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MANUAL TÉCNICO-PROFISSIONAL Nº 3.04.02/2020-CG MTP 02 ABORDAGEM A PESSOAS BELO HORIZONTE - MG 2020 MANUAL TÉCNICO PROFISSIONAL Nº 3.04.02/2020-CG Abordagem a Pessoas BELO HORIZONTE – MG 2020 Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG). Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG. Circulação restrita. M663m MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Manual Técnico- Profissional Nº 3.04.02/2020: Abordagem a pessoas / Comando-Geral. Belo Horizonte: Assessoria Estratégica de Emprego Operacional (PM3). - - 2020. 128 p. 1. Apresentação. 2. Técnica e Tática Policial Básica. 3. Abordagem a pessoas. 4. Busca Pessoal e Uso de Algemas. 5. Procedimentos Policiais Específicos. 6. Abordagem às vítimas. 7. Local de Crime. CDD - 353.3 CDU - 351.75(815.1) Bibliotecária responsável: Tatiane Krempser Gandra – CRB 6/2963 ADMINISTRAÇÃO Comando-Geral da Polícia Militar Quartel do Comando-Geral da PMMG Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO Assessoria Estratégica de Emprego Operacional – PM3 Quartel do Comando-Geral da PMMG Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 e-mail: pm3@pmmg.mg.gov.br. GOVERNADOR DO ESTADO ROMEU ZEMA NETO COMANDANTE-GERAL DA PMMG CEL PM RODRIGO SOUSA RODRIGUES CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PMMG CEL PM EDUARDO FELISBERTO ALVES CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR CEL PM OSVALDO DE SOUZA MARQUES CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE EMPREGO OPERACIONAL TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS COLABORADORES 1ª EDIÇÃO (2010) CEL PM FÁBIO MANHÃES XAVIER CEL PM ANTÔNIO LEANDRO BETTONI DA SILVA TEN CEL PM MARCELO VLADIMIR CORRÊA MAJ PM ALFREDO JOSÉ ALVES VELOSO MAJ PM WÁGNER EUSTÁQUIO DA SILVA ALMEIDA MAJ PM EDUARDO DOMINGUES BARBOSA MAJ PM EDUARDO FELISBERTO ALVES MAJ PM ÉDSON GONÇALVES CAP PM ARNALDO AFFONSO CAP PM MARCO AURÉLIO ZANCANELA DO CARMO CAP QOS FABRÍZIA LOPES BRANDÃO PEREIRA CAP PM RODOLFO CÉSAR MOROTTI FERNANDES CAP PM RENATO SALGADO CINTRA GIL CAP PM WANDERSON GARCIA COSTA NEVES 1º TEN PM ÉDSON H. RABELLO DE S. MENDES 1º TEN PM RODRIGO SALDANHA 1º TEN PM MOLISE Z. FONSECA DE SOUZA 1º TEN PM LUCIANA DO CARMO S. NOMINATO 2º TEN PM ANDERSON PEREIRA DE SOUSA 2º TEN PM RICARDO PEREIRA DE ARAUJO GOMES 1º SGT PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA 2º SGT PM RINALDO ARAÚJO MARÇAL 3º SGT PM RICARDO MARTINS LOPES 3º SGT PM MÁRCIA DANIELA BANDEIRA SILVA 3º SGT PM NADJA ALVES DE SOUSA 3º SGT PM EDNA MÁRCIA COSTA MENDONÇA CB PM ELIAS SABINO SOARES SD PM LEONARDO GIORI DE OLIVEIRA SD PM ALINE VANESSA ALVES PROFº. HUGO DE MOURA PROFª. MARIA SÍLVIA SANTOS FIÚZA PEDAGª. ISABEL CRISTINA DE P. MOREIRA NAZARETH ASS. JURÍDICA MARIA AMÉLIA PEREIRA COLABORADORES 2ª EDIÇÃO (2013) TEN-CEL PM SÍLVIO JOSÉ DE SOUSA FILHO MAJ PM EUGÊNIO PASCOAL DA CUNHA VALADARES MAJ PM CLEVERSON NATAL DE OLIVEIRA CAP PM RICARDO LUIZ AMORIM GONTIJO FOUREAUX 1º TEN PM HELIVELTON SALVADOR SANTANA SUBTEN PM ANTÔNIO GERALDO ALVES SIQUEIRA 2º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA 2º SGT PM LUIZ HENRIQUE DE MORAES FIRMINO CB PM ELIAS SABINO SOARES COLABORADORES 3ª EDIÇÃO (2020) REDAÇÃO TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS TEN CEL PM RODRIGO SALDANHA TEN CEL PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES MAJ PM WELVISSON GOMES BRANDÃO CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA 1º TEN PM PABLO SÉRGIO DE SOUZA CORREA 1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO 1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS 1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA 1º SGT PM SANDRO GONÇALVES MAIA 1º SGT PM CÉSAR AUGUSTO VILAÇA JÚNIOR 2º SGT PM DANIEL CORDEIRO RODRIGUES FOTOGRAFIAS CAP PM IRAN MARTINS DE OLIVEIRA 1º TEN PM CLÁUDIO JOSÉ VIRGÍLIO 1º SGT PM DANILO TEIXEIRA ALCÂNTARA REVISÃO DOUTRINÁRIA TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS 1º TEN PM BRUNO DINIZ CAMPOS 3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA REVISÃO FINAL TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APH - Atendimento Pré-Hospitalar BO - Boletim de Ocorrência CEMG - Constituição do Estado de Minas Gerais CF/88 - Constituição Federal de 1988 CG - Comando-Geral/ Comandante-Geral COPOM - Centro de Operações Policiais Militares CP - Código Penal CPP - Código de Processo Penal CPPM - Código de Processo Penal Militar ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente FBI - Federal Bureau of Investigation HT - Hand -Talk IMPO - Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo LC - Lei Complementar LGBTI - Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti, Transexual e Intersexual MG - Minas Gerais MTP - Manual Técnico-Profissional NAVCV - Núcleo de Atendimento às Vítimas de Crimes Violentos ONU - Organização das Nações Unidas PM - Polícia/Policial Militar PM3 - Assessoria Estratégica de Emprego Operacional PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais PNPR - Política Nacional para a População em Situação de Rua REDS - Registro de Eventos de Defesa Social ROCCA - Rondas Ostensivas com Cães SAMU - Serviço de Atendimento Médico de Urgência SOF - Sala de Operações da Fração SOU - Sala de Operações da Unidade STJ - Superior Tribunal de Justiça TAT - Tática de Aproximação Triangular TRF - Tribunal Regional Federal LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 1 - Coberta (na perspectiva do policial militar e do abordado) .................................. 17 Figura 2 - Abrigo (na perspectiva do policial militar e do abordado) ................................... 17 Figura 3 - Primeiro processo de rastejo (arma de porte) e (arma portátil). .......................... 19 Figura 4 - Segundo processo de Rastejo (arma de porte) e (arma portátil) ........................ 20 Figura 5 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima) .................................................... 21 Figura 6 - Uso de Escudo Balístico na posição de Segurança Máxima ............................... 22 Figura 7 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma à frente do visor) ......... 22 Figura 8 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima com arma à frente do visor) ......... 23 Figura 9 - Comunicação por gestos .................................................................................... 25 Figura 10 - Posição 1 de uso da lanterna ............................................................................ 27 Figura 11 - Posição 2 de uso da lanterna e suas variações ................................................ 28 Figura 12 - Posição 3 de uso da lanterna e suas variações ................................................ 29 Figura 13 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” ................................................................... 31 Figura 14 - Olhada rápida ................................................................................................... 31 Figura 15 - Uso da técnica de reflexão da imagem ............................................................. 32 Figura 16 - Ângulos de aproximação ................................................................................... 35 Figura 17 - Postura Aberta .................................................................................................. 36 Figura 18 - Postura de Prontidão ........................................................................................ 37 Figura 19 - Postura Defensiva com mãos abertas e fechadas (postura de guarda) ............ 38 Figura 20 - Tática de Aproximação Triangular (Posicionamento inicial) .............................. 41Figura 21 - Delimitação de áreas para o teatro operacional ................................................ 42 Figura 22 - Esquema tático com 3 (três) policiais militares e 3 (três) abordados ................. 44 Figura 23 - Composição da patrulha com seis policiais militares ......................................... 47 Figura 24 - Postura Combate .............................................................................................. 50 Figura 25 - Postura Torre .................................................................................................... 50 Figura 26 - Postura Tática Siamesa Sequencia L, T e Y ..................................................... 51 Figura 27 - Postura Hi-Low ................................................................................................. 51 Figura 28- Avaliação em X .................................................................................................. 54 Figura 29 - Técnicas para Extricação (Arrasto) ................................................................... 55 Figura 30 - Técnicas para transporte de ferido .................................................................... 55 Figura 31 - Posicionamento 1: Dispositivo autoguardado com 2 (dois) policiais sem anteparo ............................................................................................................................................ 57 Figura 32 - Posicionamento 2: Dispositivo autoguardado com 2 (dois) policiais militares sem anteparo .............................................................................................................................. 57 Figura 33 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 2 (dois) policiais militares com anteparo .............................................................................................................................. 