controle de FC x Controle de ritmo (volta pra ritmo sinusal) 1. Estratégia I: controle de FC Uso de drogas que diminuem a FC de disparo do nó AV: ✓ Beta-bloqueadores; ✓ Bloqueadores de canal de cálcio não- diidropiridínicos; ✓ Digoxina; ✓ Amiodarona Temos as medicações que são de primeira linha: Beta bloqueador e bloqueadores de canal de cálcio não diidropiridínicos Paciente asmático ou DPOC grave: começa com bloqueador de canal de cálcio, porque o beta-bloqueador pode causar broncoespasmo Paciente tem insuficiência cardíaca: começa com beta bloqueador Paciente só tem FA: beta bloqueador ou bloqueador do canal de cálcio O objetivo é melhora dos sintomas ou FC em repouso <110 Se não atingir o objetivo, deve fazer alguns ajustes ATENÇÃO! Pré-excitação: ➢ Sindrome ➢ Via acessória que comunica os átrios com os ventrículos ➢ Estimulo passa do átrio desce pela via acessória e pelo nó AV ➢ Essa via transmite muito mais rápido e o período refratário é menor ➢ Logo, quase todos estímulos que chegam são transmitidos ➢ Nesses casos, o fármaco de escolha deve ser a Amidarona OU queima a via ➢ Não pode dar fármaco que atue no nó AV ➢ Queimar a via: faz a ablação ➢ Fibrilação atrial + via acessória: ✓ Se dar beta-bloqueador leva o individuo a óbito ✓ Deve fazer cardioversão Outra forma de controlar a FC é fazer abalação do NAV e implante de marcapasso O paciente continua fibrilando, mas nenhum estímulo do átrio chega até o ventrículo Assim coloca o marcapasso O ventrículo então contrai pelo marcapasso ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Para controle de FC devo prescrever beta bloqueador ou bloqueador de canal de cálcio não diidropiridínicos 2. Estratégia II: controle de ritmo B Deseja voltar o ritmo do paciente para ritmo sinusal Pode ser feito de 3 formas: ✓ Cardioversão elétrica ✓ Drogas antiarrítmicas ✓ Ablação por cateter (abalação da FA) Quem que irá voltar para o ritmo sinusal? Principalmente aqueles que tem sintomas relacionados a fibrilação atrial Se o paciente tiver sintomas deve reverter (saudável, jovem, paciente deseja) Para reverter pode usar alguma das três opções acima Como pode reverter? ✓ FA instável: paciente em choque -> deve ser feito cardioversão elétrica na hora ✓ FA estável: ▪ Precisa saber se o paciente toma ou não toma anticoagulante ▪ Se o paciente já toma anticoagulante pode reverter para ritmo sinusal - faz cardioversão química ▪ Se o paciente não toma anticoagulante, temos um problema: o Paciente com FA há 30 dias e você reverteu para ritmo sinusal -> poderia ter formado um coagulo, ao tirar o paciente da FA, o átrio volta a contrair, o coagulo pode se mover e provocar um AVC(AVC iatrogênico) o O tempo mágico é 48h o Se passou de 48h tem tempo suficiente para formar coágulo ▪ Se o paciente NÃO toma anticoagulante e a FA dele tem menos de 48, pode reverter para ritmo sinusal ▪ Porém, se o paciente NÃO toma anticoagulante e a FA dele tem mais de 48h, há duas estratégias: o Tomar anticoagulante por 3 semanas, paciente retorna e assim estabelece ritmo sinusal OU o Faz um ecocardiograma transesófagico e olha se há presença ou não de trombo (se tiver, faz anticoagulante por três semanas) ▪ Paciente precisa tomar anticoagulante para sempre? Deve olhar o SCORE CHA2DS2-VASc ▪ Se não souber quando começou a FA, trata como se tivesse mais de 48h ATENÇÃO! Resumex: Ablação: ✓ FA se origina normalmente na desembocadura das veias pulmonares no AE ✓ Cateter consegue identificar quais são os focos da arritmia ✓ Queima esses focos ✓ Isola as veias pulmonares do restante do átrio ✓ Assim, as concentrações atriais ficam presas dentro da área de cicatriz ATENÇÃO! Caso clínico I: ➢ Vale controle de ritmo? Sim, ele é jovem, a FA é recente, coração é