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representante legal ou procurador com poderes especiais; d) tácito: resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação penal (sempre extraprocessual). Titularidade da concessão do perdão: depende do caso: a) ofendido menor de 18 anos: cabe ao seu representante legal; b) ofendido maior de 18 anos: torna-se maior e plenamente capaz; logo, somente ele poderá conceder o perdão. Aceitação do perdão: o perdão do ofendido é ato jurídico bilateral, pois não produz efeito quando recusado pelo ofensor. Motivo: interesse do querelado em provar sua inocência. Querelado maior de 18 anos: somente ele pode aceitar o perdão, pois, como se trata de maior plenamente capaz, não existe a figura do representante legal. Querelado menor de 18 anos: é inimputável e não pode ser querelado. Formas de aceitação do perdão: são elas: a) expressa: declaração escrita, assinada pelo querelado, dizendo que aceita o perdão (pode ser processual ou extraprocessual); b) tácita: prática de ato incompatível com a vontade de recusar o perdão (pode ser processual ou extraprocessual); c) processual: nos autos do processo; d) extraprocessual: fora dos autos do processo. Aceitação tácita do perdão: o querelado é notificado para dizer se aceita o perdão no prazo de 3 dias; se, após esse prazo, permanecer em silêncio, presume-se que o aceitou (CPP, art. 58). Efeitos do perdão aceito: extinção da punibilidade, com o afastamento de todos os efeitos da condenação, principais e secundários. Comunicabilidade: no caso de concurso de agentes, alcança a todos os querelados, exceto o que tiver renunciado (CP, art. 51). 6. Perempção Conceito: causa de extinção da punibilidade, consistente em uma sanção processual ao querelante desidioso, que deixa de dar andamento normal à ação penal exclusivamente privada. "É uma pena ao ofendido pelo mau uso da faculdade, que o poder público lhe outorgou, de agir preferentemente na punição de certos crimes" (Aloysio de Carvalho Filho, Comentários, cit., v. 4, p. 222.). Cabimento: só é cabível na ação penal exclusivamente privada, sendo inadmissível na ação penal privada subsidiária da pública, pois esta conserva sua natureza de pública. Oportunidade: só é possível após iniciada a ação privada. Hipóteses: são seis: 1ª) querelante que deixa de dar andamento ao processo durante 30 dias seguidos: só haverá a perempção se o querelante tiver sido previamente notificado para agir (RJTJSP, 881355.). Ressalte-se que a perempção, por natureza e definição, é sanção de caráter processual à inércia do querelante. Deve, assim, a paralisação do processo dar-se por sua causa. Se for atribuída ao querelado ou a funcionário, não há falar em perempção (Nesse sentido: STF, RT, 651/364.); 2ª) querelante que deixa de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente: não precisa comparecer à audiência para oitiva de testemunhas (RTJ, 95/142.); o querelante só está obrigado a comparecer aos atos em que sua presença seja absolutamente indispensável (RTJ, 122/36.). Nesse diapasão, não se tratando de ato processual que só possa ser realizado com a participação pessoal do querelante, inocorre a perempção da ação penal, se ele se faz representar por advogado constituído nos autos (STF, RT, 608/409.); não comparecendo à audiência de inquirição de testemunhas, nem mandando advogado, o querelante dará causa à perempção (Nesse sentido: 6ª T., REsp 45.743-200, Rel. Min. Pedra Acioli, unânime, DJU, 19-9-1994.). Aliás, a atual orientação jurisprudencial da Suprema Corte não cogita de perempção da ação penal se o querelante ou seu advogado comparecem ao ato de inquirição de testemunhas (RTJ, 71/235.). Quanto à inquirição de testemunha de defesa em juízo deprecado, já decidiu o Supremo Tribunal Federal que o não- comparecimento do querelante ou de seu procurador não importa em perempção da ação (RTJ, 71/235.). Finalmente, no caso de não-comparecimento do querelante à audiência prévia de conciliação no