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1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Amenorreia Introdução: Menstruação é uma manifestação que pode estar relacionada com o útero (descamação do endométrio - processo isquêmico e inflamatório da zona juncional). Resultado de uma perfeita integração entre o eixo H-H-O e o útero. Menstruação é o efeito e não a causa. Variações psíquicas e/ou físicas podem influenciar na menstruação. Amenorreia: causa? relacionada com infertilidade? normalidade? Pode ser primária (nunca menstruou, nem houve menarca - cromossômicas, uterinas como alterações mullerianas, alterações do trajeto, como hímen imperfurado e pode ser agenesia de útero), e secundária (já menstruava e em determinando momento para de menstruar). Menstruar ou não menstruar passou a ser um conceito relativo porque atualmente a mulher tem poder de escolha em relação a isso. Criptomenorreias: grande causa das amenorreias, são as amenorreias por falha no trajeto, problemas uterinos, vaginais, vulvares, introito vaginal, hímen imperfurado, entre outros. A amenorreia fisiológica é a mais comum de todas. Fisiopatologia: para que a menstruação ocorra, necessita-se que estejam presentes as seguintes características: eixo hipotálamo- hipófise-ovário em funcionamento, endométrio responsivo aos estímulos hormonais e trato de saída pérvio. Quaisquer estímulos que afetam o sincronismo do eixo podem intervir na regularidade do ciclo menstrual. Síndrome ovário policístico: ovário não responde e a mulher não ovula, não tem segunda fase. Amenorreia hipotalâmica pode ser por excesso de atividade física ou alteração no hipotálamo. Etiologia: Distúrbio do sistema genital ou na saída do fluxo menstrual; Distúrbios gonádicos/ovarianos; Distúrbios hipofisários; Distúrbios hipotalâmicos. 2 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Síndrome de Asherman: descamação do endométrio além da camada basal e pode causar processo de fibrose, podendo se unir e esse endométrio deixar de crescer, principalmente em mulheres que se submeteram a processos invasivos. Amenorreias hipotalâmicas: origem da maioria das amenorreias secundárias, representam juntamente com as causas hipofisárias o chamado hipogonadismo (níveis baixos de estrogênio e progesterona), Hipogonadotrófico (níveis baixos de FSH e LH – produção está comprometida). Causas de amenorreia hipotalâmica são psicogênicas, neurogênicas, iatrogênicas, tumores e atraso constitucional da puberdade. → Psicogênicas: estados de grande tensão, pseudociese, distúrbios alimentares, exercícios físicos; → Neurogênicas: algumas síndromes; → Iatrogênicas: anticoncepcionais hormonais (bloqueio de todo o ciclo hormonal), drogas (metoclopramida, metildopa, clorpromazina – hiperprolactinemia elas causam); → Tumores; → Atraso constitucional da puberdade. Amenorreias hipofisárias: minoria das amenorreias. Hiperprolactinemia: dosagem de prolactina sérica. → Idiopática; → Medicamentosa (causa mais comum); → Tratamento com antiprolactemicos – sintomáticas. Cabergolina (0,5 por semana e depois dosa prolactina de novo – geralmente diminui em cerca de um mês) e bromocriptina – agonistas dopaminérgicos; → Adenoma hipofisário é a causa tumoral mais comum (e especial o prolactinoma, que representa 50% dos casos). → Cirurgia apenas em tumores volumosos e sintomáticos (cefaleia e distúrbios visuais). OBS: das causas conhecidas a mais comum é a medicamentosa, mas em relação ao numero de casos de amenorreias hipofisárias, a mais comum de todas é a que não se tem causa especifica. Amenorreias Gonadais: resistência ovariana à ação das gonadotrofinas, falência ovariana precoce, alterações genotípicas, tumores, iatrogênicas, disgenesia ou agenesia gonadal. Tem as gonadotrofinas, aumento de FSH e estrogênio, ovário funciona adequadamente, não ovula pela resistência (falta progesterona, tem a primeira fase do ciclo, mas não tem a segunda). Amenorreias Uterovaginais: decorrentes da falha na resposta endometrial (hormônios funcionam naturalmente), de