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Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital Autores: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 21 de Junho de 2021 1 Sumário Apresentação ................................................................................................................................................... 3 I – Crimes de Trânsito – Parte Geral ............................................................................................................. 4 1.1 – Conceitos Iniciais ........................................................................................................................... 4 2 – Elementos Subjetivos da Conduta ..................................................................................................... 4 2.1 – Conceito e terminologia ............................................................................................................... 4 2.2 – Crimes Culposos ............................................................................................................................ 5 3 – Infração X Crime de Trânsito............................................................................................................... 5 4 – Suspensões Previstas no CTB ............................................................................................................. 6 4.1 – Conceito e terminologia ............................................................................................................... 6 4.2 – A Suspensão Penal ........................................................................................................................ 6 4.3 – Condições para o SUSPENSO voltar a dirigir ........................................................................... 9 5 - As Multas previstas no CTB ............................................................................................................... 12 5.1 – A Multa ADMINISTRATIVA ........................................................................................................ 12 5.2 – A Multa REPARATÓRIA .............................................................................................................. 12 5.3 – A Multa PENAL ............................................................................................................................. 13 6 - Crimes de Dano e de Perigo no CTB ............................................................................................... 13 7 - Circunstâncias Agravantes e Aumentativas de Pena ..................................................................... 14 II – OS CRIMES DE TRÂNSITO - PARTE ESPECÍFICA ............................................................................. 20 8 - Os Crimes de Trânsito ........................................................................................................................ 20 8.1 – Homicídio Culposo (art. 302) ..................................................................................................... 22 8.2 – Lesão Corporal Culposa (Art. 303) ............................................................................................ 26 Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 2 8.2.1 – Lesão corporal culposa SEM os benefícios da Lei 9.099/95 ............................................. 26 8.2.2 – Lesão corporal com aplicação da Lei nº 9.099/95 na ÍNTEGRA ...................................... 30 8.2.3 – Lesão corporal culposa COM AUMENTATIVO de pena ................................................... 31 8.2.4 – A Qualificadora da Lesão Corporal Culposa ....................................................................... 32 8.3 – Crime de Omissão de Socorro (art. 304) ................................................................................. 34 8.4 – Crime de Afastar-se do Local do Acidente (Art. 305) ............................................................ 34 8.5 – Crime de Embriaguez ao Volante ou de Alteração da Capacidade Psicomotora ao Volante (Art. 306) .................................................................................................................................................. 35 8.6 – Crime de Violação à Suspensão (Art. 307) .............................................................................. 46 8.7 – Crime de Racha no Trânsito (Art. 308) ..................................................................................... 47 8.8 – Crime de Dirigir sem Permissão ou Habilitação (Art. 309) .................................................... 50 8.9 – Crime de "Permitir", "Confiar" ou "Entregar" (Art. 310)...................................................... 50 8.10 – Crime de Trafegar com Velocidade Incompatível (Art. 311) .............................................. 52 8.11 – Crime de Inovar Artificiosamente (Art. 312) .......................................................................... 53 Questões Comentadas ................................................................................................................................. 60 Lista de Questões .......................................................................................................................................... 99 Gabarito ........................................................................................................................................................ 112 Resumo ......................................................................................................................................................... 113 Considerações Finais .................................................................................................................................. 118 Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 3 APRESENTAÇÃO Olá, caro aluno! Nesta aula, estudaremos um assunto bastante importante e sempre muito badalado nos últimos anos: os Crimes de Trânsito. É um assunto que volta e meia tem ocupado grande espaço na mídia, mas que, em se tratando provas de concursos, ainda não tem sido um alvo muito grande de questões. O Cespe é a banca que mais tem questões sobre o assunto e ainda assim não são tantas! Apesar disso, temos muitas questões, bastantes suficientes para a consolidação do seu aprendizado! Pois bem, mais do que descrever os todos os crimes de trânsito trazidos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), vamos dar qualidade ao tema, aprofundando-o no limite necessário. Abordarei primeiramente a Parte Geral do Capítulo XIX (arts. 291 a 301) e, em seguida, com a base dada pela parte geral, falarei sobre cada um dos Crimes em Espécie (arts. 302 a 312), destacando as importantes mudanças promovidas pela Lei nº 11.705/08, a famosa Lei Seca, e pelas recentíssimas Lei nº 12.760/12, apelidada de “Lei da Tolerância Zero”, e Lei nº 12.971/2014. Beleza? Então, aperte o cinto e vamos em frente! Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 4 I – CRIMES DE TRÂNSITO – PARTE GERAL 1.1 – Conceitos Iniciais O Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97) – CTB - estabelece que aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, nele previstos, aplicam-se subsidiariamente as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. Daí você já percebe que as consequências sofridas por quem comete crimes no trânsito não se esgotam apenas nas disposições do referido Código. A depender da gravidade e dos agravantes,o infrator pode também ser submetido às imposições do Código Penal e do Código Processual Penal, assim como da Lei nº 9.099/95 (Leis dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais). Antes de mais nada, vamos trabalhar alguns conceitos que entendemos serem importantes para a compreensão geral do assunto. Tendo como referência o que diz o Código Penal, em se tratando de crime de trânsito, o envolvido por ele responderá se o tiver cometido tanto em via pública quanto em via particular, a não ser que no tipo penal venha de maneira expressa o termo "via pública”. Sendo assim, a primeira informação importante: aquele que pratica homicídio culposo ou lesão corporal culposa na direção de veículo automotor responde pelo CTB, ainda que esses crimes tenham ocorrido em vias particulares, uma vez que o CTB, em seus artigos 302 e 303, nada menciona. Chegaremos já neles, guenta aí! 2 – Elementos Subjetivos da Conduta Para configuração do crime, é preciso que seja analisado se o agente incorreu em dolo, em culpa, ou se esses elementos estavam ausentes, a fim de que seja feita a correta tipificação do delito. 