procedimento dos crimes contra a honra, entendemos que não se dá a perempção. Em primeiro porque ainda não existe processo, já que a queixa ainda não foi recebida; além disso, a ausência não implica abandono da causa ou desleixo do ofendido, mas, ao contrário, vontade de instauração da relação processual e recusa de qualquer tipo de manifestação amistosa para com o ofensor. No entanto, o STJ já decidiu em sentido contrário, entendendo haver extinção da punibilidade (STJ, 6ª T., REsp 45.743-2/RJ, Rel. Min. Pedro Acioli, DJU, 19-9-1994. Cf. a respeito Femando Capez, Curso de processo penal, 6. ed., São Paulo, Saraiva, p. 554.); 3ª) querelante que deixa de formular pedido de condenação nas alegações finais: a jurisprudência tem entendido que não há necessidade de dizer expressamente "peço a condenação"; basta que o pedido decorra do desenvolvimento normal das razões. Assim, não induz falta de pedido de condenação pedir "justiça" nas alegações finais (STF, RT, 575/451.); porém, a não-apresentação de razões finais equivale a não pedir a condenação (JTACrimSP, 82/172.). Alegações finais ofertadas fora do prazo também não induzem à perempção (RTJ, 59/194.). Também haverá perempção na hipótese em que o querelante deixar de pleitear nas alegações finais a condenação quanto a um dos delitos capitulados na inicial (RT, 576/390.), embora persista a ação quanto aos demais. Mirabete sustenta que a perempção não é comunicável aos co-autores, por ausência de previsão legal, de modo que, se o querelante se manifesta pela condenação de um dos co-autores e se omite quanto aos demais, quanto àquele a ação prosseguirá. Para tanto, argumenta que "a omissão, voluntária, afasta aqui o princípio da indivisibilidade, por ser possível que, ao final da instrução, o querelante entenda que nem todos os querelados participaram do crime, pedindo a condenação de apenas um ou alguns deles" (Código Penal, cit., p. 565.); 4ª) morte ou incapacidade do querelante, sem comparecimento, no prazo de 60 dias, de seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ou qualquer pessoa que deva fazê-lo; 5ª) quando o querelante, sendo pessoa jurídica, extinguir-se sem deixar sucessor; 6ª) às hipóteses de perempção deve ser acrescida a da morte do querelante nos crimes de ação penal privada personalíssima, em que só o ofendido pode propor a ação. 7. Retratação do Agente Conceito: retratar-se é desdizer-se, retirar o que se disse. Casos em que a lei a permite: são os seguintes: a) art. 143 do CP: a retratação é admitida nos crimes contra a honra, mas apenas nos casos de calúnia e difamação, sendo inadmissível na injúria. - se o crime for praticado por meio da imprensa, admite-se a retratação nas três espécies de crime contra a honra (Lei n. 5.250/67, art. 26); b) art. 342, § 3º, do CP: o fato deixa de ser punível se o agente (testemunha, perito, tradutor ou intérprete) se retrata ou declara a verdade. Oportunidade: na hipótese de crime contra a honra, a retratação do agente só será possível até a sentença de primeiro grau do processo criminal instaurado em virtude da ofensa. No caso do falso testemunho, a retratação só será admitida até a sentença de primeira instância do processo em que se deu o falso, ou, na hipótese de ele ter ocorrido em procedimento da alçada do júri popular, até o veredicto dos jurados. Comunicabilidade: depende das circunstâncias: a) a retratação de que trata o art. 143 é pessoal, não se comunicando aos demais ofensores; b) a do art. 342, § 3º, é comunicável, uma vez que a lei diz que "o fato deixa de ser punível" (e não apenas o agente), ao contrário do art. 143, que diz ficar "o querelado isento de pena" (só o querelado fica isento). 8. Casamento do Agente com a Vítima e Casamento da Vítima com Terceiro Essas causas extintivas da punibilidade eram previstas nos incisos VII e VIII do art. 107, mas foram revogadas pela Lei n. 11.106/2005. Tais causas extintivas da punibilidade se baseavam em critérios de política criminal, pois, à época