58 Figura 34 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 3 (três) policiais militares sem anteparo .............................................................................................................................. 58 Figura 35 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 3 (três) policias militares com anteparo .............................................................................................................................. 59 Figura 36 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 4 (quatro) policiais militares sem anteparo (em círculo) ................................................................................................... 60 Figura 37 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 4 (quatro) policiais militares sem anteparo (em linha) ..................................................................................................... 60 Figura 38 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 4 (quatro) policiais militares com anteparo ....................................................................................................................... 61 Figura 39 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 5 (cinco) policias militares sem anteparo (em círculo) ........................................................................................................... 61 Figura 40 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 5 (cinco) policiais militares sem anteparo (em linha) .............................................................................................................. 62 Figura 41 - Posicionamento do dispositivo autoguardado com 6 (seis) policiais militares sem anteparo .............................................................................................................................. 62 Figura 42 - Posicionamento do dispositivo para reunião da patrulha ................................... 63 Figura 43 - Formação para deslocamento da Patrulha de eventos ..................................... 64 Figura 44 - Posicionamento do dispositivo para abordagem sem anteparo com envelopamento .................................................................................................................... 65 Figura 45 - Posicionamento do dispositivo para condução .................................................. 66 Figura 46 - Busca minuciosa na posição de contenção em pé, sem apoio. ......................... 78 Figura 47 - Busca minuciosa na posição de contenção em pé, com apoio. ......................... 79 Figura 48 - Busca minuciosa na posição de contenção ajoelhado ...................................... 81 Figura 49 - Busca minuciosa na posição de contenção 4 .................................................... 82 Figura 50 - Sequência de ações de localização de arma durante busca pessoal ................ 85 Figura 51 - Sistema de trava das algemas. ......................................................................... 88 Figura 52 - Delimitação dos perímetros do local. .............................................................. 124 Figura 53 - Relacionamento com a imprensa .................................................................... 126 Quadro 1 - Formação Básica de uma Patrulha com 6 (seis) Policiais Militares ................... 46 Quadro 2 - Situação de patrulha composta por 6 (seis) policiais militares – Ponta 1 ferido . 56 Quadro 3 - Sugestões de justificativas e informações complementares quanto ao uso de algemas ............................................................................................................................... 87 Quadro 4 - Procedimentos policiais em ocorrências envolvendo autoridades ..................... 95 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 12 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA .................................................................................. 15 2.1 Deslocamentos táticos ............................................................................................................. 16 2.1.1 Uso de cobertas e abrigos ...................................................................................................... 16 2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé ................................................................................................. 18 2.1.3 Deslocamentos por rastejo ..................................................................................................... 19 2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico .................................................................................... 20 2.2 Disciplina de luz e som ............................................................................................................ 23 2.3 Comunicação por gestos ........................................................................................................ 24 2.4 Técnicas de uso de lanterna ................................................................................................... 26 2.6 Transposição de obstáculos .................................................................................................. 33 2.7 Ângulos de aproximação ......................................................................................................... 35 2.8 Posturas de abordagem com as mãos livres ..................................................................... 35 2.9 Posições de emprego de arma de fogo ............................................................................... 39 2.10 Tática de Aproximação Triangular (TAT) .......................................................................... 40 2.11 Patrulha Policial-Militar .......................................................................................................... 45 2.11.1 Tipos de Patrulha Policial-Militar .......................................................................................... 45 2.11.2 Funções básicas dos integrantes da patrulha ...................................................................45 2.11.3 Tipos deslocamentos da patrulha ........................................................................................ 48 2.11.4 Posturas Táticas ..................................................................................................................... 49 Fonte: Elaborado pelo autor. ............................................................................................................ 56 2.11.6 Patrulha de eventos ............................................................................................................... 56 2.11.7 Patrulha em área de matas .................................................................................................. 66 3 ABORDAGEM A PESSOAS ........................................................................................................ 69 3.1 Níveis da abordagem a pessoas ............................................................................................ 70 3.1.1 Abordagem a pessoas aparentemente desarmadas .......................................................... 70 3.1.3 Abordagem a pessoas portando arma de fogo ................................................................... 71 3.2 Supremacia de força na abordagem a pessoas ................................................................ 71 4 BUSCA PESSOAL E USO DE ALGEMAS ................................................................................ 73 4.1 Busca pessoal ............................................................................................................................ 73 4.1.1 Aspectos legais da busca pessoal ......................................................................................... 74 4.1.2 Tipos de busca pessoal ........................................................................................................... 76 4.1.3 Arma de fogo localizada durante a busca ............................................................................ 83 Fonte: Elaborado pelo autor. ............................................................................................................ 85 4.2 Uso de algemas .......................................................................................................................... 85 4.2.1 Aspectos legais do uso de algemas ...................................................................................... 85 4.2.2 Recomendações gerais sobre o uso de algemas ............................................................... 88 5 PROCEDIMENTOS POLICIAIS ESPECÍFICOS ....................................................................... 90 5.1 Procedimentos policiais em ocorrências envolvendo autoridades ............................. 90 5.1.1 Membros do Poder Executivo ................................................................................................ 90 5.1.2 Membros do Poder Legislativo ............................................................................................... 92 5.1.3 Membros do Poder Judiciário ................................................................................................. 92 5.1.4 Membros do Ministério Público .............................................................................................. 