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1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Hemorragia do 2º e 3º trimestre Introdução: São as hemorragias relacionadas principalmente com a placenta previa (de maneira geral a placenta está no fundo uterino eventualmente ela fica mais no inferior) e descolamento de placenta. Ruptura uterina, inserção velamentosa dos cordões, distúrbios de coagulação, outras causas não obstétricas, vasa previa (os vasos de inserção do cordão ficam na parte inferior, passam pelo fundo uterino, ligados na própria membrana amniótica e no momento que rompe a bolsa esses vasos rompem junto – extremamente grave), essas são causas menos frequentes de hemorragias. → Em torno de 5% das gestações; → Complicações neonatais, maternas e fetais; Avaliação inicial: → Avaliação clínica: equilíbrio hemodinâmico (sinais de choque, hipotensão, extremidades frias, palidez); o Pegar acesso, cristaloide, volume, administrar o necessário para reequilibrar. → Avaliação materna e fetal (sinais de sofrimento fetal – bradicardia geralmente); → Exame clinico: o Descartar lesão de colo ou trajeto: entender de onde está saindo o sangue; o Evitar toque vaginal se não descartada placenta previa: ao fazer toque, como j´pa esta um ambiente delicado, pode lesionar ainda mais a placenta e a região, então a primeira coisa que faz é o exame especular. Se necessário fazer em caso de trabalho de parto e por profissional experiente. Placenta prévia (PP): → Placenta que está em intimo contato com o orifício cervical; → Início da gestação: 1-6% das gestações; → Final da gestação: 0,1-0,4% das gestações. Devido ao crescimento uterino e migração da implantação. OBS: fenômeno de migração placentária – a medida que a gestação vai sendo levada a diante a placenta migra. OBS: a placenta previa é fonte frequente de complicação: sangram durante a gestação, acretismo placentário (placenta implanta e infiltra o miométrio, podendo dependendo do grau invadir o miométrio – tratamento retirada do útero no nascimento – difícil diagnostico – 30% de mortalidade), complicações na mesa de parto devido ao sangramento (choque, entre outros). Fatores de risco para PP: → Cesárias previas: quanto maior o número de cesáreas, maior o risco. o Áreas de fibrose devido a cicatrizes e com isso a placenta se implanta mais embaixo, o que além de favorecer a PP, faz com que a vascularização placentária seja pior; OBS: vascularização menor na parte inferior do útero. → História prévia de PP; → Multiparidade; → Procedimentos uterinos prévios (curetagens, miomectomias); → Tabagismo; → Gestação múltipla; Esses fatores estão muito relacionados a fisiopatologia da doença: processos isquêmicos. Muitas vezes alterações a nível mais alto do útero determinem um certo grau de isquemia, podem fazer com que o trofoblasto se desenvolva em uma porção mais inferior – placentação baixa (uma das explicações. As vezes tem placentas baixas (prévias) sem fatores de risco; 2 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Classificação da PP: → Completa ou oclusiva total: cobre e orifício cervical interno (OCI); → Parcial: cobre parcialmente e orifício; → Inserção baixa (placenta marginal): encontra- se marginal ao OCI ou implantada no segmento inferior do útero. Probabilidade maior de acabar migrando, logo merece atenção, mas não apresenta um elevado risco de PP. OBS: completa e parcial possuem muito mais risco de sangramento. Podem migrar também ao longo da gestação, mas menos provável. Diagnostico de PP: → Sangramento do 2º e 3º trimestre; → Indolor: somente 10% dos casos tem dor; → Geralmente é um sangramento reincidente e intermitente; → Perda sanguínea não intensa na maioria dos casos; → Tônus uterino normal: útero não está se contraindo para parar de sangrar, não tem esse reflexo; → Feto sem comprometimento do bem-estar: a não ser que haja