2.1 – Conceito e terminologia O Código Penal Brasileiro define, em seu art.18, que um crime é doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Assim: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 5 ➢ A punição por conduta dolosa nos crimes de trânsito é a regra; os crimes de trânsito tipificados no CTB são, em sua maioria, punidos apenas na modalidade DOLOSA, mais especificamente os dos arts. 304 ao 312 do CTB. 2.2 – Crimes Culposos No mesmo artigo 18, o Código Penal Brasileiro diz que um crime culposo é aquele em que o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Pois bem, a punição por conduta culposa, nos delitos em geral, constitui regra de exceção. Assim, ao analisar um delito de trânsito qualquer, a conduta será culposa se nele houver expressa previsão. ➢ No CTB temos apenas dois delitos de trânsito, cometidos na direção de veículo automotor com previsão de punição das condutas culposas que são: HOMICÍDIO CULPOSO → Art. 302 LESÃO CORPORAL CULPOSA → Art. 303 3 – Infração X Crime de Trânsito É importante perceber que na infração de trânsito, não há que se falar na valoração, pelo agente de trânsito, dos elementos subjetivos da conduta, dolo e culpa, como requisito para tipificação, ou seja, esses elementos não são levados em consideração pelo agente de trânsito Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 6 nas autuações. O que ele de fato analisa é somente se o condutor está ou não em uma situação proibida. Já no crime de trânsito, o magistrado (autoridade judiciária) sempre valora os elementos subjeti- vos da conduta, a fim de fazer a correta tipificação do delito, e, por conseguinte, aplicar a pena correspondente à conduta lesiva. 4 – Suspensões Previstas no CTB Uma das penalidades impostas pela autoridade de trânsito aos condutores que cometem infrações é a suspensão do direito de dirigir (art. 256, III, CTB). Trata-se de uma suspensão administrativa, já que é aplicada pela autoridade de trânsito do órgão com circunscrição pela via. Acontece que não temos apenas essa modalidade de suspensão prevista no CTB. Há também um tipo de suspensão aplicada pela autoridade judiciária em decorrência de crimes de trânsito. Esta pena é aplicável tanto ao inabilitado quanto ao detentor da habilitação. Vamos analisá-las e conhecer suas diferenças! 4.1 – Conceito e terminologia A penalidade de suspensão do direito de dirigir (art. 256, III c/c art. 261) será aplicada nos casos previstos no CTB, da seguinte forma: → 06 meses a 01 ano e de 08 meses a 02 anos (se reincidentes) - quando atingir 20 pontos na CNH → 02 a 08 meses e de 08 a 18 meses (se reincidente) - nas infrações que preveem a suspensão sem prazo fixo 4.2 – A Suspensão Penal Já a suspensão penal, prevista no art. 293 do CTB (esta interessa para a sua prova!), proporciona ao magistrado uma possibilidade maior de sua aplicação, se comparada com a suspensão administrativa aplicada pela autoridade de trânsito. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 7 ➢ Pela imposição dessa pena, poderá ficar suspenso tanto quem tem o direito de dirigir quanto o inabilitado, pelo prazo variável de 02 meses a 05 anos. Quando aplicada essa suspensão, o habilitado tem seu direito de dirigir veículo automotor suspenso. O inabilitado (aquele que ainda não tem ou nunca teve CNH) tem proibido o direito de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Essa suspensão somente pode ser aplicada por um Juiz de Direito, tem natureza jurídica de pena restritiva de direito, apenas sendo possível aplicá-la, em regra, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. O CTB estabelece que a suspensão penal pode ser aplicada isolada (apenas ela) ou cumulativamente (com a pena privativa de liberdade ou com a multa), e com prazo a ser estipulado pela autoridade judiciária, sem nenhuma correlação com os prazos da pena privativa de liberdade, devendo, entretanto, o juiz observar um mínimo de 2 meses e um máximo de 5 anos. ➢ A suspensão ou a proibição de se obter a habilitação ou a permissão para dirigir não mais pode ser aplicada como pena principal (art. 292, CTB)! Como assim, professor?! Bom, essa penalidade só aparece expressamente descrita em quatro dos doze crimes tipificados no CTB: no de homicídio culposo (art. 302); no de lesão corporal culposa (art. 303); no de embriaguez ao volante (art. 306); e no de promoção de competição esportiva (art. 308). Nesses crimes, ela aparece de forma cumulativa com as respectivas penas restritivas de liberdade (detenção ou reclusão). Nenhum dos demais crimes do CTB sequer a prevê como penalidade! E aí, a pergunta: como então ela pode ser aplicada de forma isolada professor, já que só aparece junto com outra pena nos quatro crimes acima e não é prevista em nenhum dos demais delitos? Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 8 É aí que vem pulo do gato! A restrição será aplicada isoladamente para alguns delitos do CTB caracterizados como de menor potencial ofensivo, ou seja, cujas penas restritivas de liberdade não tenham prazo máximo de 2 anos. Nesses casos, o juiz poderá oferecer a chamada transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95), que, grosso modo, significa substituir a pena restritiva de liberdade por uma restritiva de direitos, como essa que estamos a estudar: suspensão ou a proibição de se obter a habilitação ou a permissão para dirigir. Beleza? Ah, e mais: diferentemente da suspensão administrativa, o cumprimento da suspensão penal está condicionado à soltura do réu; sendo assim, enquanto o condenado estiver recolhido em estabelecimento prisional, não há de ser deflagrada a contagem da suspensão penal, não havendo esse impedimento na aplicação de sanções administrativas. Por exemplo: você foi condenado por um crime de trânsito a 2 anos de reclusão que também previa, de forma cumulativa, a suspensão de sua habilitação. O magistrado decidiu que seria de 3 anos o prazo dessa suspensão. Transitada em julgado a sentença, você primeiro cumprirá a pena restritiva de liberdade e, somente após a sua soltura, é que começa a contar o prazo de cumprimento da suspensão da habilitação. Em tese, você ficará 5 anos (2 de reclusão + 3 de suspensão) sem poder conduzir veículos.Existe, em caráter de exceção, a previsão no art. 294 do CTB, de que poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para garantir a ordem pública. Nesse caso, o legislador deu ao judiciário a oportunidade de acalmar o clamor público, a sensação de impunidade, e também uma maneira de calar a imprensa, e outros meios de comunicação, em situações em que a manutenção do direito de dirigir atente contra a tranquilidade social. E sobre essa penalidade, mais um destaque: ➢ Se o réu for reincidente na prática de crime previsto no CTB Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis (art. 296). Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 9 E você sabia que o CTB prevê condições para que esse condutor suspenso volte a dirigir? Vamos conhecê-las! 4.3 – Condições para o SUSPENSO voltar a dirigir Segundo o art. 261, §2º, do CTB, aquele que for suspenso administrativamente pela autoridade de trânsito terá como condição para voltar a dirigir: ✓ o cumprimento do prazo da suspensão; e ✓ a participação em curso de reciclagem. Pois bem, quanto ao suspenso penalmente, deve ser obedecida a regra geral do artigo 160 do CTB, regulamentado pela Resolução CONTRAN nº 300/08. Tal regra estabelece que todo condenado por delito de trânsito, após sentença definitiva, terá seu documento de habilitação apreendido, e só após o cumprimento da decisão judicial e de submissão a novos exames, com a devida aprovação neles, será emitido um novo documento de habilitação mantendo-se o mesmo registro, sendo necessária também a participação em curso de reciclagem. ➢ Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. ➢ Depois de cumprida a pena o condenado por delito de trânsito não precisa reiniciar todo o processo de habilitação, apenas refaz os exames exigidos para primeira habilitação, no DETRAN de registro da sua habilitação. Para você não se esquecer das diferenças: Suspensão Administrativa: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 10 → imposta pela autoridade de trânsito; → 06 meses a 01 ano e de 08 meses a 02 anos (se reincidentes) - quando atingir 20 pontos na CNH; → 02 a 08 meses e de 08 a 18 meses (se reincidente) - nas infrações que preveem a suspensão sem prazo fixo; → cumprido o prazo da suspensão, faz curso de reciclagem e volta a conduzir. Suspensão Penal: → imposta pelo magistrado → 02 meses a 05 anos → começa a cumprir depois de transitada em julgado a sentença → cumprida a pena de suspensão, faz todos os exames da primeira habilitação mantendo-se o primeiro registro + curso de reciclagem. 