Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 Puerpério anormal Introdução: Puerpério é o período que se inicia logo após o parto (vaginal ou cesariana) e se estende até 6 semanas. Essas alterações podem estar relacionadas a processos específicos do puerpério imediato, principalmente hemorragia pós-parto. Início após a dequitação placentária; Morte materna: na gestação e até 40 dias do nascimento; Hemorragia se dá pela necessidade do útero contrair e nem sempre ocorrer da maneira correta e a segunda principal causa de morte é infecção. Pode estar relacionado: → Hemorragia; → Processos infecciosos; → Endometrite, infecções de ferida operatória; → Episiotomia e cesariana; → Amamentação: mastites, ingurgitamentos; → Psicogênicos como a depressão pós-parto; → Cefaleia pós punção da dura-máter. Hemorragia pós-parto (HPP): Cuidados na primeira hora pós-parto Também chamado de quarto período do parto Observar sangramento É quando pode ocorrer a hemorragia Parto normal a gestante fica uma hora na sala de observação para que seja observado qualquer espécie de possível sangramento, já na cesárea esse tempo é prolongado para cerca de ¾ horas. Essa ultima precisa começar a sentir as pernas, ou seja, sentir que a anestesia está passando e que os movimentos estão voltando, pode muitas vezes demorar mais de 4 horas e dai continua na sala de recuperação. → Responsável por 27,5% das mortes maternas; → É considerada quando a perda sanguínea é: 500ml de sangue em parto vaginal e 1000ml em cessaria; → A gestante pode manter-se assintomática mesmo com perdas sanguíneas volumosas: acima de 1500ml; → Compreende o ciclo gravídico ou até 40 dias após o parto; → conceito teórico em que a subjetividade faz parte. Fazer palpação uterina para afastar hipotonia. Sangramento vaginal aumentado= revisão do canal de parto e tentar parar o sangramento. Medicações: ocitocinas, misoprostol; Curagem; Curetagem uterina; Histerectomia. Fatores de risco para HPP: OBS: Paciente vai perder sangue, então manter ela sem anemia é importante. OBS: A maioria dos casos de HPP ocorre em pacientes sem fatores de risco evidentes, mas uma parcela expressiva ocorre no grupo de risco, vigilância para todas as pacientes! Trauma: 1. Sutura: muitas vezes em grandes traumas não consegue suturar, aí faz tamponamento; 2. Tamponamento; 2 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 OBS: colo uterino precisa ser revisado para avaliar se não tem trauma; Restos ovulares: 1. Identificados por USG ou pela saída da placenta – ver se saiu inteira; 2. Curagem: passagem da mão na cavidade uterina e retirada manual dos restos placentários; 3. Curetagem: se tiver acretismo precisa realizar histerectomia. O principal fator de risco são múltiplas cesárias. 4. Diagnóstico precoce com USG com doppler no pré-natal geralmente consegue fazer o diagnóstico. Índice de mortalidade no acretismo é alto. Distúrbios da coagulação: 1. Síndrome de HELLP: complicação da pré- eclampsia; 2. Embolia amniótica: tromboembolismo venoso que acaba evoluindo para uma coagulação intravascular disseminada; 3. Controle CIVD. OBS: precisa se identificar muito precocemente a hemorragia e a definição da etiologia. Infecção puerperal: o É um termo usado para descrever qualquer infecção bacteriana após o parto; o Uma das possíveis complicações puerperais; o Infecção da FO: uma das morbidades da cesariana. Infecção urinária: principalmente em pacientes que são sondadas, principalmente em cesáreas; o Abcessos: complicações da episio, FO e endometrite. É avaliado através dos exames de imagem; o Pneumonia; o Consequências: alto custo (internação, exames de imagem, cirurgia), relação mãe/filho, infertilidade (abcessos podem alterar a tuba uterina) e responsável por até 8% dos óbitos. OBS: uma das complicações do parto sem episiotomia é a laceração do trajeto, do períneo. Endometrite: o A forma clinica mais comum de infecção puerperal é a endometrite, que pode estar associada ou não a infecção de ferida operatória, episiotomia ou parede abdominal; o Endometrite: infecção do sítio placentário, endométrio que muitas vezes pode passar para uma miometrite – passar para o miométrio. De maneira geral se trata precocemente. É uma infecção polimicrobiana. Os mais comumente envolvidos são: Streptococcus, escherichia coli (bactérias aeróbicas), bacterioides, entre outras anaeróbias; o O diagnostico de endometrite é clinico: dor