93 5.1.5 Membros de Órgãos Policiais ................................................................................................. 93 5.1.6 Membros das Forças Armadas .............................................................................................. 94 5.1.7 Membros da Advocacia ........................................................................................................... 94 5.1.8 Outras Instituições .................................................................................................................... 94 5.2 Abordagens policiais a grupos vulneráveis ....................................................................... 96 5.2.1 Atuação policial na abordagem a mulher ............................................................................. 96 5.2.2 Atuação policial na abordagem a crianças e adolescentes ............................................... 98 5.2.3 Atuação policial na abordagem a diversidade sexual ......................................................... 99 5.2.4 Atuação policial na abordagem a pessoas com deficiência ............................................ 101 5.2.5 Atuação policial na abordagem à pessoa idosa ................................................................ 105 5.2.6 Atuação policial na abordagem a população em situação de rua .................................. 106 5.3 Atuação policial frente às minorias .................................................................................... 108 5.4 Atuação policial na abordagem a pessoas em surto de drogas ................................. 110 6 ABORDAGEM A VÍTIMAS.......................................................................................................... 113 6.1 Procedimentos com vítimas em locais de ocorrência ................................................... 114 7 LOCAL DE CRIME ....................................................................................................................... 119 7.1 Classificação do local de crime e conceitos correlatos ............................................... 119 7.1.1 Consoante à natureza: .......................................................................................................... 119 7.1.2 Consoante ao lugar do fato:.................................................................................................. 119 7.1.3 Consoante ao exame ............................................................................................................. 120 7.2 Prova ........................................................................................................................................... 120 7.3 Procedimentos no local de crime ........................................................................................ 122 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 127 12 MANUAL TÉCNICO PROFISSIONAL Nº 3.04.02/2020 - CG Abordagem a pessoas. 1 APRESENTAÇÃO O Manual Técnico-Profissional Nº 3.04.02 (MTP 02) – Abordagem a Pessoas está em conformidade com a legislação brasileira e com as normas internacionais de Direitos Humanos, oriundas das Organização das Nações Unidas (ONU), as quais são aplicadas à função policial. Este documento tem como referência os fundamentos da abordagem policial do Manual Técnico-Profissional Nº 3.04.01 (MTP 01) – Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da Força e trata da aplicação da técnica e tática policial à atividade-fim. A construção das técnicas e táticas descritas neste Manual é fruto de experiências positivas vivenciadas no cotidiano operacional, de pesquisa e da análise de simulações de ações policiais em âmbito acadêmico. Este volume enfatizará a abordagem a pessoas, bem como as ações que devem ser realizadas de forma preparatória e posteriores a esta intervenção. Logo, a leitura do MTP 02 deve, obrigatoriamente, ser precedida da leitura do MTP 01. A Seção 2 deste Manual é dedicada à apresentação de Técnicas e Táticas Policiais que antecederão a abordagem policial, como deslocamentos táticos, uso de equipamentos como escudos balísticos e lanternas, técnicas de varredura e de aproximação, bem como posturas de abordagem com as mãos livres e posições de emprego de arma de fogo. A Abordagem Policial é tratada na Seção 3, onde é feita uma exposição transversal com os princípios de uso de força e a classificação de risco, estudados no MTP 01. São descritas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e traçado um modelo policial de referência para as abordagens nos diversos níveisde intervenção. A abordagem a pessoas envolve um conjunto ordenado de ações policiais para se aproximar de um ou mais indivíduos, com o intuito de resolver demandas do policiamento ostensivo. Este conceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se restringindo às pessoas em situação de suspeição. 13 Na Seção 4 são descritos os procedimentos relacionados à Busca Pessoal e Uso de Algemas, bem como seu embasamento legal. Essa etapa da intervenção policial será realizada desde que haja fundada suspeita em relação à pessoa. Procedimentos Policiais para o tratamento de públicos específicos (minorias, grupos vulneráveis, entre outros) são temas presentes na Seção 5, demonstrando o compromisso institucional no alinhamento desta doutrina às normas internacionais de direitos humanos. No cumprimento da visão institucional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), de atingir excelência na promoção das liberdades e dos direitos fundamentais, este Manual traz na Seção 6 um enfoque de atenção do policial militar à Vítima de Crime, tema pouco explorado nos documentos normativos das polícias brasileiras e no ordenamento jurídico nacional. A Seção 7 é dedicada ao procedimento operacional em Locais de Crime, por meio da classificação e conceitos dos locais de crime, bem como na descrição de procedimentos específicos a serem adotados no local onde ocorreu um delito e a cadeia de custódia de vestígios. Diante desses conhecimentos, o policial militar deve refletir sobre seu papel na sociedade e a melhor maneira de executar o seu trabalho. Ele deve se reconhecer como integrante da comunidade que exerce um papel diferenciado por sua qualificação profissionalização e atributos policiais militares continuamente desenvolvidos a pautar sua conduta operacional. Assim, o vigor operacional da Corporação, sua força e eficiência devem se mostrar no esforço e energia diária desprendidos por todos militares na garantia da lei e da ordem no Estado de Minas Gerais. Este exercício profissional deve traduzir-se individualmente em disciplina, lealdade, honestidade, espírito de corpo, iniciativa, dedicação, equilíbrio emocional, coragem, abnegação, vigor físico, civismo e patriotismo. Este documento faz parte de um conjunto de Manuais Técnicos-Profissionais denominados Prática Policial-Militar Básica, a saber: a) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.01 – Intervenção Policial, Processo de Comunicação e Uso da Força (MTP - 01); b) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.02 – Abordagem a Pessoas (MTP - 02); 14 c) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.03 – Blitz Policial (MTP - 03); d) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.04 – Abordagem a Veículos (MTP - 04); e) Manual Técnico-Profissional nº 3.04.05 – Escoltas Policiais e Conduções Diversas (MTP - 05). 15 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e procedimentos utilizados na execução da atividade policial. O estabelecimento de técnicas visa alcançar a eficiência, segurança e legalidade da atuação policial. Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou material, existem técnicas pré- estabelecidas. O emprego correto da técnica exige treinamento permanente, e cabe ao policial militar conhecer e empregar as técnicas apresentadas neste caderno. O treinamento policial deve estar alinhado com a identidade organizacional e ser realizado de forma contínua, sendo o policial militar protagonista neste processo de auto-aprimoramento profissional. Essas técnicas foram selecionadas e aperfeiçoadas a partir de diversas experiências vivenciadas no cotidiano operacional e acadêmico, levando- se em conta a segurança nas abordagens, a coerência com os fundamentos legais e éticos presentes nas normas internacionais e nacionais de direitos humanos. Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro fator importante para o sucesso das intervenções é a disciplina tática. Entende-se por tática policial a forma de se aplicar com eficácia os recursos técnicos que se dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para se atingir os objetivos desejados. A disciplina tática consiste na obediência de todos os policiais militares, quando atuando em grupo, ao exercer suas ações (o que e quando fazer?), no exato local (onde fazer?) definido no planejamento de cada atividade. Isso propicia uma melhor coordenação das ações e dos procedimentos de cada policial militar na sua respectiva responsabilidade de atuação e, consequentemente, aumenta a segurança dos envolvidos. Para garantir a disciplina tática, todos os policiais militares devem conhecer sua função no ambiente de intervenção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais simples que pareça, é imprescindível para que o caso tenha uma solução satisfatória (por que fazer?) 