4.3.1. O JUIZ E A FIXAÇÃO DESSA PENA Caro aluno, aqui temos uma novidade promovida no Código de Trânsito Brasileira pela recente Lei nº 13.546/2017 e que trata de requisitos que o magistrado terá que seguir quando da fixação da pena para os crimes de trânsito. Segundo o que dispõe o novíssimo §4º do art. 291 do CTB: ➢ O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente E às circunstâncias e consequências do crime. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 11 O art. 59 do Código Penal Brasileiro estabelece que o juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: ✓ as penas aplicáveis dentre as cominadas; ✓ a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; ✓ o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; ✓ a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. O que exige então esse novo §4º do art. 291 do CTB exige? Que esses fatores sejam considerados pelo juiz na fixação da pena-base, só que com especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime. (UIAPE – AGENTE DE TRANS. TRANSPORTE – PREF. MUN. OLINDA/PE – 2011) Qual a duração do prazo estabelecido pela legislação de trânsito, quando da suspensão ou da proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor? (A) De dois meses a cinco anos. (B) De dois meses a quatro anos. (C) De três meses a cinco anos. (D) De seis meses a quatro anos. (E) De seis meses a cinco anos. Comentário: Questão bem simples, mas que lhe exige o conhecimento sobre a suspensão para quem comete crimes de trânsito. A suspensão penal, prevista no art. 293 do CTB, proporciona ao magistrado uma possibilidade maior de sua aplicação, se comparada com a suspensão administrativa, aplicada pela autoridade de trânsito. Quando aplicada essa suspensão, o habilitado tem seu direito de dirigir veículo automotor suspenso. O inabilitado (aquele que ainda não é habilitado) tem proibido o direito de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Pela imposição dessa pena, poderá ficar suspenso tanto quem tem o direito de dirigir quanto o inabilitado, pelo prazo variável de 02 meses a 05 anos. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 12 Gabarito: Letra “A” 5 - As Multas previstas no CTB O termo multa torna-se relevante em virtude da confusão feita por muitos candidatos, uma vez que no CTB existe a previsão de três tipos de multas de naturezas diferentes: ▪ a de natureza CIVIL; ▪ a de natureza PENAL e; ▪ a de natureza ADMINISTRATIVA. Vamos aprender a diferenciá-las! 5.1 – A Multa ADMINISTRATIVA A multa administrativa é uma sanção a ser imposta pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via onde tenha ocorrido uma infração de trânsito (art. 256, II, CTB). Poderíamos defini-la também como uma receita de natureza não tributária de arrecadação vinculada, uma vez que tem destino certo, pois o CTB determina que a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito. Cabe ressaltar que 5% do total da receita de multa arrecadada pelo país são destinados ao FUNSET (Fundo Nacional de Segurança e Educação para o Trânsito), que é administrado pelo DENATRAN. 5.2 – A Multa REPARATÓRIA Essa é uma multa de natureza civil, indenizatória, e exigida no juízo penal. É, na verdade, uma antecipação de um ressarcimento imposta pelo juiz da esfera penal, após reclamação da vítima ou seus sucessores. Para que a multa reparatória se torne exigível, é necessária a ocorrência de um crime de trânsito, já que é aplicada no juízo penal, e também um dano material - apenas este é indenizável a título de multa reparatória. O destino da multa reparatória é, portanto, diferente do destino da multa administrativa, pois esta vai para o Estado e aquelaé paga à vítima ou aos seus sucessores. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 13 Convém ressaltar que o valor da multa reparatória terá como limite o do prejuízo demonstrado no processo; porém, se posteriormente a vítima se achar insatisfeita com o valor pago, poderá ainda reclamar o mesmo objeto, a mesma indenização, na esfera cível, recebendo evidentemente apenas a diferença. A forma de pagamento dessa multa está prevista no Código Penal, entre seus arts. 49 e 52, devendo ser paga em dia-multa, a ser fixado pelo juiz. A multa deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgada a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais, inclusive mediante desconto no vencimento ou salário, sendo que o desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e da sua família. 5.3 – A Multa PENAL A pena de multa, também conhecida como pena pecuniária, é uma sanção penal que consiste na imposição ao condenado da obrigação de pagar ao Fundo Penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada na forma de dias-multa, atingindo o patrimônio do condenado. O CTB prevê que a pena de multa pode ser cominada e aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade ou ainda de forma alternativa com a pena de prisão (art. 292). Quando a multa é punição única (comum na lei de contravenções penais), ou nos casos em que ela se encontra cumulada com a pena de prisão, ao magistrado, no caso de condenação, será obrigatória a sua aplicação, sob pena de ferir o princípio da legalidade ou da inderrogabilidade da pena. Nos casos em que a pena de multa estiver prevista de forma alternativa com a pena privativa de liberdade, o juiz terá uma discricionariedade para escolher entre uma ou outra, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. 6 - Crimes de Dano e de Perigo no CTB Para entendermos melhor a dinâmica dos crimes de trânsito, é preciso entender os conceitos de crimes de dano e de crimes de perigo (abstrato e concreto). Crime de dano é aquele que não se consuma apenas com o perigo, pois é necessário que ocorra uma efetiva destruição a um bem jurídico penalmente protegido. Na legislação de trânsito, mais especificamente no capítulo dos crimes de trânsito, encontramos como crimes de dano apenas Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 14 os culposos, previstos nos artigos 302 e 303. São eles os crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa. Crime de perigo é aquele que se consuma com o simples perigo criado para o bem jurídico. Divide-se em crime de perigo em concreto ou em abstrato. O crime de perigo concreto é aquele que precisa ser comprovado, isto é, deve ser demonstrada a situação de risco corrida pelo bem juridicamente protegido. Exemplos desse crime são o “crime de excesso de velocidade” e o de “trânsito com veículos sobre calçadas”. Nos crimes de perigo em abstrato, a situação de perigo não precisa ser provada, pois a lei contenta-se com a simples prática da ação que pressupõe perigosa. Os crimes de perigo estão previstos nos artigos 304 ao 312, ora de perigo em concreto, ora de perigo em abstrato, em ambos os casos sempre dolosos. Você entenderá melhor essas diferenças quando tratarmos individualmente cada um dos crimes previstos. 7 - Circunstâncias Agravantes e Aumentativas de Pena O CTB traz algumas condutas que, caso praticadas por alguém na condução de veículo, agravam as penas impostas aos crimes de trânsito. Algumas dessas circunstâncias, além de agravarem a pena, também aumentam o tempo máximo estabelecido para determinados crimes no CTB. Quando eu digo que alguma circunstância agrava a pena de um crime, eu quero dizer que o magistrado (o juiz), ao aplicar a sentença condenatória por determinado crime de trânsito e observar que uma dessas circunstâncias estava presente no ato do crime, ele tenderá a não aplicar a pena mínima e, sim, a depender do caso, aplicará a pena máxima ou a mais próxima dela. Quando eu digo que alguma circunstância é aumentativa de pena de um crime, eu quero dizer que a pena restritiva de liberdade prevista para aqueles tipos penais será aumentada de um terço à metade. Se, por exemplo, um crime de trânsito prevê a pena máxima de 04 anos, em havendo circunstância aumentativa de pena no cometimento desse crime, o juiz poderá decidir em sua sentença por aplicar uma pena de até 06 anos! Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 15 ➢ As circunstâncias AUMENTATIVAS de pena aplicam-se apenas aos crimes de homicídio culposo (art. 302) e de lesão corporal culposa (art. 303). ➢ As circunstâncias AGRAVANTES aplicam-se a TODOS os delitos. Aí você me pergunta: e quais são então as circunstâncias agravantes de pena estabelecidas pelo CTB? A resposta você encontra no art. 298 do nosso querido Código, que assim estabelece: ✓ com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; ✓ utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas; ✓ sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; ✓ com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo; ✓ quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de carga; ✓ utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; ✓ sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres. E as aumentativas de pena, professor? Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 16 De todas as circunstâncias acima citadas, apenas três delas são aumentativas de pena. Não é necessário que você tente decorá-las, pois se você der uma lida cuidadosa em cada uma, perceberá que há algumas que, pela sua gravidade, destacam-se frente às outras. São situações aumentativas de pena, ter o condutor cometido crime (art. 302, parágrafo único): ✓ sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (fácil de imaginar o quão sério é alguém cometer um crime de trânsito sem sequer possuir habilitação, não é mesmo?) ✓ no exercício de sua profissão ou atividade estiver conduzindo veículos de transporte DE PASSAGEIROS; (Como agravante de pena, tanto faz ser condutor que exerce atividade remunerada de veículo de carga e de passageiros. Agora, essa agravante não será aplicada para motoristas de veículos de transporte de PASSAGEIROS nos casos de lesão corporal ou homicídio culposo, pois ela é uma situação aumentativa de pena.) ✓ sobre faixa de pedestres ou na calçada; (cometer crime de trânsito em faixa de pedestre você há de concordar comigo que é, sem dúvida nenhuma, boa razão para se aumentar a pena!!) ✓ deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente. (Bom, você deve ter estranhado esse item aparecer apenas como aumentativo de pena e não ser sequer um agravante. É isso mesmo! Esse é o único dos itens que só é aumentativo de pena. As razões são bastante óbvias!!) As agravantes deverão ser consideradas na 2ª fase da fixação da pena (art. 68 do Código Penal) em relação às penas privativas de liberdade, multa e de suspenso ou proibição de seobter a permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor. Saiba ainda que as circunstâncias agravantes não serão consideradas quando constituírem elementar, qualificadora ou causa de aumento de pena do delito em espécie. Caso contrário, haveria bis in idem. E antes de tratarmos dos crimes, mais uma informação importante: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 17 ➢ Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela (art. 301). E para fecharmos essa Parte Geral dos crimes de trânsito, vamos exercitar! (CESPE – POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL – 2008) De acordo com o CTB, assinale a opção correta acerca das ações penais por crimes cometidos na direção de veículos automotores. (A) Em nenhuma hipótese se admite a aplicação aos crimes de trânsito de disposições previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais criminais. (B) A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal, mas sempre de forma isolada, sendo vedada a aplicação cumulativa com outras penalidades. (C) A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor tem a duração de dois anos. (D) Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 24 horas, a permissão para dirigir ou a CNH. (E) Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se ele prestar pronto e integral socorro àquela. Comentário: Item A - Essa é uma das primeiras e mais importantes informações que você deve ter ao estudar os crimes de trânsito: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 18 O CTB, em seu primeiro artigo da Parte Geral dos Crimes de Trânsito, o art. 291, estabelece que aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, nele previstos, aplicam-se subsidiariamente as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, bem como a Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Criminais), no que couber. Daí você já percebe que as consequências sofridas por quem comete crimes no trânsito não se esgotam apenas nas disposições do referido Código. A depender da gravidade e dos agravantes, o infrator pode também ser submetido às imposições do Código Penal e do Código Processual Penal, assim como da Lei nº 9.099/95 (Leis dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais). O item em estudo afirma exatamente o contrário do que nos ensina o Código. (Errado) Item B - Vimos que, pela imposição dessa pena, poderá ficar suspenso tanto quem tem o direito de dirigir quanto o inabilitado, pelo prazo variável de 02 meses a 05 anos. ✓ O habilitado tem seu direito de dirigir veículo automotor SUSPENSO. ✓ O inabilitado (aquele que ainda não é habilitado) tem PROIBIDO o direito de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Com as mudanças promovidas no art. 292 do CTB pela Lei nº 12.971/14, a suspensão penal pode ser aplicada ISOLADA (apenas ela) ou CUMULATIVAMENTE (com a pena privativa de liberdade ou com a multa) e com prazo a ser estipulado pela autoridade judiciária, sem nenhuma correlação com os prazos da pena privativa de liberdade. O item erra, portanto, duas vezes: ao afirmar que a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta como penalidade principal; e ao asseverar que tal pena terá que ser imposta sempre de forma isolada, sendo vedada a aplicação cumulativa com outras penalidades. Acabamos de ver que ela pode sim ser aplicada de forma cumulativa! (Errado) Item C – Errado! Para a aplicação da penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, o juiz deve observar um prazo variável de no mínimo 2 meses a um máximo de 5 anos. Não é um prazo fixo de 2 anos! (Errado) Item D – Cuidado com esses prazos! Transitada em julgado a sentença condenatória e tendo sido aplicada pena de suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 48 horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. O item fala em um prazo de 24 horas. As bancas gostam muito de trocar esse prazo! (Errado) Item E - Exatamente! Se você for envolvido em algum acidente e dele resultar alguma vítima, caso preste pronto e integral socorro a ela, estará livre de ser preso em flagrante ou de pagar fiança. Essa é a disposição estabelecida pelo art. 301 do CTB. (Certo) Gabarito: Letra “E” Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 19 Pronto. Estudada a parte geral sobre os crimes de trânsito, chegou a hora de conhecermos os crimes em espécie, analisando-os à luz do que regula o CTB e, sempre que possível, as posições doutrinárias e jurisprudenciais pertinentes. Atenção a essa importantíssima parte do seu estudo, ok?! Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 20 II – OS CRIMES DE TRÂNSITO - PARTE ESPECÍFICA 8 - Os Crimes de Trânsito Neste tópico, vamos estudar quais são os crimes de trânsito tipificados no CTB e quais são suas principais peculiaridades para fins de provas de concursos. Estudaremos artigo por artigo, crime por crime, mas antes, precisamos fazer algumas considerações doutrinárias, dando especial destaque às importantes mudanças trazidas pela Lei 11.705/08 (A Lei Seca) para este tema. Para começar, vamos voltar ao disposto no primeiro artigo da PARTE GERAL do capítulo XIX do CTB (crimes de trânsito). Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal; se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9,099 de 26 de setembro de 1995, no que couber. A Lei nº 9.099/95 acima citada trata dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (JEC). Logo em breve você entenderá o porquê de sua relevância para o tema. Bom, a persecução penal, ou seja, os caminhos processuais a serem seguido pelos crimes de trânsito são dois: ✓ ou lavra-se um termo circunstanciado e encaminha-se o réu para o JEC (Juizado Especial Criminal), ✓ ou é instaurado um inquérito policial e o réu é encaminhado para a Vara Criminal. Importante você saber que os crimes de trânsito são, em sua maioria, crimes de menor potencial ofensivo, que pedem procedimento sumário, no mais das vezes, dispensando, inclusive, o procedimento preparatório do inquérito policial. Como eu já ventilei anteriormente, a Lei nº 9.0999/95 assim define: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 21 ➢ Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 02 anos, cumulada ou não com multa. Pois bem, fica fácil você entender que os crimes de menor potencial, por agredirem menos a sociedade, não necessitam de um procedimento preparatório do processo mais detalhado, como no inquérito policial. No termo circunstanciadoa materialidade é reduzida a termo, e uma vez assinada pelo indiciado, tem-se a consignação de materialidade e autoria do delito, sendo, portanto, dispensável o inquérito policial. Em crimes de menor potencial, portanto, o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. ➢ TODOS os crimes de trânsito são crimes de menor potencial ofensivo, exceto: ▪ o HOMICÍDIO CULPOSO na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB); ▪ o crime de EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (art.306 do CTB) e; ▪ o crime de RACHA (art. 308 do CTB) e; em alguns casos (estudaremos esses casos em detalhes), a LESÃO CORPORAL CULPOSA Vamos então aos crimes propriamente ditos e aos seus desdobramentos: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 22 8.1 – Homicídio Culposo (art. 302) Art. 302. Praticar HOMICÍDIO CULPOSO na direção de veículo automotor. Penas - detenção, de 02 a 04 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. A primeira informação que considero relevante sobre esse crime é que ele é o único no CTB que trata de homicídio. Para o crime se configurar, deve ser praticado na direção de veículo e o veículo tem que ser automotor. Grave bem essa informação! Além disso, já te adianto que você não há tipificação no CTB de crime de homicídio doloso. Já citamos, inclusive, que esse é um dos dois únicos crimes na modalidade culposa tipificados no Código. Mas professor, e nos casos em que a pessoa atropela alguém propositadamente?? Não responderá por homicídio doloso?? Responderá sim, mas não por crime tipificado como tal no CTB e, sim, no Código Penal Brasileiro (art. 121). Outro detalhe importante é que esse é o único dos crimes do CTB que tem pena restritiva de liberdade com duração máxima de até 04 anos. Anota aí! Perceba também que não temos a pena de multa prevista para esse crime. E não se esqueça, vou reforçar, de que nesse crime a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente se enquadrar em uma daquelas situações aumentativas por nós já estudadas! Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 23 Agora, atenção, muita atenção para a mais recente mudança promovida pela Lei nº 13.546/2017 nesse art. 302! Ela inseriu o importantíssimo §3º nesse artigo, cuja redação é a seguinte: Art. 302. (...) § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão, de 05 a 08 anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Com esse novo dispositivo, reinaugura-se o homicídio culposo qualificado, com punição mais severa para aqueles que cometem homicídio culposo na condução de veículo automotor, estando sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa. A privativa de liberdade passar a ser de reclusão e o quantum de pena para 05 a 08 anos! Quais são as consequências práticas dessa mudança para fins de prova? Anota aí: 1. Com esse quantum de pena (5 a 8 anos), não se permitirá a fixação de fiança pelo Delegado de Polícia. 2. Não há que se falar em absolvição do crime do art. 306 (embriaguez ao volante) pelo do art. 302 (homicídio culposo na direção), no caso de alguém que dirige embriagado cometer homicídio culposo na direção do veículo automotor. Agora atenção, muita atenção para esse julgado do STJ: Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 24 STJ: É admitida qualificadora de meio cruel em pronúncia por homicídio de trânsito com dolo eventual A 6ª turma do STJ reconheceu a compatibilidade entre o dolo eventual e a qualificadora de meio cruel apontada na sentença que mandou o réu a júri popular por homicídio comedido na condução de veículo. No caso, o réu atropelou um idoso, que ficou preso no carro e foi arrastado por mais de 500 metros. O TJ/PR excluiu a qualificadora da sentença de pronúncia. O Tribunal concluiu que o fato de a vítima ter sido arrastada após o atropelamento, serviu de fundamento para a configuração do dolo eventual. Assim, não poderia ser utilizado para qualificar o crime, sob pena de indevido bis in idem – dupla punição para o mesmo fato. Em recuso especial apresentado ao STJ, o MP/PR alegou que, ao menos em princípio e para fins de pronúncia, arrastar a vítima por mais de 500 metros é circunstância que indica meio cruel, não sendo possível à 2ª instância alterar a sentença nesse aspecto, sob pena de usurpação da competência constitucionalmente atribuída ao tribunal do júri. Ao analisar, o relator do recurso, ministro Nefi Cordeiro, esclareceu que a sentença de pronúncia não representa juízo de procedência da culpa, mas consiste no reconhecimento de justa causa para a fase do júri, ante a presença de prova da materialidade de crime doloso contra a vida e de indícios de autoria. Segundo o relator, o entendimento do STJ é de que somente se admite a exclusão de qualificadoras da pronúncia quando manifestamente improcedentes ou descabidas, sob pena de afronta à soberania do júri. Assim, para o ministro, o entendimento firmado pelo TJ/PR não se harmoniza com a jurisprudência do STJ, segundo a qual não é possível falar em incompatibilidade entre o dolo eventual e a qualificadora do meio cruel. Segundo o ministro, o dolo do agente, seja direto ou indireto, não exclui a possibilidade de o homicídio ter sido praticado com o emprego de meio mais reprovável. Assim, o colegiado concluiu: "É admitida a incidência da qualificadora do meio cruel, relativamente ao fato de a vítima ter sido arrastada por cerca de 500 metros, presa às ferragens do veículo, ainda que já considerada no reconhecimento do dolo eventual na sentença de pronúncia". Desta forma, o colegiado restabeleceu a qualificadora do meio cruel reconhecida na sentença de pronúncia. Isso é bom de prova, hein! Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 25 Veja então como o homicídio do art. 302 foi cobrado: (CESPE – CABO SELEÇÃO INTERNA – PM/DF – 2003) José e Geraldo, maiores de idade que não possuem habilitação para dirigir, resolveram participar de um racha com os automóveis de seus pais, sem o conhecimento deles. Durante o racha, realizado na avenida principal da cidade em que residem, o veículo conduzido por Geraldo, que não utilizava cinto de segurança, desgovernou-se e atropelou Maria, que ficou gravemente ferida. Desesperados com o ocorrido, os dois jovens fugiram sem prestar socorro à vítima, que faleceu no hospital algumas horas após identificar as placas dos veículos conduzidos por José e Geraldo. Com relação à situação hipotética apresentada acima, julgue o item a seguir, à luz do CTB. Se, após o devido processo legal, Geraldo for condenado por homicídio culposo pela morte deMaria, a pena será aumentada de, no mínimo, dois terços. Comentário: Na situação hipotética da questão, teríamos um caso de homicídio culposo em via pública, típico crime de trânsito, com a aumentativa de pena por ter deixado de prestar socorro à vítima do acidente, quando aparentemente era possível fazê-lo sem risco pessoal. (art. 302, caput c/c §1º, inciso IV). Tal circunstância, acabamos de estudar, aumentaria a pena restritiva de liberdade de um terço à metade. A questão, portanto, já estaria errada ao afirmar que a pena de Geraldo seria aumentada de, no mínimo, dois terços. Bom, mas para os dias atuais, após as mudanças no CTB promovidas pela Lei nº 12.971/14, essa questão está desatualizada, pois por ter atropelado Maria quando da prática de um racha, Geraldo cometeu o crime do art. 308 (crime de racha), qualificado com o resultado morte (§2º do mesmo artigo), o que agravaria por demasiado sua situação. Essa qualificadora do crime de racha, a estudaremos logo mais na frente, assim dispõe: § 2o Se da prática do crime previsto no caput (crime de racha) resultar MORTE, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. Como a questão deixa a entender que Geraldo não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, sua conduta poderá perfeitamente ser enquadrada nessa qualificadora aí, o que, de qualquer modo, não alteraria o gabarito da questão, que continuaria errada. Beleza? Gabarito: Errado Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 26 8.2 – Lesão Corporal Culposa (Art. 303) Art. 303. Praticar LESÃO CORPORAL CULPOSA na direção de veículo automotor. Penas - detenção, de 06 meses a 02 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. Estamos diante de mais um dos dois únicos crimes de natureza culposa tipificados no CTB. Assim como o crime anterior, ele só será configurado se for praticado na direção de um veículo e de um veículo automotor. Quero chamar sua especial atenção para disposições específicas do CTB e da Lei nº 11.705/08 sobre esse crime o qual, com a referida Lei, tomou desdobramentos mais complexos, interessantes e, diga-se de passagem, bons de prova! Vamos analisar os desdobramentos para as diversas variações do crime de lesão corporal culposa tipificado no CTB: 8.2.1 – Lesão corporal culposa SEM os benefícios da Lei 9.099/95 Começamos pela análise do disposto no § 1º, do art. 291, do CTB: Art. 291. (...) § 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 27 § 29 Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. Vamos entender! Preste bastante atenção no parágrafo primeiro do artigo acima transcrito! Ele cita os arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099/95. Por que esses artigos especificamente? Vamos responder a essa pergunta mostrando as correlações deles com o crime de lesão corporal culposa praticado na direção de veículo automotor. Veja: Lei nº 9.099/95: Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. A composição civil de danos trata-se da possibilidade de acordo homologado por juiz entre a vítima e o réu, tendo esse acordo eficácia de título a ser executado e também acarretando, portanto, a renúncia ao direito de queixa ou representação. Para crimes de menor potencial ofensivo, o réu, de acordo com esse artigo, pode ser beneficiado com essa possibilidade de fazer um acordo com a vítima, esse acordo ser homologado pelo juiz e ter então a queixa ou representação retirada. Lei nº 9.099/95: Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 28 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do juiz. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. O que essas regras querem nos dizer? Que nos crimes considerados de menor potencial ofensivo, pode o Ministério Público negociar com o acusado sua pena. Ou seja, é um “bem bolado” entre a acusação e a defesa, para evitar que o processo corra, poupando o réu (e o Estado também) de todas as cargas consequentes (sociais, psicológicas, financeiras etc.). É a famosa transação penal, que deve ser proposta antes do oferecimento da denúncia. A aceitação da proposta não pode ser considerada reconhecimento de culpa ou de responsabilidade civil sobre o fato, não pode ser utilizada para fins de reincidência e não consta de fichas de antecedente criminal. O fato só é registrado para impedir que o réu se beneficie novamente do instituto antes do prazo de 05 anos definidos na lei. As propostas podem abranger só duas espécies de pena: multa e restritiva de direitos. A primeira é obviamente pecuniária, a segunda pode ser prestação de serviços à comunidade, impedimento de comparecer a certos lugares, proibição de gozo do fim de semana etc., depende da criatividade dos promotores (que atualmente só conhecem o pagamento de cesta básica). Lei nº 9.099/95: Art. 88. Alémdas hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 29 Há quatro tipos de ação no Processo Penal brasileiro: a ação penal pública incondicionada, a ação penal pública condicionada à representação, a ação penal de iniciativa privada e a ação penal privada subsidiária da pública. O art. 88, da Lei nº 9.099/95, nos traz a ação penal pública condicionada à representação da vítima. Segundo deixa bem claro esse dispositivo, os crimes de lesões corporais leves e de lesão corporal culposa (esse que estamos a tratar!), dependerão da representação da vítima para instauração do inquérito policial ou para o oferecimento da denúncia, caso o inquérito seja desnecessário por já haver provas suficientes. Olhando agora para esses três dispositivos e fazendo um resumo bem prático, temos que a Lei nº 9.099/95 nos traz os seguintes benefícios para aqueles que cometem crimes de menor potencial ofensivo: composição civil de danos transação penal ação penal pública condicionada à representação Em termos práticos, o que isso significa então professor? Significa que quem comete o crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, via de regra, tem grande possibilidade de ter o direito a tais benefícios. Digo "via de regra", porque esse indivíduo pode perder essas prerrogativas caso cometa o crime, tendo sido o delito praticado em determinadas situações. E que situações são essas? Aquelas previstas no §1º do art. 291, abaixo transcritas: Ter cometido o crime: ➔ sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; ➔ participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor não autorizada pela autoridade competente; ➔ transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50km/h. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 30 Antes de qualquer coisa, não confunda: tais situações em nada têm a ver com aquelas agravantes e aumentativas de pena que aqui estudamos! As do quadro acima são aquelas situações que, cometidas conjuntamente com o crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, fazem com que o réu perca os direitos à composição civil, à transação penal e a ação penal condicionada a representação. Não esqueça! Importante ressaltar que o crime continua sendo de menor potencial ofensivo, ainda que combinado com as circunstâncias acima. O processo ainda ocorrerá no JEC (Juizado Especial Criminal), porém não será lavrado termo circunstanciado e passará NECESSARIAMENTE por inquérito policial. 8.2.2 – Lesão corporal com aplicação da Lei nº 9.099/95 na ÍNTEGRA Esse é o caso mais simples! Sempre que o agente praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor em situações diferentes das especificadas acima, a lesão corporal culposa será considerada um crime de menor potencial ofensivo, com a aplicação da Lei nº 9.099/95 na íntegra (bastará termo circunstanciado; terá direito à transação penal, à composição civil de danos; a ação será condicionada à representação; e etc.). Tranquilo? E agora, consolidando as informações estudadas até aqui, podemos resumir as principais características da lesão corporal culposa em virtude do enquadramento ou naõ às hipóteses do art. 291, §1º , do CTB, da seguinte forma: Lesão corporal fora do art. 291, §1º Lesão corporal nas hipóteses do art. 291, §1º Admite composição civil NÃO Admite composição civil Admite transação penal NÃO Admite transação penal Ação Penal Pública condicionada à representação Ação Penal Pública INcondicionada Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) Exige formalização de Inquérito Policial para o procedimento Admite sursis processual Admite sursis processual (em tese) Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 31 Vamos exercitar, então? Segue: (CESPE – ANALISTA DE TRÂNSITO – DETRAN/DF – 2009) Considere que Gustavo conduza o seu veículo à velocidade de 110 km/h, quando a sinalização do local aponta como limite máximo a velocidade de 50 km/h e, de forma culposa, tenha atropelado Maria, que teve lesão corporal leve. Nesse caso, Gustavo deverá responder por crime de lesão corporal culposa, desde que haja representação da vítima. Comentário: Gustavo conduz o seu veículo à velocidade de 110 km/h, quando a sinalização do local aponta como limite máximo a velocidade de 50 km/h. Veja que ele está transitando com velocidade de 60 km/h a mais do que a permitida pela via. Ao atropelar Maria de forma culposa, ele de fato cometeu o crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, tipificado no art. 303 do CTB. E o pior: por atropelar alguém transitando em velocidade superior à máxima permitida da via em 50 km/h, Gustavo perde, conforme vimos, os direitos à composição civil e à transação penal além do que a ação penal passará a ser incondicional à representação. A assertiva erra, portanto, ao afirmar que, nesse caso haveria a necessidade de representação da vítima. Gabarito: Errado 8.2.3 – Lesão corporal culposa COM AUMENTATIVO de pena Vamos pensar agora em duas situações: → Situação 1: Imaginemos que alguém cometera o crime de lesão corporal culposa na direção de determinado veículo automotor. Ao cometer o crime, não estava sob influência de álcool, nem disputando corrida com outro veículo, muito menos transitando com velocidade superior à máxima para a via em 50 km/h. Acontece que esse motorista praticou o crime em faixa de pedestres, e o pior: deixou de prestar socorro à vítima. O que temos nessa situação? Duas situações aumentativas de pena. Sendo situações aumentativas de pena, a pena máxima prevista para esse crime (que é de 02 anos) ficará, segundo o que dispõe o parágrafo único do art. 303, aumentada de um terço à metade e, por Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 32 consequência, o crime deixa de ser de menor potencial ofensivo, afastando a possibilidade de processo e julgamento pelo rito sumaríssimo estabelecido pela Lei nº 9.099/95. Desse modo, nesses casos, deverá necessariamente ocorrer o inquérito policial e o respectivo processo em vara criminal, obedecido o procedimento sumário, em conformidade com o art. 394, §1º, inciso II, do Código de Processo Penal. Cabe destacar que ainda assim o agente gozará do direito às prerrogativas do art. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099/95, desde que, claro, o delito não tenha sido cometido sob uma das situações do §1º do art. 291 do CTB. Em outras palavras, se o agente cometeu o crime sob alguma das circunstâncias aumentativas de pena e nenhuma das situações do §1º do art. 291 foi provada no caso concreto, continuará esse agente a ter o direto à composição civil de danos, à transação penal e a ação penal permanecerá sendo condicionada à representação da vítima. E mais: terá ainda direito à suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei nº 9.099/95. → Situação 2: Vamos supor que o mesmo motorista da situação 1 tenha cometido o crime de lesão corporal culposa em faixa de pedestre (situação aumentativa de pena), estando ele ainda sob a influência de álcool. Aí, meu amigo, o rapaz estará bem enroladão, porque vai responder a processo criminal, perderá o direito à composiçãocivil de danos, à transação penal e a ação penal pública será incondicionada à representação. Sigamos em frente! 8.2.4 – A Qualificadora da Lesão Corporal Culposa E para fecharmos o estudo desse importantíssimo crime, vamos à redação do §2º do art. 303, que trouxe a qualificadora do crime de lesão corporal culposa. Confira: Art. 303 (...) § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de 02 a 05 anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo: se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência; E Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 33 se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. Com esse novo dispositivo, inaugura-se a lesão corporal culposa qualificada, com punição mais severa para aqueles que cometem lesão corporal culposa na condução de veículo automotor, estando sob influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa E CAUSEM LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE OU GRAVÍSSIMA. Observe que as duas condições têm que ser observadas para a qualificadora ser consumada, ok? A privativa de liberdade passa a ser de reclusão e o quantum de pena para 02 a 05 anos. Quais são as consequências práticas dessa mudança para fins de prova? Anota aí: 1. Com esse quantum de pena (2 a 5 anos), não se permitirá a fixação de fiança pelo Delegado de Polícia. 2. Com essa mudança, não existe mais concurso entre os crimes de lesão corporal e o de embriaguez ao volante. 3. Uma mudança substancial que teve, foi a figura da lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (§§ 1º e 2º do art. 129 do CP). 4. Antes entendia, que se num caso concreto ocorresse lesão corporal grave ou gravíssima na direção de veículo automotor, aplicava-se a pena do caput do art. 303 do CTB, o que acarretava desproporcionalidade, haja vista que nesses delitos, em virtude de sua gravidade, seriam aplicados uma pena igual ao da lesão simples. Mais uma que é boa de prova! Bom, antes de continuar a estudar os outros crimes, sugiro que você, caro aluno, dê mais uma revisada no que acabamos de mostrar, pois é muito importante para sua prova que tenha consolidado esse conhecimento sobre as nuances do crime de LESÃO CORPORAL CULPOSA na direção de veículo automotor, art. 303 do CTB. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 34 Sigamos! 8.3 – Crime de Omissão de Socorro (art. 304) Art. 304. DEIXAR O CONDUTOR DO VEÍCULO, na ocasião do acidente, de PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, DEIXAR DE SOLICITAR AUXÍLIO DA AUTORIDADE PÚBLICA: Penas - detenção, de 06 meses a 01 ano OU multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. Quanto ao crime de omissão de socorro, não há muito o que se falar, com exceção de dois detalhes importantes: 1) mesmo que a vítima tenha morrido instantaneamente ao acidente ou tenha apenas tido ferimentos leves, o motorista ainda assim responderá pelo crime. Tais situações, por não ensejarem necessidade de socorro, não tornam atípica a conduta do motorista, ok? 2) a pena pode ser a de detenção OU a de multa, certo? A multa, nesse caso, não será cumulativa. Não esqueça! 8.4 – Crime de Afastar-se do Local do Acidente (Art. 305) Art. 305. AFASTAR-SE o condutor do veículo DO LOCAL DO ACIDENTE, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas - detenção, de 06 meses a 01 ano, OU multa. Não se pode confundir o delito acima exposto com o de omissão de socorro do artigo anterior, uma vez que aqui o bem jurídico tutelado é a administração da justiça (querer burlar a apuração Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 35 do delito ou coisa parecida). Na omissão de socorro, por sua vez, o bem jurídico tutelado é a vida, a saúde ou a integridade física. Dessa forma, existe a possibilidade de se cometer o crime de afastar-se do local, em acidente com vítima, sem, contudo, cometer a omissão de socorro. Basta que, por exemplo, o condutor envolvido leve a vítima até um hospital e lá a deixe sem se identificar para fugir da responsabilidade penal. Ainda que, em um primeiro momento, não tenha ocorrido crime, como no caso de acidentes envolvendo apenas danos materiais, é possível que o condutor que fuja do local do acidente seja responsabilizado com fulcro no artigo acima, se o seu objetivo é fugir da responsabilidade pela batida, ou melhor, de impedir que a justiça ocorra. Beleza? Agora vamos para um dos mais importantes crimes tipificados no CTB: o de embriaguez ao volante, art. 306. Muita atenção a ele! 8.5 – Crime de Embriaguez ao Volante ou de Alteração da Capacidade Psicomotora ao Volante (Art. 306) Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada EM RAZÃO DA INFLUÊNCIA de álcool ou DE OUTRA SUBSTÂNCIA PSICOATIVA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA: Penas: detenção de 06 meses a 03 anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Como eu disse, estamos diante de um dos principais, senão o principal, crime de trânsito para as organizadoras de prova, justamente por toda a polêmica em torno dele. Vamos tentar entendê-lo direitinho! Graças ao nosso bom Deus, este artigo vem sofrendo alterações significativas nos últimos anos, sempre no intuito de diminuir o espantoso número de acidentes e mortes no trânsito de nosso país, provocados pela embriaguez ao volante. Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 36 Comecemos nossa análise por aquelas alterações promovidas pela Lei Federal nº 11.705/08, a tão famosa e conhecida Lei Seca. Com o advento dessa norma, o crime de embriaguez deixou de ser um crime de perigo em concreto para ser um crime de perigo em abstrato. Como assim, professor? Antes, para consumação do delito, era necessário que o condutor estivesse ziguezagueando, transitando sobre calçadas, roletando cruzamentos, ou seja, atentando objetivamente contra incolumidade pública. O perigo de sua conduta tinha que ser concretamente demonstrado para que o condutor fosse enquadrado! Com as novas alterações, ainda que um condutor esteja conduzindo adequadamente, se tiver acima dos índices permitidos de teor alcoólico, será enquadrado no crime acima tipificado. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já assentou entendimento de que dirigir com concentração de álcool acima do limite legal CONFIGURA CRIME, independentemente de a conduta do motorista oferecer risco efetivo para os demais usuários da via pública (STJ, 2016, REsp 1.582.413, Relator Ministro Schietti Cruz) Para você ter uma ideia, o voto acima citado tem base em outros vários julgados do próprio STJ de que o crime do art. 306 é de perigo em abstrato. Quer ver só alguns dos mais importantes desses julgados? STJ DIREÇÃO. EMBRIAGUEZ. PERIGO ABSTRATO. A Turma reiterou que o crime do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro é de perigo abstrato, pois o tipo penal em questão apenas descreve a conduta de dirigir veículo sob a influência de álcool acima do limite permitido legalmente, sendo desnecessária a demonstração da efetiva potencialidadelesiva do condutor. Assim, a denúncia traz indícios concretos de que o paciente foi flagrado conduzindo veículo automotor e apresentando concentração de álcool no sangue superior ao limite legal, fato que sequer é impugnado pelo impetrante, não restando caracterizada a ausência de justa causa para a persecução penal do crime de embriaguez ao volante. Logo, a Turma denegou a ordem. Precedentes citados: HC 140.074-DF, DJe 22/2/2010, e RHC 26.432-MT, DJe 14/12/2009. HC 175.385- MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/3/2011 STJ - HC 231566 RJ 2012/0013418-9 PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. REMÉDIO CONSTITUCIONAL SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. CRIME DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. DELITO DE PERIGO ABSTRATO. DESNECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE POTENCIALIDADE LESIVA NA CONDUTA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. IMPOSSIBILIDADE. (...) Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 37 3. Conforme reiterada jurisprudência desta Corte, o crime do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro é de perito abstrato e dispensa a demonstração de potencialidade lesiva na conduta, configurando-se pela simples condução de veículo automotor em estado de embriaguez. 4. No caso, a paciente foi submetida a teste em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro) e ficou constatado que dirigia veículo automotor com concentração alcoólica igual a 0,37 mg/l de ar expelido pelos pulmões, valor este que supera o limite legal. Assim, o fato é típico e não há que se falar em trancamento da ação penal. 5. Habeas corpus não conhecido. STJ - RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 1. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. 2. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. 3. TESTE DO BAFÔMETRO. OCORRÊNCIA. 4. RECURSO IMPROVIDO. 14/10/2013 1. É prescindível à consumação do delito de embriaguez ao volante a prova da produção de perigo concreto à segurança pública, bastando a prova da embriaguez, por se tratar de delito de perigo abstrato. Precedentes. 2. A Terceira Seção deste Tribunal Superior assentou entendimento, quando do julgamento do REsp n.º 1.111.566/DF, realizado no dia 28 de março de 2012, no sentido de que "apenas o teste do bafômetro ou o exame de sangue podem atestar o grau de embriaguez do motorista para desencadear uma ação penal". Hipótese ocorrente na espécie. 3. Recurso a que se nega provimento. Professor, E como o STF entende esse crime? Do mesmo jeito! Veja só famosos entendimentos da Suprema Corte: STF - RHC 110.258, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 24.5.12 e HC 109.269, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 11.10.2011: “RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DA LEI Nº 9.503/97). ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DO TIPO POR SER REFERIR A CRIME DE PERIGO ABSTRATO. NÃO OCORRÊNCIA. PERIGO CONCRETO. DESNECESSIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência é pacífica no sentido de reconhecer a aplicabilidade do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro – delito de embriaguez ao volante –, não prosperando a alegação de que o mencionado dispositivo, por se referir a crime de perigo abstrato, não é aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro. 2. Esta Suprema Corte entende que, com o advento da Lei nº 11.705/08, inseriu-se a quantidade mínima exigível de álcool no sangue para se configurar o crime de embriaguez ao volante e se excluiu a necessidade de exposição de dano potencial, sendo certo que a comprovação da mencionada quantidade de álcool no sangue pode ser feita pela utilização Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 38 do teste do bafômetro ou pelo exame de sangue, o que ocorreu na hipótese dos autos. 3. Recurso não provido”. “HABEAS CORPUS. PENAL. DELITO DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ART. 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO REFERIDO TIPO PENAL POR TRATAR-SE DE CRIME DE PERIGO ABSTRATO. IMPROCEDÊNCIA. ORDEM DENEGADA. I - A objetividade jurídica do delito tipificado na mencionada norma transcende a mera proteção da incolumidade pessoal, para alcançar também a tutela da proteção de todo corpo social, asseguradas ambas pelo incremento dos níveis de segurança nas vias públicas. II - Mostra-se irrelevante, nesse contexto, indagar se o comportamento do agente atingiu, ou não, concretamente, o bem jurídico tutelado pela norma, porque a hipótese é de crime de perigo abstrato, para o qual não importa o resultado. Precedente. III No tipo penal sob análise, basta que se comprove que o acusado conduzia veículo automotor, na via pública, apresentando concentração de álcool no sangue igual ou superior a 6 decigramas por litro para que esteja caracterizado o perigo ao bem jurídico tutelado e, portanto, configurado o crime. IV Por opção legislativa, não se faz necessária a prova do risco potencial de dano causado pela conduta do agente que dirige embriagado, inexistindo qualquer inconstitucionalidade em tal previsão legal . V Ordem denegada”. 109.269, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 11.10.2011: “RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE (ART. 306 DA LEI Nº 9.503/97). ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DO TIPO POR SER REFERIR A CRIME DE PERIGO ABSTRATO. NÃO OCORRÊNCIA. PERIGO CONCRETO. DESNECESSIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência é pacífica no sentido de reconhecer a aplicabilidade do art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro – delito de embriaguez ao volante –, não prosperando a alegação de que o mencionado dispositivo, por se referir a crime de perigo abstrato, não é aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro. 2. Esta Suprema Corte entende que, com o advento da Lei nº 11.705/08, inseriu-se a quantidade mínima exigível de álcool no sangue para se configurar o crime de embriaguez ao volante e se excluiu a necessidade de exposição de dano potencial, sendo certo que a comprovação da mencionada quantidade de álcool no sangue pode ser feita pela utilização do teste do bafômetro ou pelo exame de sangue, o que ocorreu na hipótese dos autos. 3. Recurso não provido”. “HABEAS CORPUS. PENAL. DELITO DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. ART. 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO REFERIDO TIPO PENAL POR TRATAR-SE DE CRIME DE PERIGO ABSTRATO. IMPROCEDÊNCIA. ORDEM DENEGADA. I - A objetividade jurídica do delito tipificado na mencionada norma transcende a mera proteção da incolumidade pessoal, para alcançar também a tutela da proteção de todo corpo social, asseguradas ambas pelo incremento dos níveis de segurança nas vias públicas. II - Mostra-se irrelevante, nesse contexto, indagar se o Marcos Girão, Thais de Assunção (Equipe Marcos Girão) Aula 15 Legislação de Trânsito p/ PRF (Policial) Prof. Marcos Girão - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 39 comportamento do agente atingiu, ou não, concretamente, o bem jurídico tutelado pela norma, porque a hipótese é de crime de perigo abstrato, para o qual não importa o resultado. Precedente. III No tipo penal sob análise, basta que se comprove que o acusado conduzia veículo automotor, na via pública, apresentando concentração de álcool no sangue igual ou superior a 6 decigramas por litro para que esteja caracterizado o perigo ao bem jurídico tutelado e, portanto, configurado o crime. IV Por opção legislativa, não se faz necessária a prova do risco potencial de dano causado pela conduta do agente que dirige embriagado, inexistindo qualquer inconstitucionalidade em tal previsão legal . V Ordem denegada”. E mais: antes da Lei nº 11.705/08, a diferença entre a infração de trânsito da embriaguez e o crime de embriaguez era a situação de perigo, ou seja, para ocorrência do crime, era necessária
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