complicação associada como DPP ou choque; → Ultrassonografia determina o diagnóstico: principalmente a ultrassonografia transvaginal. Complicações: Conduta: Antes das 36 semanas: → Internação; → Estabilização; → Avaliação de bem-estar fetal; → Corticoide (maturidade pulmonar fetal); → Se sangramento intenso interrupção da gestação. Após as 36 semanas: → Interrupção da gestação: neném já tem maturidade e acaba sendo mais perigoso manter essa gestação do que interromper; → Cesariana é a via de escolha; OBS: placenta marginal pode ser parto normal; → Cuidar hemorragia pós-parto. Descolamento prematuro de placenta (DPP): → 0,2-1% das gestações; → Complicações maternas: choque, coagulopatia, histerecromia e morte; → Perinatais: prematuridade, sofrimento fetal e morte fetal; → O deslocamento por complicação primaria, as complicações são muito grandes. → Os descolamentos podem ser subcorionicos, retrocoriônicos e subaminiotico. 3 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 → O DPP tem a ver com o vaso sanguíneo propriamente dito. OBS: o descolamento subamniotico é mais difícil de apresentar sangramento, paciente apresenta dor, descompensação hemodinâmica e sem sangramento visível). Fatores de risco do DPP: → DPP anterior; → Distúrbios hipertensivos na gestação: maior fator de risco; → Tabagismo e uso de drogas; → Alterações de coagulação; → Trauma materno; → Descompensação uterina súbita; → Miomas e anomalias uterinas; → Multiparidade; → Cesáreas previas; → PP. Diagnostico: → Basicamente clinico; → Diferentes graus de sintomatologia: sangramento vaginal súbito de graus variáveis. 80% externa; → Dor abdominal: sintomas mais frequentes; → Contrações; → Hipertonia uterina: generalizada, em todo o útero; → Sintomas clínicos sistêmicos; → Ultrassonografia tem baixa sensibilidade, mas alto VPP se visualizado hematoma. OBS: sempre cuidar se está ocorrendo descompensação fetal. CIVD: Coagulação Intravascular Disseminada é uma síndrome caracterizada pela ativação sistêmica da coagulação sanguínea, com ativação e consumo dos fatores de coagulação, e consequente trombose de pequenos e médios vasos, podendo ocasionar disfunção orgânica e sangramentos. 4 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Conduta DPP: Medidas gerais para manter estabilização hemodinâmica: transfusão se necessário, avaliação laboratorial (hemograma, Tp, KTTP, fibrinogênio, plaquetas. OBS: neném sempre sofre primeiro, hipoxemia placentária é rápida. Resumo: Ruptura uterina: → Saída total ou parcial do feto para a cavidade: a parede uterina rompe, geralmente por fragilidade da parede associada a contração uterina; → Antes ou durante o trabalho de parto; → Após cesariana previa um parto tem risco de 0,47% de ruptura (aumenta conforme o número de cesarianas): tecido fibrótico da cicatriz deixa a região mais frágil, então pode gerar ruptura do trabalho de parto. Fatores de risco para ruptura uterina: → Trabalho de parto após cesariana previa; → Cirurgia uterina previa; → Ruptura previa; → Uso de misoprostol ou ocitocina: iatrogênico ou em cirurgias uterinas previas (cicatrizes); → Multiparidade; → Hiperdistensão uterina; → Acretismo placentário; → Desproporção cefalo pélvica. Quadro clinico: → Contrações excessivamente dolorosas; → Taquissistolia: muitas contrações, quase sem repouso nenhum: é um sinal iminente de ruptura, geralmente 5 ou mais contrações em 10 minutos; → Mal-estar e descompensação sistêmica; → Distensão do segmento uterino: sinal de Brandl (anel próximo ou contíguo à cicatriz umbilical 5 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 que separa o corpo do segmento inferior do útero); → Sofrimento fetal agudo; → Elevar o grau de suspeição. Conduta na ruptura uterina: → Laparotomia imediata com cesariana; → Histerectomia na maioria doscasos; → Histerorrafia se possível.
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