16 2.1 Deslocamentos táticos Correspondem às movimentações, realizadas por policiais militares, com o objetivo de progredir, aproximar e abordar pessoas, adotando técnicas específicas que permitam agir com rapidez, surpresa e segurança. A observância desses fundamentos da abordagem policial potencializa ações e asseguram que o objetivo proposto seja alcançado com mais eficácia. A seguir, estudaremos as técnicas a serem empregadas nos deslocamentos: 2.1.1 Uso de cobertas e abrigos Nos deslocamentos táticos, os policiais militares deverão identificar locais no ambiente que permitam proteção e ocultação. A ocultação visa possibilitar que os policiais militares desloquem até o local determinado, sem serem vistos pelos suspeitos até o momento da abordagem, ou seja, conseguindo assim o fundamento da surpresa. A proteção visa diminuir o risco do policial militar ser agredido ou alvejado pelo suspeito. Portanto, nos deslocamentos, os policiais militares deverão buscar cobertas e abrigos para proteção e ocultação. As cobertas e os abrigos são anteparos existentes na natureza ou produzidos pelo homem, encontrados ao longo do deslocamento ou no cenário onde ocorre a intervenção policial, sabendo que: a) as cobertas são usadas como ocultação. Não têm a capacidade de deter projéteis disparados contra o militar. Exemplos: portas em madeira, arbustos, fumaça, neblina, um local escuro ou outro fator que dificulte a visualização e os movimentos do policial; 17 Figura 1 - Coberta (na perspectiva do policial militar e do abordado) Fonte: Elaborado pelo autor. b) os abrigos são usados como proteções, e são anteparos que, por suas características e dimensões, são capazes de proteger o policial militar contra disparos de arma de fogo e arremesso de objetos. Exemplos: postes, muros, paredes, parte frontal de veículos (compartimento do motor), caçambas metálicas, tronco de árvores, dentre outros. Figura 2 - Abrigo (na perspectiva do policial militar e do abordado) Fonte: Elaborado pelo autor. 18 Para maximizar a proteção nos deslocamentos e nas abordagens, deve-se, sempre que possível, conjugar a coberta com o abrigo. O deslocamento tático em áreas amplas, abertas e sem proteção, podem comprometer a segurança do policial militar. Todavia, sendo necessária a movimentação nessas áreas, deverá ser realizada de forma rápida com silhueta reduzida ou lenta através dos procedimentos de rastejo, se as circunstâncias exigirem, e sempre com a cobertura da equipe. 2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé Existem três tipos principais de deslocamento tático de policiais no processo a pé, variando de acordo com o objetivo a ser alcançado: a) Deslocamento Lento: é o passo com velocidade moderada, que permita ao policial militar observar todos os pontos de foco e pontos quentes antes de progredir. O policial militar deverá estar de silhuetareduzida, com a arma nas posições de guarda baixa ou guarda alta. Deverá ser empregado, preferencialmente, nas intervenções de risco nível II e III, em que há necessidade de aproximação mais segura do objetivo a pé, mantendo a ocultação dos policiais militares até o momento da abordagem. Exige disciplina de luz e som, que será apresentada no item 2.2; b) Deslocamento Normal: é o passo natural, com compostura, em que o policial militar deverá estar no estado de atenção ou de alerta, com a arma localizada no coldre, observando o que acontece à sua volta. Este deslocamento, devido ao pouco desgaste físico, permite percorrer grandes distâncias e empenho em jornadas prolongadas. Deverá ser empregado em rastreamentos e deslocamentos longos até a aproximação mediata do alvo principal da intervenção ou durante o policiamento; c) Deslocamento Rápido: é o passo com velocidade acelerada que permite ao policial militar alcançar o objetivo com rapidez. Este tipo de deslocamento deverá ser empregado mediante prévia avaliação dos riscos, nos seguintes casos, entre outros: I - Perseguição de suspeito enquanto estiver à vista. O policial militar deve alterar o tipo de deslocamento conforme a avaliação das áreas de risco ou segurança; 19 II - Progressão em áreas amplas, carentes de cobertas e abrigos. Nesses casos, o policial militar poderá empregar técnica de deslocamento com mudança brusca de direção “ziguezague”; III - Intervenções com objetivo de salvar vidas. 2.1.3 Deslocamentos por rastejo Os deslocamentos de policiais militares por rastejo variam de acordo com o objetivo a ser alcançado e a necessidade. Mostraremos a seguir os dois processos que são mais aplicáveis à atividade policial militar: a) Primeiro Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao solo em decúbito ventral, mantendo seu corpo o mais próximo possível do chão. O PM se locomoverá por meio da tração alternada de cotovelos e joelhos, ou seja, o joelho esquerdo move-se junto com o cotovelo direito, e vice-versa, de forma sucessiva. Durante o deslocamento, os joelhos flexionarão até o limite do quadril. Caso o policial militar esteja portando arma longa, ela deverá ser transportada nos braços, perpendicularmente ao corpo, para que não entre sujeiras em seu cano. Caso esteja empunhando arma de porte, esta ficará na mão forte, com dedo fora do gatilho. Figura 3 - Primeiro processo de rastejo (arma de porte) e (arma portátil). Fonte: Elaborado pelo autor. 20 b) Segundo Processo: o policial militar apoiará seu corpo ao solo em decúbito ventral. Manterá seus cotovelos e antebraços no chão. Flexionará apenas uma perna, e a utilizará para impulsionar o corpo para frente, juntamente com a ajuda das mãos e antebraços. Caso o policial militar esteja portando arma longa, ela poderá ser conduzida por uma das mãos à frente do corpo segura pela bandoleira, cano da arma voltado para frente, elevando o armamento o mínimo necessário a cada impulsão. Caso esteja empunhando arma de porte, esta ficará na mão forte, com dedo fora do gatilho. Este processo faz com que a movimentação seja mais lenta e cansativa em relação ao primeiro, mas melhora as condições de ocultação e proteção. Figura 4 - Segundo processo de Rastejo (arma de porte) e (arma portátil) Fonte: Elaborado pelo autor. 2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico Para maior segurança nos deslocamentos, o policial militar poderá, ainda, recorrer ao escudo balístico. O escudo balístico é um equipamento que visa proteger a pessoa que o conduz. Contudo, com a técnica adequada, sua capacidade de proteção poderá se estender aos demais policiais militares da equipe durante o processo de deslocamento. As progressões utilizando 21 escudos balísticos podem ser feitas de duas formas principais, variando de acordo com o nível de segurança: a) Segurança Mínima: O escudo será conduzido pelo primeiro policial militar, na posição de pé. Figura 5 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima) Fonte: Elaborado pelo autor. b) Segurança Máxima: O escudo será utilizado pelo primeiro policial militar, que deslocará com a silhueta reduzida, com o escudo bem próximo ao solo. Em casos de disparo contra a guarnição, ou para conceder mais segurança em uma abordagem, o primeiro policial militar interromperá o deslocamento e ficará na posição de joelhos (escudo no chão). 22 Figura 6 - Uso de Escudo Balístico na posição de Segurança Máxima Fonte: Elaborado pelo autor. Em ambos os casos, o armamento será conduzido lateralmente ao escudo, de modo que a armação encoste no equipamento e apenas o cano fique exposto. Havendo necessidade extrema de disparo, o policial militar levará o armamento para frente do visor do escudo, para melhor controle da visada, fazendo a empunhadura lateral. Todavia, o mais recomendado é que outro policial militar com melhor posicionamento tático realize os disparos para neutralizar o agressor. Figura 7 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma à frente do visor) Fonte: Elaborado pelo autor. 23 Figura 8 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima com arma à frente do visor) Fonte: Elaborado pelo autor. 2.2 Disciplina de luz e som A disciplina de luz e som é o conjunto de recomendações que pode ser empregado para reduzir ou eliminar a emissão de ruídos e de luminosidade que possam denunciar o posicionamento do policial militar. Para manutenção da disciplina de luz, os policiais militares deverão ocultar o visor do celular, caso seja necessário seu uso como instrumento de comunicação. Além disso, jamais acender cigarro e evitar expor objetos cromados com capacidade de reflexão de luz direta. Os policiais militares deverão fazer o uso da lanterna de acordo com as técnicas de emprego deste equipamento, conforme item 2.4. Simples medidas podem preservar a vantagem tática durante a abordagem. Para manutenção da disciplina de som: a) realizar a auto inspeção (apalpar os bolsos, efetuar pequenos saltos, etc.) antes de iniciar o deslocamento, retirando materiais que façam barulho; 24 b) manter no modo silencioso ou desligado os telefones celulares, alarmes de relógio e similares; c) certificar-se de que os metais do cinturão ou de qualquer objeto conduzido estejam realmente presos, como as algemas, apitos, tonfa, outros; d) ajustar o volume do rádio HT ou, quando possível, usar fones de ouvido para comunicação. Iniciada a progressão, deve-se observar a presença de objetos espalhados pelo solo (copos plásticos, garrafas, folhas secas, outros) que possam provocar ruídos. 2.3 Comunicação por gestos A comunicação por gestos é uma técnica utilizada nos deslocamentos. Trata-se de comunicação não verbal, executada por intermédio de sinais convencionados, que objetivam intermediar mensagens entre os policiais militares de forma silenciosa. Propicia a aproximação cautelosa e discreta. Os gestos mais utilizados nas intervenções são os demonstrados na Figura 8. 