normal ➢ É necessária cardioversão elétrica imediata? Não, o paciente está estável ➢ Como fazer? Química ou elétrica? Qual droga antiarrítmica utilizar? Faz cardioversão química. Como já tem 30 dias de FA, deve fazer anticoagulante durante 3 semanas ou fazer transesofágico ➢ Após reversão, preciso manter anticoagulação? Por quanto tempo? Deve manter por tempo indeterminado, porque o CHA2DS2-VASc é 3 (alto risco) C: Controle dos fatores de risco e comorbidades Intervenções no estilo de vida Pare de fumar Obesidade e controle de peso Uso de álcool e cafeína Atividade física Fatores de risco cardiovascular / comorbidades C: ✓ Hipertensão ✓ Insuficiência cardíaca ✓ DAC ✓ Diabetes mellitus ✓ Apnéia do sono ATENÇÃO! Caso clínico II: ID: Paciente ANT, 26 anos, feminino, branca, casada, artista, natural e residente do Rio de Janeiro e procedente de Las Vegas, umbandista, Bradesco QP: “coração muito acelerado há 3 horas” HDA: Paciente previamente hígida e sem antecedentes pessoais patológicos relata que, há aproximadamente 3 horas, iniciou quadro de palpitações taquicárdicas, irregulares, de início súbito e constante desde então, associada a sensação de lipotímia e cansaço aos pequenos esforços. Refere libação alcoólica nas últimas 48h. Nega fatores agravantes ou atenuantes. Nega precordialgia, dispnéia, síncope ou qualquer outro sintoma. Nega eventos semelhantes prévios. Devido à persistências dos sintomas, procurou atendimento médico na Unidade de Emergência HPP: nada digno de nota. HFisiol: nada digno de nota H. Fam.: pais vivos e saudáveis / 2 irmãos saudáveis / sem filhos • H. Social e hábitos de vida: alimentação nutricionalmente adequada. Atividade física regular, 5x/semana e forte intensidade. Etilista social. Tabagista eventual. Nega uso de drogas ilícitas IS: ausência de outros sintomas Sinais vitais: PA: 120 x 70 mmHg em ambos MMSS / FC: 165 bpm / SO2 98% / TAX 36,8ºC Medidas Antropométricas: P: 56 kg / A: 165 cm / CA: 80 cm. IMC 20,5 Ectoscopia: regular estado geral, fácies ansiosa, LOTE, colaborativa, posição e atitudes ativa e atípica, corada, hidratada, perfusão periférica preservada, acianótica, normolínea AR: tórax atípico, expansibilidade simétrica preservada, FTV e percussão normais, MVUA sem ruídos acessórios ACV: ectoscopia normal, ictus invisível e impalpável, RCI 2T sem sopros ABD: plano, depressível, indolor à palpação superficial e profunda, sem sopros, massas ou visceromegalias MMII: sem edemas / pulsos femorais, poplíteos e distais são palpáveis e simétricos Pontos Importantes: ✓ Palpitações taquicardicas que iniciaram nas ultimas 3h ✓ Libação: abuso no consumo de álcool ✓ FC: elevada e sintomática Pediu para fazer ECG e teve o seguinte resultado: ✓ FC: 168 ✓ Ritmo irregular ✓ Ausência de onda P ✓ Irregularidades na linha de base ✓ Complexo QRS irregular ✓ Diagnóstico: fibrilação atrial Segue o protocolo: CC To ABC Depois de confirmar, deve categorizar Na categorização: ✓ Primeiro S: CHA2DS2-VASc Score Sexo feminino: 1 ponto ✓ Segundo S: Sinais e sintomas Cansaço aos menores esforços Classificada como 3 ✓ Terceiro S: Classificação Primeiro diagnóstico ✓ Quarto S: Substrato Consumo de álcool exagerado Próximo passo é o tratamento (ABC) ✓ A: Risco de AVC alto ou baixo? Baixo Risco – não precisa tomar anticoagulante Risco de sangramento alto ou baixo? Indiferente Inicia anticoagulação? Não Qual preferência? Nenhum ✓ B: FC elevada, mas estável Deve dar beta-bloequador ou bloqueador do canal de cálcio diidropiridínico Deve restaurar o ritmo sinusal Nesse caso deve fazer cardioversão química e pode começar já Só toma anticoagulante por 4 semanas ✓ C: Deve orientar para diminuir a ingestão de álcool
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