manifestações uterinas ou do trajeto de saída, por agenesia ou simples obstrução. Diagnóstico: Anamnese e exame físico: Presença ou ausência dos caracteres sexuais secundários: deficiência de receptores androgênicos, deficiência de estradiol; Crescimento estatural adequado: turner, deficiência de Gh; Estresse, alteração do peso, alteração de hábitos alimentares, presença de doenças crônicas: amenorreia hipotalâmica, hipofisária; Presença de dor pélvica cíclica (cólicas) de caráter progressivo, associada a amenorreia primaria: obstrução de fluxo; Secura vaginal/fogachos: hipoestrogenismo, menopausa; Sinais e sintomas hiperandrogênicos (aumento de acne e aumento no número de pelos): SOP; Galactorreia: hiperprolactinemia; Ausência de menstruação pós-parto: Síndrome de Sheehan - hemorragia pós-parto; Exame genital normal: hímen imperfurado, má formação vaginal ou de colo. Avaliação laboratorial: Sempre excluir gestação; FSH: elevado indica insuficiência ovariana; normal e com útero ausente indica malformação mulleriana ou síndrome de insensibilidade androgênica; baixo ou normal e com útero presente pode ser eugonadismo/hipogonadismo hipogonadotrófico). Prolactina: hiperprolactinemia; TSH e T4 livre: suspeita de disfunção tireoidiana/elevação da prolactina); Estradiol: ajuda a determinar a questão do hipogonadismo hipogonadotrófico, por que se 3 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 o estradiol e FSH estão muito baixos pensa em hipogonadismo, mas se o FSH está alto indica uma insuficiência ovariana. Exames de imagem: ECO TV ou pélvica (virgem) (amenorreias primárias, avaliar ausência do útero, má formação uterina ou obstrução do fluxo; amenorreias secundárias para diagnóstico de SOP); RNM (alguns casos de malformação dos órgãos genitais); RM ou TC de cela túrcica ou de crânio, quando necessário investigar tumores - hipogonadismo hipogonadotrófico sem causa clara / hiperprolactinemia. Cariótipo: Amenorreias hipergonadotróficas (FSH elevado), por amenorreia primária ou secundária em mulheres com menos de 30 anos. Amenorreia primária com ausência de útero e FSH normal, dosar testosterona para investigar a síndrome da insensibilidade androgênica. Testes adicionais: Teste da progesterona (a progesterona VO por 5-10 dias, se + tem produção estrogênica presente, se negativo é ausência de resposta endometrial (útero não funciona, ou algo acima dele que impede a produção de progesterona) - podem ter muitos falsos negativos). Depois vai para a procura das causas de anovulação, quando positivo. Teste do GnRH (na disfunção hipotálamo- hipofisária - hipogonadismo hipogonadotrófico - elevação dos níveis de gonadotrofinas após administração de LHRH indica que a disfunção é no hipotálamo, quando não há elevação indica problema na hipófise). Investigação de amenorreia primária: 4 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Investigação de amenorreia secundária: Tratamento: Vinculado à etiologia, bem como as expectativas da paciente, em especial reprodutivas e sexuais. Lembrar que amenorreia é uma consequência. Hiperprolactinemia: agonistas dopaminérgicos como bromocriptina/cabergolina; Hipoestrogenismo: reposição hormonal; Anovulação hiperandrogênica: hiperandrogenismo iatrogênico (interrupção do fármaco ou substância desencadeante), deficiência enzimática da suprarrenal (prednisona); SOP: progesterona cíclicos ou ACHO que promovem regularização do ciclo e proteção contra carcinoma endometrial (não trata hiperandrogenismo). Quando houver desejo de gestação devemos induzir a ovulação. Tratamento cirúrgico: neoplasias ovarianas ou de suprarrenal,sinequias intrauterinas (recorrência muito grande), malformações mullerianas (síndrome de rokitansky - cirurgia para neovagina) e nos casos de insuficiência ovariana prematura ou disgenesia gonadal com cariótipo contendo cromossomo Y, a gonadectomia está indicada, bem como nos casos de insensibilidade androgênica, devido ao risco de tumor da gônada.
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