25 Figura 9 - Comunicação por gestos Fonte: Elaborado pelo autor. 26 Além dos gestos apresentados, a equipe poderá convencionar outros, de acordo com a necessidade. Para maior efetividade da comunicação, antes da entrada em operação, as equipes deverão checar a compreensão dos gestos a serem utilizados. 2.4 Técnicas de uso de lanterna O olho humano não tem capacidade para se adaptar de forma rápida e efetiva às variações da luminosidade dos ambientes. Ao passar de um ambiente iluminado para um de baixa luminosidade, ou vice-versa,é preciso que o policial militar aguarde alguns segundos, para que sua visão se adapte às novas condições do ambiente, antes de iniciar o deslocamento. No cotidiano operacional, o policial militar se depara com ambientes de baixa luminosidade, mesmo durante o dia. Nessas circunstâncias, a visão em profundidade e a percepção de detalhes ficam prejudicadas e os objetos, em geral, adquirem uma tonalidade cinza ou parda. A lanterna é um recurso eficaz para ambientes de baixa luminosidade. Suas principais utilidades são: a) iluminação do ambiente; b) identificação de pessoas ou objetos; c) auxílio na realização da pontaria; d) ofuscamento da visão do abordado; e) sinalização. A lanterna deve ser utilizada com acionamentos intermitentes, para que a posição do policial militar e dos demais integrantes da equipe não seja denunciada. Além disso, o acionamento de lanterna, atrás de outro policial militar deve ser evitado. Se, durante o deslocamento, o policial militar deparar com um suspeito, poderá focalizar o feixe de luz nos olhos do abordado, com o objetivo de ofuscar-lhe a visão, procurando abrigo para realização de uma verbalização segura. A lanterna será conduzida pela mão que não estiver empunhando a arma de fogo e sempre acompanhará a direção do cano. Desta forma, o foco de visão do policial militar, o cano da sua arma e o feixe de luz deverão estar voltados para a mesma direção. 27 Para a utilização eficiente da lanterna necessário que haja treinamento contínuo, baseado nas técnicas previstas neste manual. Diversas técnicas podem ser empregadas na utilização da lanterna. As técnicas comumente utilizadas serão apresentadas a seguir: a) Posição 1 (Técnica “Harries”): o policial militar coloca a mão que está com a lanterna abaixo da mão que segura a arma. As costas das mãos se apoiam para dar estabilidade ao conjunto, conforme ilustra a Figura 10. É importante frisar que, nesta posição, o armamento está em empunhadura simples com apoio, o que poderia dificultar uma boa sustentação e estabilidade após o recuo da arma entre um disparo e outro. Figura 10 - Posição 1 de uso da lanterna Fonte: Elaborado pelo autor. 28 b) Posição 2 (Técnica “Bolivar”): o policial militar apoiará a lanterna lateralmente na armação da arma, segurando-a com o dedo polegar e o indicador. Nessa posição é possível a varição “Ayoob”, apropriada para lanternas com botão de acionamento lateral (Figura 11). Figura 11 - Posição 2 de uso da lanterna e suas variações Fonte: Elaborado pelo autor. 29 c) Posição 3 (Técnica “FBI”) - Consiste em segurar a arma com uma das mãos (empunhadura simples), enquanto a outra mão segura a lanterna, com o braço estendido, paralelo ao solo. Em caso de utilização da arma de fogo, a posição não é muito firme e a qualidade de tiro deve ser observada, devido a empunhadura ser simples. Uma variação possível e recomendável para utilização dessa posição é a conjugação com a técnica de varredura “Olhada Rápida”, ou seja, o policial militar que estiver segurando a lanterna permanece abrigado, enquanto um outro policial, também abrigado, visualiza o ambiente numa posição diversa da que se encontra o feixe de luz (abaixo ou acima). Figura 12 - Posição 3 de uso da lanterna e suas variações Fonte: Elaborado pelo autor. 30 2.5 Técnicas de varredura A varredura consiste na verificação visual feita pelo policial militar, de um determinado espaço físico localizado em uma área de risco. Para realizá-la, os policiais militares poderão utilizar três técnicas básicas denominadas: Tomada de Ângulo (“Fatiamento”), Olhada Rápida e Reflexão de Imagem. a) Tomada de ângulo Conhecida também como fatiamento permite checar o ambiente por segmentos. Seu objetivo é propiciar a visualização total ou parcial de uma pessoa ou de um objeto (pés, mãos, roupas, armamento, dentre outros), antes que o policial militar seja visto pelo abordado. A varredura será feita de maneira lenta e gradual, frente a locais com ângulos desconhecidos (esquina de becos, portas, corredores, escadas, dentre outros). O policial militar se moverá lateralmente, sem a exposição do corpo e sem cruzar as pernas, tendo como referência o obstáculo (parede, muro, por exemplo), que lhe servirá de abrigo. A tomada de ângulo será feita até que se tenha o controle visual total do ambiente ou visualize partes do corpo do abordado, momento em que recorrerá à verbalização e às técnicas de abordagem. A técnica deverá ser executada com a arma na Posição 3 ou 4 (guarda-alta ou pronta resposta), O policial militar manterá os cotovelos não projetados, para evitar a visualização de sua sombra e de peças do fardamento. 31 Figura 13 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” Fonte: Elaborado pelo autor. A verbalização deverá iniciar-se tão logo o policial militar localize um suspeito, procurando manter o controle visual. b) Olhada rápida Esta técnica tem por objetivo propiciar a visualização instantânea de um suspeito, sem ser visto por ele. Para realizá-la, o policial militar deve expor a cabeça lateralmente, observar a área de risco, e retornar à posição abrigada, o mais rápido possível. Se a repetição do movimento for necessária, o policial militar deverá alternar o ponto de observação. Figura 14 - Olhada rápida Fonte: Elaborado pelo autor. 32 Durante sua execução, a arma deverá estar no coldre ou em uma das mãos, devendo o policial militar atentar para o controle da direção do cano. Antes de empregar a técnica, o policial militar deverá ter próximo à sua retaguarda, em cobertura, outro policial militar, que deverá estar em pé, com a arma na Posição 2 (guarda- baixa), sem apontá-la em direção ao executor e expô-lo ao perigo. Ao avistar a área de risco e identificar o(s) suspeito(s) com a técnica de olhada rápida, o policial militar executor sinalizará para os outros policiais militares o número e localização dos suspeitos, bem como se estão armados. Caso tenham supremacia de força, deverão usar, após a olhada rápida, a técnica de tomada de ângulo, com o objetivo de se posicionarem seguramente para emprego da verbalização e abordagem. c) Reflexão de imagem A técnica contribui para aumentar a segurança do policial militar. A varredura será realizada com qualquer instrumento que reproduza imagem. Ao conhecer a posição do suspeito, o policial militar deverá recorrer à tomada de ângulo a fim de manter o controle sobre os pontos de foco e pontos quentes e empregar a verbalização. Figura 15 - Uso da técnica de reflexão da imagem Fonte: Elaborado pelo autor. 33 Embora apresentadas isoladamente, o policial militar deve dominar as três técnicas descritas, para que as utilize segundo a conveniência e a necessidade. Simultaneamente, poderá realizar o fatiamento, com olhadas rápidas ou com o recurso reflexão de imagem, aumentando ainda mais o seu campo visual. Posições/posturas adotadas pelo policial na abordagem a pessoas posições/posturas de abordagem são técnicas que definem o posicionamento do corpo e da arma do policial militar, que o possibilitam aproximar-se e verbalizar com o abordado de maneira segura, potencializando sua capacidade de autodefesa e viabilizando o uso diferenciado da força. As posturas referem-se ao posicionamento corporal do policial militar com as mãos livres, enquanto posições referem-se a empunhadura de armas ou equipamentos. A posição/postura do policial militar durante uma abordagem influencia diretamente noprocesso mental de agressão do abordado retardando a etapa de decisão. Uma atitude relapsa transmite despreparo profissional e expõe a segurança do policial militar, enquanto outra, demasiadamente rígida ou desrespeitosa, poderia causar indignação. A posição/postura do policial militar durante a abordagem deve estar diretamente vinculada ao risco com o qual ele pode se deparar. Por isso, em toda abordagem, este deve empregar a metodologia de avaliação de risco para decidir a melhor técnica a ser utilizada. Antes de estabelecer as posições/posturas, é necessário definir os ângulos de aproximação entre o policial militar e o abordado. A aplicação do conhecimento sobre estes ângulos proporcionará maior segurança na abordagem. 