a mobilização do colo do útero, febre alta, loquios fétidos são os três fatores principais; o Clínica geral: febre (descartar outras causas de febre no puerpério como uma inflamação normal de tecidos e ingurgitamento mamário), taquicardia, hipotensão, dor abdominal, subinvolução uterina, odor fétido (lóquios sanguinolentos até 14 dias, se tiver odor ou pus pode ser infecção), sinais flogísticos de FO (celulite, hiperemia, edema de subcutâneo, pele em casca de laranja, saindo infecção purulenta), coleções purulentas. OBS: sempre descartar mastite em puérpera com febre e avaliar endometrite. o Endometrite é 6 vezes mais presente na cessaria. o Geralmente a infecção ocorre entre o terceiro e sétimo dia do puerpério; o Exames complementares: hemograma, exames culturais (urocultura e homocultura) e raramente raio X de tórax. Leucocitose com 3 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 desvio à esquerda (presença de células jovens), bacteremia em 5-10% (hemocultura não é tão sensível). OBS: a ecografia pode atrapalhar porque é algo imediato do pós-operatório e pode dar a entender que tem focos. o Fatores de risco: trabalho de parto prolongado, cesariana indicada no trabalho de parto por desproporção cefalo-pélvica, ruptura prematura de membranas, colonização pelo Streptococcus do grupo B, obesidade, líquido amniótico meconial, extração manual da placenta, hemorragia puerperal, parto pré- termo, vaginose bacteriana, infecção HIV, tempo cirúrgico prolongado, diabetes, anemia. OBS: a partir de 36 semanas se pede a pesquisa de Streptococcus do grupo B. o Tratamento: • Endometrite pós-parto: ampicilina 6/6 horas; • Endometrite pós cesariana: esquema antimicrobiano mais amplo: aminoglicosídeo (gentamicina ou amicacina), anaerobicida (clindamicina). Aminoglicosídeo suspende porque é endovenoso, aí mantem depois da alta totalizando 10/14 dias de clindamicina. • O tratamento deverá ser mantido até que a paciente se mostre afebril por 48 horas. Infecção de ferida operatória: ✓ É a principal complicação da operação cesariana; ✓ Infecção de parede abdominal: abrir e lavar; ✓ Infecção de episiotomia: lavar; OBS: sempre lavar com soro e lavar bem. Cefaleia pós punção de dura mater: Uma complicação comum que ocorre quando há punção acidental da dura mater com perda de liquido cerebroespinhal e redução da pressão liquórica com o surgimento da cefaleia frontal com irradiação occipital com piora da postura ortostática. Tratamento: repouso no leito, hidratação, analgesia com medicamento com cafeína (neosaldina). Em casos graves: injeção de sangue da própria paciente no espaço peridural. Depressão pós-parto: Nos primeiros dias pós-parto podem apresentar sintomas do baby blues: fadiga, ansiedade, sono desordenado e mudança de humor; A depressão pós-parto: mudança de humor, ansiedade, depressão, pânico, irritabilidade, fenômenos obsessivos. Geralmente os sintomas aparecem entre a 4ª e 6ª semana pós-parto. Tratamento: psicoterapia, medicamentos como sulpirida (aumenta a produção de leite), triptofano, tricíclicos, sertralina. OBS: domperidona e metoclopramida são medicações que aumentam a produção de leite. Infecção urinária: Exames de EQU e urocultura; Escherichia coli é a mais prevalente; Tratar com antibiótico. Mastite aguda: → Gestacional ou puerperal (mais comum); → Hiperemia, engurgimento, calor, dor, aumento do volume mamário; → Repercussões sistêmicas: febre, calafrios, anorexia, mal-estar; → Casos graves: sepse (raros). 4 Luiza D. V. Torriani ATM 2024/2 → 2ª a 4ª semana puerperal; → Epidêmica: rara, surtos de infecção hospitalar, contaminação da orofaringe do recém- nascido; → Endêmica: 1 a 5% das puérperas. Disseminação hospitalar, não se relaciona com a orofaringe do lactente; → Má técnica de amamentação e invasão bacteriana: ingurgimento mamário (estase láctea), fissuras mamilares, anormalidades do mamilo (plano, invertido), primiparidade, má higiene, infecções cutâneas associadas (escabiose). → É causa de descontinuidade da amamentação, então deve-se orientar o seguimento da amamentação; → Diagnostico diferencial: carcinoma inflamatório; → Tratamento: • Orientação quanto à amamentação; • Esvaziamento da mama; • Compressas frias; • Anti-inflamatórios; • Antibioticoterapia: cefalexina VO 500 mg 6/6 horas 7/10 dias; • Casos mais graves: antibiótico endovenoso, oxacilina 500mg EV 6/6 horas, cefotixina 1g EV 8/8 horas.
Compartilhar