2.6 Transposição de obstáculos Durante a perseguição a uma pessoa que salta um muro, o policial militar nunca deve saltar imediatamente atrás, pois a pessoa em fuga pode estar aguardando que ele pule ou se exponha para alvejá-lo. Para transpor obstáculos como muros, por exemplo, o policial militar necessitará adotar alguns procedimentos, como sugerido a seguir: 34 a) Transposição individual: Antes da transposição, a observação será feita, pelas técnicas de “Olhada Rápida” ou “Reflexão de imagem”, se possível, em três pontos distintos, aumentando desta forma a segurança daquele que transporá o obstáculo; Considerando a altura do obstáculo, o policial militar estenderá o braço até alcançar a parte superior do muro, saltando se necessário e, em seguida, puxará o corpo até a altura do antebraço, onde completará a última etapa da observação do ambiente; Não localizando o suspeito em profundidade (lembre-se de que ele pode ter se escondido atrás de objetos ao longo do terreno), a atenção agora deve ser na base do muro. Logo após, o policial militar lançará uma das pernas sobre o muro, utilizando-a para tracionar seu corpo com a ajuda das mãos, mantendo a sua silhueta mais próxima possível da superfície superior do obstáculo e com uma pequena elevação do quadril, projetará a perna de baixo sob a perna que se encontra apoiada no muro, projetando-a para o ambiente a ser controlado, e, com isso, desprenderá o corpo tocando ao solo com a arma na Posição 3 ou 4; Em tais transposições, a arma permanecerá empunhada, exposta o mínimo possível, o mesmo acontecendo com a silhueta do policial; Localizando a pessoa em fuga, o policial militar manterá o controle visual sobre ele e monitorará os pontos quentes, evitando mudanças de posição. Estando em uma posição segura (abrigado), sem se expor, deverá ser feita a verbalização. b) Transposição em dupla, trio ou Patrulha Policial-Militar Um dos policiais militares deverá progredir com a arma na Posição 3 ou 4 até a base do obstáculo a ser vencido. Em seguida, posicionar-se-á com as costas apoiadas no obstáculo e pernas semiflexionadas. Após a tomada deste dispositivo referenciado, o próximo componente da equipe progredirá até seu companheiro, colocando os pés sobre as coxas ou ombros do primeiro policial militar (conforme a altura do obstáculo), adotando a partir desse momento os procedimentos descritos para a técnica de transposição individual. 35 2.7 Ângulos de aproximação Nas abordagens e buscas pessoais, os policiais militares deverão atentar pela segurança. Para tanto, foram estabelecidos ângulos de aproximação ao abordado, conforme a seguir: Figura 16 - Ângulos de aproximação Fonte: Elaborado pelo autor. O policial militar procurará não se aproximar do espaço compreendido entre os braços do abordado, porque poderá ser atingido com maior facilidade em caso de uma possível agressão física. Os demais ângulos descritos acima permitem uma aproximação segura, sendo que o ângulo 3 oferece maior segurança e o ângulo 1, menor. Uma aproximação, observando-se os ângulos de segurança, aumenta o tempo do processo mental da agressão do abordado. Assim, ele terá que se virar para atingir o policial militar que, por sua vez, terá melhor condição de se esquivar. 2.8 Posturas de abordagem com as mãos livres São técnicas em que o policial militar faz a intervenção sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou equipamentos. São estabelecidas para cada nível de risco, orientando a distância e a angulação de aproximação, bem como a posição de mãos e braços do policial militar. 36 Estando preliminarmente com as mãos livres e visíveis, o policial militar transmitirá ao abordado a mensagem de que deseja dialogar ou resolver pacificamente o conflito. Para todas as posturas a mãos livres, o policial militar deverá adotar a posição de “base”, utilizada nas artes marciais, variando-se apenas a posição das mãos e braços. Esta posição permite ao policial militar equilíbrio e melhores possibilidades de defesa e contra-ataque. Também permite maior proteção da arma de fogo do policial militar, haja vista que os braços e pernas mais fortes e, consequentemente, o coldre (geralmente colocado do lado da mão mais forte) ficam ligeiramente projetados para a retaguarda. Logo, mais distantes do raio de ação do abordado. a) Postura Aberta Deverá ser empregada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento cooperativo. Figura 17 - Postura Aberta Fonte: Elaborado pelo autor. 37 Nesta postura, o policial militar se aproximará do abordado, preferencialmente, pela angulação 1 e permanecerá a uma distância de aproximadamente 3 (três) metros, o que permitirá ao policial militar agir em autodefesa e monitorar os pontos quentes (cabeça, mãos e pernas). Na postura aberta, os braços do policial militar permanecerão naturalmente abaixados, com as palmas das mãos voltadas para frente, manifestando gestualmente uma mensagem de receptividade. a) Postura de Prontidão Deverá ser utilizada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento de resistência passiva. Esta postura com um dos braços elevados e mãos abertas permite ao policial militar o emprego mais eficiente das técnicas de controle de contato, além de transmitir uma mensagem gestual de contenção do conflito, não agressividade e intenção de resolução pacífica. Figura 18 - Postura de Prontidão Fonte: Elaborado pelo autor. 38 Sempre que o abordado tentar reduzir a distância de segurança, o policial militar deverá ordenar que ele pare imediatamente e, concomitantemente, dele se afastará. Esse procedimento retardará o tempo decorrente do processo mental da agressão. b) Postura Defensiva O policial militar manterá a cabeça ereta na posição natural, com as mãos abertas próximas ao rosto, e os cotovelos projetados na linha das costelas, a fim de protegê-las, permanecendo assim em melhores condições de emprego das técnicas de controle físico e com maiores chances de defesa golpes (resistência ativa com agressão não letal). As mãos permanecerão abertas por assim representarem um gesto universal de defesa, as pernas deverão estar formando uma base equilibrada, os joelhos semiflexionados e o corpo projetado à frente. Todavia, como uma variável da postura defensiva, o policial militar poderá evoluir para a postura de guarda com os punhos cerrados, a fim de efetuar um contra-golpe contra o infrator. Figura 19 - Postura Defensiva com mãos abertas e fechadas (postura de guarda) Fonte: Elaborado pelo autor. 39 Se o policial militar entender que não será possível dominar um abordado com o emprego de técnicas de defesa pessoal policial com as mãos livres (controle físico), desde que não exista riscoiminente de morte, deverá acionar reforço e avaliar a oportunidade e conveniência para empregar Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (controle com IMPO) ou até mesmo uso dissuasivo de arma de fogo. A adoção de uma postura correta, somada a uma verbalização adequada, poderão levar o abordado a cooperar com a abordagem policial, prevenindo uma provável resistência, ainda na fase embrionária. 2.9 Posições de emprego de arma de fogo São técnicas que objetivam garantir a segurança do policial militar e causar impacto psicológico no abordado, proporcional ao nível de risco oferecido, de forma dissuasiva. Existem quatro posições básicas para se utilizar o armamento de porte durante as intervenções policiais. a) Posição 1 - arma localizada Esta posição pode ser empregada para o policial militar realizar intervenção nível I ou II e em deslocamentos longos. b) Posição 2 - guarda-baixa Esta posição pode ser empregada para o policial militar realizar intervenção nível II e em deslocamentos, pois minimiza o cansaço físico causado pelo peso da arma, proporcionando ao policial militar condição para se defender de uma possível agressão, diminuindo o tempo de reação. Ao se deslocar em grupo, o policial militar deverá manter o controle do cano da arma e, em hipótese alguma, a apontará na direção dos integrantes do grupamento. ATENÇÃO! Os procedimentos para o emprego de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo serão tratados em manual específico. 40 c) Posição 3 - guarda-alta Esta posição pode ser empregada para o policial militar realizar em regra intervenções níveis II e III e em deslocamentos curtos, já que o peso da arma pode gerar um cansaço excessivo. d) Posição 4 - pronta-resposta Será empregada nas situações em que exista potencialidade real e imediata de agressão letal ou ferimentos graves ao policial militar ou a terceiros. Ao visualizar um agressor armado, o policial militar apontará rapidamente a arma para a sua massa central (tronco) e manterá, ao mesmo tempo, o controle dos pontos quentes. O policial militar somente deverá acionar a tecla do gatilho após identificar, certificar e decidir para agir, ou seja, disparar a arma de fogo. 2.10 Tática de Aproximação Triangular (TAT) Nesta tática, dois policiais militares e o abordado dispostos de maneira que formem um triângulo. É considerada a forma mais segura e eficiente de aproximação policial-militar. LEMBRE-SE: Recomenda-se evitar iniciar as abordagens na posição de pronta- resposta, pois isso limita a alternância dos níveis de força, e ainda acarreta o risco de disparo acidental. O policial militar, ao verbalizar com um abordado cooperativo, por exemplo, estando ainda com a arma no coldre, disporá de outros níveis de força, sem que recorra, necessariamente, ao disparo. 41 Figura 20 - Tática de Aproximação Triangular (Posicionamento inicial) Fonte: Elaborado pelo autor. A distância recomendada entre os policiais militares será de aproximadamente 4 (quatro) metros, o que dificulta o controle visual simultâneo da ação dos dois policiais militares por parte do abordado. A distância dos policiais militares em relação ao suspeito será de aproximadamente 3 (três) metros, para proporcionar segurança à guarnição em caso de repentina agressão. A postura ou posição de emprego de arma a ser utilizada pelos policiais militares na realização da TAT deverá ser definida pelo policial militar de acordo com o nível de risco e a evolução dos fatos durante a intervenção. A TAT poderá ser empregada em esquemas táticos variados, em função da quantidade e comportamento dos abordados e do número de policiais militares, observadas as áreas para organização do teatro operacional como se vê na figura a seguir: 42 Figura 21 - Delimitação de áreas para o teatro operacional Fonte: Elaborado pelo autor. A área de contenção corresponde ao espaço de abrangência territorial em que os policiais militares manterão monitoramento mais constante, com objetivo de conter os abordados e isolar o local de interferência de terceiros. A área de busca corresponde ao local onde se realizará a busca pessoal e será definida pelos policiais militares após análise da área e da avaliação de risco. Se possível, possuirá características que privilegiem a segurança tanto dos policiais militares quanto dos abordados. Assim, uma área de busca ideal deve ter o relevo adequado, se situar fora da área de tráfego de veículos e de locais onde os policiais militares não tenham pleno controle no que se refere à segurança. A área de custódia corresponde a um local dentro da área de contenção, com as mesmas características da área de busca, definido pela guarnição, onde os demais suspeitos aguardam a busca pessoal e outros procedimentos necessários (consulta de dados, checagem de objetos, outros). PM Comandante PM Segurança PM Verbalizador PM Revistador 43 Recomenda-se que estes locais não possuam pontos de escape que permitam uma possível evasão dos abordados. Numa abordagem a pessoas, os policiais militares exercerão as seguintes funções: PM Comandante: aquele quem coordena a abordagem; PM Verbalizador: responsável pela comunicação verbal com o abordado; PM Segurança: responsável pela segurança da equipe; PM Revistador: encarregado de revistar o abordado e seus pertences (busca). Um único policial militar poderá exercer mais de uma função. É importante lembrar que estas funções deverão ser previamente definidas pelo comandante da abordagem, a fim de garantir a disciplina tática entre os integrantes. O PM Comandante pode exercer as funções de PM Verbalizador e PM Segurança. Para a realização da abordagem de uma ou duas pessoas, a equipe de policiais militares adotará as seguintes providências: O PM Verbalizador determinará ao abordado todos os procedimentos para a adoção de uma das posições de contenção que o policial militar julgar mais adequada. Para tal, o PM Verbalizador deverá dar ordens claras e precisas para o abordado até que este adote a posição determinada; Havendo mais de um abordado, a equipe fará a busca pessoal em um de cada vez; A equipe cuidará para que não se perca a triangulação necessária. Para a realização da abordagem a três ou mais pessoas, a equipe de policiais militares adotará as seguintes providências: Dentre os suspeitos abordados posicionados na área de custódia, o PM Verbalizador determinará a um deles que se posicione em local distinto dos demais (área de busca), tomando a posição de contenção mais adequada, conforme sua avaliação, para que seja procedida a busca pessoal; A pessoa a ser abordada ficará afastada do restante do grupo; 44 O detalhamento das ações de abordagem a pessoa e busca pessoal será feito nas Seções 3 e 4, respectivamente; Após a busca pessoal, o abordado terá seus dados anotados para que seja averiguado seu prontuário criminal e/ou para registro e pesquisas de qualidade do serviço operacional pós-atendimento. Posteriormente, o policial militar informará ao abordado o motivo do procedimento e agradecerá a colaboração, caso seja adequado. Figura 22 - Esquema tático com 3 (três) policiais militares e 3 (três) abordados Fonte: Elaborado pelo autor. Caso o cidadão, após terminado o procedimento policial, deseje esperar por outro abordado, o PM Verbalizador determinará que ele aguarde fora da área de contenção. Entretanto, atenção ainda deverá ser dada a ele, através do monitoramento pelo PM Segurança. As funções policiais poderão variar no decorrer da abordagem, de acordocom o local, número de abordados, grau de risco, e de informações obtidas sobre os suspeitos. ATENÇÃO! Em abordagens com buscas pessoais a grandes grupos, mesmo não havendo um número superior de policiais militares em relação aos abordados, desde que se mantenha a segurança requerida para os militares, poderá ser designado mais de um militar para realizar a busca pessoal de forma concomitante. 45 Na Seção 3, serão discutidas técnicas e táticas de abordagem a pessoas e será traçado um modelo policial de referência para as ações nos diversos níveis de intervenção. 2.11 Patrulha Policial-Militar É um grupamento de policiais militares de composição variada que atuará temporariamente, sendo empregado no serviço operacional em ambiente urbano ou rural com o objetivo de reconhecer, incursionar e resgatar. No cumprimento de uma missão de patrulha deve-se levar em consideração a necessidade de um ponto de reunião próximo ao objetivo, local em que se fará a checagem final de equipamentos, armamentos e se fará o último briefing antes da execução da missão. 2.11.1 Tipos de Patrulha Policial-Militar a) Patrulha de reconhecimento - Tem por finalidade confirmar ou buscar informações, denúncias, reconhecimento de áreas ou edificações. b) Patrulha de incursão - tem por finalidade realizar deslocamentos no interior de aglomerados urbanos e em policiamentos diversos. Utiliza das técnicas policiais com objetivo de realizar operações, efetuar prisões, cumprir mandados, ocupar determinadas áreas e restaurar a ordem ou garantir a lei. c) Patrulha de resgate - É a Patrulha que utiliza das técnicas policiais a fim de prestar apoio e socorro a outras patrulhas PM ou realizar o resgate de policiais feridos. d) Patrulha de eventos - É, empregada em locais com aglomeração de pessoas. Em razão de sua especificidade, será tratada separadamente no subitem 2.11.6. 2.11.2 Funções básicas dos integrantes da patrulha As patrulhas policiais tem composição variável de acordo com o efetivo e os integrantes podem acumular funções. 46 O Quadro 1 retrata a composição de uma patrulha com seis policiais militares: Quadro 1 - Formação Básica de uma Patrulha com 6 (seis) Policiais Militares ÁREA DE OBSERVAÇÃO NOMENCLATURA DA FUNÇÃO ATRIBUIÇÃO Ponta de Vanguarda 1 ou Ponta 1 - Primeiro homem a incursionar; - Verbalizar. Ponta de Vanguarda 2 ou Ponta 2 - Segundo homem a incursionar; - Verbalizar; - Dar segurança do Ponta 1. Comandante - Coordenar a equipe. Ala - Monitorar as partes altas como janelas, lajes, etc.; - Proteger as laterais da patrulha; - Efetuar buscas pessoais; - Transportar rádio, bornais, escudos, kit de primeiros socorros, etc. Ponta de Retaguarda 2 ou Retaguarda 2 - Verbalizar; - Dar cobertura ao Retaguarda 1. Ponta de Retaguarda 1 ou Retaguarda 1 - Verbalizar; - Dar segurança à retaguarda da equipe. Fonte: Elaborado pelo autor. 47 Figura 23 - Composição da patrulha com seis policiais militares Fonte: Elaborado pelo autor. Das funções acumuladas, o Ala é quem transporta o que for necessário à execução da operação (escudo, rádio HT, bornais, kit emergência ou outro equipamento/armamento que a missão demandar), além de realizar buscas pessoais, bem como transporte de feridos. O Comandante da Patrulha observará os fatores que influenciam na organização e atuação da patrulha e juntamente com seu grupo decidirá qual será o deslocamento mais seguro e efetivo para a equipe. São os fatores que podem interferir na organização e atuação de patrulha: Segurança; Objetivo da ação; Formações; 48 Disciplina de luz e som; Possibilidades de contato; Velocidade de deslocamento; Manutenção da integridade tática; Condições do terreno; Sigilo das operações; Controle da equipe. 2.11.3 Tipos deslocamentos da patrulha Utiliza-se 3 (três) tipos de deslocamento quando em patrulha, de forma a otimizar, agilizar, prevenir e assegurar a integridade física do policial militar: a) Deslocamento por coluna (“Serpente”): Deslocamento realizado com os policiais com formação em coluna a fim de realizar checagem de denúncias e operações em ambiente urbano e rural com possibilidade de confronto. A posição ideal para arma é a Posição 2 ou 3 (risco nível II). Durante a movimentação da patrulha os policiais militares deverão definir áreas de responsabilidade visando a proteção da patrulha contra ameaças que possam surgir dos pontos de foco à frente, nas laterais, por cima e à retaguarda. O objetivo desse tipo de deslocamento é proporcionar maior fluidez da patrulha, diminuindo o desgaste físico, possibilitando a manutenção do descolamento por maior tempo e/ou distância. b) Deslocamento em linha: Realizado com os policiais militares com formação em linha a fim de dispersar o foco do provável agressor, aumentar a capacidade de resposta à frente (disparos de arma de fogo) e ampliar os ângulos de visão da patrulha durante cerco em edificações com possibilidade de existirem infratores homiziados e áreas abertas. A posição da arma em pronta resposta é a ideal tendo em vista o risco iminente detectado. c) Tomada ponto a ponto: Deslocamento curto e rápido realizado entre duas posições abrigadas ou cobertas em situações onde já está ocorrendo o enfrentamento (risco III). 49 Será realizado em um movimento decidido. Antes de iniciar um lanço o policial militar avaliará o risco para evitar uma indecisão no decorrer do deslocamento. Para uma decisão firme e acertada o PM, ao preparar um lanço, responderá a si as perguntas que se seguem: Para onde vou? Como? Por onde? Quando? O deslocamento é feito sempre com, no máximo, 3 (três) policiais militares por abrigo, de acordo com a necessidade de cobertura maior. A posição da arma em guarda alta é a ideal para quem provém a cobertura e posição em guarda baixa para o policial militar que efetua o lanço. O deslocamento ponto a ponto é caracterizado pela cobertura ininterrupta do policial militar que vai à frente e pelo policial militar que vem logo em seguida assumir o ponto. Sempre que chegar a cobertura, após ser observado o ambiente pelos dois policiais militares, o primeiro efetua o lanço para o próximo ponto ou abrigo e aguarda o deslocamento de sua cobertura para poder progredir, sendo todo o tempo coberto pelos companheiros que estão abrigados, inclusive após sua chegada no abrigo. Somente o Retaguarda 2, nos casos em que o efetivo da patrulha permita essa função, que antes de deslocar até o Ala, voltará sua frente para a retaguarda da patrulha, abrigará e apontará sua arma para o ponto de foco que o Retaguarda 1 guarnece. Feito isto, chamará o Retaguarda 1. Este por sua vez, olhará para o Retaguarda 2 preocupando-se primeiramente com a direção do cano da arma do Retaguarda 2 e após confirmar esta posição, deslocará de frente até o local de abrigo do Retaguarda 2, assumindo este ponto voltando sua frente novamente para a retaguarda. Assim que recolher o Retaguarda 1 até seu abrigo, o Retaguarda 2 desloca para o próximo ponto. Este recuo do Retaguarda 1 até o local onde o Retaguarda 2 está é chamado de Recuo Curto ou Recuo Lento. Caso o Retaguarda 1 tenha espaço suficiente e seguro para deslocamento, poderá deslocar até o Ala e procederá da mesma forma para recolher o Retaguarda 2. Este recuo do Retaguarda 1 até o Ala é chamando de recuo longo ou rápido. 2.11.4 Posturas Táticas São posturas que reforçam o domínio sobre determinados pontos de forma que os policiais militares se adaptem para cobrir todas as áreas: 50 a) Combate: policial militar de pé, com os pés paralelos, empunhando sua arma na posição de guarda alta ou prontaresposta, corpo ligeiramente flexionado para frente, a fim de absorver melhor o recuo da arma. Figura 24 - Postura Combate Fonte: Elaborado pelo autor. b) Torre: postura em que um policial militar guarnece um ponto do deslocamento. Consiste na colocação do joelho da perna forte apoiado no chão e a perna fraca realiza um apoio em 90º. Deve-se observar que a perna forte permanece com o pé ereto, apoiando o bico do coturno ao solo. Arma estará em guarda alta ou pronta resposta, conforme o caso. Figura 25 - Postura Torre Fonte: Elaborado pelo autor. c) Siamesa: policial militar de pé, estaciona ou desloca ombro a ombro com outro policial militar de forma que cada um cubra determinado ponto formando um ângulo que pode ser em L, T ou Y de acordo com a direção do cano da arma dos primeiros policiais militares da equipe. 51 Figura 26 - Postura Tática Siamesa Sequencia L, T e Y Fonte: Elaborado pelo autor. d) Hi-Low: é a soma da Postura de Combate (“Hi”) e da Postura Torre (“Low”). É utilizada para cobertura, onde o emprego de um homem naquela postura é insuficiente para responder a disparos realizados contra a equipe. O policial militar que realizar a Postura “Hi” deverá permanecer nas costas do policial militar que fizer a Postura “Low” e posicionar-se paralelamente, oferecendo o apoio das pernas e do tronco para apoio do “Low”, do mesmo modo que sua posição deve impossibilitar qualquer ação do “Low” que possa levá-lo a cruzar a linha de tiro. Figura 27 - Postura Hi-Low Fonte: Elaborado pelo autor. 52 2.11.5 Resgate de feridos Trata-se de um tópico que merece atenção por se tratar de uma situação que foge à normalidade, quando um ou mais policiais militares forem feridos ou incapacitados durante a situação de confrontação. Nessa situação, os procedimentos de Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APH Tático)1 ou Resgate Tático são medidas que possibilitarão ao policial vitimado manter-se vivo, enquanto aguarda o socorro e a extração urgente e com isso aumentam as chances de sucesso da equipe médica que receberá o policial. O Atendimento Pré Hospitalar Tático ou Resgate Tático é conceituado como o fornecimento do primeiro atendimento ao policial militar vitimado em ambiente hostil, utilizando um conjunto de manobras e procedimentos emergenciais, tendo por objetivos salvar vidas que possam ser salvas, prevenir outras perdas de vidas e completar a missão de salvamento. Poderá ser realizado na modalidade autossocorro (procedimento realizado pelo próprio Policial Militar), ou contar com a presença de outro policial militar, sendo este de sua guarnição/patrulha, visando estabilizar a vítima para evacuação até o suporte médico avançado. Agir com rapidez nessas condições é necessário para evitar que sangramentos conduzam o policial a perda da consciência, que pode ocorrer em questão de minutos e, por conseguinte, resultar em óbito. O socorro imediato durante uma confrontação não substitui as ações de outros profissionais de saúde. Sua razão de ser se apoia no fato de que não é humanamente possível, tampouco, logisticamente viável ter presente uma equipe de profissionais de saúde em todos os locais e momentos onde possa ocorrer uma situação crítica, sendo essencial que o primeiro atendimento seja o mais precoce possível e de qualidade, melhorando o prognóstico do policial militar vitimado. A aplicação de instrumentos e técnicas de contenção de hemorragias tais como compressão direta, bandagem elástica e, se necessário, torniquete previnem a ocorrência de óbitos de policiais, se bem realizados. 1 Portaria normativa 16, Ministério da Defesa, 12 de Abril de 2018. Aprova a Diretriz de Atendimento Pré-Hospitalar Tático do Ministério da Defesa para regular a atuação das classes profissionais, a capacitação, os procedimentos envolvidos e as situações previstas para a atividade. 53 Procedimentos básicos: Se o policial ferido ainda estiver em condições de confronto (consciente e com capacidade de locomoção), deve NEUTRALIZAR AMEAÇAS E PROCURAR ABRIGO. Isso significa que ele deve efetuar disparo contra o agressor e movimentar-se em segurança, buscando cobertas e abrigos, não permanecendo estacionado no local onde foi ferido, pois nessa condição o policial caracteriza um alvo para a ameaça ativa. Essa ação pode fazer os policiais militares da patrulha deixarem de serem alvos quando tiverem que deslocar até o policial vitimado. Se possível, o policial militar ferido, estando abrigado, deve realizar o seu autossocorro, por meio das seguintes medidas: Responder a injusta agressão sofrida pela guarnição policial militar, controlando a situação e garantindo a segurança dos militares de sua patrulha, possibilitando a neutralização das ameaças imediatas; Estancar sangramentos diversos utilizando o procedimento adequado, como a utilização de torniquete, compressão de ferimentos utilizando bandagens, gaze de metro, dentre outros. Fazer a cobertura do companheiro de equipe enquanto é socorrido para controlar possíveis ameaças secundárias até sua chegada num local seguro. Ainda que a equipe tenha neutralizado a ameaça imediata que vitimou o policial militar, é extremamente necessário manter a cobertura contra possíveis ameaças secundárias até a retirada da patrulha do local. Relatos de policiais militares que atuaram em intervenções policiais nas quais houve confronto indicam que em alguns casos, é possível que em virtude do alto nível de estresse, a liberação de adrenalina faça com que não percebam que foram feridos. Desse modo, ao passar por intervenções com confronto envolvendo arma de fogo, arma branca ou impróprias, imediatamente após a neutralização da ameaça, de forma concomitante ao acionamento de ajuda, deve ser iniciada uma autoavaliação (em nível visual e tátil) em busca de possíveis pontos de sangramento. Proceda a sua “autochecagem” seguindo o sentido da cabeça aos pés. Toque com as mãos e as visualize ao proceder à checagem sequencial de cada parte do corpo (cabeça, pescoço, axila, tórax, abdômen, coxas e pernas). O ideal é que seja realizada 54 de uma diagonal corporal à outra, conforme se vê na Figura 28. Esse método é chamado “Avaliação em X”. Se a ação for em suporte a outro policial militar, a verificação também deve seguir a “Avaliação em X”. Figura 28- Avaliação em X Fonte: Elaborado pelo autor. Com essa ação você terá percorrido obrigatoriamente a região abdominal e torácica no mínimo duas vezes em busca de sangramentos ou alterações significativas (como grandes deformações ou objetos encravados, por exemplo). Ao localizar pontos de sangramento, proceda imediatamente à contenção da hemorragia. Caso o policial militar ferido, esteja inconsciente, a patrulha, após controlar momentaneamente o ambiente hostil, com a devida cobertura de seus integrantes, deverá realizar o deslocamento até o ferido, com agilidade e segurança, utilizando de cobertas e abrigos fornecidos pelo terreno, realizar sua extricação2 para um local que forneça o mínimo de segurança para que seja possível realizar a checagem do nível de consciência do policial militar vitimado, se existe algum sangramento massivo e fornecê-lo os primeiros socorros ainda no local, visando salvaguardar sua vida e preservar a integridade física dos demais integrantes da patrulha. 2 Extricação é um termo muito utilizado em resgate, salvamento e medicina pré-hospitalar em geral. Extricar significa: “retirar uma vítima de um local do qual ela não pode, ou não
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